Já íamos na terceira garrafa de champagne e eu já estava mais pra lá do que pra cá. A noite estava perto de cair. Ou então era mesmo o céu que estava tão escuro que fazia parecer noite.

-Rosita, vamos fazer um jogo. – Ele falou gargalhando

-Claro fedelhito. – Peguei

-Não me chama assim que magoa. – Fez bico

-Mas que foi? Você é mesmo um fedelhito...muito do fofito. – Continuei na minha gargalhando feito uma retardada

-Mas vamos jogar ou não?

-Já falei que sim.

-Então. As regras são as seguintes. Eu faço 10 perguntas e você faz outras 10. Mas intercalámos. Tudo bem? – Perguntou bebendo mais um pouco

-Ok. Começa você!

-Que idade você tem?

-Isso lá se pregunta a uma mulher?

-Tá gastando as perguntas. Vai responder?

-Você também tá gastando. Tenho 23. – Falei

-Pensei que você fosse mais velha. – Ele murmurou

-Como é que é?

-Não gaste suas perguntas. – ele avisou – E eu tô brincando com você.

-Tá. Minha vez. Quantas namoradas vocêjá teve? Mas assim. Namorada mesmo. Não pegadas. – Esclareci

-Namoradas mesmo, mesmo, MESMO...Acho que só tive uma. A minha primeira e mais nenhuma. - Cantarolou

-Isso é sério? – Perguntei gargalhando alto

-De que você tá rindo? – Inquiriu rindo junto comigo

-Não sei...mas achei engraçado. – Encolhi os ombros

-Sou eu de novo. Qual a cor da sua calcinha? – Falou marotamente

-Jacob! Nada de perguntas obscenas. Verde.

-Se não quer perguntas obscenas porque respondeu?

-Porque sei que amanhã você não vai lembrar. – Ri

-É mesmo. – Riu junto

-Vamos lá. Você tem irmãos? – Perguntei

-De sangue não.

-Oh, que pena. – Lamentei

-Porquê “que pena”? – Tentou imitar minha voz

-Sabe...se você tivesse irmãos mais velhos, que nem você, eu ia gostar muito que me apresentasse eles.

-Pra que quer meus irmãos se me tem a mim?

-Essa pergunta faz parte do jogo?

-Sim. – Respondeu balançando a cabeça em confirmação

-Acho que me sentiria menos pedófila se você tivesse 24...ou 30. – Segredei

-Rosita...eu vou fazer 18 semana que vem. – Ele falou com carinha safada

-Oh, grande coisa. – Rolei os olhos – Como se isso te fosse fazer parecer menos fedelho. – Atirei

-Sua vez. – burrou

-Há quanto tempo você trabalha na Foforks World? – Continuei segurando o riso e ele pareceu pensar

-Oh xa eu vê... – Falou olhando para o alto e fazendo contas – Cerca de três meses.

-Como é que é? Três meses? Quer dizer que você tem me feito fazer papel de otária esse tempo todo?

-Ei, não é a sua vez. – Ele brigou – De onde você é? Você tem um sotaque esquesito.

-Que sotaque...eu? – Perguntei embaraçada

-Não. A mãe Joaquina. Sério. Já venho notando há algum tempo que certas palavras você carrega muito nos R´s e fecha as vogais. Isso me faz lembrar...França. Você é francesa? Seu nome é francês. Apesar de se usar muito aqui nos EUA. – Perguntou de novo constantando em seguida

-Minha vez. – tentei me desviar – Qual sua comida preferida?

-Tacos. – Respondeu prontamente mas sério – Você é de França? – Bem quis fugir mas ele me apanhou

Cocei a testa e bebi de golada meu copo de champangne. Olhei pela janela para o céu e depois olhei para meu relógio.

-Tá ficando tarde. Vamos?

-Porque você tá fugindo à questão? O que você tá escondendo? – Questionou desconfiado

-Jacob. Há coisas do meu passado que eu não posso falar. Tenta entender.

-Eu entendo. Mas que custa se abrir comigo? – Insistiu

-Custa muito.

-Olha, se é porque não quer contar por ser segredo, então fazemos assim. Eu conto um segredo pra você e você me conta seu segredo. Tudo bem?

-Jake. – Tentei deter

-Então aqui vai. Quando eu tinha 14 anos eu me meti aí com uma gangue do mal pra conquistar uma mina e pra eu entrar tive de passar por umas provas. E a minha prova era pixar a sala do Sr. Esteves. Um velhote rezinza que andava sempre com uma espingarda na mão. Aí uma noite não teve mais jeito e eu entrei na casa pelo quintal e sem fazer muito barulho eu entrei em casa. Rose, você não sabe mas eu me borrei de medo. Literalmente. E mais me borrei quando o cara apareceu dando tiros no ar. Fiquei tão borrado que mal consegui andar e fugir. Foi vergonhoso. Nunca contei isto pra ninguém. – Ele falou totalmente embaraçado

-Jake...sério...não posso falar.

-Que mal há Rose. Fala. Agora você tá me devendo seu segredo. Eu te contei o meu mais macabro e oculto segredo. – Ele falou cruzando os braços – Vai ter de contar sim. – Exigiu e eu me senti apertada e pressionada

-Eu não te pedi nada, droga! – Gritei

-O que te custa contar? Que segredo de donzela você tá escondendo? Porque você não diz de onde é? Porque fica nervosa desse jeito? Me diz!

-Porque eu matei duas pessoas! – Sussurrei com raiva na cara dele

Ele me olhou perplexo e sem conseguir dizer nada. Eu peguei as minhas coisas e sai do restaurante. Agora ele sabia de tudo. Sabia do meu segredo.

Como eu pude contar? Só rezava pra que ele não recordasse de nada no dia seguinte. Ou então eu estaria frita.