Sociopathy escrita por Ille Autem


Capítulo 14
Parte III - A Caçada - XIV




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–Ken é muito mais perigoso do que pensamos. -disse Madeline entrando na mansão.- Acabei de estar com ele.

–O que ele fez? -perguntaram Roger e Harold interessados, George nem se incomodou.

–Ele quer que George tome alguma atitude quanto a Trina, se for do jeito dele, será muito pior e muito mais gente vai cair.

George olhou desinteressado.- Eu não estou nem ai para a imagem dele, isso ele tem de sobra. Pouco me importa as ameaças de um lunático, meu problema é pessoal, não quero saber o que ele pensa.

–George, não é só sua vida que está em jogo. É todo um trabalho que construímos juntos, você não pode abandonar o barco assim. Estamos muito longe do cais. Não sabemos do que ele é capaz de fazer.

–Então vamos descobrir se ele é capaz de alguma coisa. -e se levantou, tinha recebido uma mensagem.



–Enzo?

–Oi, Trina. -disse o rapaz sem jeito, não tinha pensado no que dizer quando ela abrisse a porta, tinha saído de imediato, assim que Ken desligara o telefone.- Eu... vim saber como você está.

Ela o encarou confusa.- Estou bem, por quê?

–É que... -ela continuava a encará-lo.- Tive um mau pressentimento, só isso. -e sorriu.

–E você ainda me diz que ele não tem nada a ver com o seu divorcio. -disse uma voz atrás de Enzo, George, reconheceu o rapaz.- Nem demos entrada nos papéis e você já está cercando a minha esposa como um urubu? Vocês são rápidos.

–Oh, George! Pare com isso. -pediu a mulher.- Enzo estava passando por aqui e nos encontramos enquanto eu saía para buscar o Joe. -o jornalista ignorou.

–Eu não sou idiota, isso já está passando dos limites. -George encarou o rapaz e o pegou pelo colarinho da camisa.- Eu sou mais velho que você, tenho muito mais experiência do que um adolescentinho que quer se meter na minha vida.

–George, largue ele! Ele não tem culpa de nada! -berrava a mulher tentando empurrar o marido.- Deixe-o em paz! -o marido empurrou-a e ela caiu no chão chorando.

–Se eu fosse você, moleque. Sumia daqui, pra nunca mais voltar. Se algum dia eu ver vocês juntos de novo, eu mato os dois. -George cuspiu no rosto do rapaz e o jogou no chão com força.- Vocês nunca vão ficar juntos. Suma daqui.

Enzo se levantou em choque. George era pior do que ele imaginava, mas aquilo não ficaria daquele jeito. Ele se levantou e foi em direção ao carro com pressa. Chamaria a polícia, a imprensa, até mesmo o Papa se fosse preciso. Ele estava apaixonado e nada mais interessava, apenas libertar Trina daquela maldição .

O rapaz saiu cantando pneus da casa dos Curious e seguiu ladeira abaixo rumo ao centro da cidade. Estava com pressa e pela primeira vez na vida o universo parecia conspirar a favor, não havia muitos carros na rua e o carro estava mais rápido que o normal. Por um momento teve um mau pressentimento, olhou pelo retrovisor e não viu nada, apenas um vislumbre do casarão Isao e um solavanco forte. Depois, tudo ficou preto.



–Srta. De Lune? -perguntei assustado ao ver Claire me aguardando na sala de estar.- Como você entrou aqui?

–Não se faça de bobo. -ela disse encarando-me.

Tínhamos nos esbarrado na rua mais cedo, eu estava saindo do restaurante de tia Stella. Tinha me esquecido completamente daquilo, pensei que ela nem tivesse reparado muito, sai enquanto ela sussurrava alguma coisa, mas não dei atenção.- Quem é você?

Eu ri.- Ken Isao?

–Não! -ela berrou.- Você não é Ken Isao, você é Hugo Caleb! Você devia estar morto! -ela parecia apavorada.- Eu vi o terço quando nos esbarramos na rua. Eu não me esqueci dele.

Eu a encarei.- Você deve estar muito cansada, Srta. De Lune. Sim, eu conheço a história do tal Hugo, o filho do padre. Foi bastante repercutida no país, mas me confundir com ele é quase que loucura. É impossível.

–Pelo amor de Deus, Hugo. -ela disse séria e eu fiz uma careta.- Ou seja lá como quiser ser chamado, eu sei que é você.

–Como você pode ter tanta certeza? -perguntei, aquilo já estava passando dos limites e eu tinha que tomar alguma providencia.

–Por que… -ela engasgou e se deixou cair no sofá abismada.- Porque eu ainda te amo, Hugo Caleb.

Eu gelei com aquelas palavras, mas não tive tempo de processá-las, meu celular tocou e automaticamente eu atendi. - Alô?

–Ken! -berrou uma voz do outro lado, era Rita.- O Enzo sofreu um acidente!

Eu me assustei por um momento. - Ele está bem?

–Ele morreu, Ken! Ele morreu!

–Há meia hora um acidente no cruzamento do bairro Monte Castelo com a praia chocou toda a região de Trevo. -dizia o jornalista na televisão.- Um dos gêmeos da famosa editora e socialite Rita Goldberg, dona das Editoras Goldpress, descia de carro em altíssima velocidade a ladeira do bairro quando no cruzamento um caminhão, também em alta velocidade, chocou-se com o carro do jovem. O carro capotou quase cem metros. O jovem morreu de imediato. Oficiais afirmam que o susto, impacto e os ferimentos levaram a morte do rapaz.

Madeline olhou atordoada para a televisão. Um dos famosos gêmeos Goldberg morto? Mesmo que não tivesse muito contato com eles, ela achava terrível quando gêmeos se separavam ou morriam, era como uma porta sem fechadura, uma peça faltando no quebra-cabeça. Já tinha mandado enviarem uma bela coroa de flores para o velório assim que fosse divulgado mais detalhes.

–Pobre, Rita. -disse Roger que estava sentada numa das poltronas da sala.- Ela deve estar desolada. Sem marido e agora sem um dos filhos. Ela tem que ser muito forte.

–Ela tem o Ken.

–Você está bem, Hugo? -perguntou Claire enquanto descíamos de carro apressados até o local do acidente de Enzo.

–Pare de me chamar de Hugo. -eu disse.- Eu não sou aquele maluco.

–Você não era. -ela sussurrou.- Pare com isso, eu já descobri seu jogo.

–Você não sabe de nada. -eu berrei freando o carro com força.- Hugo Caleb morreu, Claire. Morreu.

Ela sorriu e negou.- Não morreu. Não pra mim. -ela então tocou meu rosto de leve eu parei.- Não morreu, se não me chamaria de Srta. De Lune, e não de Claire. -ela então se aproximou lentamente como quem ia me beijar e eu cuspi. Claire se afastou assustada.- Hugo!

–Você me da nojo. Não se meta no meu caminho. -ela então desceu do carro assustada e eu acelerei. Eu tinha um foco, não podia me distrair, nada podia tirar meu foco, eu não iria ser feito de bobo de novo.

Não demorou muito eu freei com força de novo o carro próximo a fita de isolamento. Haviam duas ambulâncias e vários carros de polícia, policiais e muitos curiosos. A imprensa voou em cima de mim quando eu cheguei, mas logo os policiais me escoltaram até próximo ao acidente. Rita estava desolada ao lado do filho vivo, Enrico. Dei uma olhada rápida no local. O carro estava destroçado, banhado numa poça de sangue.

–Rita. -eu disse.- Eu sinto muito. -a mulher então virou o rosto para mim e correu para me abraçar.

–Oh, Ken!



Enrico acompanhou todos os passos de Ken desde que ele chegara na cena do acidente do seu irmão. Ele era incrivelmente cínico, agora o rapaz podia enxergar com clareza. Consolou sua mãe o resto do tempo, até voltarem para casa e até pagou as contas do velório e do sepultamento. Um presente ao jovem e apaixonado Enzo.

–Ela já dormiu. -disse Ken descendo as escadas da casa, já eram quase dez horas da noite.- Você está bem? -perguntou se sentando ao lado de Enrico.

–Nem um pouco. -respondeu.- Obrigado por tudo. -mentiu.- Você está sendo um ótimo amigo. Sério mesmo.

Ele sorriu e acariciou o rosto do rapaz.- Vocês merecem, principalmente você. Deve ser duro se olhar no espelho agora.

Enrico não pode deixar de rir.- Está sendo mesmo.

–Mas me diga. -perguntou Ken sorrindo.- Você e Julie estão namorando?

–Ah! -Enrico estava desprevenido, mas se tinha alguma hora para tocar no assunto, a hora era aquela.- Mais ou menos. Ela adora você.

Ele sorriu sem graça.- Por que vocês não almoçam lá em casa nesse fim de semana? Acho que sua mãe ficaria feliz em ver que você tem companhia tão boa. Ela vai gostar e vai se distrair.

–Não será incomodo?

–De maneira nenhuma. Está marcado então. -ele sorriu e se levantou.- Eu já vou, também tenho um encontro marcado. -e saiu fechando a porta. Assim que Enrico ouviu o motor do carro acelerando pegou o telefone e ligou para Julie.

–Julie? A partir de agora estamos namorando.


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