Capítulo 2-Porque nem sempre acontece.

Me assustou a idéia de que Reneesme queria uma irmãzinha. Uma semelhante a ela. Isso, claro, era irrevogavelmente impossível, já que eu não podia mais gerar, mas o que mais me doeu, foi saber que ela sentia falta de alguém, falta de companhia.

Não que Reneesme não tivesse com quem brincar. Ela tinha todos os Cullens, os Black, e o avô 24 horas a sua total disposição. Que largariam tudo só pra brincar com ela. Está certo que não eram exatamente crianças, até porque, Reneesme não tinha permissão pra brincar com humanos. Mas eu nunca poderia ter imaginado que ela sentia tanta falta de brincar com crianças de sua faixa etária física.

Isso me atacou em cheio.

Edward percebeu minha expressão pensativa, quando eu preparava panquecas de manhã, só para me manter ocupada enquanto esperava a volta de Reneesme pra casa.

- No que está pensando, amor? - Ele indagou, me abraçando por trás, enquanto eu girava uma panqueca no ar (Algo que se eu fizesse na minha forma humana seria muito desastroso).

- Reneesme. - Admiti, pesarosa.

- O que? Sobre o pedido de ontem? - Ele perguntou, suspreso.

- Bem, é. - Respondi, desligando o fogão.

- Amor… - Edward me girou em seus braços. - Não fique assim… Foi só um pequeno pedido de criança. Reneesme entende que não podemos mais ter filhos, e ela não se queixa inteiramente disso. Ela compreende.

Eu suspirei, sem estar completamente convencida.

- Só… Esqueça está bem? - Ele insistiu, tentando me ver melhor.

- Uhnn… Tá certo. - Eu resmunguei, me dando conta da aproximação de nossos rostos.

Ia beijá-lo quando ouvi passos se aproximando. Edward sorriu de lado e foi abrir a porta para uma Alice que vinha com uma Reneesme saltitante.

- Oh minha princesinha!! - Enlacei Reneesme nos meus braços, apertando-a contra o peito e beijando-a por todo o rosto. Fazendo-a rir, cheia de cócegas.

Então Reneesme pulou do meu colo e correu atrás de Edward, pulando em suas costas. Edward fingiu imitar Jacob e saiu correndo mais pra dentro da casa com uma Reneesme risonha.

Eu por minha vez abracei uma Alice saltitante e a puxei até a cozinha, atrás de Edward e Reneesme que já voltavam do quarto e tomavam o mesmo caminho. Reneesme viu as panquecas sobre o balcão da cozinha e bateu palmas contente. Edward a sentou em uma cadeira, olhando-a com adoração.

Eu ri. Alice me seguiu.

- E então, vocês não sabem o que eu vi na hora que Reneesme assoprava as velinhas do bolo!!! - Alice começou quase pulando de contentamento, olhando pra mim, seus olhos brilhantes.

Eu virei para o lado ao ouvir um barulho e encontrei um Edward congelado, com as costas retas, super tenso.

Uau. Eu não via ele assim desde que… Bem, desde que eu lhe disse que estava grávida.

- O que? O que? - Eu perguntei, desesperada, minha cabeça borbulhando de suposições. Imaginando que o que quer que fosse o que Alice vira, foi sinistro o suficiente para petrificar Edward.

Eu decidi me sentar também. Só por via das dúvidas.

Alice fez alguns segundos de mistério, então anunciou, dando um pulo eufórico:

- Vocês vão ter mais uma filha!!!

E então meu mundo girou.

- Bella!!! Bella!!! - Edward segurava meu rosto em suas mãos, dando leves tapas nas minhas bochechas, tentando me acordar.

Eu encarei-o confusa, e então olhei em volta, assustada. Alice me observava dum canto divertida, Reneesme, que já tinha devorado as panquecas gargalhava, batendo palmas.

- Meu Deus!! Você simplesmente petrificou!! - Edward ofegou, olhando-me preocupado. - Por onde esteve?

- Num lugar muito longe da realidade, acho. - Admiti, tentando assimilar tudo o que eu achava que tinha ouvido, ao que eu tinha certeza que não tinha ouvido, e o que eu não queria ouvir.

Certo.

Edward me deu alguns segundos, percebendo que eu estava hiper ventilando por dentro. Apesar de que aparentente eu continuava calma e fria. Congelada.

E então eu comecei a rir da minha própria "pirada!". Edward me olhou mais preocupado ainda.

- Não!! - Eu ofeguei, rindo. - Imagina!! Achei que Alice tinha dito que teríamos outra filha!!!

- Bem, eu disse. - Alice se antecipou. - E ela será morena, linda e bem, como Reneesme.

Eu engasguei. Vampiros engasgavam?

Bom, eu descobri que pelo menos EU podia.

Pelo menos vampiros não desmaiavam.

- Alice nos viu chegando em casa, com uma bebê no colo, anunciando que era nossa filha. - Edward contou, pausadamente. Com medo que eu petrificasse de novo.

Eu tentei reagrupar meus pensamentos.

- Espera, mas isso é possível? - Observei, na defensiva. - Eu não posso mais ter filhos.

- Tecnicamente você não pode gerar novamente, mas não há nada que a impeça de adotar. - Alice retorquiu impaciente. - E é isso que fará.

- Quando? - Perguntei, aflita.

- Não sei ao certo. Mas em breve. Com certeza. - Ela sorriu, convicta.

Eu olhei desesperada pra Edward, pra ver se ele se encontrava tão confuso quanto eu. Ele apenas sorria tranqüilo, percebendo minha expressão.

- Eu sempre quis ter uma família grande. - Ele respondeu, se justificando.

- Mais quantos? - Eu perguntei, exasperada pra Alice.

- Mais uns 37. - Ela disse, dando de ombros, olhando as próprias unhas vermelhas.

Edward fez uma careta pra ela. Nós rimos.

- Bom, pelos menos Reneesme terá com quem brincar. - Pensei alto, percebendo que demoraria um pouco para me acostumar com a idéia. Eu não estava preparada pra ser mãe novamente. Eu teria muito no que pensar nos próximos dias.

Muito.