Regra numero um: você tem que se divertir, mas querido quando terminar tem que ser o primeiro a correr.

Marlene estava andando sozinha pelo castelo. Era quase meia noite e a loira não tinha sono nenhum. Resolveu então dar uma passada pela cozinha e pegar algo para comer. Não tinha muito que fazer no Salão Comunal.

Após fazer cócegas na pintura da pera, entrou no local e se deparou com dois elfos domésticos limpando alguma coisa perto do fogão. Ao a verem entrar, se levantaram rapidamente e começaram a se curvar.

– Senhorita McKinnon, em que posso lhe ajudar? Talvez gostaria de uma torta de morango? Kimmie sabe como essa torta é a favorita da senhorita. - Disse a elfo menor, sorrindo para Marlene.

Antes que ela pudesse responder, o segundo elfo a interrompeu.

– Kimmie não sabe das coisas, senhorita McKinnon. Mas Luca é diferente. - o elfo chegou perto da garota e segurou sua mão. - Luca pode fazer o peru que a senhorita gosta tanto no Natal.

Marlene sorriu para os dois. Mesmo sendo um sangue puro, possuindo uma grande casa e inúmeros elfos nela, nunca havia tratado eles mal. Não os via como servos, que lhe deviam obediência até a morte. Via-os como amigos de longa data, que ajudaram a formar a pessoa que é.

– Na verdade, eu adoraria um chocolate quente com marshmallows por cima, se não for pedir muito. - Ela sorriu para os dois, que já corriam pela cozinha pegando os ingredientes. Marlene se sentou na pequena mesa que ali tinha e esperou silenciosamente perdida em seus pensamentos.

Ela não sabia exatamente o porquê estava daquele jeito. Estava tão entediada com as aulas e com o mesmo cotidiano de Hogwarts, que perdia o sono regularmente devido a isso. Deveria ter alguma coisa nova e excitante para se fazer até o fim das aulas.

Após aceitar a caneca com o chocolate quente, Marlene agradeceu e ordenou para que os dois elfos tirassem o resto da noite de folga. Mesmo relutantes e com um grande desejo de fazer a torta de morango ou o peru, eles concordaram e aparataram para algum lugar, onde provavelmente era a moradia deles. Marlene desconfiava que fosse naquele terceiro andar, onde todos eram extremamente proibidos de entrar. Talvez aquela monotonia fosse passar se ela resolvesse invadir a sala proibida.

Aquela consideração logo passou rapidamente, quando ouviu a porta da cozinha abrir. Fechou os olhos, esperando que não fosse nenhum professor àquela hora. Não poderia ser pega fora da cama novamente.

– McKinnon? – Uma voz rouca e conhecida disse atrás dela. A loira olhou para trás e levantou uma sobrancelha.

– Black. – O canto de sua boca subiu em um minúsculo sorriso. – A que devo o desprazer de sua companhia?

O maroto sorriu e sentou-se em frente á ela. Desde o primeiro ano, Marlene McKinnon e Sirius Black tinham um relacionamento conflitante. Desde pequena, ela era a melhor e praticamente única amiga de James Potter. Suas famílias eram amigas e esperavam profundamente que um dia os dois se apaixonassem, mas isso não ocorrera. Viam-se como irmãos, nada a mais que isso. Mas quando entraram para Hogwarts e James conheceu Sirius Black, um garoto que a tirou da total atenção que James tinha por ela, resolveu que nunca iria gostar do garoto.

Sirius a via da mesma maneira. Não gostara dela desde o primeiro momento por James querer a introduzir no grupo. Sirius explicou que o grupo era chamado: Marotos por serem GAROTOS e não uma garota e quatro garotos. Não funcionava desse jeito. E mesmo que ele havia concordado, ainda continuara a falar com a loira irritante.

Com o passar dos anos, sua ‘rivalidade’ não havia diminuído, mas conseguiam trocar algumas palavras sem começarem a duelar, como acontecera no terceiro ano. Sirius até admitira que ela, com o tempo, ficara desejável, mas apenas repetia a frase em voz alta para provocar a menina.

– Eu vim comer alguma coisa, McKinnon. – O sorriso não saia de seus lábios. – Quem sabe você gostaria de ser essa coisa?

– Só em seus sonhos.

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Marlene ainda bebericava seu chocolate quente e pegava com o dedo os marshmallows, enquanto Sirius procurava qualquer sobra do jantar para comer. Ele voltou com uma torta de morango, que chamou a atenção da loira, mas que não comentou nada.

Após ambos terminarem, saíram juntos a caminho do Salão Comunal, ainda sem trocarem uma só palavra. Ao chegarem ao andar de cima, ouviram um barulho. Sirius puxou Marlene pela cintura e entrou em um armário de vassouras ali perto.

– O que você pensa que... – Ela tentou falar, mas Sirius tapou sua boca com a mão, ganhando um olhar raivoso.

– Os sonserinos estão fazendo a ronda hoje. – Ele murmurou. – Então fique quieta.

– Você não está com a capa? – Ela perguntou após tirar a mão de sua boca. Sirius a olhou com uma sobrancelha arqueada.

– Como você sabe sobre a capa?

– Black, eu conheço James há mais de 10 anos. – Agora foi a vez dela de erguer uma sobrancelha. – Quem você acha que a achou, em primeiro lugar?

– Tanto faz. Eu... – Ele começou, mas ouviu as vozes se aproximando. Segurou novamente a cintura da loira e a puxou para mais perto, enquanto os escondia atrás de um velho armário que ali possuía. Não muito depois, a porta foi aberta. Marlene olhou para Sirius e percebeu o quanto estavam pertos. Seus braços estavam em volta de sua cintura, a segurando firmemente e seus olhos olhando diretamente nos dos dela. Ele possuía olhos cinza bem chamativos e seus cabelos que caiam praticamente no ombro, o deixavam com uma aparência extremamente sexy.

Marlene não podia negar. Sirius Black era atraente.

Enquanto eles revistavam o local, Marlene desceu sua mão que pousava no ombro de Sirius lentamente até sua cintura. Passou os dedos em cima da calça lentamente, repetindo o ato. Sirius arregalou os olhos, mas ela apenas sorriu levemente, como se nada estivesse acontecendo nada. Ele mordeu a parte inferior de sua boca, mas não falou nada, enquanto Marlene continuava com o gesto.

Após os sonserinos terem ido embora, ambos continuaram na mesma posição. Sirius não achava forças para soltá-la ou desviar o olhar dela. Marlene, entretanto, segurou suas mãos e as tirou de sua cintura, saindo do armário o mais rápido o possível. Não havia mais nenhuma pessoa ali, então ela continuou a andar com passos firmes para o Salão Comunal de sua casa. Deu a senha rapidamente para a Mulher Gorda e foi em direção a escada para seu dormitório, mas um braço a puxou antes que pudesse colocar o pé no primeiro degrau.

– O que você quer, Black? – Ela perguntou. – Já nos salvou dos sonserinos. Obrigada. Deixe-me ir para o meu quarto dormir.

– Mas que diabos foi aquilo, McKinnon? – Sirius chegou perto. Não estava com raiva, mas não entendia o que havia acontecido tão repentinamente. Uma hora o odiava, na outra tentava causar prazer.

Marlene sorriu e o empurrou para a parede. Aproximou-se do garoto e, para a surpresa dele, o beijou calorosamente. Ele correspondeu imediatamente, se recuperando da surpresa e a puxando para mais perto. Mas antes que algo a mais pudesse acontecer, ela se afastou.

– Aquilo, Black. – Ela disse ainda perto de sua boca. – Foi o melhor amasso que você já teve.

E, com isso, foi para o seu dormitório deixando o maroto sem palavras, ainda encostado na parede.

No dia seguinte, a garota acordou mais animada. Era a primeira vez em um bom tempo que não se sentia entediada ou desanimada. Caminhando para sua primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, ela pensou o por que estava com aquele humor maravilhoso.

E então se lembrou do que havia acontecido na noite passada. Como fora excitante e novo provocar Sirius e beijá-lo. Ela sabia que ele também havia gostado, uma vez que... Bem, quem não gostaria do que ela fez? Sabia muito bem como agir e como deixar os garotos loucos até partir seu coração.

Era divertido.

E então resolveu o que fazer para que seu período em Hogwarts se tornasse menos monótono. Iria partir o coração de Sirius em pedaços.