O garotinho alegre corria pela imensidão de jardim que existia na casa. “É meu aniversário!” – Pensou ele – “Vou chamar o Mello-nii-chan pra brincar comigo!!” – Ele continuou correndo, até entrar na casa e seguir para o quarto que dividia com o amigo loiro.

Com longos passos adentrava a casa, vazia, pois as crianças brincavam todas, ou melhor, quase todas do lado de fora. Ao passar pela cozinha, fez uma breve pausa e decidiu por fim entrar nela.

O garotinho deu uma olhada geral no ambiente e percebeu que não havia ninguém lá. Ia dar meia volta, quando ouviu um barulho da dispensa e resolveu ir até lá para checar.

– Mello-nii-chan! – Ele gritou assustando o loiro que deu um salto na cadeira onde estava de pé.

– Qual é a sua, Matt?! Quer me matar, é??! – O chocólatra descia da cadeira, enfurecido, portando de uma barra de chocolate em uma das mãos, enquanto a outra segurava com força a gola da camisa do ruivo.

– Quer brincar comigo, nii-chan? – O garotinho abria um largo sorriso onde se podia perceber a falta de um dos dentes da frente.

– Não vê que eu estou ocupado, baka?! Agora suma da minha vista, pirralho! – O loiro largava-o e ia saindo da cozinha com a barra na mão.

– M-mas Mello-nii-chan...

– Já disse que estou ocupado!! – O loiro voltava-se irritado para o caminho que estava fazendo e saia do recinto.

– ... É meu aniversário... – O garoto abaixava a cabeça triste.

O ruivo decide levantar-se e continua sua ronda pela casa, um pouco cabisbaixo agora. Ele passa por um quarto com a porta entreaberta e olha para dentro dele. Vê um garotinho pouco menor que ele montando uma torre de dados junto da parede. Ele abre um novo sorriso e vai até o garotinho albino. Este nem se dá ao trabalho de olhar o amigo no rosto e continua montando sua torre tranquilamente.

– Near-chan! – O garoto sorria alegremente para o albino. – Você quer brincar comigo?

– ... Estou montando uma torre, Matt. – Ele fala com o tom sem emoção de sempre.

– Ah, por favor Near-chan! É meu aniversário!! – Ele fala com voz birrenta, já ajoelhado ao lado do menor.

– Omedetoo, Matt. Mas agora eu estou ocupado. Talvez mais tarde. – O garoto continuava no mesmo tom, deixando o ruivinho mais chateado ainda.

Por fim, Matt decide ir para o jardim e ver as outras crianças brincando. Ficou dando uma volta pelo imenso gramado verde quando viu um grupo de meninos jogando bola. Eram só um pouco mais velhos que si, mas ele não se importou com isso e correu até eles.

– Hei mina-san, eu posso jogar também? – Seus olhos brilhavam como nunca ao entardecer do dia.

– Gomen, Matt-chan. O time já está completo. Talvez outro dia. – O garoto sorria para ele, que abaixava a cabeça triste mais uma vez. – Ah, omedetoo gozaimasu, Matt-chan! – O garoto voltava ao jogo acenando para o ruivo, que caminhou em direção a uma velha árvore que havia nos fundos do orfanato.

Ele não compreendia. Era seu aniversário de 6 anos, ele não acreditava que ninguém queria brincar com ele! Era tão... Frustrante! Por que ninguém queria brincar consigo? O que tinha de errado?

Acabou por sentar em uma das grandes raízes da árvore e começou a chorar baixinho. Já era o fim do dia, estava quase anoitecendo e ninguém tinha ido brincar consigo o dia inteiro. O sol estava quase se pondo, quando ele sentiu uma sombra cair sobre si.

– Por que está chorando, Matt-chan? – A garota se mostrava visivelmente preocupada com o ruivo. – E por que está aqui sozinho?

– Ninguém quer brincar comigo, Linda-chan. – O garoto fungava um pouco. Já tinha parado de chorar, mas ainda estava com os olhos um pouco vermelhos.

– Besteira, Matt. Por que ninguém iria querer brincar com você? Você é um dos mais inteligentes do orfanato! E hoje é seu aniversário!! – A garota sorria meio banguela também tentando animá-lo, mas não teve tanto efeito assim.

– Mas todos estão muito ocupados pra brincar comigo.

– Mas eu não! – A garota levanta agitada. – Eu quero brincar com você, Matt-chan!! – Um brilho revigorante era transpassado pelos olhos castanho-claros da garota um ano mais nova que ele.

– V-você quer? – O garoto olha-a de um jeito esperançoso.

– Claro Matt-nii-chan! – A garota abria novamente seu sorriso colgate, incompleto pela falta de um dos dentes de cima. – Ah, e feliz aniversário Matt-chan!! – Ela alarga o sorriso e percebe o sorriso na face do ruivinho aumentar também. – Vem, vamos brincar de pique - esconde com os outros! – Ela aponta para um grupinho pequeno de crianças que estavam brincando consigo há alguns minutos.