Sabe quando você está correndo e escorrega como se o chão sumisse de debaixo dos seus pés? Estou assim desde que o Oliver foi embora.

Tem sido difícil, para todos nós, particularmente para a Felicity, ela está mais magra, menos falante, a não ser quando tem tequila envolvida, e sem nenhum sorriso.

Contamos para a Thea, ela reagiu mal, mas aceitou, e hoje ela considera ele um herói. Estamos mais próximos, acho que ela está perdoando todas as mentiras. Ainda a amo, mas não sei se teríamos uma chance.

Outro dia, desci na boate e a encontrei conversando com otraje do Oliver enquanto chorava e sorria.

FLASHBACK ON

Estou descendo as escadas quando ouço a voz da Thea e seus soluços. Desço silenciosamente e me entristece o que vejo.

– Ollie, eu não te julgaria... Pra mim o arqueiro sempre foi um herói, você sempre foi meu herói... - Ela põe o rosto nas mãos e chora mais um pouco. - eu ainda não te perdoei por não ter me contado, por ter ido de encontro a morte, por ter deixado a mim, ao John, ao Roy, a Licity. Nós nos tornamos amigas, acredita?

"Ela te ama, e se você morreu, ela vai se culpar por não ter dito que te amava... Eu teria te ajudado também sabe?

Ela fala tentando segurar o choro, e fazendo carinho na roupa. Acho que cada um de nós falamos com algo aqui que nos ligue a ele pra desabafar.

Depois de ouvir a última parte, eu não consigo me controlar e respondo a ela.

– Por isso ele não te contou. Você também tem alma de herói.

Ela me olha assustada, antes de por a máscara de menina fútil e me responde de uma forma que preferia estar apanhando mil vezes do que ter ouvido ela me tratar dessa forma.

– O que quer Harper, veio rir das minhas lágrimas? - Isso doeu de uma forma que não consegui encobrir a tristeza na minha voz. Ela foi em direção as escadas, quando passou por mim eu segurei seu braço.

– Não, eu não teria coragem. Eu queria poder te consolar, mas não posso. Eu prometi ao Ollie que cuidaria de você, e é o que eu vou fazer, eu disse que não te abandonaria, eu não vou.

Ela me olhou surpresa, antes de sorrir e ficar vermelha.

– Desculpa, eu não devia descontar em você. Eu não tenho esse direito.

Eu soltei seu braço, e antes dela subir eu disse.

– Está tudo bem. Eu sempre vou cuidar de você. Eu ainda te amo, só não tenho mais caminho para o seu coração.

Ela parece pensar em algo, sorri, me olha e corre pra mim, e me beija. Como eu sentia falta dela. Agarrei sua cintura e seu cabelo e a puxei em minha direção, até que não existia mais esspaço entre nós. Quando o ar se fez necessário, ela nos separou, sorriu, e antes de correr para as escadas me disse.

– Você nunca vai achar o caminho para o meu coração, você já está lá.

FLASHBACK OFF

– Roy... - Eu já estou sorrindo antes de virar. Ela é a única que me faz sorrir no meio de tudo isso.

– Oi Thea. - Ela sorri hesitante, como se estivesse com medo de algo.

– Eu queria saber se você não quer jantar lá em casa hoje? - Eu tento conter o sorriso mas falho miseravelmente.

– Claro que sim Thea.

Essa é a minha chance, eu não vou desperdiçar. Eu vou ter a mulher que eu amo de volta, ao meu lado, eu vejo o quanto dói na Felicity ficar sem o Oliver, ela está sem esperança. Esperando a morte na caverna, como ela falou que ele estava, quando a Sara foi morta.

2 HORAS DEPOIS

Toquei a campainha algumas vezes e nada. Me viro, já indo embora quando ouço o trinco e uma Thea linda aparece, com os cabelos molhados e descalça num vestido roxo.

– Desculpe, estava no banho. Queimei o jantar.

Comecei a rir quando ela me bateu e fiz uma cara de dor, o que fez ela cair na gargalhada e eu a acompanhei. É tão bom fazer isso de novo, mesmo que raramente.

– Podemos pedir. Chinesa? Italiana? Tailandesa?

Acabamos ficando com a chinesa, a comida chegou minutos depois, quando íamos comer meu celular toca. Dig.

– Oi Dig. O que houve? - Que estranho. Ele disse que essa seria minha noite de folga. E então meu coração falha uma batida, e antes dele terminar eu já estou a caminho da porta. Mas a Thea segura meu braço, me parando, já com lágrimas nos olhos.

– O que houve Roy? O que houve?

– A Fel... Ela se machucou em casa, o Dig está levando ela para o hospital. Ela perdeu muito sangue. - Ela fica branca, corre pra dentro de casa e volta já com uma bolsa.

– Vamos. – Eu franzo a testa. - Não me olhe assim, é da Licity que estamos falando. Eu NÃO vou ficar aqui.

Eu dei um pequeno sorriso antes de pegar a mão dela e corremos para minha moto, que estava parada lá embaixo. No meio do trajeto o celular dela toca. Lyla. Ela avisa que estava a caminho comigo.

Chegamos ao hospital e encontramos um Dig muito nervoso. No momento que nos viu, sou capaz de dizer que vi um flash de um sorriso lá, só então me dou conta que estou de mãos dadas com a Thea.

– O que houve John? - A Thea já foi perguntando com a voz embargada pelas lágrimas não derramadas.

– Eu a deixei em casa e fui em direção a minha casa. Algo me mandou voltar, voltei correndo, subi correndo, bati na porta, nada, então arrombei e a encontrei caída no chão do banheiro numa poça de sangue.

" Os batimentos dela estavam muito baixos. Os médicos estão fazendo o possível, mas eles não tem o tipo sanguíneo dela, nenhum de nós é compatível, só o...

A voz dele foi se perdendo em meio a emoção. E eu fui colhendo a Thea nos meus braços. Ela chorava compulsivamente. Eu completei.

– Oliver. - Ele acenou que sim. Eu tive uma ideia. - Mas, nós não mantínhamos sangue guardado, para emergências? Por que não pegar uma bolsa?

– Por que acabou. Eu mandei a Lyla ir conferir. Agora ela só tem 48 horas para um doador aparecer.

A Thea chorou mais ainda. E eu tive aquela sensação de novo. Estava correndo e então o chão sumiu de debaixo dos meus pés. O chão que estava tentando reconstruir, desabou. O que me manteve em pé, foi a necessidade de cuidar do amor da minha vida, que agora chorava compulsivamente nos meus braços. Eu não posso deixá-la quebrar.

– Eu... Não... Posso... Perder... A... Licity... Também... - Eu a apertei mais um pouco.

– Você não vai.

Não pode ser. Não pode ser.

Quando nós víramos, lá estava ele, vivo, e vindo em nossa direção.

– Oliver... – Falamos em uníssono.