Eu não iria saber como agir se Bella tivesse AIDS. E agora eu me questionava, a abandonaria? Mas não era essa a questão, a questão era minha irmã e Bella não pode simplesmente me impedir de querer proteger Alice, que é minha irmã e esta sobre os meus cuidados!

-Você não sabe o que é querer proteger alguém. – Me defendi.

-Eu protejo minhas irmãs. – Afirmou injuriada.

-Não. Você não as protege. Você as aprisiona! – Sentenciei apontando para ela o dedo indicador. Sim, agora iria provar do seu próprio veneno. De novo as lágrimas invadiram os seus olhos e o seu rosto e a revolta passou pelo seu olhar.

-Você não sabe nada de mim. NADA! Você não sabe o que eu passei para garantir que ninguém tocasse em minhas irmãs. Para garantir que elas nunca sofressem e passassem tudo o que eu passei. Eu te odeio, eu te odeio! – Gritou tudo isso me atacando e me apunhalando fortemente com suas mãos.

Eu não a conseguia parar e teve de ser Jasper a intervir. Em poucos segundos as suas irmãs estavam junto com a gente e Renesmee me avisou rapidamente que Alice já tinha ido embora num táxi.

-Calma Bella, calma. – Renesmee.

-Já passou irmãzinha. Nós estamos aqui. Vamos para casa. – Rose a embalou como um bebê.

-Eu quero sair dessa cidade. – Pediu chorosa.

Eu, Jacob e Jasper assistíamos aquela cena toda atemorizados e sentidos com o sofrimento dela. Eu e Jasper tínhamos visível em nossos olhos a culpa e a consciência pesada.

Rose pediu que Jasper a ajudasse a carregar Bella até casa e mais uma vez fiquei assistindo a tudo aquilo perplexo e sem me conseguir mover.

-Melhor você ir para casa cara. – Jacob me falou me acordando do transe profundo em que eu me havia metido.

Lentamente eu dirigi até casa e como se de um filme se tratasse eu vi tudo acontecendo de novo. O choro desesperado de Alice ecoando por toda a casa. A minha raiva, que eu descontava nos móveis que destruía ou nos objetos que atirava contra a parede e em seguida o silêncio, como se a casa estivesse morta, como se apenas nos tratássemos de assombrações solitárias e mudas.

A noite passou lenta e gélida, como a morte. Eu me sentia desfalecer mas as palavras de Bella ecoavam pela minha cabeça como um furacão que passa e causa estragos.

“E se fosse a mulher que você amasse que tivesse AIDS?” Não. Não aguentaria pensar nela doente.

“Você iria ser tão covarde ao ponto de a abandonar, ao ponto de a deixar sofrer sozinha?” Não. Eu nunca a abandonaria.

“Você iria passar por cima desse amor, que deveria ser à prova de todos os obstáculos, por causa de uma estúpida doença…” Nunca. Bella é tudo pra mim e nenhuma doença me iria separar dela.

”ISSO NÃO É DESCULPA ALGUMA! […] Há tantos casais que vivem felizes e juntos mesmo um deles tendo AIDS. […]Mas eles podem SIM levar uma vida normal.” Cada uma dessas frases se repetia inúmeras vezes em minha cabeça, mas a que mais me martelava e me martirizava era sem dúvida nenhuma a pior de todas.

“É esse o real motivo pelo qual você não deixa sua irmã ser feliz?” Eu não estava deixando minha irmã ser feliz. Ela não era feliz. E eu que tentei fazer de tudo para que ela fosse a garota mais feliz do mundo e fiz tudo errado. Fiz tudo ao contrário. A fiz sofrer ainda mais e cada vez mais e mais e mais. IDIOTA!

E não me bastou fazer minha irmã sofrer, eu tive de fazer Bella sofrer também. A mulher que eu mais amo no mundo. as mulheres que eu mais amo no mundo estão sofrendo e a culpa é TODA minha!

Caminhei lentamente até o quarto de Alice e meu coração ficou do tamanho de uma ervilha em segundos. Tornar a ver Alice naquele estadovegetativo estava me matando aos poucos, demoradamente e dolorosamente. Me encostei na parede vendo aquela cena e me deixe cair no chão chorando feito uma criança. Logo o choro de Alice se misturou ao meu e eu a percebi engatinhando até mim. Eu fiz o mesmo e quando ficamos frente a frente nos abraçamos como se o mundo fosse acabar.

-Me desculpe. Por favor. Me perdoe. – Eu pedi chorando e a apertando mais forte mas ela nada me respondeu. – Eu fui um idiota. Eu fui cruel com você. Eu te fiz sofrer. Eu te fiz chorar, caramba. Mas tudo o que eu queria era que você fosse feliz. Me perdoe Alice. por favor. Eu preciso que você me perdoe. Eu não saberei viver sem o seu perdão. – Eu falei de novo e mais uma vez ela não respondeu. Ao invés disso ela partiu o nosso abraço e me encarou. Limpou a face e os olhos com as palmas das mãos e fitou o chão.

-Ed-ward…eu… - Tentou falar com a voz muito fraca e embargada.

-Me perdoe, por favor. Tudo o que Bella me falou ontem me fez pensar e acordar…e eu realmente não quero pensar minha vida sem ela, sem a felicidade dela…e principalmente sem a sua felicidade. – Falei limpando com o dedão mais umas lágrimas que caiam do seu rosto delicado – Vá atrás dele. Se esse é o único jeito de você ser realmente feliz…vá atrás dele. Fiquem juntos. – Falei de cenho franzido me controlando para não mudar de ideia.

Continua…