Meu Cupido Me Odeia escrita por Ilana Sodré


Capítulo 2
Ela a ama


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão ? Eu espero que bem. Esse é o segundo capitulo. Eu espero que gostem.

A música do capitulo é Your Song de Elton John : https://www.youtube.com/watch?v=VJaWmGVQ5Ws



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Capitulo 2 — Ele a ama

O amor é muito jovem para saber o que é consciência.

William Shakespeare

Há muito, muito tempo atrás.

Para que uma história seja bem contada, ela precisa começar pelos seus primórdios. E como estamos falando da história de amor — se é que podemos chamar isso de história de amor — entre James Potter e Lilian Evans, eu quero que vocês conheçam os mínimos detalhes, até os mais sórdidos.

James Potter, assim como os outros babacas amigos deles, se conheceram quando crianças. Todos moravam na mesma rua, frequentavam a mesma escola e eram como grandes amigos. Estudavam no mesmo colégio, frequentavam as mesmas festas e, até aquele momento, ia tudo as mil maravilhas. E é aqui que a história começa a desandar...

Era uma vez, por assim dizer, um garoto burro, realmente muito burro. Ele havia se apaixonado por uma de suas melhores amigas e, como nunca foi bom raciocinando, resolveu com seu cérebro de gênio auto sabotar sua imagem aos olhos da moça. O que era compreensível, nem todo moleque tem cacife para aguentar a dolorosa verdade da vida: Amar dói. Amar um melhor amigo dói mil vezes mais. E nem pense que eu estou o defendendo de alguma forma, pois não estou.

A história de como ele arruinou o que sentia é mais simples do que parece. Começou com pequenas mentiras, "Não, Lil você não está bonita", depois se tornou pequena ausências "Não Lil não posso sair com você hoje" e quando já era falta, ele se tocou de quão estúpido havia sido. Mas naquele momento, sua melhor amiga e primeiro amor, já havia se bandeado para o lado de outro rapaz — Muito mais inteligente, tenho que admitir. Aquilo destruiu o pobre coraçãozinho de JP e ele resolveu, em mais um ato de patetice, sair com qualquer garota que topasse.

A história dele e de Lily talvez tivesse futuro se ele não fosse tão covarde. Ou não fosse tão acéfalo a ponto de acreditar que, depois de afastá-la e tratar a relação dos dois como a ponta de uma iceberg ela derreteria como o aquecimento global da vida deles. James agora nutre um amor retraído por Lily e ela o despreza tanto quanto eu.

Aos 17 anos todos estavam preparados para o grande baile de formatura de Hogwarts. Alguns anos antes o sexteto havia combinado de irem juntos. Lily já não suportava James, tudo que ele fazia a deixava prestes a explodir de raiva. Tudo que ela sentia por ele já havia afundado em seu peito e o que ainda restava ela procurava esconder. Não queria ir ao baile com James, mas sabia que não poderia ir com nenhum outro rapaz do sexteto, Remus e Dorcas namoravam, Sirius e Marlene tinham um esquema tático para saber quem conseguiria ficar com outra pessoa no baile, uma pessoa já determinada por eles e para ela sobrava apenas James.

Havia sido convidada por alguns rapazes, mas ainda não havia respondido a convite algum, queria cumprir seu compromisso, por isso naquela tarde foi falar com James. Ele estava no treino de futebol e quando a viu surgir sentiu vontade de fazer algo para chamar a atenção dela e a forma que achou foi empurrar McLaggen na frente do gol. Lily balançou a cabeça irritada pela atitude infantil de James e pela violência do esporte. Ele foi até ela, correndo, suado, dando um sorriso animado para algumas garotas que estavam nos arredores no campo.

—O que veio fazer aqui, Lily ?

—Quero saber se aquilo do baile ainda está de pé.

—"Aquilo" ? — Ele sabia, claro que sabia. E ela, esperta como era, sabia muito bem que James sabia tanto quanto ela.

—O nosso trato do baile, James.

—Ah, isso. — Queria fingir que não se importava tanto e para Lily, aquilo pareceu mais isso. Parecia que James não se importava e ainda achava chato ir com ela. — Você que sabe. — Ele disse dando de ombros e Lily deu um sorrisinho , seu sorriso característico de quando fazia algo sem pensar, o que era muito raro, porque ela gostava de pensar milimetricamente em tudo que faria.

—Que ótimo, Potter — Outro indicio de que estava chateada era chamar James de "Potter". Ele queria falar algo e consertar aquilo, mas quando Lily abriu a boca, ele notou que toda a merda já estava feita: — Porque eu vou com Severo ao baile. Queria te dar chance de achar alguém, se bem que com essa sua popularidade, acho difícil que você já não tenha um par. — Sorriu de forma falsa, se virou e andou a passos rápidos para fora do alcance de James. Ela, naquele momento, já o odiava.

Lily tinha esperança. Sim, ela ainda tinha esperança. A mesma esperança que teve aos treze anos no primeiro baile da escola, aquele em que James havia a ignorado totalmente. Não devia sentir nada a respeito dele, mas bem no fundo queria que James voltasse a ser o que era, queria poder enxergar nele a o rapaz que havia roubado seu coração sem ao menos notar. Se arrumava pensando em quem iria ao baile com ele, pensando na meta que havia dado a si mesma. Se até o dia 25 de dezembro James não voltasse a ser o que era, ela faria seu coração parar de amá-lo, nem que tivesse que se enfiar de cabeça em qualquer outro projeto.

—Lily, querida, ele chegou. — Sua mãe gritou no andar de baixo e Lily se conformou. Havia imaginado aquele momento durante um bom tempo no últimos anos. Ela estava com a roupa perfeita, uma trança nos cabelos ruivos e o vestido dos sonhos. Ela desceria as escadas olhando para ele, James seguraria sua mão, a beijaria e os dois sorririam como se estivessem apaixonados um pelo outro. Sua mente na pré-adolescência trabalhava esse momento tão repetidamente que as vezes chegava a sonhar com ele. Naquele momento ela soube que aquilo nunca se realizaria.

Não era como se não gostasse de Severo, ou estivesse o enganando. Ela gostava, os dois eram amigos e por isso havia aceitado o convite dele, mas sentia como se estivesse sendo desonesta, como se o estivesse em algum momento o fazendo de idiota. A culpa lhe corroía a mente, queria que aquele fosse o melhor baile apenas para não desapontar Severo. Por isso quando o viu, a esperando perto da porta, lhe de um enorme sorriso.

—Você está linda, Lily.

—Obrigada, Sev. Você também está muito bonito.

Os dois se despediram dos pais de Lily e partiram para o baile, entre conversas animadas e uma parada no restaurante em que os amigos se encontrariam, os dois seguiam bem com a noite. O restaurante La Especialista era o preferido da turma, havia uma mesa com oito lugares posta e todos estavam lá quando eles chegara. Dorcas e Lene não aparentavam estar satisfeitas com o par de James, era Matilda, uma das garotas de James, como eles chamavam. James também não parecia satisfeito, mas sua carranca era por causa de Snape.

Os oito comeram e beberam enquanto conversar e mais conversas surgiam na mesa. Lily, por alguma obra do destino, estava sentada na frente de James, os dois ocasionalmente se olhavam, Lily tinha um tipo de fúria em seu olhar, algo que James não gostava nenhum pouco. Para Lily ele parecia decepcionado, ou talvez estivesse apenas arrependido de não ter aceito ir ao baile com ela. O que importou mesmo, para todos na mesa, foi o fim da fatídica ceia pré-baile. A limusine que levaria os oito os pegou às sete em ponto no restaurante e antes das oito da noite todos estavam dançando no grande salão alugado para a festa.

Existia uma peculiaridade nesses bailes em Hogwarts, algo que os alunos adoravam e que fazia com que a festa se tornasse ainda mais jovem a chamada "Virada". Era algo que acontecia a meia noite ia até meia noite e meia, depois a festa voltava a ser o que era. No noite da formatura a virada vinha com um quê a mais, antes de as luzes se apagarem os casais próximos tinham que trocar os pares, era algo simples, mas que deixava muitos casais em apuros. Talvez fosse aquela a graça, saber em quem se devia ou não confiar.

Quando a meia noite chegou, os amigos estavam próximos e por aquele motivo Dorcas trocou de par com Lene. Lily não havia pensado nessa descabida troca de casais até que o supervisor do baile pediu que todos trocassem os pares, ela e James estavam próximos, mais próximos do que os outros casais e assim Lily foi obrigada a deixar que Matilda fosse com Snape. O que aconteceu depois pegou James e Lily de surpresa. Ao contrário da tradicional valsa, uma música lenta começou a tocar.

É um tanto engraçado, este sentimento aqui dentro

Eu não sou um daqueles, que conseguem facilmente esconder

Eu não tenho muito dinheiro, mas garoto, se eu tivesse

Eu compraria uma grande casa onde poderíamos morar

James sabia que ele poderia ser seu momento. Seu único momento de consertar tudo com Lily. O ingênuo achou que se falasse algumas palavras bonitas, Lily, logo Lily, iria cair aos pés dele e perdoar todas as besteiras que ele já havia feito durante todos os anos desde que fez a carteirinha do clube dos babacas. Lilian Evans nunca foi como nenhuma outra garota que ele havia conhecido na vida. Mas ainda assim era igual às outras, ela não queria ouvir meio mundo de palavras sem significados, queria ouvir o que ele estava sentindo de verdade. E queria que ele fizesse isso logo, antes que a perdesse totalmente. Se é que algum dia ele já a tinha tido.

—Você está muito bonita. — Como se houvesse sido tocado por um anjo de inteligência, ao menos bom senso, JP lançou essa frase. Lily, que é um pouco mais baixa que ele teve que levantar o olhar para saber se James estava ou não falando sério.

Se eu fosse um escultor, mas também não sou

Ou um mago que fizesse poções em uma turnê

Eu sei que isso não é muito, mas é o melhor que posso fazer

Meu presente é minha música, e esta é pra você

—Obrigada, James. Você também está bonito. — Lily sentiu-se embaraçada de dizer isso a ele, mas queria retribuir o elogio. Fazia um bom tempo que os dois não conviviam com tamanha harmonia.

James começou a cantarolar a música. Aquilo pegou Lilian de surpresa. Ela, mais uma vez, levantou a cabeça para conseguir olhar nos olhos castanhos esverdeados de James e tentar descobrir o que ele estava pensando, ou o que estava tentando fazer. Ela desistiu ao ver que ele continuava lançando um olhar penetrante, difícil demais de desviar. Encostou a cabeça no peito dele para acompanhar o ritmo da música e gostou daquela sensação, sentia-se segura. Conseguia sentir o cheiro da colônia de James, podia até ouvir o coração dele que batia aceleradamente, como se estivesse próximo de uma morte iminente, com uma arma apontada para sua cabeça.

E você pode dizer para todos que esta é a sua canção

Ela pode ser bem simples mas agora que está feita

Espero que você não se importe, espero que não se importe

Que eu expresse em palavras

O quão maravilhosa a vida é, agora que você está no mundo

O cheiro de Lily era tudo que James precisava par se sentir bem. Fazia tanto tempo que os dois não ficavam tão próximos, aquilo estava fazendo dele o rapaz mais feliz daquele baile. Sabia que logo teria que devolvê-la ao par dela e por isso precisava se apressar se quisesse dizer o que sentia. Se quisesse contar que, no fundo do seu peito, debaixo de toda aquela camada de babaquice, ignorância, arrogância e idiotice, ele a amava. Tinha que tentar, tinha que fazer acontecer. Oportunidades não caiam do céu, aquela deveria ser aproveitada.

— Lily, preciso te contar algo. — Lilian começou a prestar atenção nele. — Eu tenho sido um bacaba de uns tempos para cá. — Lily controlou-se para não dizer outros adjetivos que ficariam muito bem ao lado do simples "babaca" de James. — Eu estou com medo, fui idiota dessa forma porque estava com medo do que sinto por você.

Eu me sento no telhado, limpo a poeira

Alguns destes versos, deixam-me muito irritado

Mas o sol tem sido agradável, enquanto escrevo esta canção

É por pessoas como você que ela continua acesa

Lily o olhou chocada. Suas mãos estavam nas mãos de James, os olhares dos dois estavam conectados e ela não sabia o que dizer para aquela revelação. O coração dos dois batia rápido e forte demais, James se inclinou para frente e acariciou os lábios de Lily com os seus. A segurou pela cintura e a trouxe para mais perto de si. Lily acariciou o rosto de James e então, como apagaram do nada, as luzes acenderam. Os dois estavam de olhos fechados, beijando-se quando notaram.

Snape os olhava de forma triste. Parecia arrasado demais até para falar algo. Lily se afastou de James a única coisa que não queria no mundo havia acabado de acontecer. Severo saiu do salão a passos apressados e por mais que ninguém estivesse o notando, Lily estava e aquilo doeu nela.

—Severo! — Ela estava pronta para segui-lo quando James a segurou pelo braços.

Então perdoe meu esquecimento pois faço destas coisas

Não lembro se eles são verdes ou azuis

De qualquer forma, o que eu realmente quero dizer

É que os seus são os olhos mais doces que eu já vi

—Não pode me deixar aqui, Lily. — James ainda segurava seu braço.

—Eu preciso falar com Severo. Ele veio comigo, James. Eu o magoei.

—Deixa aquele idiota lá, ele é um nerd frustrado, podemos ficar aqui e...

—Quase acreditei nas palavras que disse agora. Você sempre foi e sempre será um idiota. Não sei como eu pensei seriamente que havia mudado e que eu poderia te dar uma chance de... Me solte.

—Lily... —O olhar de Potter era suplicante. Lily balançou a cabeça.

—Me solte, Potter. — Ele a soltou. E ela nunca mais voltou para ele daquele jeito. Nunca mais.

E você pode dizer para todos que esta é a sua canção

Ela pode ser bem simples mas agora que está feita

Espero que você não se importe, espero que não se importe

Que eu expresse em palavras

Quão maravilhosa a vida é, enquanto você está no mundo

James ficou ali, parado no mesmo lugar, desde que Lily o deixou. Sabia que havia sido um babaca mais uma vez, e ser idiota, para ele, era como uma droga poderosa: Usa-se uma vez e se torna viciado para sempre. Foi naquele momento que JP perdeu as esperanças, esperanças que ele tinha desde o momento em que se apaixonou por Lily e soube que ela era a mulher de sua vida.

***

Dias atuais.

—Se você não me falar quem é, eu vou.... — Era a terceira ameaça que Potter me fazia e quando mais me ameaçava, mais medroso se tornava. Eu estava morrendo de vontade de sorrir, só não fazia isso para que ele não perdesse o medo. — Isso parece um daqueles filmes bizarros de Natal, é isso ? Eu tenho que encontrar três fantasmas e tentar mudar algo no meu passado ?

Eu não resisti. Tive que rir. Que garoto idiota. Filme de Natal ? Três fantasmas ? Ele estava assistindo filmes demais. Eu estava com Potter há menos de cinco horas e ele ainda estava desesperado, querendo saber mais sobre mim e com aquele olhar que dizia que estava com muito mais medo do que aparentava. Mas eu não havia falado com ele e esperava não ter que falar. Sempre gostei de transmitir meu desprezo pela expressão e pelo olhar. E, naquele momento, percebi que eu estava fazendo meu trabalho direito.


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