Eu, Você e o Bebê escrita por Uru Take-hime


Capítulo 1
Baby and Us


Notas iniciais do capítulo

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!! Uru Take-hime na área, postando uma nova oneshot: Eu, Você e o Bebê!

E ai pessoal, tudo bem? Espero que sim... Embora eu esteja derretendo nesse calor infernal q Eu tive essa ideia do nada já faz alguns dias e até comecei a escrever, mas não consegui terminar... Ai ontem eu retomei e hoje consegui concluir! Uma fic leve, doce e divertida XD Espero que gostem... Ah, usei o nome Carlo por causa da Pipe-sama, já que ela sempre chama o MDM assim em suas fics ♥

Sem mais delongas: Boa Leitura!



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Era madrugada, as ruas estavam silenciosas e escuras enquanto os moradores tinham seu merecido descanso depois de mais um dia duro de trabalho. Mesmo que estivesse na mais profunda tranquilidade, sempre teria algum lugar ou alguém ainda com disposição para causar alguma agitação. Naquele momento era um rapaz que dirigia sua moto em alta velocidade pelo bairro, provocando um enorme barulho com o veiculo enquanto voltava para casa depois de mais uma noitada regada à bebida e muitas conquistas. Ele era conhecido no local por ser bem problemático e mal encarado, diziam até que pertencia a máfia já que era um estrangeiro italiano.

Carlo era realmente um cara difícil de lidar, tanto que tinha poucos amigos e se metia em brigas com facilidade. Impulsivo, rude, intolerante e com uma lábia que era digna de Oscar, não havia uma mulher que conseguisse resistir ao seu charme e o italiano usava e abusava disso. Com a família ele tinha alguns problemas, mas graças a distancia já não eram tão graves e se comunicava com eles de vez em quando, além de receber uma grana do pai. Não tinha um trabalho fixo, geralmente consertava diversos tipos de coisas para os vizinhos e amigos, com isso conseguia se manter e as suas noitadas eram garantidas. Mas sua vida estava prestes a mudar assim que chegasse em casa...

Quando estacionou a moto na frente do pequeno sobrado e tirou o capacete, ajeitou os cabelos azulados e procurava a chave no bolso da jaqueta quando ouviu um barulho bem característico: o choro de um bebe. Primeiramente não deu tanta importância já que poderia ser nos vizinhos, mas o som estava nítido demais como se estivesse na rua. Olhando ao redor, Carlo pode ver um cesto sobre o degrau de sua porta e parecia que algo se mexia por baixo do pano que o cobria. Seu sangue gelou ao mesmo tempo em que arregalou os olhos, pedindo internamente que não fosse o que estava parecendo ser. Mas para o desespero do italiano, assim que tirou o pano, confirmou que se tratava de um bebe realmente, resmungando e chorando.

Sua primeira atitude foi olhar em volta e buscar algum sinal dos pais do pequeno ou mesmo uma câmera escondida, afinal podia ser uma pegadinha não é? Ele bem queria que fosse... Como não viu nada, olhou novamente para o cesto e se inclinou para pegar um bilhete que havia dentro, não demorando muito a lê-lo. “Você fez tudo o que pode comigo, me usou como bem quis e depois me descartou como bem entendeu. Não posso criar essa criança, então você terá que fazer isso já que é o pai. É também uma forma de se responsabilizar pelo que fez! O bebê não tem nome e não me importo com isso, não pretendo mais ver nenhum dos dois. Adeus.” A leitura só deixou o maior definitivamente sem chão, olhando do bilhete para a criança que ainda esperneava.

Não querendo atrair a atenção dos vizinhos – apesar de ter feito um barulho enorme com a moto anteriormente – Carlo abriu a porta e empurrou a cesta para dentro com o pé, fechando a porta em seguida. Logo no começo já se via que não tinha o menor jeito com crianças, afinal isso só fez com que o pequeno choramingasse ainda mais. O italiano praguejou, mexendo em seus cabelos nervosamente enquanto sacava o celular do bolso e procurava em seus contatos alguma ajuda. Ligou para alguns amigos, mas nenhum deles parecia disposto ajuda-lo, ainda mais pelo horário em questão. Chegou a pensar que teria que se virar sozinho quando sua ultima tentativa pareceu disposta a lhe dar uma mão, mesmo que fosse alguém que evitasse muito contato. No momento, deixaria isso de lado e pelo menos teria uma segunda opinião do que fazer.

... X ...

- Inacreditável... – o menor dizia enquanto lia o bilhete pela terceira vez, incrédulo – Eu sabia que um dia você ia se meter numa encrenca sem volta. Aposto que nem sabe quem deve ser a mãe, já que trepa com tantas.

- Afrodite, por favor... Veio aqui pra me ajudar ou me repreender? – o italiano resmungou, pegando o maço de cigarros sobre o balcão e acendendo-o assim que colocou nos lábios.

- Vim ajudar. E não fume perto do bebê! – o sueco pediu, se afastando com o pequeno nos braços. Estava ninando-o desde que havia chegado ali e conseguiu acalmá-lo.

Afrodite era um amigo de faculdade do outro, mesmo que tivessem cursado ramos completamente diferentes, o circulo de amizade de ambos os colocaram juntos. Geralmente Carlo evitava ficar perto de pessoas como ele... O menor era gay assumido, tinha trejeitos e volta e meia era visto vestindo trajes femininos mesmo que fosse um homem. Seu lado excêntrico era colocado no curso de moda que ainda fazia, ansiava ser um estilista renomado um dia. O italiano não ligava realmente para o que ele era, mas para o que as pessoas ao redor pensariam se os visse juntos, por isso evitava ficar muito perto quando o grupo de amigos se reunia para sair. Tirando isso, sabia que o sueco tinha um ótimo caráter, vinha de boa família e era muito confiável.

- Acho melhor entregar ele no orfanato...

- É seu filho! Como pode dizer isso?

- Nem sei se é meu mesmo...

- Carlo, o bilhete deixa bem claro o rancor que essa moça tem de você. Duvido muito que não seja... Aliás, o bebê é a sua cara!

- Que cara? Ele tem cara de joelho, isso sim.

- Claro... E esses cabelinhos azuis vêm de quem? – Afrodite revirou os olhos, acariciando os ralos fios azulados do pequeno.

- Olha, eu não vou conseguir criar ele sozinho... Eu não sei cuidar de crianças, geralmente elas têm medo de mim. Tudo o que ele fez foi chorar, só parou quando você chegou.

- Isso porque você nem tentou pegar ele no colo!

- É muito pequeno e mole... Pensei que machucaria. – Carlo sussurrou, mostrando um lado que até então o menor não conhecia e que o fez sorrir.

- Pelo menos você tem essa preocupação. Mas tudo depende do jeito, vou te ensinar.

O sueco se aproximou e fitou o cigarro que o maior ainda mantinha nos lábios como se fosse uma praga e o mesmo entendeu o recado, apagando-o no cinzeiro em seguida. Afrodite coordenou a forma como ele teria que ficar com os braços e segundos depois o bebê estava nos braços de Carlo, dormindo tranquilamente. O menor observou a cena com um sorriso bobo enquanto o outro encarava o pequeno ser como se fosse algo de outro mundo, mas de certa forma se aliviou por ele não ter voltado a chorar. Era mesmo muito pequeno e frágil... Inspirava cuidados que o italiano não se via dando e o sueco sabia bem disso.

- Escute, é seu bebê... Se o colocar no orfanato pode se arrepender um dia mais tarde e talvez não o encontre nunca mais. Sei que não está acostumado com isso, mas eu prometo que vou te ajudar sempre que puder, combinado?

- Ok, bello... Vou confiar em você.

Carlo acabou aceitando, afinal algo bem lá no fundo de si despontou assim que pegou aquela criaturinha em seu colo, sangue do seu sangue. O menor ficou satisfeito, principalmente por ser chamado daquela forma que tanto gostava, mas que o outro só usava quando estavam sozinhos ou com alguns amigos. Não tinha problema nenhum com crianças, afinal havia ajudado na criação de seus dois irmãos menores e tinha muito que ensinar para aquele italiano inconsequente e galanteador. Pelo menos assim, esperava que ele diminuísse na farra e começasse a ser mais responsável.

... X ...

Alguns dias se passaram desde que o bebê foi deixado na casa do italiano e as coisas ficaram de pernas para o ar. Carlo acabou indo as compras com o menor e pegando tudo o que seu filho precisava, graças ao dinheiro reserva que tinha enviado pelo seu pai. Tendo que seguir as regras e ensinamentos de Afrodite, o maior afastou tudo o que pudesse ser prejudicial para o menor, só poderia fumar perto da janela e evitar ficar bêbado caso tomasse algo. Além disso, teve que aprender a preparar o leite na temperatura certa, – sendo que se queimou umas duas vezes no começo – desinfetar chupeta, mamadeira e outros objetos do pequeno, – sendo que queimou a boca do pobrezinho uma vez – lhe dar banho, trocar a fralda e outras tarefas essenciais. O sueco acompanhava tudo de perto, dando dicas e insistindo em deixá-lo fazer por si só, mesmo que mostrasse o processo pelo menos uma vez.

- Definitivamente isso não é fácil. – Carlo resmungou ao se jogar no sofá após ter entregado o bebê para Afrodite.

- Claro que não, crianças precisam de atenção em tempo quase integral... Mas você está se saindo bem. – o menor elogiou enquanto pegava um coelhinho de pelúcia e passou a brincar com o pequeno com uma voz mais fina – Não é, Mani? O papai está se saindo muito bem!

- Pelo menos isso. – o italiano suspirou profundamente, virando o rosto para assistir a cena graciosa do amigo brincando e o filho exibir um sorriso sem dentes ainda. – Amanha tenho que ir registrá-lo... Acha que Manigold é mesmo um bom nome?

- Já disse que sim! É forte, marcante e bem estiloso. – o sueco o tranquilizou pela terceira vez sobre a questão do nome escolhido e por fim voltou à brincadeira – Eu serei o terror das mulheres quando eu crescer! Só vou ser mais consciente que meu papai, andarei sempre com camisinha.

- Não diga essas coisas pra ele! – Carlo praguejou, se sentando em seguida. Sabia que era uma forma de alfinetá-lo, mas não deixaria por menos – É um saco ter que ficar lembrando de colocar isso, estou mais entretido com outras coisas na hora...

- Eu sei disso, por isso mesmo esse bebê está aqui. – Afrodite rebateu com segurança, suspirando profundamente. Por fim estendeu o menor ao pai – Já que você ainda não aprendeu a lição, vai ter que trocar a frauda dele. Pelo visto, foi o numero 2.

- Cazzo!

Carlo se levantou e pegou o menor, já fazendo uma careta de desagrado que parecia bem divertida para o pequeno, rindo ao vê-la. O italiano se dirigiu ao banheiro e o colocou sobre a bancada perto da pia, retirando as roupinhas e depois demorando alguns segundos para se preparar psicologicamente para o que viria a seguir. Definitivamente trocar frauda era o que mais detestava fazer como pai, mas o sueco não lhe deu outra opção então deu o primeiro passo para poder limpar o filho. Sua careta piorou assim que viu “o estrago” e novamente Manigold riu já que o pai manteve a careta até conseguir jogar a frauda fora.

- Você fica rindo é? Devia ter dó de mim que tenho que cuidar desses ataques nucleares que você faz. – o italiano pegou os lencinhos umedecidos em seguida, limpando o resto da sujeira. O menor não parava com as pernas, parecendo disposto a impedir o trabalho do maior – Fique quieto, seu agitado. Se bem que isso faz com que se pareça mais comigo... – Carlo comentou com uma ponta de orgulho e assim que conseguiu limpar, pegava a pomada para evitar assaduras. Seguia fielmente os ensinamentos de Afrodite – É, eu sei que não deve ser confortável um cara passando a mão no seu traseiro, mas aguente firme. – ironizou com o próprio filho, este balançando as pernas mais ainda – Ei, pronto... Só falta o talco. – o ultimo na lista de cuidados, terminando finalmente e pode colocar uma nova frauda.

Afrodite tinha ficado perto da porta, observando os dois e era impossível conter um sorriso. Conhecia o italiano, sabia bem o quanto ele era rude e impulsivo e sabia também que evitava ficar perto de si, mas ver um novo lado de Carlo a cada dia que vinha até sua casa ajudá-lo com o bebê o deixava bobo e com a esperança de que o mesmo se tornasse uma pessoa melhor. Além disso, uma chama parecia ter voltado a acender em seu peito... Tinha se sentido atraído pelo maior quando o conheceu, mas assim que notou sua personalidade e sua firmeza quanto à sexualidade, sabia que não podia fazer nada para trazê-lo para o seu lado e certamente sofreria se tentasse. Tinha se conformado em serem apenas amigos, mas agora estavam mais próximos do que nunca... Quem sabe poderia mexer com o coração dele?

... X ...

O italiano estava sentado perto da janela enquanto tragava o cigarro lentamente, andava prolongando mais o momento enquanto tentava diminuir a quantidade que costumava fumar diariamente para não prejudicar o filho. O dia estava insuportavelmente quente, tanto que o maior estava com uma regata branca bem leve para poder suportar o calor e uma bermuda igualmente confortável. O filho estava apenas com a frauda nos braços de Afrodite que tinha prendido o cabelo para o alto e mesmo que a camiseta e o short que vestia fossem confortáveis, ainda parecia incomodado com o calor. Por fim não resistiu, retirando pelo menos a camiseta e deixando de lado, voltando à atenção ao pequeno que mordia um dos brinquedos.

- Em dias assim o Mani precisa estar bastante hidratado, não esqueça de dar água ou suco a ele de vez em quando além do leite. - o sueco comentou, observando o maior.

- Eu sei, você já disse isso antes. Não vou me descuidar, além disso ele acabou de tomar leite, nem deve estar com...

- A-ah! – Afrodite cortou as palavras do outro com um gritinho de surpresa e ambos olharam para o bebê que agora estava com a boquinha grudada no mamilo rosado do sueco – Não Mani, não tem leite ai... Não sou sua mamãe. – falou um pouco constrangido, afastando-o dali.

- Hahaha, com esse rosto ele poderia te confundir com uma mulher mesmo. – o italiano não resistiu a rir, ainda mais vendo o bico nos lábios do menor em seguida – O que? Tem que admitir que é muito feminino, bello.

- Eu sei. Mas ainda assim, não sou uma mulher. – ergueu o pequeno com suas mãos e logo viu as perninhas se agitarem procurando o chão, mas não o desceu de pronto – Escute bem, Mani: Eu sou um homem como o seu papai. Se for pensar em mim, pense como num segundo papai, ok?

O bebê era bem esperto e até parecia ter entendido completamente o outro, pois começou a bater palmas e estender as mãozinhas em sua direção. Afrodite se permitiu sorrir e ficou brincando com o menor, encostando seus lábios em sua barriga e assoprou até que o bebê começasse a rir com a sensação. Uma risada gostosa que preenchia todo o ambiente... Carlo assistia calado, mas na verdade via a cena com muita ternura. O sueco o ajudou tanto nos primeiros dias com seu filho que nem sabia como agradecê-lo, foi o único que se dispôs realmente a ficar ao seu lado. Além disso, tinha todo o cuidado especial com Manigold, como se ele fosse seu... Se pelo menos o menor fosse uma mulher, não hesitaria em convertê-lo a “mãe” do menor, mas como ele mesmo fez questão de lembrar: era um homem e isso não mudaria.

... X ...

Era de madrugada e a vizinhança chegava a estranhar ouvir o ronco alto da moto do italiano, sendo que já fazia um bom tempo que não chegava esse horário em casa. O caso é que Carlo foi convencido por um dos amigos a sair àquela noite, aproveitando para participar de um racha que teria em uma área proibida. Apesar das responsabilidades que havia adquirido com a chegada do filho, o lado boêmio parecia fazer parte do maior mais do que se imaginava, então se deixou levar com o pensamento de “é apenas uma noite, não vai acontecer nada de mal”. Havia feito tudo que não tinha nos últimos dias: bebeu, fumou mais e saciou os desejos da carne como um louco. Era como se tivesse “renascido” ao relembrar dessas sensações que tanto gostava e chegava a rir sem motivo, mas isso era efeito do álcool.

Por fim estacionou a moto na frente de casa e pegou a chave no bolso, caminhando lentamente até a porta. Entrou e logo jogou as coisas pela sala, quase tropeçando por causa de um brinquedo do menor que ficara na sala e praguejava baixinho em sua língua natal, seguindo para o quarto. Lá havia posto o berço como sugestão de Afrodite, assim poderia ficar de olho nele a todo o instante. Ao entrar, percebeu que a janela estava aberta e não ligou para isso a principio até que voltou seu olhar para o berço e notou que o menor estava acordado, choramingando e descoberto. Tinha colocado o cobertor sobre o menor antes de sair de casa, mas pelo visto havia conseguido retira-lo de si enquanto se remexia no sono. Assim que puxou o cobertor novamente pra cima do menor, tomou um susto ao notar que a pele alheia estava mais quente do que o normal e preocupou-se.

Num estalo de desespero, Carlo correu a pegar sua mochila e ia colocando algumas coisas do bebê dentro, pegando o próprio em seguida e o aninhou contra o peito. Podia sentir que estava mais quente e a respiração difícil, isso trazia uma angustia insana para o maior que correu pra fora de casa, pegando o primeiro táxi que conseguiu na rua e pediu para que fossem levados ao hospital mais próximo. Não daria para ir de moto tendo que segurar o pequeno em seus braços e no momento tudo o que queria era que ele se curasse. Não demorou muito e pagou a corrida para o taxista, saindo do carro e entrou rapidamente no hospital e em sua afobação e impulsividade, quase brigou com a recepcionista logo na entrada. Minutos depois o italiano estava sentado na sala de espera da ala pediátrica do hospital, mantendo o filho nos braços enquanto o medico não o chamava para examinar.

Seu pé batia impacientemente contra o chão e acabou sacando o celular do bolso, ligando para Afrodite em seguida. Precisava dele ou iria ficar louco em poucos instantes! Demorou um pouco a ser atendido, isso o deixou mais tenso e assim que finalmente ouviu a voz sonolenta do sueco do outro lado da linha, contou-lhe rapidamente onde estava e o motivo. Não precisou pedir para o menor vir encontrá-lo, o mesmo se ofereceu de imediato e confirmou que não demoraria a chegar ali. Assim que desligou o celular, Carlo estava surpreendentemente mais tranquilo e foi ao encontro do medico assim que foi chamado. Quando saiu do consultório pode ver Afrodite vindo apressadamente pelo corredor e assim que se encontraram, o menor estava com os olhos fixos no bebê.

- Como ele está?

- O medico disse que ele está bem, mas acabou ficando com febre por conta da friagem e pode acabar ficando gripado, mas se eu lhe der o remédio que prescreveu desde agora, é certo de que vai melhorar em pouco tempo.

- Que bom. – o sueco deu um longo suspiro aliviado, acariciando os cabelos do pequeno – Como não notou isso antes? Ele deve ter chorado assim que começou a sentir frio.

- Ahn... – Carlo não havia contado ao outro que tinha saído, mas não iria mentir – Eu não estava em casa, bello. Por isso só fui notar quando cheguei...

- O que? Não estava? – Afrodite arregalou os olhos e depois fechou a expressão – Chegou de madrugada outra vez? Achei que você tinha parado com isso, mas vejo que me enganei...

- Foi só essa noite, ok? Meu amigo me insistiu para ir, era uma corrida importante.

- “Corrida”... Eu sei bem das suas corridas, Carlo! – o menor não suavizou a expressão e até seu tom de voz ficou mais grave – Resolveu ir pra racha e deixou o Mani sozinho em casa! Ele é apenas um bebê, como pode? E pelo cheiro, você não foi só correr... Foi cair na farra literalmente!

- E dai?! Não tenho que ficar dando explicações a você. Eu fui sim, estava sentindo falta de beber e me divertir como antes, que mal há nisso, cazzo?! – o italiano voltava a se irritar, batendo de frente com o outro.

- O mal está feito! Seu filho está doente! – Afrodite devolveu com o tom de voz se elevando como o do outro, não iria abaixar a cabeça para ele num momento como esse – E se você tivesse demorado mais a chegar, já pensou nisso?! Manigold poderia ter ficado bem pior. E se entrasse alguém na sua casa? Poderia machucá-lo... E se tivesse acontecido algo muito mais grave?! Você não pensa nisso?

- Eu... Eu não... – Carlo perdeu a linha dessa vez, já que realmente não havia pensado.

- É, você não pensou. Não pensou no seu filho, não teve a mínima consideração. Se pelo menos tivesse me ligado pra ficar de olho nele, mas nem isso passou na sua cabeça. O que esperava, Carlo? – o sueco abaixou seu tom, mas continuava irritado – E se tivesse voltado pra casa e estivesse tudo bem, iria aproveitar pra sair outra vez não é? “Não vai acontecer nada, posso me divertir”. Não é assim... É por causa dessa sua atitude que esse bebê veio ao mundo e agora você deve criá-lo da melhor forma possível, mas estou vendo que isso é pedir muito a você, não é?

As palavras de Afrodite lhe perfuraram como facas afiadas, jamais imaginou que ouviria um sermão daqueles e sem ser dos seus pais. O peso da responsabilidade caindo em seus ombros com o dobro do peso já que se descuidou daquela forma do menor que descansava em seus braços, ainda febril. Aquele pequeno ser que dependia de si... O sueco tinha toda a razão. Ser um pai era sacrificar coisas em prol do bem de seus filhos e ele mostrou que não estava preparado para fazer isso. Acabou abaixando a cabeça e ouviu um suspiro do outro, certamente estava muito decepcionado consigo. Afrodite podia ver que o fez perceber o erro grave que cometeu e assim sua raiva diminuiu.

- Sabe eu gosto de você... Mais do que eu devia. – ao ver Carlo erguer o rosto novamente em sua direção, acabou corando – Mas eu não vou passar a mão na sua cabeça e dizer que vai ficar tudo bem. Enquanto você não entender suas responsabilidades e agir como um verdadeiro pai, não sei o que vai ser de Manigold e sinceramente não posso ficar sendo o salvador o tempo todo. Eu sei que você pode ser mais do que o galinha encrenqueiro que todos conhecem, está na hora de provar isso aos outros... E para si mesmo.

Com aquelas ultimas palavras, o sueco deu as costas ao maior e saiu dali a passos firmes, sentindo como se tivesse se aliviado. Queria vê-lo se tornar uma pessoa melhor, que pudesse cuidar da criança e principalmente que soubesse de como se sentia. Mesmo que não tivesse chance os últimos dias que passou com ele e o bebê foram tão bons, se sentia em família com eles... E chegou a pensar que Carlo se sentia assim também já que fazia questão de sua presença, mas não se deixaria levar novamente já que o italiano poderia usá-lo para ir a diversões noturnas. O outro se mantinha no mesmo lugar do corredor do hospital, pesando tudo o que havia ouvido. As últimas palavras dele foram como o tiro de misericórdia... E novamente ele tinha razão: tinha que mudar pelo bem de seu filho.

... X ...

Um mês se passou, Manigold já havia se curado e agora estava dentro de um chiqueirinho no meio da sala, brincando animadamente enquanto assistia o pai consertar um rádio sobre a mesa. O italiano decidiu pegar mais serviços para que pudesse ter um bom dinheiro para as despesas, além da ideia de reformar a casa e abrir um quarto para o filho. Suas noitadas terminaram definitivamente e se tornou um pouco mais sociável com os vizinhos, conseguindo assim vários eletrônicos para consertar e também se oferecia para arrumar algo nas casas, já que entendia do assunto. Com a melhora na renda, Carlo ligou para os pais na Itália e lhes contou sobre a criança, além de pedir para não lhe darem mais dinheiro. Ambos ficaram surpresos não com o bebê, mas pela mudança de atitude do maior que mostrava que queria desgarrar-se completamente deles para construir sua vida com o próprio esforço. Eles concordaram com a promessa de que logo iriam visitá-lo para conhecer o neto e que se orgulhavam do rumo que o filho havia decidido para si.

- Não coloca isso na boca, Mani. – Carlo pediu assim que viu o pequeno mordendo a bola de pano e se levantou, indo até o chiqueirinho – Ficou todo babado... Aqui a sua chupeta. – o bebê virou o rosto assim que ele tentou por o objeto em sua boca, fazendo birra – O que é? Está irritadinho por quê? – o italiano tentou de novo, mas tudo o que conseguiu foi um resmungo maior do pequeno – Ei, calma... Se pelo menos o Afrodite estivesse aqui.

Assim que percebeu o que disse, o maior negou com a cabeça e suspirou profundamente. Já devia ser a quarta ou quinta vez que dizia isso e não queria voltar a depender do sueco. Não se falavam desde aquela noite no hospital e se o menor não tinha dado as caras, provavelmente também não queria vê-lo e nem ter mais problemas por sua causa. Em contra partida, não deixava de pensar em suas ultimas palavras e como queria poder mostrar a ele que tinha aprendido a lição. Além disso, tinha aquela bendita frase: eu gosto de você... Mais do que deveria. Ela martelava em sua cabeça quase todo o dia, se fosse antes teria se irritado e se afastado ainda mais, mas agora as coisas eram tão diferentes...

- Você está com saudade do Dite? – Carlo perguntou para o menor, embora também fosse para si mesmo. Ao ver o bebê parar de resmungar, acabou rindo baixo – Entendo... Você também está inquieto sem ele por perto, não é? Acho que está na hora de fazermos uma visita.

O maior se afastou, indo para o quarto e pegou o suporte canguru que havia comprado há poucos dias, voltando para a sala. Pegou Manigold e com cuidado o prendeu no suporte, por fim o colocando com o pequeno em suas costas já que essa era a única maneira de irem na moto. Pegou as chaves e a carteira, saindo de casa e montou no veiculo, não demorando a deslizar pelas ruas com velocidade reduzida para evitar qualquer acidente. Se fosse compará-lo com ele mesmo de tempos atrás, podia perceber como tinha evoluído e tudo graças ao sueco. Nunca o agradeceu devidamente, nunca mostrou o quanto era importante o seu apoio mesmo que não tivesse percebido isso tão cedo, mas algo que aprendeu com o menor foi que nunca era tarde demais para fazer a coisa certa.

Pouco tempo depois estacionou na frente do prédio onde Afrodite morava e esperou ser atendido depois de se identificar com o porteiro. Logo foi permitida a sua entrada e tomou o elevador, subindo até o andar que o outro morava. Ao sair no corredor, pode ver o sueco encostado na porta e o esperando com uma expressão que variava entre a surpresa e a alegria, ainda mais que tinha vindo com Manigold. O italiano acabou lhe dando uma olhada de cima a baixo, já que usava um short jeans bem curto e uma camiseta branca folgada. Estava a vontade em casa e corou ao notar aquele olhar, deixando que o maior entrasse e fechando a porta em seguida.

- A que devo a honra da sua visita?

- Ainda está irritado comigo?

- Não... Só estou surpreso. Achei que depois daquele dia não ia querer mais falar comigo, ainda mais depois dos dias todos que passaram.

- Desculpa... Eu estive fazendo um monte de coisas. – o italiano coçou a nuca, em seguida se virando de costas – Mani estava com saudade, então decidi trazê-lo. Estava todo irritadinho e foi só dizer o seu nome que ele parou.

- Oi meu anjinho... – Afrodite já se aproximou cheio de ternura e ao ver o sorriso sem dentes do menor para si, não teve como se derreter. Esperou que o maior tirasse o suporte para poder pegá-lo – Pronto. Eu também estava com saudade de você... E do seu papai também. – confessou, olhando para o outro.

- Eu também estava. – ao admitir, fez com que o sueco arregalasse os olhos e riu – Que foi? Não posso sentir sua falta, bello?

- Pode... Mas eu não esperava por isso. Você parece diferente...

- Você não sabe o quanto.

Afrodite o convidou para se sentar e assim o fez, vendo o menor sentar ao seu lado e manter o bebe em seu colo que parecia muito mais sossegado agora. Os dois começaram a conversar, botar o assunto em dia e o sueco ficou maravilhado com a seriedade que Carlo mostrava ao contar como as coisas estavam mudadas. Não pode deixar de se sentir orgulhoso por fazê-lo entender de suas responsabilidades e de seu potencial, assim também poderia ficar tranquilo quanto à criação de Manigold. Na verdade já se sentia muito feliz por estar com eles outra vez e pela mudança de atitude para consigo também. No fim, ambos riram ao notar que o pequeno havia adormecido nos braços do sueco enquanto falavam.

- É tão bom saber que vocês estão bem e tudo indica que você criou juízo também!

- Acredite em mim, não farei mais nenhuma loucura. – o italiano piscou e sorriu – Na verdade, eu também queria te agradecer por tudo o que fez, desde o inicio... Eu não sei o que teria sido de mim e do Mani sem você.

- Ah, que isso... – Afrodite ficou sem jeito com aquelas palavras, afinal não esperava ouvi-las. – Eu fiz o que tinha que ser feito. Não podia deixá-los na mão...

- Mas você não precisava se envolver, ainda mais por mim que te evitava muitas vezes... Mas eu sei por que o fez. – Carlo se mantinha consciente dos sentimentos que o menor mostrou para si, mesmo que sutilmente – Acabou me ensinando muitas coisas e com a proximidade, parecíamos até uma família.

- Realmente, mas não pensei que visse dessa maneira também.

- Eu vi... Apesar de não querer admitir antes. – o maior se atreveu a passar um dos braços pelos ombros do outro, vendo-o corar mais e isso fez seu sorriso se alargar – Manigold é tão apegado a você quanto é comigo, isso me faz pensar se não quer fazer disso uma família definitivamente.

- O... O que disse...?

Ao ver Afrodite tão aturdido com o que disse, achou melhor mostrar de uma maneira mais objetiva o que queria. Com a mão livre segurou o queixo alheio e se inclinou, tomando seus lábios em um beijo demorado. O coração do sueco acelerou de imediato com aquele contato, se perguntando se era um sonho ou se realmente estava sendo beijado pelo outro e por isso manteve seus olhos abertos por alguns segundos a mais para confirmar que ele não desapareceria. Depois disso, retribuiu o beijo de pronto e enroscou sua língua na dele, intensificando aquele momento tão bom. Carlo sentiu que poderia criar um laço mais estreito com o outro, independentemente de serem homens e isso o alegrou, pois no fundo ainda tinha uma ponta de duvida em si. Quando o beijo foi encerrado, Afrodite estava com um sorriso bobo e o maior mantinha um carinho suave em sua bochecha.

- Você realmente muito, Carlo... E eu estou tão feliz que poderia sair voando!

- Nem tente, tem que ficar bem perto de mim e do Mani agora. – o italiano devolveu em brincadeira, fazendo-o rir – Precisamos de você...

- Eu sei... E não pretendo ir a lugar algum. Estarei com você sempre... Se quiser, é claro.

- Hmm... – o maior faz uma expressão pensativa, o que deixou o outro apreensivo, mas voltou a sorrir – Pra sempre me parece perfeito.

Afrodite sorriu outra vez e não resistiu, roubando mais alguns beijinhos do outro até que com a empolgação do recém casal, Manigold acabou acordando e choramingou, fazendo ambos lhe darem toda a atenção em seguida. Quem os visse nesse momento poderiam afirmar com segurança que seriam excelentes pais, mesmo com os possíveis obstáculos que aparecessem em seu caminho. Carlo havia aprendido a lição e se tornou um homem melhor, o sueco mantinha a paciência e a doçura necessária para manter o equilíbrio e o bebê se sentia seguro em torno dos dois. A base para uma família perfeita estava ali e ninguém poderia ir contra isso.


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