Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 7
Capítulo 07




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A filha dos elementos estava olhando fixamente para o caminho em sua frente para tentar se distrair do som que Dimitrius estava fazendo ao caminhar logo atrás dela. Gaia tentava imaginar que estava andando sozinha em meio a floresta, mas parecia quase impossivel desde que o arcanjo da humanidade fazia muito barulho e as vezes até mesmo soltava alguns xingamentos quando suas asas se enroscavam nas árvores.

Logo que o dia amanheceu e a imortal acordou depois de perder sua consciência na noite passada, ela novamente encontrou Dimitrius sentado na mesma cama em que estava. O arcanjo havia passado a noite toda ao lado dela por achar que o seu desmaio foi causado pelo veneno que os anciões haviam injetado em seu corpo, por um momento Gaia pensou que ele estava preocupado com ela, mas se lembrou que sua preocupação estava ligada apenas a seus irmãos.

E era muito mais fácil deixar que o anjo acreditasse que ela desmaiou por causa do veneno do que deixar ele saber o real motivo.

Quanto menos Dimitrius soubesse sobre Gaia, melhor seria para ambos.

Por deixar o anjo pensar que ela estava em perigo, no momento em que despertou, ele estava pronto para jogá-la em seus ombros para levá-la até onde a cêrimonia aconteceria. Gaia conseguiu enrolar o arcanjo apenas um pouco, pedindo para que deixasse ela escolher o lugar onde aquilo ocorreria.

A imortal precisava de algumas horas para pensar sobre a sua vida e o que iria fazer, mas conseguiu apenas alguns minutos.

O plano era ficar sozinha enquanto caminhava em meio da floresta, mas Dimitrius insistiu em não deixá-la sozinha mesmo quando pegou o caminho mais dificil para um anjo. Ela pensou que o arcanjo acabaria se irritando com as árvores e sairia voando, mas acabou sendo surpreendida pela força de vontade do imperador da humanidade.

— Eu espero que você não desmaie durante o ritual da união.— Dimitrius falou de forma irônica.— Já estou cansado de ter que carregá-la.—
— Você pode me deixar onde eu cair.— Ela resmungou.— Isso é o que todos fazem.—
— Isso seria uma boa ideia se eu não fosse tão cavalheiro.—

Gaia não gostava nem ao menos de imaginar que o arcanjo da humanidade a tocava enquanto estava inconsciente, muito menos agradava a imagem de que Dimitrius já havia tirado o seu vestido molhado para trocar por algo seco.


Seu maior desejo era bloquear tudo em sua mente relacionado a esse anjo, só que era impossivel fazer tal coisa desde que ela estava caminhando para o local em que se casaria com ele.

Gaia teria que aprender a lidar com seus medos ou muitas pessoas sofreriam com suas decisões de se afastar do arcanjo da humanidade.

Ela era ciente de que ficar próxima e se unir a ele como sua esposa seria apenas a parte mais fácil do que os anciões desejavam. Gaia teria que se deitar com o arcanjo e não fazia ideia de como lidaria com isso já que apenas o pensamento a fazia se estremecer.

— Você está falando sério sobre não a ajudarem quando desmaia?— Dimitrius perguntou antes que Gaia se sentisse em paz com o silêncio e dessa vez o arcanjo se apressou para caminhar ao lado dela, mas ela manteve a distancia necessaria para que ficasse bem.
— No começo os imortais sentiam medo da minha existência, mas depois perceberam que eu não era capaz de praticar o mal e como nem todos os arcanjos declararam proteção sobre mim, eles se sentiam livres para me ignorarem ou fazer coisas piores.— Ela falou ao mesmo tempo que se surpreendia por estar falando com Dimitrius sobre o seu passado.

Gaia podia se defender de qualquer ataque direcionado a ela, seus poderes era três vezes maiores que os dos arcanjos, talvez nem existesse comparações em relação a isso, mas seus criadores permitiram que ela vivesse por saberem que nunca cairia no caminho da maldade e Gaia pretendia manter a sua alma pura até o fim dos tempos.

Existiam pessoas que a machucavam e a enxergavam apenas como uma peça fofoqueira que servia os anciões com total honra. O que ela não podia negar que era verdade, pois os seus superiores a controlavam como um fantoche e a filha dos elementos não tinha outras opções além de concordar.


Os anciões sabiam como matá-la, e por mais que ela desejasse isso algumas vezes, os criadores não permitiriam que isso acontecesse sem existir consequências.

— Em qual geração você passou a ser protegida pelos imperadores?—
— O seu pai foi o primeiro e em seguida os outros fizeram o mesmo.— Gaia olhou por um momento para Dimitrius e viu a surpresa manchando seu rosto.
— Foi um longo tempo.—

Gaia não podia discordar.

Dimitrius e seus irmãos eram a quarta geração de arcanjos e cada herdeiro governou por séculos suas dimensões, era tanto tempo que nem mesmo ela conseguia se lembrar.

E apesar de ter demorado tanto para boas pessoas assumirem o trono e protegê-la, ela já não sofria tanto como antes. Mesmo que ainda existissem pessoas que se aproveitavam da sua bondade para machucá-la, Gaia estava bem.

— O dia que a encontrei no rio... Você foi ferida por essas pessoas que não gostam da sua função?—
— Sim.— Gaia mentiu e se sentiu mal por fazer isso quando estava tendo um momento tão sincero com Dimitrius. Talvez ela nunca tivesse conversado com o arcanjo sem que o seu temperamento ruim explodisse por causa dela.

No entanto, ela não podia dizer a verdade por trás dos seus ferimentos no dia em que ele a encontrou lavando suas feridas. A pessoa que havia a machucado era muito próxima de Dimitrius e seus ferimentos não estavam ligados ao fato dela ser uma espiã dos anciões, mas sim por algo cheio de perversividade e pura maldade.

Gaia tinha certeza que o arcanjo não acreditaria em suas palavras e que só criaria problemas ao acusar alguém que fazia parte da família dos arcanjos.

— Chegamos.— Ela anunciou ao entrar na sua parte favorita da natureza que existia em toda a dimensão de Dimitrius.

A clareira era exatamente como um jardim, cheio de pedras e flores que coloriam a visão das pessoas que estavam ali. Era um lugar perfeito para um casamento e era uma pena que Gaia não estivesse com a pessoa que seu coração havia escolhido.

Dimitrius observou a clareira com calma, seus olhos escuros eram como os de um animal que verificava a sua segurança em um lugar tão aberto e a imortal aproveitou a distração do anjo para caminhar em direção oposta da qual ele estava com a intenção de ficar distante.

Gaia estava se sentindo bem em relação a ter que ficar próxima de Dimitrius naquele dia, seu corpo não havia demonstrado qualquer tipo de anormalidade, só que ela preferia se manter longe para não arriscar ter outra crise por causa do arcanjo da humanidade.


E a filha dos elementos também se sentia triste, apesar de nunca ter se imaginado casando com alguém, sua mente iludida insistia em colocar Patrick como a pessoa que estaria ao seu lado naquela clareira.

Dimitrius simplesmente não se encaixava naquele lugar e seria com o anjo que Gaia estaria realizando o ritual da união, tudo para proteger as pessoas que sempre a odiaram.

O arcanjo da humanidade se virou em direção da imortal para encontrar seus olhos e rapidamente Gaia ergueu as barreiras que não permitiriam que seus sentimentos aparecessem em seus olhos. Apesar de tentar esconder, ela sabia que havia fracasado.

— Você parece estar se preparando para a sua morte.— O imperador comentou.
— Eu acredito que o sentimento seja o mesmo.—

Dimitrius suspirou e um sorriso sem nenhum sentimento surgiu em seus lábios.

— Isso é cruel, gatinha.— Dimitrius falou.— Muitas mulheres desejam estar no seu lugar nesse momento.—
— Eu não faço parte desse grupo.— Gaia resmungou ao mesmo tempo que cruzava seus braços em frente do seu peito e observava o arcanjo colocar o cálice que estava carregando em suas mão em cima de uma pedra, em seguida ele se moveu para pegar uma lamina que estava guardada dentro de uma das suas botas de combate.

Os itens necessários para realizar a união de um casal imortal, o ritual que se encaixava com o link de mentes e a consumação.

O arcanjo da humanidade encarou Gaia de maneira séria, a diversão que sempre existia em seus olhos sumiu para lhe mostrar aquela escuridão infinita sem nenhuma emoção.

— Você está pronta?— Ele perguntou.
— Sim.—

A verdade era que a filha dos elementos não estava pronta, nem nunca estaria. Só que ela não podia evitar tudo o que estava acontecendo e a única maneira de não gerar o caos era se casando com o arcanjo que mais temia.

Gaia afastou seus pensamentos ruins da sua mente antes que eles tivessem a chance de criar espaço, a imortal havia acordado com uma tolerância muito grande em estar próxima de Dimitrius sem que seu corpo sentisse os sintomas do medo e ela não pretendia sofrer nenhum deles em seu próprio casamento.

Por mais que ela não estivesse vestindo um lindo vestido de noiva, não estivesse feliz e nem ao menos casando com quem amava, a filha dos elementos pretendia lembrar desse dia como algo agradável e memorável para muitos imortais. Afinal, no momento em que o ritual se finalizasse, ela salvaria a vida de muitos.

O ritual da união levava apenas alguns minutos, ele era tão rápido que era normal que os imortais adicionasse mais atenção em suas festas do que na cêrimonia.

Gaia achava incrivel como algo tão simples podia significar tanto.

No entanto, ela sabia que o grande significado de tudo isso era a união das almas entre o casal, algo que não poderia dar para Dimitrius. Contudo, isso não importava, tudo o que interessava era gerar herdeiros e o casamento só fazia parte do plano dos anciões por que era o certo.

Apesar dos humanos serem mais evoluídos, os imortais ainda viviam em uma cultura em que os casamentos arranjados ainda existiam e se uma mulher solteira engravidasse, ela seria considerada como um mal exemplo para a sociedade.

Gaia podia estar contráriada com a decisão dos anciões, mas não conseguia se imaginar deitando com Dimitrius sem existir uma união respeitosa.

O arcanjo da humanidade se moveu para pegar o cálice que deixou sobre a pedra antes e o entregou para Gaia, a lamina, que ainda estava em sua mão, recebeu o olhar de ambos por um instante. Eles sabiam que a partir do momento que Dimitrius cortasse sua palma, levaria apenas 3 minutos para que estivessem casados.

A imortal desejou que Dimitrius desistisse de tudo e falasse que não podia fazer aquilo, mas antes que pudesse concluir seus pensamentos, o arcanjo levou a lamina até a sua pele para cortá-la sem hesitar.

Gaia, mesmo que não quisesse aquilo, estendeu o cálice em direção do anjo para seu sangue caísse dentro dele.

— Eu, o imperador da humanidade,— Dimitrius começou a falar ao mesmo tempo que seu sangue pingava dentro do cálice conforme pressionava a lamina no corte para não se curar.— Aceito-a como minha imperatriz, aceito-a como minha esposa e aceito sua alma para guiar a minha durante toda a nossa união.—

Com nenhum sentimento em seus olhos, o imperador concluiu a sua parte no ritual da união sem ao menos gaguejar e sem parecer se arrepender sobre isso ele entregou a lamina suja com o seu sangue para Gaia.

Depois que ela entregou o cálice para Dimitrius, a filha dos elementos colocou a lámina sobre a sua mão e imediatamente o sangue do arcanjo sujou a sua palma. Gaia não pressionou para que fizesse o corte, pois não tinha certeza de ter forças para fazer tal coisa.


Sua mente estava em um total branco e a sensação que tinha era de que havia sido anestesiada. Ela não gostava de se sentir assim, mas sabia que era por causa desses sentimentos que estava se movendo para realizar esse casamento.

— Eu...— Ela sussurrou com seus olhos em direção do chão.— Eu...—

Dimitrius tocou a mão dela antes que suas palavras presas em sua garganta se trancassem por completo, a imortal rapidamente levantou seus olhos para encontrar os do arcanjo e ficou surpresa ao ver algo além do vazio e do divertimento.

— Está tudo bem.— Ele disse para reconfortá-la, mas suas palavras eram desnecessárias quando o olhar do arcanjo mostrava isso.— Você pode superar qualquer coisa que quiser, Gaia.—

A filha dos elementos estava pronta para reagir em defesa dando um passo para trás a fim de se livrar do toque de Dimitrius, mas ela não se moveu.

Ela não podia ser egoísta, muito menos deixar que seu medo a controlasse naquele momento. O arcanjo da humanidade tão pouco se sentia feliz por se casar com ela e estava fazendo aquilo por causa de salvar vidas inôcentes e a imortal tinha que seguir o seu exemplo.


Antes que sua repentina coragem sumisse do seu corpo, Gaia cortou sua palma e deixou que o seu sangue pingasse no cálice e se misturasse com o de Dimitrius.

— Eu, a filha dos elementos do mundo, aceito-o como meu imperador, aceito-o como meu marido e aceito sua alma para guiar a minha durante toda a nossa união.—

Para finalizar o ritual, o sangue tinha que ser jogado no chão para que seus sangues misturados fossem queimados até que uma mancha negra se formasse. Essa mancha seria algo eterno e nada poderia removê-la do local em que foi derrubado. Qualquer pessoa que fosse ao castelo de Maximus e de Meridius, veriam um ponto negro sobre o chão do lugar que eles realizaram esse ritual, mas como Gaia e Dimitrius não estavam em um salão, a imortal pegou o cálice das mãos do arcanjo e jogou o sangue deles sobre a pedra que estava ao lado deles.

Antes que o liquido pudesse chegar até o chão e sujar a grama verde com suas impurezas, a filha dos elementos usou seus poderes para que o fogo nascesse sobre o sangue. Demorou apenas alguns segundos até que a mancha surgisse e após apagar o fogo para vê-la melhor, Gaia apenas conseguiu pensar que agora fazia parte dos jogos que os anciões planejaram para defender tudo aquilo que os criadores construíram.

Ela, definitivamente, defenderia o mesmo, pois esse era o único propósito que possuía agora que havia se unido a Dimtirius.


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