Dia 27 de Abril

POV Rose

Mal conseguia pensar direito qual o motivo de eu estar dentro de um avião partindo de Génova, Itália, para Los Angeles, Estados Unidos. Minhas mãos tremiam e eu tentava recordar o porquê de eu estar fugindo. Recorria à minha memória como se estivesse puxando uma fita de um filme. Puxei, puxei, puxei até chegar aos corpos inertes de minha irmã e meu noivo. Quis chorar mas as lágrimas não caiam. Senti como se a fonte delas estivesse seca. Palavras de todas as pessoas que me haviam dito durante todos esses anos que Royce não era pessoa fiável invadiam minha mente como um bombardeio. Elas estavam certas, sempre estiveram e eu nunca admiti que isso fosse verdade, sequer pus essa hipótese, por mais absurda e remota que pudesse ser.

Limpei minha cabeça de todos esses pensamentos e me obriguei a apenas pensar que iria refazer minha vida bem longe de França. Olhei minhas companheiras de voo de relance pensando na possibilidade de fazer amizade com elas. A garota loira do meu lado dormia, mas sua expressão não era tranquila. Parecia estar sofrendo. Notei melhor seu rosto e pude perceber alguns ferimentos muito bem disfarçados com maquiagem. Ela estava vestida de enfermeira e estranhei o fato de ela estar ferida. Será que estava fugindo como eu?

POV Alie

Fitava a janelinha do avião sem realmente vislumbrar alguma coisa. Pensava em todas as palavras duras que Aro me tinha dito naquele carro.

“Você é como a gente maninha. Você é uma ladra. Uma excelente ladra. Uma profissional. Vai ter um futuro brilhante. Estou muito orgulhoso de você.”

Abanei a cabeça afastando esses pensamentos e limpei algumas lágrimas teimosas. Por mais que eu dissesse que não, Aro tinha razão. Eu era como eles. Uma ladra. Mesmo que eu nunca mais voltasse a fazer uma coisa dessas eu estava marcada e agora era uma fugitiva. Quanto tempo levaria para que eles me achassem? Quanto tempo eu iria conseguir fugir ou manter-me escondida?

Ouvi o aviso de que o avião estava prestes a aterrisar e que era necessário apertarmos os cintos. Olhei minhas companheiras de voo e a garota do meu lado continuava dormindo. Parecia estar tendo algum pesadelo pois se remexia na poltrona e gemia baixinho. Olhei a garota da ponta e cutuquei a garota sentada do meu lado até ela acordar. Mas isso parecia não estar resultando. A outra garota cutucou junto comigo a enfermeira mas esta não acordava.

-Acho melhor a gente apertar o cinto por ela. – A outra falou

-É. Mas uma hora ela tem de acordar. Daqui a nada o avião está pousando. – Eu falei e a garota concordou