Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 16
Capítulo 16 - Zero Sendo Simpático?


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aki de novo o/
Resolvi postar dois capítulos pra vocês, porque vocês merecem e eu já estava com ele prontinho (e o próximo também está, mas eu não vou postar ainda u.u) Agora eu espero que vocês sejam bonzinhos e me compensem comentando OS DOIS... Pq vocês sabem, eu A-DO-RO reviews hihihihihi E gosto de opiniões, críticas, elogios e, as vezes, o comentário de vocês me dá uma ideia ou uma luz...
Bem, esse capítulo ia ter um nome que faria alusão a grande decisão que ela tomou, mas havia algo muito mais surreal: Zero Kiryuu, aquele rapazinho meio mal-humorado que dá muitos indícios de que não gosta da Hime, consegue ser legal por uma conversa inteirinha...
Eu sei... Eu sei, também tô em choque... Hime tinha que ir a igreja fazer o testemunho desse milagre hehehe
Ok, essa nota ta ficando grande demais...
*Boa Leitura*



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Eu recebi alta da enfermaria para voltar para casa no dia seguinte, e não posso descrever como estava contente por finalmente sair daquele lugar e colocar o máximo de distância entre eu e as agulhas. Felizmente, estava com um atestado médico que me dava mais dois dias de folga da escola, e como emendaria com o sábado e domingo, teria tempo suficiente para eu fazer o que estava planejando desde a visita de Kaname e a bomba que ele jogou para cima de mim.

Havia pensado bastante depois que o Sangue-Puro se retirara do quarto no dia anterior, lembrando-me da questão sobre o aroma do meu sangue ser uma delícia – pensar nisso era completamente desconfortável. Como um Ex-Humano fadado a um dia decair, eu sabia que o grande problema de Zero era a terrível sede que estava sentindo. Somando dois mais dois, sede mais aroma, dava para entender melhor ainda porque ele perdera o controle e eu não podia morar com Kaien.

Caminhei para dentro da casa silenciosa, feliz por não ter ninguém para me recepcionar, afinal era horário de aula, o que significava que Zero estava no colégio e Kaien trabalhando.

Larguei a mochila com meu pijama e livros em cima do sofá, e fui para a cozinha arranjar alguma coisa para comer, pois estava com o estômago resmungando. Eu evitara copiosamente a comida da enfermaria, aquela tarde, preferindo ficar com fome a ter que provar daquela água com objetos não identificados do qual as funcionárias diziam ser “sopa de legumes”. Eu não tinha ideia de que planeta haviam comprado àqueles legumes, mas eu não estava afim de descobrir.

Comi algumas tortinhas de morango que encontrei na geladeira, as preferidas de Zero, e permiti-me apreciar os detalhes da casa por alguns instantes. Lembrei-me dos cafés-da-manhã com Zero e nossas discussões intermináveis, e tive uma crise de risos. Tive vislumbres de Kaien no fogão e seu avental rosa muito duvidoso, enquanto cantava músicas do Village People; olhei pela janela e recordei do meu primeiro treino com Zero nos fundos ao som de “Macho-Man”, e como fiquei estressada com a confiança de Zero que eu não conseguiria acertá-lo por mais que me esforçasse – a cena de eu o derrubando no chão ainda era engraçada, embora a da minha saia levantando continuasse fazendo minhas bochechas corarem e eu querer cavar um buraco no chão e me enterrar.

Havia me apegado a aquele lugar e as pessoas nele, como se fosse o meu lar, mesmo que temporário.

Você não está indo para o outro lado do planeta, Hime! Então se concentre no que você tem que fazer.

Eu ainda os veria, era óbvio, e estava fazendo a coisa certa, mas não facilitava em nada minha decisão de partir e deixar aquela casa.

Perdi a fome na metade da segunda tortinha, meu coração se apertando.

Seria esquisito acordar de manhã e não comer a mesa com Kaien e um Zero nada receptivo.

Afastando aqueles pensamentos, e garantindo a mim mesma que eu poderia fazer essas coisas algumas vezes com eles, peguei minha mochila e subi as escadas, indo até o meu quarto para arrumar minhas coisas (umas poucas peças de roupa e três calçados) dentro da mochila, retirando todos os livros dela – eles não me pertenciam, então eu tinha que devolver.

Após arrumar tudo, coloquei a pilha de livros em meus braços e caminhei para o escritório de Kaien, entrando sem bater – o que foi tremendamente estúpido esquecer que era ali que ele trabalhava quando não tinha reuniões fora e fóruns.

Kaien, que estava conversando no telefone com alguém, me olhou assim que eu entrei, seus olhos acendendo como um farol.

Engoli em seco, e decidi seguir com o plano já que eu já invadira seu escritório. Caminhei até a sua mesa e deixei os livros no canto. Como já estava ali o interrompendo, sentei-me em uma das cadeiras giratórias para falar minha decisão.

Kaien ergueu um dedo, pedindo que eu esperasse um minuto e eu assenti.

Enquanto ele tratava algum assunto sobre os fundos da escola para algum evento que eu não prestei muita atenção, fiquei rodando na cadeira igual uma idiota para matar o tempo.

Maturidade? Nem sei pra que isso serve.

– Certo, me ligue em outra hora para confirmar – murmurou para a pessoa na outra linha.

Ele desligou e voltou sua atenção para mim, o que deteve minha diversão infantil. Ele estava extasiado, quase não se mantendo sentado na cadeira, a ponto de dar pulinhos de alegria.

– Hime! Fico feliz que tenha recebido alta e esteja melhor.

– Ninguém está mais feliz que eu, Kaien – afirmei com diversão – Eu nunca mais quero voltar para lá, a comida daquele lugar é horrível!

Ele gargalhou.

– Bem, vou tomar isso como nota para assuntos a tratar futuramente. Sinto muito não ter ido te buscar.

Kaien parecia se sentir culpado, como se fosse obrigação dele trazer-me de volta para casa e acreditasse que havia pisado na bola comigo.

Eu sorri para ele e dei de ombros.

– Tudo bem, Kaien. – tranquilizei-o – Dá para ver que você está ocupado com as coisas do colégio; e a enfermaria não é longe daqui, não é como se eu fosse precisar de um carro para me trazer.

Ele sorriu, constrangido, mas satisfeito por eu não estar chateada ou coisa do tipo – e pelo amor de Kami-sama, por que eu estaria?

– Mesmo assim... Teria sido melhor se eu tivesse ido.

Balancei a cabeça.

– Não, não. O melhor foi você ter prosseguido com seu trabalho. Enfim, como eu já invadi seu trabalho, é melhor te deixar informado logo da decisão que tomei na enfermaria.

Ele franziu a testa, confuso.

– Decisão?

Soltei um suspiro, preparando-me para uma sessão de explicações, com eu me sentindo uma bruxa ingrata até que colocasse todos os pingos nos is.

– Vou morar no dormitório, junto com os outros alunos da Day Class.

Kaien pareceu completamente chocado com minhas palavras, então culpado e entristecido.

– Por causa do ataque de Zero? – inqueriu.

Aquela era a primeira vez que ele se referia ao episódio de Zero e eu no quarto dele (oh, Raziel, essa frase ficou muuuiiito ambígua), e eu esperava verdadeiramente que não chegássemos a tratar do assunto. No fundo eu sabia que Kaien se culpava pelo que havia acontecido e por minha quase morte, e eu não queria realmente resolver esse assunto ainda. Era loucura, eu sabia, mas mesmo que tudo tivesse sido um quase assassinato que aparentemente repercutiu até a Night Class, parecia algo muito íntimo e que tivesse que ser resolvido entre eu e Zero.

Eu devo estar mesmo precisando de uma terapia!

– Sim, mas não pelo motivo que está pensando, eu não estou com medo de Zero, Kaien.

Ele franziu a testa confuso, e eu fiquei feliz por não passar muito tempo na parte “Hime bruxa ingrata”.

– Então, por quê?

– Uns dias atrás, antes de Zero perder seu controle comigo, descobri que o cheiro do meu sangue era atraente demais para o meu próprio bem. Então acho que não é bom para o Zero eu ficar aqui, como um bife malpassado quando ele está tentando ser vegetariano.

Certo, havia sido uma analogia de merda, mas pelo menos daria para Kaien entender a essência do que eu estava tentando faze-lo entender; que eu e Zero não funcionaríamos no mesmo teto.

Eu não queria causar problemas, e estava óbvio que eu poderia acabar acelerando o processo da transformação dele, e isso causaria muita dor e sofrimento a Kaien.

– Não se sinta obrigada a ir, Hime – falou, embora não parecesse muito esperançoso –, eu não quero que você vá...

– Eu sei que não, mas você percebe que minha estadia aqui é perigosa para nós todos? Para Zero, para mim, para você... Eu definitivamente tenho que ir para o dormitório.

Kaien soltou um suspiro resignado.

– Eu entendo...

Peguei em sua mão sobre a mesa.

– Hey, isso não é um adeus, Kaien. Eu ainda vou estar por perto – apertei sua mão calejada de forma afetuosa – Você sabe que é como um pai pra mim, certo?

Os olhos do diretor começaram a se encher de lágrimas, emocionado com a comparação, e vê-lo daquela forma fez os meus começaram a marejar também.

Oh, Deus, vamos ter um momento emotivo...

– Você também é como uma filha pra mim... – falou, a voz esganiçada.

E assim eu e Kaien entramos em um choro histérico e trocas de confissões afetuosas que não estava ajudando a pararmos com o chororô.

Quando finalmente paramos com as promessas de que nos veríamos bastante e que tomaríamos café juntos várias vezes por semana, nos recompomos daquele momento completamente dramático.

– Vou tratar da sua mudança no final-de-semana, quando seus dois dias de atestado acabarem. Você se muda no domingo, pode ser?

Era o melhor que eu ia conseguir, mesmo que já tivesse arrumado minhas coisas e quisesse terminar com aquilo de uma vez.

– Certo, pode ser. – sorri satisfeita – Bem, vou colocar esses livros no lugar e deixar você trabalhar.

Meu passatempo do momento era ler, principalmente naquela semana, quando começava a ficar cada vez mais sozinha. Depois que terminei de guardar os livros terminados em seus devidos lugares, peguei outro na biblioteca para matar o tempo; um que me chamou a atenção graças ao título divertido.

Levei o livro para a sala e passei horas da minha tarde dedicada à leitura.

Eu não me importava de ter que esperar para me mudar, não estava com nenhuma pressa para sair dali, mesmo que fosse sensato eu ter – mas se Kaien disse que precisava de algum tempo para organizar isso, mesmo que eu duvidasse da necessidade, não ia pressionar. Não retirei as roupas da mochila por preguiça, afinal eu iria embora de qualquer maneira, então seria desperdício de esforço colocar tudo de volta no guarda-roupa quando elas voltariam para a mochila.

Estava deitada de bruços, talvez na milionésima pose desde que comecei a ler, e rindo de algumas baboseiras que li quando a porta foi aberta sem nenhuma delicadeza – e antes de eu me sentar com o susto do barulhão cortando todo o clima zen que reinava na sala, já sabia quem havia sido a criatura Neandertal que fora tão bruto com a inocente porta.

Zero congelou assim que seus olhos se fixaram em meu rosto, como se tivesse visto um fantasma (mais precisamente um zumbi, pois minha aparência ainda não estava das melhores), e eu juro que ele ficou mais branco do que ele naturalmente é.

Jesus, será que ele pensou que eu morri?

Meu coração perdeu umas sete batidas antes de ganhar uma velocidade que poderia considerar mortal quando encarei aqueles olhos lilases, claros como vidro, que me trouxeram lembranças amargas. De todas as possíveis coisas que eu poderia pensar naquele instante, como o fato de que ele quase me matara naquela mesma casa, tudo que eu pude recordar foi que ofereci meu sangue a ele como uma maluca retardada e que ele me rejeitou completamente.

Pigarreei para me livrar do bolo na garganta e olhei para o relógio de pendulo no canto para ver as horas e se eu havia me distraído por tanto tempo assim com a história.

Era hora do intervalo, e para a surpresa de ninguém, Zero estava matando as últimas aulas.

Superando tudo que eu pensei que seria possível e provando que ele era tão imprevisível como sempre foi, Zero caminhou calmamente até o sofá e se sentou ao meu lado.

Ele não parecia inclinado a provocações ou a impaciência pela primeira vez em semanas desde que nos conhecemos; na verdade, ele parecia meio incomodado com a situação, mas estava com tudo sob controle.

Arrastei-me para a outra extremidade do sofá para dar espaço suficiente para ele se sentar e algum extra que mantivesse meu pescoço o mais distante possível daquelas presas afiadas.

– É bom ver que você voltou – ele disse, um pouco desconfortável por dizer aquilo.

Meu queixo caiu no meu colo... Surpresa não é nem perto de como fiquei depois que ele disse aquilo.

Oh, Kami-Sama, ele deve estar se sentindo muito culpado pra ser legal comigo.

Aparentemente ignorando minha reação, ele olhou para algo em minhas pernas (que não era meu queixo) e um brilho de diversão tocou seus orbes lilases.

– Planejando se livrar de Kaname? – inqueriu.

Franzi o cenho, confusa por ele ter citado o nome do Sangue-Puro e por algo que não fosse raiva ou frieza ter passado por aqueles olhos – levando em conta que eu não estava me estatelando no chão ou me machucando de qualquer maneira naquele instante, ver humor em seus olhos era muito estranho.

Quem é essa pessoa e o que ela fez com o Zero rabugento?

– O que? – murmurei, ainda perdida pela estranheza da situação.

Seu queixo apontou para meu colo, e quando espiei percebi que era o meu livro da vez; “Como Se Livrar de Um Vampiro Apaixonado”.

Fiz uma careta de descrença e confusão.

– Kaname? O que quer dizer com isso?

Seus olhos sondaram minha expressão por um instante, como se ponderasse me dizer algo ou não, então ele deu de ombros.

– Nada com que deva se preocupar.

Devo acrescentar que aquilo estava me deixando curiosa, a ponto de cogitar a ideia impossível de Kaname ter dito algo a Zero. Antes que eu viesse a romantizar qualquer oportunidade com o Sangue-Puro, chutando essa idiotice para fora de minha mente, concentrei-me no agora.

A situação estava muito esquisita, pois Zero Kiryuu, o mesmo rapaz albino que nunca foi com minha cara e que tinha o pior dele direcionado a mim, estava sendo capaz de conversar civilizadamente comigo; sem provocações ou grosserias. Era como se pela primeira vez na história das minhas semanas, eu estivesse tendo um vislumbre do que ele seria sem toda aquela porcaria de estar a um passo de decair.

Resolvi mudar o assunto, esperando que ele continuasse com aquele humor, mesmo que fosse por culpa.

– Eu vou morar no dormitório – informei.

O rosto de Zero, endureceu, e eu me chutei internamente.

Devia ter comentado, sei lá, sobre o céu nublado.

– Entendo... – foi tudo que ele disse.

Eu duvidava que ele entendesse... Uma parte de mim vibrou com um pressentimento incomum de que seja lá o que ele tivesse concluído, estava completamente errado.

“Explique a ele!”, exigiu desesperadamente alguma parte desconhecida de mim.

Ponderei por um instante, confusa por eu sentir que Zero precisava de uma explicação, quando eu não devia nada a ele e não planejava dize-lo desde que escolhi sair daquela casa.

Quanto mais eu me mantinha em silêncio, relutante em fazer o que aquela vozinha maluca pedia, mais forte se tornava a sensação de que ele estava errado e que eu tinha que contar.

Pelo Anjo, devo estar maluca!

– Eu conversei com Kaname ontem… – fingi não notar que o corpo dele enrijeceu – Você sabe, sobre o aroma do meu sangue e como é apetitoso. Então cheguei à conclusão de que talvez não fosse bom para você, em sua situação delicada, que eu ficasse aqui exibindo meu cheirinho de carne ao ponto com molho de churrasco...

Zero analisou meu rosto tão atentamente que eu me remexi, incomodada, incapaz de manter meus olhos nos dele.

– Você não tem cheiro de carne ao ponto... – ele disse calmamente.

Embora tivesse sido engraçado ele me assegurar, eu não estava interessada e tampouco gostava de saber com o que eu cheirava; mas como não queria dar o gosto a ele de saber que eu estava incomodada com a informação, resolvi fazer piada.

– Devo cheirar a tortinhas de morango.

E inesperadamente ele acabou rindo – não da forma maldosa de sempre, mas de uma maneira espontânea, como se ele fosse apenas um garoto jovem e normal - um genuíno sorriso sim-eu-só-tenho-dezoito-anos; e eu odiei completamente esse momento, pois me obrigou a notar o quanto Zero era lindo – um albino ranzinza com porte de lorde inglês – e como seus olhos lilases cintilavam como joias quando ele ria daquela forma – algo que ele nunca fez.

Pelo amor de tudo que é mais sagrado, Hime, não ouse ficar reparando em Zero! Lembre-se que ele não te suporta e parece fazer de tudo para te irritar!

Pigarreei e me obriguei a olhar para outro ponto qualquer, mesmo que de má vontade, enquanto o riso dele morria e ficava subitamente sério, tenso.

Encerre essa conversa!

– Bem, eu não estou cem por cento ainda, – menti – então acho que vou para o quarto descansar.

Ele apenas assentiu silenciosamente, e algo me dizia que ele sabia que eu estava mentindo.

Sem qualquer despedida, me levantei e coloquei o máximo de distância possível entre Zero e eu.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam da decisão de Hime? Acham que ela devia continuar na casa, provocando o Zero? hehehe Eu ficaria... (carinha falsamente inocente)
E o nosso albino delícia de coco sendo uma pessoa legal por uns poucos minutos? Não foi adorável? Eu sonhei com esse riso do Zero (pois é, eu sonhei com ele... Não me perguntem como foi! hehehe), ai acordei meio derretendo e tals... Então resolvi compartilha-lo com a moçada
Nossa, to muito tagarela nessas notas hahaha
Até o próximo capítulo (que eu não vou postar hoje porque tenho que fazer mistério...)