Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 9
Pedaços de Mim


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal demorei mas trouxe um capitulo grande e trabalhoso pra compensar. AGORA está saindo o cap 9. Amei escrever as partes do Kai pq flui tão natural e sofri pra escrever as partes de Bonnie, então, se preparem pq cap tá recheado de fortes emoções. Acho q estava na hora de iniciar o triangulo amoroso. Espero q vcs curtam!!!



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Kai

Depois de passar a semana inteira em Portland e me habituar às mudanças do lugar e reencontrar vários rostos conhecidos e desconhecidos, eu tive a minha chance de enfim participar do conselho. Bom, agora eu era o líder, então, era uma parte essencial para o Clã e todas as decisões devem ser passadas para mim antes de serem definidas e aprovadas. Agora eu sou a voz suprema dentro do Clã e a parte mais divertida disso é que muitos dos Gemini que um dia riram, ou assim como Joshua Parker me trataram como uma aberração, um lixo, como um alguém que não era digno de fazer parte do Clã, agora todos eles tinham que me respeitar e seguir as minhas ordens. Isso me dá uma sensação de poder e controle.

Entretanto, nem todo o poder e controle me fariam afastar os fantasmas do passado que atormentam a minha mente em meus sonhos, me enchendo de remorso e culpa. Minha mente idiota ficava me relembrando coisas que há muito tempo eu decidi enterrar. Mas, era impossível ter uma noite de sono aqui sem ser perturbado pelas lembranças dos meus pequenos irmãos e agora por Jo que se juntou a eles pra me atormentar.

Jo foi enterrada há cinco dias e seu enterro foi pra mim tranquilo. Enfim, um enterro típico cheio de clichês com várias lágrimas derramadas por Liv e Luke, papai não derramou uma lágrima apenas se lamentou pelo ocorrido, os amiguinhos que ela havia feito em Mystic Falls como Elena e Damon estavam também ali pra dar mais apoio a Alaric. Também foi feito uma cerimônia em sua memória pelo Clã e eu claro apareci sem ser convidado, afinal, eu sou o líder era importante que eu estivesse ali para minha querida irmã. Fiz até um discurso muito especial cheio de sarcasmo e uma pitada de sadismo. Por fora eu me comportei como o mesmo Kai sociopata que todos odiavam e até temiam, mas por dentro havia aquele que estava assombrado por sua própria consciência cheia de angustia, amargura e remorso.

Querendo ou não Josette era uma parte de mim. Uma parte que eu não poderia lutar contra, simplesmente porque ela era como a minha sombra, a minha gêmea com os mesmos olhos azuis e os mesmos traços faciais. Era tão irritante e assustador até me olhar no espelho e ver em meu reflexo ela ali, me olhando com os meus mesmos olhos aflitos e confusos. Era como se Jo agora tivesse se tornado a minha consciência pesada pelas dores, mortes e sangue que eu carregava em minhas mãos. Sentimentos que eu não estava acostumado a ter, pois há mais de 20 anos tudo o que eu sentia era a solidão e um desejo sádico de vingança e até aqui isso me bastava pra sobreviver naquele mundo prisão e também o que me movia a continuar.

Eu me olho no espelho tentando confrontar meu próprio reflexo, tentando mostrar que eu sou forte e poderoso. Que Kai Parker é inabalável, porém no fim, minha consciência cheia de remorso sob a forma de Jo refletida no espelho é quem vence, me deixando vulnerável e furioso dou um murro no espelho o partindo em vários pedaços. Eu sorrio com escárnio para o meu novo reflexo no espelho danificado.

Talvez, fosse assim a minha alma toda danificada, sem chance de ser consertada.

Então, porque eu ainda continuo preso dentro de mim mesmo tentando lutar contra essa angustia e culpa voraz que me corroem por dentro?!

E no fim paguei um alto preso pelo meu desejo sádico de vingança e poder. Venci a FUSÃO, contudo, no fim vou sofrer as consequências, pois dentro de mim vive também partes de Jo.

Uma parte minha a odeia por isso, a outra sente medo e uma pontada de melancolia e saudade de um tempo onde dois gêmeos inocentes ainda eram amigos cúmplices que sempre enfrentavam tudo juntos e que se amavam, mas com as reviravoltas da vida seguiram caminhos opostos. ELA tinha um dom, sua magia como qualquer bruxa e podia fazer todos ama-la com um simples sorriso, e ELE tinha uma maldição, era um erro da natureza, nascera sem magia e sem direito de pertencer aquele lugar, sua alma se encheu de amargura e ressentimento que aos poucos se transformaram em fúria e pura crueldade. Ela ganhou sua liberdade enquanto ele foi condenado a viver pra sempre atormentado por seus demônios.

Mas, eu tinha que me libertar disso de alguma forma, eu tinha que vencer esses sentimentos, ou então, eu iria enlouquecer. Se Jo era uma parte minha, então, eu iria aprender a viver com isso. Se Kai Parker conseguiu sobreviver a tudo até chegar aqui, Kai Parker o líder dos Gemini iria sobreviver a sua própria mente e se readaptar aos seus novos sentimentos que já estavam enraizados dentro de mim. Entretanto, não era só culpa, medo, angustia ou remorso que me dominavam, mas também, um desejo de estar perto da jovem bruxa Bennett.

Bonnie estava conectada a minha vida pra sempre e pensar nela era algo que me fazia sentir mais culpa, assim como, uma ânsia de estar com ela. Um desejo de sentir de alguma forma confiança e lealdade algo que sei que só poderia conseguir com Bonnie. Alias, tudo o que eu sentia, eventualmente, também a afetasse de alguma forma e isso nos fazia cúmplices e parceiros até o fim, o que amenizava todas as minhas incertezas e temores, porque eu já não tinha mais a solidão como aliada.

A bruxinha era muita esperta, poderosa e muito leal, mas agora estava muito furiosa e ansiando se vingar dos seus amigos. Era pensando nisso que resolvi jogar com Damon e seus amigos os manipulando e, assim, ganhar a confiança da jovem bruxa.

"Você vai fazer o que tem que fazer e depois desapareça!" A vampira loira disse friamente para mim me fazendo rir sarcástico da sua soberba.

Eu estava na Pensão Salvatore, estava ali a pedido de Josette que antes de morrer me deixara uma carta, na qual dizia que eu era o único capaz de curar Liz Forbes que carregava em suas veias sangue de vampiro. O objetivo era impedir que a Xerife se transformasse numa vampira quando morresse.

"Escuta sanguessuga eu não sou a Bonnie. Eu não vou ser usado como um objeto qualquer. Eu não tenho nenhuma obrigação com vocês. Lembre-se só estou aqui pra lhes fazer um favor. Então, seja mais gentil!" Eu disse com puro escarnio, afinal, eram eles que necessitavam de mim. Tudo era um jogo de interesses, então, eu iria jogar o mesmo jogo.

"Cala a boca! Se não veio pra ajudar pode dar meia volta e sumir." Damon rosnou furioso me fuzilando com seus olhos de predador. Era tão divertido irrita-lo.

"Bem, no caso de você ainda não percebeu, eu sou um sociopata. E eu gosto de ser um sociopata. Você sabe, eu não estou sobrecarregado com coisas como culpa ou amor. Então essa fusão aconteceu com minha irmã Jo e eu ganhei, o que foi ótimo, porque eu absorvi a sua capacidade de fazer mágica, mas agora eu não consigo parar de pensar sobre Jo, ou como arruinada a vida de Liv e Luke estão. Por alguma razão horrível, eu não consigo me livrar desse sentimento."

"Então, você só está aqui por causa de Jo e da culpa que você carrega." E lá estava a culpa pra me assombrar eu poderia ouvir até a voz de Jo piscando em minha mente. Eu precisava desabafar.

"Saiu até água dos meus olhos, como se eu fosse um alien excretando fluídos." Eu disse tentando ser o mais indiferente possível e no fundo me sentindo tão estúpido.

"Isso se chama chorar, Kai. E não é uma coisa de outro mundo." Dessa vez foi o irmão mais novo quem me dirigiu a palavra. O tal Stefan tinha uma postura muito calma.

"Você é patético. Agora o bruxo que se achava o todo poderoso virou uma borboletinha." Damon disse debochando de mim. Só pra provocá-lo dei uma beberica em seu Bourbon, ignorei a queimação na garganta e o gosto horrível e continuei ousadamente invadindo o espaço de Damon, sei que estava brincando com fogo.

"Você acha isso divertido. Bom, já que estou aqui abrindo o meu coração pra vocês. Que tal vocês me falarem sobre a Bon Bon. Então, ela conseguiu. Bonnie é muito corajosa e forte. Eu sabia ela conseguiria!" Eu disse entusiasmado e ao mesmo tempo algo se agitou dentro de mim só de pensar nela. Um sentimento que eu nem sei explicar.

"Ela está bem e segura longe de você." Damon rosnou ferozmente, senti sua hostilidade sobre mim. Eu não era cego Damon poderia parecer estar sendo protetor sobre a bruxa, mas havia muito mais escondido nas profundezas de sua alma sombria. Damon sentia como se ele possuísse Bonnie. Como se ela fosse sua propriedade. Como se ela lhe pertencesse e isso me enfureceu por dentro.

"Uh, falando assim até parece que eu sou um monstro. Ou o único aqui capaz de feri-la. Aposto que você já fez coisas piores pra ela. E ela nunca estará protegida perto de vocês." Eu disse maliciosamente cheio de veneno e enojado pela atitude hipócrita de Damon. Ouço a loira vampira rosnar furiosa, mas eu a ignoro. "Aliás, eu me pergunto quanto tempo irá levar pra que Bonnie entre em ação pra salvar o rabo de seus queridos amigos antes de sofrer um novo sacrifício. Tenho até pena dela." Um Damon descontrolado me ataca ferozmente, suas mãos frias apertam meu pescoço pronto pra quebra-los. Nossos olhos se chocam furiosos.

"Não, vamos manter a calma. Estamos fazendo isso por Liz." O Salvatore mais novo diz ponderado se colocando entre mim e o vampiro insano.

"Seu irmão mais novo tem razão. Ele parece ser mais esperto também, Damon." Eu digo presunçoso me recomponho do seu ataque.

"Chega de jogos!" A vampira loira voou como um borrão e parou diante de mim tentando me intimidar. "Você é o único que pode ajudar a minha mãe. E por ela eu sou capaz de fazer qualquer coisa até mesmo ter que confiar em alguém como você." Eu continuei ouvindo a sua suplica.

Nós chegamos ao ponto onde eu queria, afinal, tudo era no fim um jogo de interesse. E, embora, uma parte minha se sensibilizou pela situação da mãe de Caroline, a outra parte ainda era o velho Kai que tinha seus próprios interesses.

"Preciso ver a Bonnie!" Minha voz era firme.

"Não, você vai ficar longe dela!" Se Damon me atacasse agora eu iria lhe dar um belo aneurisma, capaz de explodir seu cérebro só pra ele aprender que eu tenho o poder e ele é só um mero vampiro irracional e nem toda a sua força bruta seria palio pra mim.

"Eu preciso vê-la porque eu não consigo parar de pensar sobre ela." Essas palavras saíram tão naturais e sinceras que nem eu mesma acreditei que saírem de meus lábios. "Preciso que ela me perdoe por tudo o que fiz. Eu salvo a sua mãe de uma vida imortal indesejada em troca de falar com Bonnie cara a cara. É um trato muito justo!" E de repente dentro de mim as emoções se alvoroçaram de excitação e, ao mesmo tempo, de insegurança. Pois eu estava manipulando eles da forma como eu queria, ao passo que eu tinha que ser cauteloso pra não perder qualquer chance com Bonnie.

Eu assisti por quatro meses Damon e Bonnie viverem no nosso mundo prisão. Eu vi seus olhares sobre ela e havia um desejo de domá-la, de controla-la de ter seu sangue e até seu corpo pra ele. Porém, Bonnie é muito independente, forte, corajosa e muito poderosa pra viver presa a ele e a esses amigos. Eles a limitam a ser apenas aquela que se sacrifica pra salvar a todos e a mais valiosa arma contra algum inimigo.

Pobre Bonnie era tão cega, tão desesperada por afeto, e com medo da solidão, viveu todo esse tempo numa relação de servidão, sendo manipulada por esses malditos vampiros.

O meu plano era simples, pra conseguir conquistar sua confiança, eu teria que afastá-la deles. Na verdade eu estava aqui pra salvá-la de si mesma, porque sozinha eu sei que Bonnie Bennett iria falhar em sua vingança. Ela iria fraquejar mais cedo ou mais tarde.

Kai Parker iria fazê-la ver o mundo com outros olhos, Bonnie precisa aprender que ela é uma bruxa poderosa e livre. Ela é a última de sua linhagem e precisa abraçar a sua natureza de corpo e alma.

 

Bonnie

"O que aconteceu com você, Bonnie?" A voz de Carol era amargurada.

"Você quer que eu conte a historia inteira? Achei que fôssemos amigas e você já soubesse exatamente o que aconteceu comigo." Eu digo usando o mesmo tom dela.

"Droga Bonnie! Eu sinto muito que as coisas deram errado. Eu sei que..."

"Não Caroline, você não sabe nada." Eu já estava a ponto de explodir com tanta pressão.

Depois de Damon, agora era Carol que veio me pedir ajuda. Eu sei que estava sendo cruel com ela, mas... ao mesmo tempo, eu sentia que não era justo que de novo eu tinha que fazer tudo por eles e, no fim, esquecer das coisas que eu queria, ou acabar numa posição onde eu não tinha escolha.

"Caroline, você não estava lá sozinha e sofrendo, quase enlouquecendo. Você não teve que sentir dor e sangrar e estar a mercê de um lunático." Minha revolta era tão grande por Damon, Carol e o desgraçado do Kai. Nossa ligação estava afetando minhas emoções.

"Eu entendo que é difícil pra você, Bon. Mas, você já passou por tantas coisas piores e... você conseguiu. Você está aqui segura e viva e eu prometo que aquele cara não vai tocar em você." Ah, suas palavras eram apenas promessas vazias.

Ah, Caroline você não sabe o preço que paguei pra estar aqui. Você não teve que fazer um pacto pra ganhar a sua liberdade. Você não teve que estar aprisionado a alguém que você odeia tanto, mas que no fim, sua ligação é inquebrável.

Caroline, você não teve que se acostumar com um vampiro muito temperamental, mas que no fim era sua única companhia. Você não sabe que Damon Salvatore havia em quatro meses entrado de fininho em minha vida e mexido comigo de uma forma que ninguém havia conseguido. Você não sabe que ele era capaz de confundir minhas emoções, que ele me fez irritada, com raiva, que ele me fez chorar e me sentir fraca. Mas, ele também tinha o dom de me fazer se sentir segura, forte e poderosa. Que ele de todos vocês era o que mais me decepcionou e me magoou. Você não sabe que eu esperei que ele voltasse por mim, que ele me acolhesse em seus braços e fosse o meu refugio.

Caroline, você não sabe que vocês terem seguido em frente sem mim, que vocês terem desistido de me resgatar e me esquecido naquela prisão, destruiu toda a minha esperança.

Caroline, você não sabe, mas Kai tem o poder de me controlar. Você não sabe que ele testou a nossa amizade e comprovou que eu sempre estarei sozinha. Ele testou a nossa amizade só pra me provar que eu sou a ultima opção. E mesmo assim, eu ainda não conseguiria ser egoísta o suficiente pra lhe dar as costas. Porque no fundo Carol, você não sabe que eu estou sofrendo tanto quanto você. Eu sei qual é a dor de perder alguém que se ama tanto.

Você não sabe que Kai entrou repentinamente em minha vida de forma cruel e já conhece meu ponto fraco. Meu altruísmo agora era o meu maior inimigo.

Minha mente estava a mil, todos esses sentimentos estavam me devorando por dentro e eu os aprisionei no funda da minha alma, porque ninguém seria capaz de entender ou amenizar todo esse turbilhão de sentimentos dentro de mim. Eu sentia tanta frustração, pressão de todos os lados e tudo o que eu desejava agora era ter saído daquela prisão e nunca mais ter voltado a pisar em Mystic Falls. De um lado tínhamos os dramas da gangue que agora se resumiam a ajudar Carol com sua mãe e do outro tinha Kai que estava jogando com a minha mente e provavelmente se divertindo com isso.

Voltei a me concentrar em Carol que estava andando de um lado pro outro me deixando mais nervosa. Nós estávamos no nosso dormitório com Elena também ali tentando dar uma de amiga afetuosa, pronta pra ajudar e querendo amenizar a tensão que estava entre mim e Carol.

"Carol, você ainda tem uma escolha." Elena disse entrando no meio da discussão. "E se... Liz virasse uma vampira. Ainda há uma saída pra ela, Carol." Agora a discussão tinha ficado divertida. Afinal, era entre Elena e Carol, as duas garotas que apesar de muito amigas sempre disputaram atenção.

Elena sempre a favorita versus Carol que sempre viveu sob a sombra de Elena, sempre a segunda melhor. Parece que eu estava pegando um pouco do sarcasmo doentio de Kai.

"Pra você parece tão simples, né. Pra alguém que teve coragem de apagar as memórias do cara que ama, é óbvio que é fácil pra você escolher. Mas, isso não é sobre você Elena." O curioso é que Carol tinha razão, porém ela era tão hipócrita quanto Elena, afinal, a minha escolha não era fácil, mas pra ela tinha que ser.

Elena e Caroline podiam ser tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais quando se tratava de egoísmo e vaidade. A grande diferença é que Elena se corrompeu se transformou num alguém totalmente dependente, egoísta demais, acostumada a ser o centro das atenções e parece viver dentro de uma bolha onde só havia ela e Damon e dane-se o mundo.

Pensar nisso me deixava até enojada.

Já Carol apesar de, às vezes, egoísta e fútil, amadureceu muito vivendo como uma vampira e se adaptou bem a sua imortalidade até parece que nasceu pra ser estonteante e impecável como um imortal, mas Carol também poderia ser muito leal e forte, porém ela era tão controladora tanto de suas emoções quanto das pessoas ao seu redor e, muitas vezes, ela acabava criando tanta expectativa sobre tudo, às vezes, chega a ser sufocante, mas essa é a sua essencial. E enquanto nossa amizade tinha sido suficiente pra mim antes, onde eu era cega por minha lealdade isso não era problema. Entretanto, eu mudei e as coisas seriam diferentes.

"Elena tem razão. Liz poderia se tornar uma vampira como vocês. E você teria a sua mãe pra sempre aqui." Eu disse calma e esperando a sua reação. Vi ela parar de zanzar pelo quarto seu corpo ficou rígido.

"Você não entende. Ela é teimosa, ela disse que não teme a morte, mas ela não quer viver eternamente. Ela disse que se acontecer... se..." Carol se perdeu em seus pensamentos. "Liz não vai passar da transição. Ela vai fazer como papai. E isso é horrível." Isso que dizer que Liz não iria beber sangue humano pra concluir a transição e se tornar vampiro.

Vi um vulto chegar sorrateiro a porta e cansada de tanta pressão decidi jogar o mesmo jogo sujo. Eles estavam me sufocando pra me fazer se sentir culpada, pois bem, eu iria fazer o mesmo.

"Abby, também não quis ser vampiro. Ela provavelmente não iria concluir a transição, mas Damon estava lá. Damon fez essa escolha por ela. Então, porque Damon, o cara que gosta de bancar o herói. Que sempre está pronta pra tomar medidas extremas... Tenho certeza que Damon daria uma ajudinha em Liz nisso." Eu disse cheia de sarcasmo sem nem precisa olhar na porta onde Damon estava parado apenas observando tudo.

"Esse é o seu problema?!" Ela parecia chocada comigo. "A minha mãe está preste a morrer e você está trazendo sua mãe aqui. Sua mãe foi covarde e te abandonou pela segunda vez sem nem se despedir? Mas ela ainda está viva e muita segura por aí." Carol estava respirando pesadamente assim como eu. Senti meu corpo vibrar de raiva. "Isso é pura inveja porque eu tenho Liz aqui e você..." Sem pensar eu lhe dei um tapa usando toda a minha ira e num piscar de olhos Damon já havia me puxado para seus braços enquanto Elena segurava Carol que agora estava com veias assombrando seu rosto a fazendo demoníaca e selvagem.

"Cala a boca!" Eu disse trêmula senti minha magia fluindo feroz por meu corpo querendo explodir tudo. A luz do quarto começou a piscar sem parar e alguns pequenos objetos como porta retratos estavam flutuando pelo quarto. Damon me segurava firme em seus braços tentando me acalmar.

"Tire ela daqui, Elena." A voz de Damon é sombria e dura. Vejo Carol, se desvencilhar de Elena e me olhar angustiada, enquanto seus traços faciais voltavam ao normal.

"Eu estava lá pra você, Bonnie. Eu tentei te ajudar, tentei impedir que Abby fosse embora. Talvez, você tenha esquecido, mas eu estava lá eu vi você chorar. Eu fui seu ombro amigo e eu sofri com você. Eu só..." Sua voz ficou embargada.

"Ei, Carol vai ver sua mãe. Kai fez o que tinha que fazer." Damon disse secamente me libertando de seus braços.

"O quê?" Caroline agora estava desnorteada.

"Kai limpou o sangue de vampiro de Liz de suas veias. Ela está bem. Esperando pra tiver."

"Droga Damon, porque não me ligou?" Agora ela havia voltado ao seu antigo eu.

"Stefan te ligou, mas você não deu sinal. Por isso estou aqui, Blondie." Damon disse entre dentes. Carol apenas me deu um ultimo olhar e saiu com Elena logo atrás.

Um silencio tenebroso havia se instalado no quarto me fazendo me sentir fria e oca por dentro. Sinto o toque de Damon sobre minha face, seus dedos estavam enxugando minhas lágrimas que eu nem percebi que estavam caindo. Nossos olhos se encontram e, por um instante, todo aquele frio parecia ter ido embora.

"Vai ficar tudo bem, Bon Bon." Ele disse num tom carinhoso, seu toque era gentil e de repente eu estava presa num abraço. Ele me segurou forte enquanto eu chorei em seu peito, senti seu lábio tocar a minha testa e apenas esse gesto foi capaz de fazer aquecer todo o meu corpo que tremia de tristeza e frio. O silencio do quarto foi interrompido pelos meus soluços. Eu me sentia tão exausta.

Eu não sei como eu fui parar na cama, eu estava tão cansada, com toda a minha energia física e mental esgotada. Eu estava prestes a cair no sono quando Damon se afastou de mim. Meu corpo logo reagiu se sentindo frio e frágil. Eu necessitava desesperadamente dele aqui comigo.

"Apenas, fique comigo!" Eu disse suplicante sem me importar se estava sendo patética e ridícula. Nossos olhos permaneceram conectados. Ele não hesitou, também não disse nada, apenas se juntou comigo na cama. Eu me aconcheguei a seu corpo pousando minha cabeça sobre seu peito e adormeci sentindo seu cheiro inebriante e seu toque sobre meu cabelo e minha pele. E naquele momento eu me senti segura e em paz.

~~~*~~~

Eu não sei quanto tempo havia passado, mas quando eu despertei. Damon ainda estava ali dormindo tão lindo. Eu me remexi lentamente, pra não acorda-lo e então toquei a sua face. Cada pequeno detalhe dele era perfeito e marcante. Meus olhos viajaram para os seus lábios entre abertos. Senti um desejo de toca-los só pra sentir um vislumbre de algo completamente oposto de dor e sofrimento. Só pra sentir o gosto dos seus lábios macios.

Eu rocei meus lábios nos seus, meio tímida e cautelosa, mas no instante em que lhe toquei qualquer vestígio de hesitação ou razão desapareceram e meus lábios ganharam vida própria voraz e ousado. Logo, senti ele me corresponder com a mesma intensidade, quando nossos olhos se encontraram eu vi o desejo queimar dentro de suas orbitas azuis. De repente não eram mais apenas nossos lábios se chocando desesperados, mas também nossos corpos. Ele me puxou para o seu colo, enroscou suas mãos em minha cintura e me beijou com uma ânsia de tirar o fôlego e fazer meu sangue ferver. Nossas línguas se desafiavam numa gostosa sensação de puro êxtase. Seu toque era firme e onde seus dedos tocaram a minha pele deixou um rastro de fogo que arrepiou todo meu corpo.

Antes, que chegássemos mais além, ele me afastou abruptamente de seu corpo, se levantando da cama e me dando as costas. Podia ver seu corpo ficar rígido.

"Não, isso é errado!" Damon murmurou e quando seus olhos se voltaram pra mim eu vi arrependimento, mas eu ainda não estava disposta a deixa-lo sair assim.

"Não fuja de mim. Eu sei que você me quer." Eu disse correndo em sua frente o impedindo de me abandonar neste quarto sozinha. "Não faça isso, Damon." Eu disse tocando em seu peito, onde ficava seu coração.

"Eu amo Elena." Suas palavras foram secas me fazendo se sentir perdida, completamente desnorteada.

"Damon, eu..." Mordi meu lábio nervosamente eu me aproximei tentando lhe tocar, mas ele segurou meus pulsos asperamente me afastando longe dele quase como se me tocar fosse repugnante.

"Não faça mais isso. Eu amo Elena. Sempre vou amar." Agora seu olhar era gélido. Mas, ele não poderia escapar de mim sem um confronto. Foi ele quem havia começado isso. Ele quem havia implantado esse sentimento tão forte dentro do meu coração.

"Se você ama Elena porque me beijou naquele dia durante a dança?" Eu lhe questionei enquanto ele me deu as costas prestes a sair pela porta. "Me fala, você começou isso. Você me beijou. Porque Damon?" Eu gritei desesperada.

E naquele mundo prisão vivendo apenas em sua companhia me acostumando com suas manias e seu jeito e me sentindo tão confusa e ainda vivendo a expectativa de voltar pra casa, eu não poderia entender o que se passava dentro de mim. Eu não estava preparada pra aquele beijou inesperado. Eu não esperava que Damon Salvatore, fosse mexer comigo tanto, capaz de fazer sentir tantos sentimentos diferentes. As lembranças daquele beijo ainda me perturbavam. Eu sei que havia fugido dele que eu havia o repelido pra longe de mim. Eu sei que eu fugi por medo, confusão e incertezas. Só que aquele beijou mudou tudo de forma tão avassaladora.

"Eu beijei você pensando em Elena." Sua voz foi convicta me deixando tonta. "Sempre é Elena. Sempre é Elena. Sempre será Elena!" Suas palavras eram afiadas como navalhas que me feriam e aquilo ecoava sem parar, me assombrando. "Sempre será Elena. Sempre será Elena..." E sua face agora se tornara selvagem, como de um predador e seu sorriso era cheio de escárnio.

"Para!" Acordei gritando, suando e com o coração a mil.

"Uh, parece que alguém teve um pesadelo?" E na beirada da cama estava Kai com seu sorriso sádico. "Pobre Bonnie, está apaixonada pelo vampiro que nunca irá te amar. Sempre será Elena!"

"Suma daqui!" Eu gritava insanamente.

"Eu posso curar essa dor. Deixe-me entrar!" E sua voz era tão sedutora quanto perigosa me atraindo a ele.

"Nãoooo!" Despertei com o barulho do meu celular. Estava ofegante, exausta com minha mente desorientada e sozinha em meu quarto. Tudo era apenas um pesadelo, dentro de outro pesadelo.

Meu celular continuou a tocar incessante sobre a cômoda do lado da cama. Eu me sentei ainda tentando me localizar, eu ainda peguei um cheiro familiar no ar. Era o mesmo perfume de Damon. O celular continuou a vibrar, foi então, que eu vi uma nota ao lado dele.

Era uma curta mensagem de Damon, se desculpando e dizendo que Elena havia o chamado, mas que mais tarde ele passaria pra me ver.

Eu me lembrei do sonho e tudo o que eu sentia era um desejo enorme de fugir daqui, pra bem longe. Longe de Mystic Falls, de Elena e Damon. Principalmente, tentando fugir de todos os meus sentimentos conturbados por Damon.

O celular no fim acabou ganhando minha atenção. Havia uma ligação perdida de Abby. Minha mãe pela primeira vez era o caminho pra me libertar de todo esse tormento.

Sem se despedir da gangue, sorrateiramente peguei o primeiro voo com destino a Texas.

***** *****

 

Passei o fim de semana inteiro na casa de Abby em Austin, a capital do Texas é uma cidade pequena, com menos de um milhão de habitantes, e não é uma cidade muito turística, embora tenha eventos que atraem muita gente de fora (como o Festival South by Southwest, em março). Grande parte da população é de estudantes, Abby a propósito me convidou a viver com ela já que Jamie já tinha formado a sua própria família, ele morava na mesma cidade, mas agora era casado e com um filho. E assim eu poderia estar perto de minha mãe e ainda cursar a faculdade daqui.

Uma parte minha queria até aceitar, porque lá no fundo eu só queria ter o meu próprio lar e a minha própria família normal e um pouco de sossego, mas eu também sabia que isso era impossível, pois pra mim e Abby isso era tarde demais. Não havia como querer resgatar uma relação que tem um passado tão nebuloso, cheio de decepções e muita expectativa. Eu sobrevivi praticamente a minha vida inteira sem ela, tendo apenas vovó cuidando pacientemente de mim. Agora eu já havia me acostumado a sua ausência. Claro, que isso não queria dizer que eu não a amasse, eu estava feliz por ela.

Austin se intitula Capital da Música ao Vivo dos Estados Unidos, com muitos bares de música ao vivo todas as noites, com os mais diversos estilos musicais, visitei um deles com Abby e Lucy e foi muito divertido. Passar o fim de semana aqui com elas foi muito bom, era a primeira vez que tínhamos três Bennett reunidas, pelo menos comigo presente e sem estar em ação, sem nada de ameaças sobrenaturais. Jamie também veio passar algum tempo comigo ele parecia muito feliz com sua esposa e filho. E falando na criança, o pequeno Eric era o xodó de todo mundo e, sobretudo, era de Abby que tem se mostrado uma avó coruja.

Eu me sento no banco da varanda vendo ela com o neto no jardim e de repente minha mente se enche de memórias de uma pequena menina em seus 4 anos brincando com a mãe no jardim de casa. Uma época onde tudo era mais simples, colorido e inocente.

Às vezes, eu me pergunto se o mundo sobrenatural nunca tivesse chegado até nós será que eu teria uma família completa e feliz? Provavelmente a resposta seria sim, meu pai e Sheilla estariam vivos e Abby seria apenas uma mera mortal. E eu seria apenas a garota Bonnie e não a bruxinha que experimentou a morte e tanta dor e ainda voltou pra contar historia. Eu viveria uma vida pacata em Mystic Falls.

E pensar em Mystic Falls, me fazia cair na real que a minha vida está longe de ser normal. Eu ignorei todos os telefonemas da gangue e o povo só ficou sabendo noticias minhas porque Lucy decidiu atender uma delas, que era de Damon, justamente quem eu mais queria esquecer. Ele parecia bastante mal humorado do outro lado da linha mais eu continuei sem devolver suas ligações.

Depois da ligação, Lucy se senta ao meu lado e ficou olhando a paisagem.

"Então, acho que podemos falar agora, coloquei um feitiço sobre nós e Abby não pode nos ouvir." Nós continuamos a olhar para o horizonte enquanto nos falávamos.

"Desembucha!"

"Bonnie você ainda está decidida a ir fundo nessa vingança?"

"Por quê?"

"Eu só fico preocupada. Você poderia usar suas habilidades extras de Kai e vir comigo. Eu sei que você e Abby tem um passado complicado. Mas, comigo nós podemos traçar uma historia muita interessante. Viver viajando pelo mundo, conhecer pessoas e descobrir tantas magias diferentes, que poderiam te ajudar a lidar com sua ligação com o Parker."

"Você acha que a nossa ligação de sangue me dá além de seu poder e a sua dor física..." Faço um gesto com a minha mão esquerda enfaixada que já estava quase boa. O ferimento era consequência de alguma atitude imprudente de Kai. "Suas mudanças de humor ou suas emoções também podem me afetar?"

"Provavelmente. Uma ligação de sangue é muito forte e afeta cem por cento ambas as partes."

"Droga! Então, você não conseguiu nenhuma brecha nisso. Nenhuma magia que me libertasse de Kai?" Dessa vez nos entreolhamos.

"Já que você está tão obstinada a acertar as contas com seus amigos e está conectada irremediavelmente ao Parker. Porque não tentar uma aliança? Ele pode até te ajudar nisso."

"O que?!"

"Querendo ou não essa ligação também os atrai. Kai vai querer estar mais perto de você porque ele precisa de seu equilíbrio."

"Não. Eu o quero bem longe de mim. Eu o odeio." Eu disse me alterando e minha magia já estava ganhando vida própria e sem querer eu estava fazendo a casa tremer o que chamou a atenção por um minuto de Abby. Eu sorri sem graça.

"Está vendo você está ficando mais descontrolada. Suas emoções são o que move a sua magia. Você vai acabar precisando de Kai por causa do vínculo inquebrável que os une. Quer um conselho? Da mesma forma que ele pode te manipular, você também tem a mesma habilidade."

"Não. De novo não! Eu não quero estar com Kai." Eu preferia a solidão do mundo prisão do que confraternizar com aquele sociopata. Lucy parecia estar se divertindo com isso.

"Pense naquela frase: −mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais ainda."

Não, não mesmo. Eu odiava Kai como todo o meu ser e se eu estivesse que conviver com ele. Com certeza eu me mataria só pra por um fim a isso.

"Pelo menos sua energia gasta com Kai é melhor do que ficar cultivando um amor não correspondido." Eu fiquei em choque olhando para Lucy que parecia muita calma. "Bonnie, eu sei o seu segredo."

"O quê? Você está louca, Lucy." Ela sorriu debochada.

"E você está apaixonado por um vampiro. Está apaixonada por Damon Salvatore. O namorado da sua melhor amiga."

"Elena não é... Não! Eu não estou apaixonada por..."

"Sim Bonnie. Você fez a pior coisa que uma Bennett poderia fazer. Seu maior inimigo não é Kai. Seu maior inimigo será esse amor." Suas palavras agora iriam ficar me perturbando a mente.


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Notas finais do capítulo

Bom, pessoas acho q agora já ficou bem nítido os sentimentos da bruxinha por Damon, porém Damon ainda vai demorar um pouco pra se dar conta do seus proprios sentimentos e enquanto isso Kai vai ir ganhando mais espaço na vida dela. Espero q eu tenha descrito bem as emoções dela q são muito complexas pra escrever. No proximo cap Bonkai vai formar uma aliança bem interessante e alguém vai acabar morrendo de ciumes. Seguinte quero retorno pq são 3 fics pra mim atualizar e as q eu tiver mais retornou mais rápido eu possa postar. Bjus!!!