Harukaze escrita por With


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Essa história está dividida em fases, então qualquer coisa que não entenderem é só me perguntar. Último capítulo da segunda fase da vida da Hime-chan, espero que gostem.
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 24

Com um suspiro doce, ainda carregando

Uma ligeira febre, eu me apaixonei por você

Com sua voz

Com seus olhos

Antes que eu percebesse

Os problemas sempre pareciam segui-la aonde quer que fosse. Não havia uma forma segura de escapar deles e quando dava por si, estava imersa nos complicados desenlaces da vida. Não que Tsuhime se condenasse, pelo contrário, se seus passos desencadearam situações difíceis, existiam duas opções a rever: A primeira por sua própria culpa e a segunda porque tinham que acontecer, formando assim a sua história.

Sabia que não era das melhores, mas pertencia a ela. E nossas histórias sempre temos a oportunidade de mudar os seguintes capítulos, embora o que já foi escrito permaneça inalterado. Tsuhime gostava de pensar assim, enquanto a brisa do fim de tarde soprava. Observando as crianças brincando a alguns metros de onde estava, a sensação de paz era seu porto seguro. Em breve também poderia ver seu filho ali, correndo e sorrindo para ela como as outras crianças faziam. A ideia a deixava feliz.

Entretanto, Tsuhime não estava sentada naquela praça apenas para passar o tempo. Normalmente ela passava mais tempo em casa e só saía para comprar algo que necessitasse. Medo? Não, há tempos que aquele sentimento esvaíra-se dela. Era como se todas as suas emoções fossem filtradas, retirando as substâncias que lhe faziam mal como uma diálise. Sentia-se leve, descompromissada e tranquila.

Kabuto sumira aquele mês, o que também contribuiu para seu espírito. Os olhos que sempre a observavam não mais direcionavam atenção a ela, como se já não fosse tão importante assim. E talvez nunca tivesse sido, aquilo não a incomodava mais. Deu-se conta de que crescera, mas não o suficiente para se tornar a imagem que desejava.

Absorta em suas especulações, Tsuhime não percebeu quando uma criança aproximou-se dela e, sorrindo, segurou sua mão com extremo carinho. Nos olhos azuis um brilho de fascínio. E era curioso a razão pela qual as crianças sempre acabavam próximas dela, como se fosse uma espécie de imã. Sabiam que algumas podiam ser mais sensíveis que as outras, mesmo assim não explicava o fato de ser realmente incomum.

— Tia, pode me empurrar no balanço? — A garotinha de cabelos castanhos e olhos azuis perguntou, mostrando a falha carreira de dentes.

— Claro que sim. — Tsuhime deixou-se guiar pela garotinha, e assim posicionou-se atrás do balanço. — Como é o seu nome?

— Akemi.

— Akemi... — Ela repetiu, com intenção de gravá-lo.

— Sabe, tia. — Akemi começou, enquanto ia e vinha no balanço. — A mamãe vai me dar um irmãozinho.

— Isso é ótimo! — Tsuhime exclamou, porém percebeu que na voz de Akemi não havia o mesmo tom. — O que foi? Não está feliz?

— Estou, é que... — A garotinha suspirou, como se estivesse insatisfeita. — Eu não vou mais ser a garotinha dela. Mamãe me disse que já sou crescida.

Tsuhime cessou os movimentos do brinquedo, fazendo com que Akemi permanecesse apenas sentada no pedaço de madeira. Não a agradava ver uma criança tão bonita com o brilho triste nos olhos, muito menos que o sorriso tivesse dado lugar à linha reta e sem emoção. Olhando para Akemi, podia enxergar-se nela, o tom de voz se parecia com o seu em lembranças. Abaixou-se, ficando de frente para a garotinha que mantinha o rosto voltado para os próprios pés.

— Você sempre será a garotinha da sua mãe, nunca duvide disso. — Tsuhime sorriu para ela. — Ela não vai te amar menos só porque terá um bebê. Ela sabe que você já é uma mocinha e que não precisa dela o tempo todo porque sabe se cuidar. O que precisa entender, Akemi-chan, é que seu irmãozinho vai depender muito da sua mãe e de você.

— Então, a mamãe não vai me deixar de lado? — Os olhos azuis brilharam esperançosos, querendo que Tsuhime também a acalmasse nessa questão.

— Claro que não. Como eu disse, ela te ama e espera que você a ajude a cuidar do seu irmãozinho. — De repente, as mãos infantis tocaram seu cabelo, num gesto de carinho e admiração, e Tsuhime não soube definir muito bem o que sentiu.

— O seu cabelo é muito bonito e comprido. — Akemi sorriu, esticando as mechas para ver até onde iriam. Observou que, como Tsuhime estava agachada, as pontas esbarravam no chão gramado. — Quero que o meu seja assim também.

— Tenho certeza que ficará muito bonito. — A Yatsuki se levantou e posicionou-se novamente atrás do balanço. — Agora, vou te empurrar bem alto!

(...)

A emoção que sentia por vê-la novamente não pôde ser comparada com a sensação de quando soube do sumiço dela. No dia seguinte a partida de Tsuhime, a Hokage exigiu uma audiência com ele exclusivamente e o interrogou. Não lhe era surpresa que Tsunade soubesse que em poucos dias tornaram-se relativamente próximos, contudo não esperava que ela também ficasse a par dos sentimentos que possuía para com a moça.

Sempre fora discreto, buscando deixar seus interesses bem guardados e protegidos de futuros curiosos, porém não conseguiu ser completamente eficiente em sua tarefa. Assim como Tsunade, Jirayia também percebeu, e era horrível a sensação de ser um livro aberto cujo somente os mais experientes tivessem a capacidade de descobrir os seus segredos.

Queria ir até ela, questioná-la apenas para escutar a voz que tanto lhe fez falta, porém não queria estragar a imagem que tinha. Tsuhime parecia se divertir com a garotinha e constantemente era obrigada a ocupar o brinquedo e permitir que fosse empurrada. A seu ver a brincadeira havia evoluído para o cômico, se não fosse pelo sorriso que ela esboçava.

Hatake Kakashi encostou-se a árvore, talvez permanecer um pouco mais não fosse uma ideia tão ruim.

(...)

A noite caíra rápida, quente e estrelada. Se Tsuhime planejara algo para aquele dia, tudo havia se perdido pelas incontáveis horas em que passou ao lado de Akemi. A garota era meiga, espontânea e possuía um espírito aventureiro, pois sempre arrumava um jeito de subir nas árvores e aumentar a preocupação de Tsuhime. No final, Akemi apenas ria divertida e com maestria voltava ao chão, parecia um costume.

Pelas sete a mãe de Akemi viera buscá-la, aliás, todas as mães iam ter com seus filhos, e a Yatsuki voltou a ficar sozinha na praça. Sem falta, amanhã, ela concluiria todos os planos sem se desviar do caminho. Estava cansada emocionalmente e aquele tempo com Akemi aliviara e muito a sua carga. Agora, ela contemplava as primeiras estrelas no céu, sem a mínima vontade de retomar o caminho de casa.

E foi quando aquela presença juntou-se a ela, quieto. O calor que dele emanava conseguia facilmente fazê-la tremer dos pés a cabeça enquanto prendia o lábio inferior entre os dentes de puro nervosismo. Sabia que aquele dia chegaria, que não poderia continuar fugindo daquela conversa e ele viera até ela buscando respostas. De imediato não lhe dirigiu nenhum olhar, apenas esperou.

— Você leva jeito com crianças. — Kakashi lançou as primeiras palavras daquela conversa, a atenção completamente focada em Tsuhime. — Fiquei te observando, sentia-se realmente à vontade.

— Crianças são amáveis, não exigem de mim o que não posso dar. — Ela rebateu um tanto rude, ainda sem coragem de encará-lo. — E eu estou disposta a enterrar meu passado e dar continuidade ao que comecei.

— E o que seria? — A sobrancelha de Kakashi franziu-se com o teor que ela carregou a frase, era como se não o quisesse ali. Sentiu-se desconfortável.

— Tsunade-hime já deve ter te explicado a minha situação, Kakashi, e você não precisa me dizer que entende porque eu sei que não é verdade. — Os olhos castanhos devagar foram dirigidos ao ninja copiador, e o que Kakashi conseguia visualizar neles ficou subtendido. — Antes de partir eu disse que precisava de você, pedi para que me esperasse e aqui está você. Só o que precisa saber é que eu quero continuar o que estávamos prestes a começar. Eu quero que você saiba que, se aceitar, eu prometo não te decepcionar.

— É uma oferta tentadora. — Kakashi suspirou, vendo como Tsuhime havia se encolhido com seu início de resposta. — E você tem razão, Tsunade-sama não escondeu nada de mim. Sei que está grávida e sei também que teme qualquer rejeição por minha parte. Porém, eu quero que você me conheça melhor para entender que eu não sou esse tipo de homem. Quando me fez aquele pedido e você prontamente sumiu, eu soube que não poderia voltar atrás. — Mesmo sentindo que Tsuhime queria interrompê-lo, Kakashi não deu espaço. — O que estou tentando dizer é: Eu esperei por você, eu decidi te aceitar como está agora porque foi justamente por ser como é que eu me apaixonei. E eu não pretendo deixar que você fuja de novo.

No momento seguinte a declaração, o silêncio cobriu-lhes como um véu espesso. A mente de Tsuhime ligava e entendia cada frase que Kakashi pronunciara, guardando-as com exímio carinho e amor. Ele era o tipo de homem que ela precisava, o tipo de pessoa por quem ela esperou durante toda a sua vida. E como formular uma resposta a altura? Seus lábios se abriam e fechavam confusos em declararem-se. Mirou o chão diversas vezes e por minutos imprecisos, até dar-se conta de que demorava demais.

— Eu quero ficar com você. — Tsuhime verbalizou depois de algum tempo em silêncio profundo. — Eu quero que conheça meus sonhos, meus medos e meu passado. Quero me tornar uma pessoa melhor ao seu lado. Ofereço a você tudo de mim, Kakashi. E eu não irei a lugar algum enquanto estiver comigo.

Não era necessário que Kakashi dissesse algo, afinal, ele já havia escutado o essencial. Elevou as mãos ao rosto da jovem e trouxe-a para perto, depositando um beijo leve na testa escondida sob a franja. Em seus movimentos não existiam resquícios de pressa, eles dispunham de bastante tempo e construiriam o próprio juntos.

A distância entre eles foi preenchida, pois Tsuhime havia o abraçado. Desejava absorver o calor para ter certeza de que não estava presa em mais um dos seus sonhos. E quando Kakashi retribuiu o afeto, as suposições transformaram-se em sensações reais. E aquilo era mais do que suficiente para ambos.

(...)

— Não irá fazer absolutamente nada? — Tobi questionou Kabuto, que possuía o humor péssimo naquela noite. — O único incomodado é você, já que estou obtendo sucesso no que quero.

— O que pretende depois? — Kabuto lançou a curiosidade, ignorando completamente a afronta do homem mascarado.

— Como assim? Você espera que eu queira algo com a criança ou com Tsuhime? — Tobi cruzou os braços, avaliando a escolha de palavras do ninja médico. — Tsuhime foi apenas a peça que faltava, não tenho mais nada a tratar com ela. Mas você, por outro lado, parece que vai entrar no jogo.

— Não há jogo algum. — Kabuto rebateu irritado, enquanto colhia diversas amostras de sangue. — Logo ela irá se cansar de brincar de casinha com Kakashi. Não importa, contando que eu ainda consiga manipulá-la.

— O que eu acho muito difícil. — Tobi disse com ar divertido e zombeteiro. — O que está planejando irá demorar, no mínimo, cinco anos para ficar pronto. É muito tempo. Se está tão desesperado para tê-la, deveria encurtar o prazo e trabalhar com mais afinco.

— Eu não preciso que ditem como eu tenho que fazer as coisas, ainda mais você. Lembre-se que foi graças a mim que conseguiu o que queria, ou assim pensa. — Kabuto não estava com medo de enfrentar Tobi, na verdade não havia motivos para isso. Agrupou todas as amostras e colocou os vidros para conservar, assim seu trabalho estaria adiantado, embora não o suficiente.

— Aonde quer chegar? — Tobi estreitou os olhos, agressivo.

— Você saberá em cinco anos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Deixe sua opinião, crítica construtiva, sugestões... Tudo será bem vindo.
O ritmo da história é lento, já que ela é grande, então espero contar com a paciência de vocês.
Até o próximo,
Beijos!



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