Dilema escrita por Mizuhina, Utakata Bad Boy


Capítulo 14
Capítulo XIII - Honestidade


Notas iniciais do capítulo

Olá gente. Aqui é a Mizu. O Utakata não está muito bem, então pediu pra eu revisar e postar o capítulo por ele. Desculpem pela demora, eu sinceramente estou fazendo o possível para tentar não atrasar tanto com as fics. Me desejem muitas forças, porque está sendo um período complicado na faculdade.



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Honestidade (诚)

 

Um samurai não tem de “dar sua palavra” ele não tem de “prometer". Falar e fazer são a mesma coisa.” - As 7 virtudes do Bushido 

 

Quantas vezes eu disse a mim mesmo que jamais voltaria atrás, e no entanto, desde o dia da minha fuga permaneci fugindo do destino? No fundo era exatamente isso. Busca por honra? Redenção? Nenhuma dessas palavras faziam sentido para mim, eu era um covarde, e isso havia ficado bem claro com a chegada de Orochimaru e do shinsegumi. Eu estava fugindo do passado, da minha família, de Sakura, e de mim mesmo. Perdido como um rounin sem que houvesse um lugar onde eu pudesse pertencer.

Durante quase toda a noite Sakura permaneceu encostada em um canto qualquer, com o olhar baixo e perdido. A face dela já não tinha mais o brilho e a energia que eu tanto apreciava, parecia ter murchado como uma flor abatida pela proximidade do inverno. O silêncio, algo completamente incompatível com ela, persistiu entre nós, entre todos.  Era bastante nítido o quanto ela odiava aquele destino, que sem pensar, empurraram a ela. Tanto quanto eu odiava ser um tengu, um Uchiha, tanto quanto eu odiava renunciar ao amor.

 

Decidi deixá-la só com os próprios pensamentos, não sabia o que dizer. Me direcionei ao cômodo principal, onde encontrei Kakashi sentado no chão, próximo da varanda e da entrada. A porta estava aberta e vagalumes dançavam do lado de fora. Notei que uma fumaça subia pelo ar, sinalizando que ele fumava, algo que não fazia há muito tempo.

 

— Pensei que tinha parado definitivamente.

— De vez em quando um homem pode ceder aos seus desejos, não? - Respondeu sério, e continuou a tragar. — Em breve o brilho dessa casa vai se apagar, para mim é uma boa ocasião.

Permaneci calado, apenas lembrar do que tinha acabado de acontecer me enchia de fúria. Como se a minha omissão consentisse, Kakashi continuou a falar. — Eu sei o que está pensando Sasuke, te conheço talvez melhor do que você mesmo, e se quer minha opinião... Deveriam fugir.

— O que? Não entendo...

— Eu acho que você também percebeu que o objetivo do Orochimaru não é a Sakura. Quando a atacaram aqueles dois ninjas a trataram como criminosa, ou seja, talvez sem sua interferência ela já estaria morta. Sakura quebrou regras muito importantes, e não existe destino brilhante para ela. Mas o meu palpite, é que na verdade, Orochimaru quer te atingir.

 

Ao ouvir aquelas palavras me dei conta de que durante a luta meu segredo tinha sido revelado, e já era certo que Orochimaru sabia da minha identidade de Tengu, e, no entanto, eu não sabia o que ele poderia querer de nós. — Não podemos descartar o fato de que ele saiba. Infelizmente eu falhei mais uma vez. Sensei… - Hesitei em mostrar minhas preocupações que eram mais um sinal de fraqueza. — Você também o viu? Não foi? Itachi está aqui.

— Esse é mais um motivo para nos preocupar. - Ele tragou mais um pouco da fumaça. — Se conheço bem Orochimaru ele vai propor um acordo quando conseguir arrancar todas as informações que precisa. É bem óbvio que ele não tem nada a ganhar se casando com a jovem Sakura.  - Ele me entregou um pergaminho com um olhar sério. Quando li o conteúdo fiquei completamente perplexo, o que estava acontecendo não poderia ser real. Senti uma dor em meu peito, quase como se eu pudesse prever toda a dor que Sakura sentiria quando soubesse.

— Não pode ser. - Neguei para mim mesmo. — Aquele maldito mentiu!

— Sim. - Kakashi confirmou. — Os pais de Sakura estão mortos. Não se sabe se eles se mataram ou se a víbora os matou, mas de qualquer modo isso só mostra que a utilidade dela para ele é nenhuma.  O pai de Sakura era um ex-samurai do antigo império que perdeu tudo durante o banimento da espada. Ele não tinha mais terras e nem bens duráveis, provavelmente esse casamento não passa de um capricho até onde sei. Ela não tem mais para onde voltar, por isso recomendo mais uma vez que vocês fujam.

— Não podemos fugir para sempre. Alguém tem que matar o Orochimaru. - Minhas mãos tremiam de raiva. Todo o auto-controle que lutei tanto para conseguir estava se esvaindo.

— Atualmente ele é a pessoa mais poderosa dessa província, até mais que os Hyuuga que por direito são sucessores do trono. Você melhor do que ninguém sabe a história por trás da guerra, então aparentemente estamos de mãos atadas.

Ele estava certo, mas ainda assim eu não podia aceitar aquilo. Não poderia entender que alguém que faz tão pouco caso da vida das pessoas, pudesse ter tanto poder em mãos. Nem mesmo um tengu como eu fadado a destruir tudo o que toca poderia aceitar que alguém como Orochimaru fizesse o que bem entendesse. O que diabos havia de errado com esse mundo? Porque… Porque o destino tinha que ser irracional a esse ponto.  Eu não queria abandonar Sakura e nem queria lutar com Itachi. Eu só queria poder dar um fim a essa maldita existência.

— Sasuke, eu quero que faça um favor. - A voz de Kakashi me trouxe de volta de meus conflitos internos. Atentamente o escutei, mas eu tinha o pressentimento de que algo muito ruim estava por vir.   — Você precisa fazer essa carta chegar a imperatriz Tsunade. O castelo Senju é muito longe, e voando você irá mais rápido.

Ele me entregou um pergaminho carimbado com sua marca pessoal. No passado, Kakashi foi um ex-general que serviu a família dos senjus, e de algum modo ele acreditava que o passado pudesse ainda ter algum peso.

— Qual o propósito disso? - Indaguei completamente incrédulo que uma escória como os senjus poderia resolver algo.

— Ela é a única que pode resolver a situação da Sakura, ela não pode fugir para sempre. A imperatriz não vai negar um pedido meu.

— Não confio nos senju.

— Não estou pedindo que confie nos senju. Confie em mim, seu mestre. -O olhar de Kakashi era bastante sério. Tive a impressão que o tom despreocupado jamais voltaria.  E aquela decisão era completamente irracional.

A imperatriz Tsunade foi a culpada por todas as consequências daquela guerra. O banimento da espada que culminou no destino cruel do pai de Sakura, a perda do poder dos Hyuuga e o nome dos Uchiha sendo jogado na lama. Ela quem deu poder a Orochimaru, e por isso eu não conseguia entender aquilo. Ainda assim eu não podia recusar aquele pedido.  Se ela pudesse realmente salvar Sakura, nada mais importava.

Provavelmente eu não aceitaria tamanho fardo vindo de mais ninguém. Depender da imperatriz significava jogar todo o meu orgulho e dignidade no lixo. Mas foi Kakashi quem me encontrou e me acolheu quando eu era um erro para todos. Ele me ensinou o caminho da espada. Então jamais poderia negar um pedido do meu mestre. Era uma dívida para o resto da vida.

— Está bem. -As palavras custaram a sair e as pronunciei com profundo desgosto. Dei-lhe as costas e me preparei para a partida. Caso tudo desse certo, eu chegaria em no máximo dois dias.

 

Minhas coisas estavam quase todas preparadas, obviamente eu não precisava de muito, mas ainda havia algo pendente para resolver. Quando cruzei a varanda, vi que Sakura estava sentada do lado de fora olhando para o vazio. Os olhos baixos e distante. Obviamente eu deveria ter passado por ela sem dizer uma palavra, mas não foi o que fiz.

— Ainda acordada? - Sentei-me ao lado dela e tirei o chapéu de palha para vê-la melhor. — Sakura?

— Quando eu fugi eu estava tão desesperada que não pensei nos meus pais, e em mais ninguém, se eu contar uma boa mentira posso me livrar de todas as suspeitas, posso deixá-los felizes, mas eu não… Eu…

 

Ouvi-la tão chorosa, culpada, angustiada. Nunca em nenhum momento da minha vida eu desejei tanto abraçar alguém. Aquilo estava acabando comigo, e eu queria simplesmente contar a verdade, mas por alguma razão não sei porque me omiti. Eu poderia mesmo simplesmente dizer o que houve com seus pais e deixá-la sozinha? Eu poderia mesmo destruí-la dessa forma. Nunca na minha vida fui tão covarde. “Me desculpe”. Era tudo o que eu poderia pensar.

— Sasuke-kun… Me desculpe. Me desculpe. - Ela disse entre soluços. Não… Eu quem deveria me desculpar. Somente eu. Sakura agarrou-se a manga do meu kimono, escondeu o rosto choroso. O sol já dava indícios de que em alguns minutos iria nascer.

— Você não tem que fazer nada disso. - Minhas palavras saíram automaticamente, embora ela as tenha ignorado.  

— Eu não tenho outro lugar para onde ir. Orochimaru vai voltar. Na verdade, eu já sabia que isso ia acontecer, mas por um momento eu pensei que eu poderia ficar aqui pra sempre. Fui tão boba.

— O que você quer fazer Sakura? Pare de pensar um pouco nos outros. - Eu precisava dar um basta naquilo — Eu não te salvei para que aquele miserável destrua a sua vida. Seria uma morte lenta e dolorosa, eu seria incapaz de permitir isso.

— Sasuke-kun…

— Me escuta. Eu vou resolver tudo isso. Por isso estou partindo agora, mas por hora me prometa uma coisa. Que vai esperar por mim. - Naquele instante Sakura arregalou seus enormes olhos verdes. E eu podia jurar que nunca a vi tão espantada como naquele momento. — Prometa Sakura. - Sequei as lágrimas dela com uma de minhas mãos e com o dedo indicador toquei-lhe o queixo virando-a para mim. — Eu não vou entregar sua vida ao Orochimaru. Eu não vou permitir que ele te destrua... Que...

 

O olhar dela intenso sobre mim roubava-me as palavras. E me dei conta que talvez estivesse jogando todos os meus sentimentos ali num momento de puro desespero. e Fugi e hesitei durante tanto tempo que acabei me acostumando, mas aquele momento era diferente. Eu sentia que minhas mãos, antes destruidoras de tantas vidas e pessoas, pela primeira vez poderiam salvar alguém. Eu definitivamente precisava salvá-la.

Sakura se desvencilhou de minhas mãos que a apertavam com uma certa força, não suficiente para machucá-la, mas apenas o bastante para mostrar minha determinação. Ela passou as mãos por um de seus fios rosados e arrancou alguns. Eu sabia o que aquilo significava. Ela enrolou um deles em seu dedo mindinho, e deu um breve sorriso. Pela primeira vez eu não consegui entender o que ela estava pensando, a única coisa que sabia é que deveríamos fazer uma promessa.  Uma promessa para o resto da vida. 


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Notas finais do capítulo

Boa leitura amores e esperamos vocês nos próximos capítulos. ♥
A fic já está se aproximando de seu climax.



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