Hastryn: Ascensão escrita por Dreamy Boy


Capítulo 35
A Batalha de Arroway


Notas iniciais do capítulo

Migos, voltei! Não desistam de mim ;-;



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Lothar

Um ruído forte veio do lado de fora dos aposentos. Passos pesados e firmes pareciam estar cada vez mais próximos, interrompendo o sossego de Lothar. Assustado, o rei apanhou a espada anteriormente pendurada na parede e caminhou até a porta para abri-la.

Guardas se encontravam ali, com expressões de medo estampadas em seus rostos. Suas armas armadas estavam erguidas e ambos se entreolharam para entrar em no consenso para saber qual dos dois falaria primeiro.

— Desembuchem! — Lothar berrou impacientemente e os fez tremer de nervoso ainda mais. Arrependido, baixou o tom da voz para que se sentissem mais tranquilos e dispostos a respondê-lo. — O que está acontecendo?

— As tropas chegaram! Estão próximos dos portões!

Em silêncio, Lothar Wildshade os acompanhou pelo restante do corredor e desceu as escadarias em caracol em direção ao Hall Principal. Em seguida, atravessou os portais da frente que já foram abertos propositalmente, para seu acesso. Viu os exércitos formados e montados, pois já haviam sido notificados anteriormente por Ulrick. As respectivas montarias estavam prontas.

Katherine se situava ao lado de uma grande quantidade de mães e filhos pequenos que conseguiu achar e reunir pela cidade nos últimos dias, trazendo-os para o castelo, formando uma multidão. Ficariam dentro de cômodos trancados por fora e protegidos por capangas de grande porte e força. A mulher acompanharia o marido até parte do caminho, pois procuraria por mais pessoas pela cidade caso estivessem perdidas ou fossem capturadas pelos invasores. Charlotte e Hazel estavam mais distantes, ficando responsáveis pela organização dos já reunidos. Direcionavam um olhar de raiva para o rei, que fazia de tudo para não demonstrar importância.

Lothar se virou para Katherine.

— Devemos ir agora! Seja forte e não tenha medo dos sulistas! Massacraremos um por um até que estejam todos mortos aos nossos pés. O legado dos Wildshade continuará!

Lothar andou apressadamente até o cavalo reservado para si e se sentou sobre a sela de couro colocada sobre este. Ordenou que o animal galopasse em direção à cidade, liderando o movimento até os grandes portões de ferro.

Atravessaram ruas vazias, devido ao fato de que os moradores das casas estavam sendo notificados sobre o acontecimento e corriam para chegar ao palácio rápido. Uma preocupação a menos para Kath, pois se organizavam sem querer a sua ajuda.

A rainha ordenou que o cavalo parasse em frente a uma praça vazia.

— Esse é o lugar em que nos despediremos. — Lothar, ao ouvir as palavras da esposa, ficou de frente para a esposa e acariciou seus cabelos. Uniu seus lábios aos dela, em um beijo que poderia ser o último do casal. Respirou fundo e deu continuidade ao trajeto.

— Vá com os deuses!

Ao se distanciar de Katherine, Lothar teve uma sensação de alívio e preocupação ao mesmo tempo. Alívio pelo fato de que a mulher não os seguiria até o campo de batalha e preocupação justamente por estar distante dela e não poder protegê-la caso corresse riscos.

Tentaria não deixar que sua visão pessimista das coisas o torturasse e acreditaria em sua capacidade de vencer novamente. Entretanto, sua primeira guerra havia ocorrido fora dos territórios onde morava, nas florestas em um campo aberto na região inferior do continente norte. O conflito atual o deixava com medo de que a sede de seu reino fosse inteiramente destruída pelas mãos dos sulistas, responsáveis por inúmeras destruições na vida de sua família.

Chegando aos portões de Arroway, encontrou guerreiros formando filas atrás dos muros, lançando flechas de fogo para o alto. Tinham o intuito de atingir os alvos atrás das paredes. Catapultas vindas do outro lado lançavam grandes pedras, atacando os muros com o objetivo de quebrá-los e abrir a passagem para os invasores.

— São muitos! — Ulrick os liderava. Preparou o arco em mãos para mais um lançamento. Quando a flecha caiu, alguém do exército de Wolfric fora acertado e agonizava. — Será difícil de dar conta de todos! Precisamos impossibilitar o acesso!

Lothar ouviu com atenção as palavras do conselheiro e se arrepiou, temendo pela própria sobrevivência e pela de seu povo. Na maior parte do tempo, poderia odiá-los e sentir vontade de matá-los, mas jamais permitira que o exército do sul fizesse isso. Era uma função que cabia a ele.

As flechas incendiadas causavam grande impacto nas áreas externas, caindo sobre árvores que espalhavam o fogo, podendo afetar os próximos da rota. Era possível escutar os gritos daqueles que morriam carbonizados aos poucos. Gritos que eram como uma doce canção aos ouvidos do rei.

Em meio àquele cenário de caos, Lothar observou os aliados se esforçando para que os muros permanecessem de pé e não fossem quebrados pelas fortes tentativas dos inimigos. Uma vez que o grupo de Wolfric conseguisse isso, entraria em suas terras e se espalharia, tendo chances maiores de obter vantagem.

Os arqueiros continuavam firmes e concentrados em suas tarefas. Todavia, algo os surpreendeu e os obrigou a serem mais rápidos ainda. Os sulistas utilizavam cordas para escalar as paredes de pedra e pulavam para o lado de dentro, cravando lâminas pequenas nos pescoços dos mais próximos e roubando suas armas.

Os nortenhos sacaram as espadas e partiram para a luta física, pois as flechas de fogo poderiam acertar os membros de sua própria aliança. Metade do exército se ocupava com os invasores, enquanto a outra ainda tentava controlar as invasões. Lothar, motivado pela sede de sangue, correu até um guerreiro e tirou sua vida de imediato, perfurando sua garganta repetidas vezes. Sua fúria e seu desejo de matar se reacenderam.

— Isso é tudo do que são capazes, seus infelizes? — Cuspiu no cadáver encontrado a seus pés, cujo sangue se espalhava e formava uma poça. — Quero homens de verdade para lutar e não mocinhas ridículas que não sabem segurar uma arma de forma decente!

Após a provocação, os insultados se irritaram e vieram ao seu encontro. Um guerreiro decepou furiosamente a cabeça de um nortenho e cravou sua lâmina no peito de outro, causando duas mortes consecutivas. Em seguida, se dirigiu a Lothar com um sorriso no rosto e disposição para matá-lo. Era extremamente alto, representando uma ameaça a qualquer um que cruzasse seu caminho.

Mas não para o soberano de Arroway.

— Finalmente alguém digno de minha atenção. — Lothar gargalhou. — Venha, grandalhão!

As espadas se chocaram. O adversário empurrou Lothar de forma rude com o cotovelo, quase tirando seu equilíbrio, mas o rei deu a volta e atacou uma de suas pernas. Urrando furiosamente, o maior o chutou na barriga. Lothar gritou de dor e se afastou, mas sem perder a concentração.

Um nortenho cravou um canivete no ombro esquerdo do soldado.

— Não! — O rei berrou, empurrando o aliado para trás, impedindo que se tornasse alvo do inimigo. — Este é meu! Fique de olho nos outros! Terei um confronto único, sem mais envolvidos.

O rapaz assentiu e voltou o foco para outros sulistas.

Lothar olhou para o homem com ódio. Ódio o bastante para que sentisse suas energias voltando e o deixando mais forte do que já estava. Investiu contra ele, cuspindo em sua face e o derrubando com uma rasteira. Sem perder tempo puxou seu elmo e acertou o olho direito, prejudicando parte de sua visão.

A dor era profunda e obrigou o sulista a levar as mãos ao olho. Aproveitando-se disso, Lothar enfiou a espada em sua barriga e o matou. Jogou o corpo para o lado, formando uma pilha com os outros mortos. Um banquete aos corvos famintos que passeariam pelo local em momentos futuros. Direcionando a atenção aos adversários ainda vivos, Lothar arregalou os olhos ao perceber que o que mais temiam havia acontecido.

Uma parte dos muros havia sido destruída.

O buraco era grande o suficiente para que conseguissem atravessá-lo e adentrar os terrenos de Arroway. Para interditá-los, os exércitos do norte formaram uma larga barreira que circundou a fenda. Uma carnificina se iniciou, pois a ira que os sulistas sentiam devido ao ataque causado pelos arqueiros de fogo era imensa, desejando que as mortes não fossem em vão. Compartilhando do mesmo sentimento pela sua nação, Lothar se posicionou atrás de seus homens e assistiu ao embate.

Um dos inimigos escapou da multidão e foi até perto do rei, pronto para matá-lo. Quando Lothar o notou, foi mais rápido e desviou para trás, girando seu braço. A espada caiu sobre o solo de pedra e ele a apanhou, cravando as duas armas nas costas do adversário e fazendo-as atravessar o corpo por completo.

Utilizando as mesmas, aproximou-se do aglomerado de guerreiros, auxiliando os aliados a matar aqueles que resistiam mais. Os sulistas estavam em pequena quantidade em comparação aos que ainda entravam nos territórios a cada instante que se passava. Lothar não tinha a certeza de que derrotaria todos, amedrontado com a possibilidade de perder a guerra.

As poças de sangue cresciam cada vez mais, se espalhando pelo chão e formando um pequeno lago vermelho abaixo dos cadáveres misturados entre os batalhadores. Além da armadura, eram homens que não tinham nenhuma diferença entre si. Vistos igualmente pelos deuses, segundo as doutrinas em que Lothar dificilmente acreditava. Apenas nos momentos de medo, como aquele, nos quais não existia ninguém mais a quem recorrer além dos deuses em que fora acostumado a crer, desde que era um garotinho indefeso.

— Onde está Wolfric Luckov? — gritou, ignorando as dores fortes na garganta. — Esse bastardo não mostra a face e prefere se esconder, ao invés de lutar feito um ser humano digno!

— Está se aproximando com os soldados restantes e estão em grande número. — Ulrick apareceu, tranquilizando um pouco o rei. Seu único amigo ainda não havia sido morto. Lothar teve uma estranha vontade de abraçá-lo, mas jamais realizaria esse gesto. Principalmente na frente de outras pessoas. — É praticamente impossível de contê-los!

Nesse momento, ambos se viraram para a fenda aberta pelas pesadas pedras arremessadas pelas catapultas gigantes construídas com madeira que ainda eram utilizadas para massacrar alguns soldados. Mais pessoas vinham, montadas em seus respectivos cavalos e preparadas para lutar. Um casal liderava o grupo, o que deixou Lothar curioso. As regras de Arroway eram claras quanto ao quesito de que nenhuma rainha deveria presenciar uma guerra, pois uma nação inteira estaria necessitando de seus cuidados. Lucy ainda não era rainha quando a primeira guerra do marido aconteceu, mas era a prometida do único herdeiro do trono, assumindo a responsabilidade de proteger os cidadãos até o retorno dos nortenhos.

— Fiquem com ela e a protejam se preciso for. — O cavaleiro misterioso utilizava um elmo que impossibilitava a visão de seu rosto. Ordenou que a montaria parasse e desceu. — Nenhum de vocês deve interferir no que ocorrerá agora. Enfrentarei aquele demônio com minhas próprias mãos. Derrotem os outros homens!

Lothar cerrou os punhos após o abuso de autoridade de Wolfric. Não permitiria que nenhum sujeito o destratasse e o humilhasse na frente de seus súditos. Mataria o rival com vontade e exibiria sua cabeça pendurada em praça pública, mostrando o destino daqueles que se opõem a ele.

— Está pensando que será tão fácil assim? — Ele sorriu, jogando para longe a lâmina que não o pertencia e ainda estava em sua posse. — Creio que não saiba mesmo com quem está lidando.

— Fique tranquilo, pois sei exatamente com quem estou lidando. — Lothar e Wolfric andavam em círculo, ainda sem decidir qual seria o primeiro atacar. Eram como duas cobras venenosas, uma esperando a outra dar o bote. — Preferiria não saber.

— Do que está falando?

— Mas é claro que não saberia. Algo importa além de seu próprio umbigo? Acredito que não, já que nem mesmo sua filha é tratada do jeito que merece!

Wolfric retirou o elmo, atraindo o olhar dos mais próximos. Lothar o encarou com interesse, tentando descobrir o motivo daquele inesperado gesto. Era um dos equipamentos feitos para protegê-lo durante os combates pesados e o rapaz o largava como se fosse um objeto de nenhuma serventia.

Foi quando parou e o fitou atentamente, compreendendo tudo. Os cabelos de Wolfric eram cacheados e castanhos, além de um rosto aparentemente conhecido para o rei, lembrando-o de alguém de seu passado. Alguém que deveria ter a idade daquele jovem e razões suficientes para matá-lo a sangue frio.

Seus olhos se arregalaram e a boca se abriu, sem que soubesse as palavras que utilizaria. Fora tomado por uma grande surpresa e todos os pensamentos que se passavam por sua mente eram conflitantes. Wolfric quebrou o silêncio que se formou.

— Vamos ao que nos interessa, Sua Majestade.


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Notas finais do capítulo

O confronto verdadeiro tá só começando :)



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