Contei todos os detalhes do meu encontro pra eles. Tipo todos os detalhes mesmo. Eu estava tão empolgada com o Pietro! Ele era simplesmente o garoto mais lindo e perfeito que eu já tinha conhecido. Ficamos assistindo filmes e conversando sobre futilidades. No domingo o Markus acordou cedo porque ele ia com o pai almoçar na avó. Aproveitei e fui com ele. Cheguei em casa e o Brand estava acordando assistindo alguma coisa dominical.

–Bom dia. –sorri pra ele.

–Bom dia, Sô. –ele me respondeu sem tirar os olhos da TV. Olhei na cozinha e vi que a minha mãe ainda estava dormindo. Subi e meu quarto estava escuro, Isadora também ainda estava dormindo, deixei minha mochila no canto da porta e fui pro quarto do Tadeu, ele estava dormindo e eu pulei nele com tudo.

–Acorda maninho. –gritei no ouvido dele.

–Sai de cima de mim. –ele grunhiu.

–Acorda. –eu o empurrei.

–Sofia, sua anã de jardim saia de cima de mim neste exato momento ou eu vou acabar com a sua raça. –ele disse.

–Duvido. –eu ri. Ele se desembrulhou e me derrubou da cama.

–AI. –eu gritei. Ele se levantou e ligou a luz do quarto e me olhou furioso.

–Melhor você correr, sua anãzinha. –ele se levantou e veio marchando até mim.

–Duvido você me pegar, seu babaca. –eu sai correndo e ouvi ele xingar e vir atrás de mim. Corri até o final do corredor e senti-o vir atrás de mim.

–Você não deve acordar os outros assim, sua anã. –ele tentou puxar minha blusa, mas eu desviei e entrei no meu quarto.

–Vacilão. –eu pulei na minha cama. Ele acendeu a luz e veio correndo até mim, sai correndo da cama e pulei na Isadora e ele também.

–Sofia. –ele gritou. Isadora acordou gritando.

–Saiam de cima de mim. –ela gritou.

–Foi o Tadeu que começou. –eu respondi rindo.

–Eu? Foi você que veio me acordar. –ele se defendeu.

–Não estou nem ai. –ela levantou. –Idiotas. –ela saiu brava do quarto e o Tadeu me empurrou mais uma vez da cama.

Depois desse surto da manhã, minha mãe levantou e fez café da manhã pra gente. Depois do almoço Tadeu e eu fomos ao shopping tomar sorvete.

–Você vai ao jantar na casa da Mille? –eu perguntei tomando meu sorvete.

–Se eu não for à mamãe me mata. –ele respondeu.

–Espero que a família dela seja legal. –eu dei os ombros.

–Eu também.

Depois do sorvete, voltamos pra casa e ficamos enchendo a Isadora até dar a hora de irmos tomar banho pra ir para o tal jantar na casa da Mille.

–Você vai vestir isso. –minha mãe jogou um vestido na minha cara. Era ela a delicadeza em pessoa!

Tirei o vestido da cara e o encarei, era um vestido tomara que caia com estampa de onça, não fazia meu estilo e eu não vestiria aquilo.

–Eu não vou vestir isso. –eu joguei o vestido na cama.

–Vai sim! –ela me olhou. –Querida, é o novo modelo da coleção da loja. –ela suspirou. –Por favor, vista sim? Só quero ver como vai ficar, se não ficar bom... Você pode tirar.

–Jura? –a olhei.

–Juro. –ela sorriu

Suspirei e encarei o vestido. Tirei a roupa que eu tinha vestido e o coloquei, coube perfeitamente no meu corpo, bem justo em cima e meio folgado em baixo.

–Ficou tão lindo! –minha mãe colocou as mãos nas bochechas. –Coloque aqueles saltos pretos que você ganhou da sua tia no natal e solte os cabelos e ficará linda!

Olhei pra ela perplexa e vi que ela já tinha saído. Suspirei e soltei meu cabelo, passei um rímel e um lápis de olho e depois coloquei os saltos, me olhei no espelho e não gostei muito de ficar com os ombros nus, então coloquei uma jaqueta jeans por cima. Sentei novamente na cama e continuei lendo. Isadora entrou correndo no quarto e sentou do meu lado, ela também estava usando vestido só que esse era florido.

–Estou bonita? –ela perguntou mexendo os cabelos, ela usava uma tiara bem grande.

–Está linda! –eu sorri.

–Meninas! –mamãe gritou.

–Vamos. –levantei da cama e ela também. Descemos as escadas e fomos para a casa da Mille. Era no condomínio ao lado do nosso e a casa era enorme.

–Que casa grande! –eu assoviei.

–Não me passem vergonha. –minha mãe olhou para o Tadeu e pra mim.

Quem ela pensa que somos? Índios?

Brand tocou a campainha e a Mille abriu a porta toda sorridente.

–Isa! –ela sorriu pra Isadora.

–Mille. –Isadora sorriu pra ela.

–Entrem. –ela nos deu espaço pra entrar. –Mamãe está fazendo o jantar.

A sala era enorme, toda decorada. Quadros com fotos e vasos com flores.

–Isa vem ver o passo novo que aprendi. –Mille saiu puxando a Isadora escada acima.

–Vocês chegaram. –Clarice veio da cozinha com um avental sujo. Ela deu um abraço super caloroso na minha mãe e apertou a mão do Brand.

–Clarice. –minha mãe sorriu. –Esses são meus filhos. –ela apontou para o Tadeu e pra mim. –Tadeu e Sofia.

–Ah, mas a Sofia eu já conheço. –ela sorriu e me abraçou. Ela era bonita e tinha cheiro bom. Eu já disse isso? –Tudo bem querida? –ela me perguntou.

–Sim. –eu sorri. Ela se virou para o meu irmão e o cumprimentou.

–O Pedro está se vestindo, porque ele acabou de chegar da casa de uns dos nossos amigos agora. –ela sorriu. –Eles se mudaram pra cá agora e o Pê e o Thur estavam ajudando com a mudança. –ela ajeitou o avental. Thur? Quem diabo se chama Thur? Que nome é esse?

Ouvi um barulho vindo da escada e vi um homem descer. Ele sorriu e apertou a mão do Brand e da minha mão.

–Brand, tenho muitas ideias pra nossa campanha. –ele sorriu pro meu padrasto.

Eles sentaram no sofá e começaram a conversar.

–Quer ajuda para preparar o jantar, Clarice? –minha mãe perguntou.

–Se não se incomodar. –ela sorriu.

–Que isso. –minha mãe sorriu.

–Meninos. –Clarice gritou. –Desçam logo.

–Já vou mamãe. –uma voz respondeu.

Sentei no sofá ao lado do Tadeu e ele ficou mexendo no seu celular e eu entediada. Estava tentando enxergar as fotos que estavam nos quadros da parede e achei um rosto de um garoto bem familiar.

–Sofia? –uma voz me chamou. Levantei meus olhos e vi o Pietro parado na minha frente.

–Pietro? –o olhei surpresa. –O que está fazendo aqui?

–Eu moro aqui. –ele riu e as minhas bochechas queimaram. Ai que vergonha!

–Ah. –eu sorri.

Tadeu tossiu chamando minha atenção.

–Esse é meu irmão Tadeu. Tadeu esse é o Pietro, meu... Amigo. –eu os apresentei.

–Prazer. –meu irmão apertou a mão dele o encarando.

–O prazer é todo meu. –Pietro sorriu. –O mundo é mesmo pequeno, né? –ele sentou do meu lado.

–Pois é. –eu assenti. –Realmente pequeno. –sorri.

Olhei e vi o Arthur descendo as escadas arrumando os cabelos, gemi de frustração, esqueci que esse traste morava aqui também.

–Oi humanos. –ele sorriu. Meu irmão sorriu e disse oi.

–Vem cara, não fique de vela. –Arthur o chamou. Minhas bochechas queimaram mais ainda quando o pai deles me olhou sorrindo. –Você gosta de Star Wars?

–Cara, eu amo Star Wars! –meu irmão gritou.

–Então vem... Vou te mostrar minha coleção. –ele levou o Arthur pra algum lugar depois da escada.

–Ficou com vergonha? –Pietro me perguntou.

–Vergonha? Eu? Imagina. –eu sorri.

Olhei e vi que o Pedro estava levando o Brand pra algum lugar e só ficou ele e eu na sala.

–Isso é ótimo! Porque você não pode ficar com vergonha quando eu te trouxer aqui pra te apresentar formalmente pros meus pais. –ele disse perto do meu ouvido. Se eu arrepiei? Imagina, claro que não.

–Formalmente? –perguntei sentindo todo meu sistema nervoso pirar.

–Te apresentar formalmente como minha namorada. –ele sorriu. Ele ainda estava falando no pé do meu ouvido e eu estava tendo muito autocontrole pra não surtar.

Sorri, eu não sabia o que responder. Todas as respostas possíveis sumiram da minha mente.

–Sofia... –ele sussurrou.

–Que? –perguntei.

–Posso te beijar? –ele perguntou com a voz assustadoramente sexy e rouca.

–E-e se alguém chegar? –perguntei com a voz tremula.

–Não faz mal. - ele respondeu.

Ele começou a se aproximar dos meus lábios e eu prendi minha respiração. Ele ia me beijar! E ia me beijar na casa dele! Quando foi que a minha vida ficou tão interessante?

–Sofia? –eu me afastei dele e vi a Isadora me olhar confusa.

–O-oi Dora. –a olhei. Ela e a Mille estavam com Barbies nas mãos.

–O que vocês estão fazendo? –Mille e ela perguntaram juntas.

–Nada. –Pietro e eu respondemos juntos.

–Nada? –Dora arqueou as sobrancelhas. Isadora é realmente irmã do Tadeu.

–É nada. –respondi impaciente.

–Então vem brincar com a gente. –Mille puxou. Olhei e vi o Pietro acenar sorrindo.

Brinquei contra a minha vontade de Barbie com elas até a hora que a dona Clarice nos chamou para jantar.

–Vejo que nossas famílias vão ser grandes amigas. –Clarice disse pra minha mãe quando estávamos indo embora.

–Assim espero. –minha mãe sorriu. Olhei e vi o Pietro sorrir pra mim. Fomos embora pra casa completamente contentes

–Eu vi que você estava quase beijando aquele loiro minguado. –Tadeu sussurrou no meu ouvido assim que saímos do carro. –Fui eu quem mandou as meninas te chamarem pra brincar.

–V-Você fez isso? –perguntei incrédula.

–Sim, eu não fui com a cara daquele loiro minguado. –ele franziu o cenho. –O irmão dele é bem mais legal.

Fala sério né? Arthur mais legal que o Pietro? Nem aqui e nem na China.

–Tá falando isso só porque ele gosta de Star Wars. –eu reclamei. –Arthur é idiota, um completo babaca. –eu disse. –Já o Pietro é perfeito. –suspirei.

–Talvez. –ele abriu a porta do quarto dele. –Só tome cuidado com essa perfeição toda... Você pode se magoar. –ele entrou no quarto.

Aham, só nos sonhos do Tadeu que o Pietro ia me magoar. Só nos sonhos deles...