Um Toque do Destino escrita por Ninna Leite


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal, peço perdão pela minha longa ausência, mas acontece né. Enfim, escrevi esse cap bem rápido então provavelmente está cheio de erros, mas vou dar um jeitinho depois. Me digam nos reviews o que acharam e até o próximo. Bjs :)



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– Pode me dizer por onde você esteve? - Perguntei, me levantando da cama, assim que vi Prim entrando no quarto. Ela estava usando uma roupa diferente da que eu havia a visto mais cedo usando quando saímos de casa. Seu rosto demonstrava cansaço, como se tivesse feito algo importante o dia inteiro. Na verdade eu tinha planejado mentalmente não falar sobre nada com ela, mas acontece que a pergunta meio que saiu involuntariamente da minha boca.

– Em vários lugares, e aliás, isso não te interessa. - Disse a mesma se jogando na cama, logo após ter tirado as botas e ter colocado seu celular para carregar.

– Claro que me interessa.- Disse tentando moderar meu tom de voz, obviamente sem sucesso. - Querendo ou não você está sob minha responsabilidade quando meu pai e Effie não estão aqui. Eu te procurei pelo colégio todo hoje e não achei, então será que poderia fazer o favor de dizer onde e com quem estava? - Gritei quando me dei conta a mesma havia se sentado enquanto me encarava com a melhor cara de tédio possível.

– Tudo bem. Eu matei aula para ir visitar um orfanato repleto de criancinhas pobres e carentes. - Disse ela se jogando novamente em sua cama, como se a conversa tivesse acabado naquele momento. E realmente eu tinha ficado impressionada com a capacidade que aquela garota tinha em contar mentiras parecendo bem convincente.

– Que droga Prim. Será que a gente nunca vai poder ter uma conversa séria?- Já nem estava mais irritada, apenas tentava convence-la de que podia confiar em mim, mas sempre que eu tentava me aproximar, até simplesmente com um "bom dia", ela me afastava. Eu realmente queria ver meu pai feliz, e só, e havia chagado a conclusão de que para fazer meu pai feliz eu teria que começar a me dar bem com a Prim, o que parecia cada vez mais difícil.

– Você quer uma conversa séria? - Perguntou se levantando e me encarando pela primeira vez com um olhar que não demonstrava um pingo de ironia nele.

Ela passou um tempo olhando para um ponto distante, perto do meu abajur que ficava ao lado de minha cama, como se estivesse pensando nas possibilidades que teria para me enganar mais uma vez, mas naquele momento pareceu mais que ela estava pensando se falava algo comigo ou não.

– Olha Katniss. - Disse por fim. - Eu sei que você só tenta falar comigo porque quer que seu pai fique com a minha mãe, mas acontece que eu não quero isso. Então sinto muito, mas eu não pretendo deixar que as coisas aconteçam tão fácil. - Disse enquanto caminhava novamente em direção a sua cama. - Se você não vier falar comigo a gente pode até ficar numa boa, mas fique sabendo que se você continuar tentando se meter na minha vida apenas pelo fato de agora ser minha irmã, mais puta eu vou ficar contigo. - Ela disse a última frase com o seu comum e repetitivo tom de deboche.

Ela voltou a se jogar na cama apagando imediatamente a luz pelo interruptor que ficava do seu lado do quarto, e sim, a essa altura já tínhamos feito uma linha imaginária dividindo o território de cada uma.

– Tudo bem. - Disse me sentando na beirada de sua cama, e consequentemente, recebendo um olhar mortal em troca. - Mas até agora você não me disse onde esteve hoje enquanto deveria estar em aula.

– Katniss. Não se preocupe, vá dormir.

Naquela hora pude jurar que vi um sorriso brotar em seu rosto iluminado pela luz da lua vindo da janela que se mantinha com as cortinas abertas. Ela não notou que eu havia visto, mas eu sorri para ela de volta.

– Prim. São sete horas da noite. Nossos pais nem chegaram ainda. - Pude percebe-la estremecer um pouco ao me ouvir dizendo "nossos pais". Por isso tentei mudar o curso. - Quer dizer, meu pai e sua mãe.

– Pois é né. - Ela disse fazendo um biquinho acompanhado de uma cara infantil. - Mas eu estou cansada, então fecha a porra da boca e me deixe dormir.

Eu ri com aquilo, até porque eu parecia estar conhecendo outro lado da Prim. Um lado que eu sabia que existia nela, meio bobo e exagerado. O único problema era que ela tentava ser uma pessoa que era não era completamente, e um dia eu ainda ia chegar a descobrir o por quê.

Eu me lembro até hoje de como eu fiquei depois da decepção que tive com o meu primeiro namorado. Aconteceu há exatamente dois anos atrás, mas isso não é algo que eu precise contar agora.

Apesar de ter ido me deitar as sete e meia da noite, dormi assim que encostei na cama. Me lembrava apenas de ter visto Haymitch e Effie entrando sorrateiramente em nosso quarto esboçando feições espantadas. Não sabia se era pelo fato de eu e Prim estarmos dormindo tão cedo ou pela raridade de pela primeira vez os dois não terem que chegar do trabalho preocupados em apartar outra briga nossa.

– Não acredito! Katniss Everdeen, não venha me dizer que você por um momento pensou que poderia começar uma amizade com aquela pirralha, por favor né. - Clove gritou no meu ouvido pela milésima vez. Como se eu não tivesse escutado da primeira.

Estávamos sentadas no patio da escola na manhã seguinte esperando por Annie, que por uma razão desconhecida estava atrasada, só conseguia ouvir suas ameaças de morte no dia em que por minha culpa nós fomos barradas da aula da Coin. Ela devia estar resolvendo algo bem importante para não ter comparecido até o momento.

Gale estava um pouco afastado de nós fazia alguns dias, ele parecia não gostar muito da minha aproximação e de Annie com Peeta, Finnick e os outros. Clove também não gostava muito, mas ao contrário de Gale ela preferiu ser direta dizendo logo que não estava gostando nem um pouco da situação, já o moreno preferiu apenas se afastar de nós sem ao menos dizer o motivo, deixando para que nós desvendássemos, mas na época não sei se ele tinha percebido, mas nós não éramos adivinhas.

As aulas correram normalmente. Daquela vez tinha decidido me sentar mais próxima a Peeta e seus amigos. Conversamos a aula inteira e pela primeira vez um professor chamou minha atenção na frente de todos. Sim, eu estava andando com um bando de péssimas influências, mas eu podia sentir que minha vida estava mudando para melhor, e ainda bem que eu tinha Annie para passar por tudo aquilo comigo. Não vi Prim o dia inteiro.

– Gale. Está acontecendo alguma coisa que você não queira contar as meninas?- Perguntei após atravessar mares de gente que lutavam fugazmente para se verem livre do colegio e irem direto para suas casas ou irem fazer merda com os amigos sem que os pais soubessem.

– Não há nada acontecendo Katniss.- Disse o mesmo secamente se apressando para se livrar de mim.

– Okay. - Disse igualmente seca, porque primeiro: não estava com paciência para as usuais palhaçadas de Gale, e segundo: ele nunca me chama de Katniss. Para Gale eu sempre fui a Catnip.

– Espera! - Ele disse segurando em meu braço antes que eu tivesse a chance de sumir de vista. - Tem algo errado sim.

– E o que é Gale? - Perguntei festejando por dentro por ter conseguido faze-lo abrir a boca.

– Você sai espalhando para a Clove e sei la mais quem, que somos namorados, e depois simplesmente me abandona para ficar andando com o idiota do Peeta Mellark. - Disse rapidamente, tornando ainda mais dificil o processamento que meu cérebro iria fazer sobre as palavras que ele disse.

– Gale, aquilo que eu disse para Clove foi só algo que eu pensei para faze-la me deixar em paz. - Disse segurando suas mãos enquanto olhava para seus profundos olhos cinzas, bem parecidos com os meus. - Não se preocupe. Você é meu melhor amigo, nunca vou te abandonar.

Por um momento Gale pareceu aliviado, porém segundos depois a expressão que seu rosto adquiriu não parecia a de alguém que estava muito feliz com o que acabara de ouvir. Eu não sabia na época o porque de Gale sempre ter mudado repentinamente o humor sempre que falávamos sobre nossa amizade, como já disse aqui, nunca foi muito boa com esse lance de adivinhação, não tinha uma bola de cristal, mas as pessoas pareciam querer complicar as coisas ao invés de simplesmente me dizer a verdade.

Naquele dia chamei Annie para dormir lá em casa, até porque ela estava louca para pôr os estudos em dia, e não posso negar que eu estava um pouco desesperada, eu era bastante preocupada com notas naquela época. Procurei por Prim para voltarmos para casa juntos mas acabei não a encontrando-a, então supus que ela deveria ter treino naquele dia, porém quando fui perguntar para Johanna se elas teriam algum compromisso com o time hoje mas a mesma negou.

Estávamos em meu quarto estudando a nova matéria de física. Contei para Annie sobre o ocorrido com o Gale e ela apenas disse:

– Ele deve estar com ciúmes por termos amigos novos. Gale sempre foi meio possessivo.

Ficamos por bastante tempo conversando sobre os filmes novos que iriam estrear naquele ano, sobre a nova promoção do bk e sobre o fato de Annie ter passado o dia com o "insuportável Odair" como ela mesma havia dito. Entre esse passar de tempo eu dei uma olhada no relógio e percebi que faltava apenas aproximadamente meia hora para meu pai e Effie chegarem e nem um sinal de Prim., quando de repente o visor do meu celular ascendeu mostrando uma mensagem que dizia:

" E aí Katniss, sabe aquele lance de você querer ser minha amiga e tal? Então se você quiser que isso dê certo vai ter que dar um jeito de enrolar minha mãe e seu pai para que eles achem que estou em casa. Valeu."

– Como assim? Ela quer que você minta para seus pais sem nem ao menos dizer onde está? - Gritou Annie assim que eu passei meu celular para ela.

– Acho que sim.

– Katniss, chegamos filha. - Gritou meu pai antes mesmo de Annie ter tido a chance de dizer algo.

Desci as escadas correndo sendo seguida por minha amiga, que para minha infelicidade era uma péssima mentirosa.

– Oi. - Disse Annie com o olhar perdido.

– Olá Annie. Oi querida. - Disse meu pai após apresentar Annie para Effie.

– Oi. Como foi o trabalho? - Perguntei para os dois após abraçá-los.

– Tranquilo. - Disse meu pai. - Como foi a aula?

– Bem. Muito bem. - Respondeu Annie rapidamente.

– E como está Prim? - Perguntou Effie.

– Está sumida. - Respondeu Annie levando uma discreta cotovelada minha. - Quer dizer perdida. - Continuou gemendo de dor.

– A Annie está querendo dizer que ela está perdida em pensamentos. Nós conversamos muito hoje.

– Isso, e ela foi dormir mais cedo porque ficou com dor de cabeça após uma maratona de estudos que fizemos. - Disse Annie excitante. Ela parecia bem animada no momento com a ideia de estar mentindo.

– Maratona de estudos. Interessante isso. - Disse Effie com um olhar de aprovação para meu pai, que deu um sorriso maroto em troca. - Eu vou lá em cima dar uma olhada nela.

– Não! - Gritamos Annie e eu ao mesmo tempo

– Acontece que, que... - Começou Annie. - Diz aí Kat o que acontece.

– Ela está realmente com dor de cabeça e nos pediu para ninguém entrar no quarto e atrapalhar seu sono.

– Isso mesmo. - Concordou Annie balançando a cabeça.

– Mas ela não pediu para a acordar nem para jantar? - Perguntou meu pai se dirigindo para a cozinha.

– Não. Nós já comemos algo. - Disse Annie, o que era verdade. Nós duas já haviamos comido.

– Então, se nos derem licença vamos subir. Estamos muito cansadas também. Boa noite. - Disse puxando Annie pelo braço.

Ficamos horas esperando por Prim. Tentei ligar para seu celular diversas vezes e sempre ia para a caixa postal, até Annie tentou ligar pelo dela caso Prim estivesse evitando meu número, mas não deu em nada, ela continuava sem atender. Estávamos até cogitando chamar meu pai e Effie, que já estavam dormindo, e contar para os dois a verdade. Porém não passou um minuto após termos tido essa ideia que ouvimos o barulho da janela ser levantada, com Prim entrando logo em seguida por ela, mas o que mais nos chocou foi seu estado. Minha irmã estava com os olhos inchados, como se tivesse chorado a noite toda, suas bochechas estavam vermelhas, e quando ela finalmente entrou no quarto pude perceber que seu olho estava com um hematoma roxo enorme, e haviam marcas de agressão espalhadas pelo seu corpo, mais precisamente nos braços e pernas. Só pude olhar para Annie em busca de apoio, mas minha amiga parecia tão chocada quanto eu. Fiquei parada, mas após alguns segundos pude emitir apenas uma frase.

– Prim, o que houve com você?


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