Smother escrita por stardust


Capítulo 7
I like to be with you


Notas iniciais do capítulo

Sabe um cap meio chatinho, meio desimportante, em que nada acontece? É esse. Mas leiam do mesmo jeito c: o próximo vai compensar (e MUITO) o fato desse aqui ser chato e sem muita importância. :3



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Um dia depois eu estava em meu quarto escuro de madrugada, encarando o teto. Estava tentando dormir há 3 horas, sem sucesso. Virei pro lado contrário pela milésima vez, e vi uma claridade fraca através da cortina. Levantei, fui até a janela e observei a casa de Emma. Seu quarto estava com a luz acesa e eu conseguia ver sua sombra pela sua cortina. Estava sentada em cima da cama, de cabelos soltos, com um cigarro na boca.
Franzi a testa e continuei observando.
Ela pegou algo do seu lado, o que me parecia um violão. Assim que comecei a ouvir uma melodia bem baixa, tive certeza de que era.
Era uma música suave, lenta e bonita. Sem perceber, fiquei parado ali no parapeito da janela até que ela parasse de tocar. Eu não fazia ideia de que Emma sabia tocar violão.
Ouvi mais duas músicas, até porque não iria sair dali nem que quisesse. Ela ficou parada, colocou o violão sobre a cama e abriu as cortinas. Abaixei a cabeça, mas ela me viu. Ficou me olhando com as sobrancelhas erguidas e uma expressão curiosa. Deu um sorrisinho e fechou as cortinas. Franzi a testa e voltei a dormir.

Algumas horas depois, acordei com os olhos doloridos. Passei as mãos pelo rosto e bocejei. Fui ao banheiro, e quando voltei, Emma estava ali, sentada na janela, balançando os pés.
“Meu Deus, quer me matar de susto?”, pergunto, e ela sacode a cabeça, com um sorrisinho maroto.
“Bom, eu vou sair hoje. É, de novo. Você vai junto, minha mãe leva a gente e volta pra cá”, ela disse, decidida. Dei de ombros.
“Acho que não tenho escolha”, respondo sorrindo. Ela revira os olhos e sorri levemente.
“Vou te esperar lá embaixo, não demore muito.” Ela pula da janela logo após terminar a frase.
Coloco uma roupa decente e meio que me arrumo um pouco. Desço as escadas e encontro minha mãe dormindo no sofá, com a TV ligada, que eu desligo. Dou um beijo em sua testa e saio.
A mãe de Emma sai de sua casa, com a filha atrás, de braços cruzados.
“Charlie! Oi, querido, oi”, ela diz, e me dá um de seus abraços esmagadores.
“Oi, Sra. Adams... Obrigado por deixar que eu fosse junto, ahn... É.” Percebo que Emma deu uma risadinha de mim. Ela sacode a cabeça pra tirar o cabelo do rosto suavemente, e indica o carro com os olhos.
A Sra. Adams senta no banco da frente e mexe numa telinha que estava acoplada no parabrisa.
“Emma... Me ajude aqui”, ela pediu. Emma mexe na telinha e então percebo que aquilo era um GPS, e só me resta me perguntar por que será que ela precisava de um pra andar na própria cidade. Antes que eu conclua qualquer pensamento, Emma virou pra mim.
“Nem pergunte”, ela diz.
“Não seja rude, Emma.” A mãe dela também se vira pra mim. “Eu meio que me esqueci de como é a cidade... Sente”, ela interrompe, falando com Emma, que revira os olhos e obedece meio relutante. “Então... Vamos lá.”
Eu ia perguntar pra onde estávamos indo, mas acabei por desistir. Emma estava com o braço encostado no apoio da porta do carro, e o queixo apoiado na mão. A paisagem parecia distraí-la bastante, que estava com os olhos fixos e expressão séria. Suspirei fundo e desviei o olhar, parando de reparar nela.
Nenhuma palavra foi proferida até a Sra. Adams estacionar o carro.
“Bem, deixo vocês aqui e vocês podem andar o resto, sim?”, ela perguntou.
“Tá”, Emma respondeu. Ela abriu a porta e desceu, então fiz o mesmo.
“Divirtam-se. Tchauzinho”, foram as últimas palavras da mãe dela.
Emma revirou os olhos e olhou em volta. Estávamos perto do centro, eu acho. Tinham algumas lojas de roupas e bijuterias, móveis e coisas assim. E também uma ruazinha aconchegante, com cafeterias e lojinhas não muito chamativas. Quase fiquei feliz quando Emma começou a andar naquela direção, até porque café me agradava muito mais do que joias e sei lá mais o quê.
“O que viemos fazer aqui, exatamente?”, pergunto, seguindo-a.
“Encontrar uma velha amiga minha”, Emma responde, e cruza os braços, com uma expressão pensativa. “Esqueci meus cigarros”, ela murmura, parecendo frustrada.
“Que ótima notícia.”
“Vou comprar uns depois”, ela disse, erguendo as sobrancelhas.
“Só por cima do meu cadáver”, respondo, rindo. Emma ri também e me dá um soquinho no braço.
“Quem é você pra me impedir, idiota?”, zombou ela. “Ok, não vou comprar. O idiota acabou vencendo!”
“HÁ!”, exclamo. Ela ri suavemente e sacode a cabeça negativamente, como se desaprovasse isso.
“Aqui”, ela disse, e entramos em uma cafeteria aparentemente agradável de se estar. Emma desvia de mesas e cadeiras, fazendo um caminho até uma vazia no fundo do estabelecimento, e do lado do local onde ficavam os docinhos e o local para se pedir café.
“Logo ela chega... Pode pedir alguma coisa, se quiser.”
“Acho que eu não trouxe dinheiro”, digo, colocando as mãos nos bolsos. Curiosamente, encontro certa quantia de dinheiro, meio destruído.
“O quê é que você fez com esse dinheiro?”, ela pergunta, franzindo a testa.
“Devo ter esquecido no bolso e minha mãe lavou a calça com ele lá.”
“Tão esperto”, ela murmura, sem seriedade no rosto.
“Quer algo?”, pergunto. Ela pensa um pouco e nega. “Certeza? Eu pago.”
“Não, não, obrigada. Não tô com fome nem sede.”
“Tudo bem então.” Levanto e vou até a vitrine de doces. Pego um pãozinho doce e um copo bem generoso de café.
“Café?”, pergunto.
“Tá, isso eu aceito”, ela responde, e toma um gole mínimo. “Obrigada. Meu Deus, como eu queria fumar agora.”
“E não vai”, digo, fingindo uma cara de mau. Ela põe a mão na testa e ri.
“Você não tem jeito.”
Um tempo depois, uma moça de longos cabelos ruivos entra no lugar. Emma se levanta, indo até ela, e elas se abraçam.
Não consigo ouvir a conversa ao longe, mas a medida que elas chegam na mesa, começo a ouvir.
“Este é Charlie, um amigo”, Emma me apresenta à moça. Ela aparenta ter no máximo 28 anos.
“Olá, Charlie, meu nome é Clarice. Prazer em conhecê-lo”, a moça diz, sorrindo, e puxa uma cadeira ao lado de Emma pra se sentar.
“Clarice era minha psicóloga... E amiga. Na verdade nós nunca falávamos como se ela realmente fosse só uma profissional que ganhava dinheiro pra me ouvir falando besteira. Era realmente uma conversa amigável.”
“Não eram besteiras! Eu gostava de ouvir.”
Enquanto elas conversavam, preferi não me intrometer. Respondi normalmente quando me falavam algo, mas se não, eu continuava quieto. Achei melhor não incomodar, afinal, elas pareciam realmente amigas e não se viam há um bom tempo. Pelo menos eu até entendia a conversa, já que conhecia Emma na época em que Clarice a conheceu também.
Depois de um tempo, elas se despediram. Achei Clarice bem simpática, e ela parecia fazer bem à Emma. Me despedi dela também, que prometeu encontrar-nos mais vezes.
“Ótimo te ver”, Emma disse, abraçando-a. “Bom, você tem meu telefone, me ligue sempre que puder e que quiser.”
“Vai ter que me aguentar te ligando muito!”, ela respondeu, sorrindo. “Agora realmente tenho que ir. Até algum dia... e Charlie, foi ótimo te conhecer”, disse, dando dois tapinhas no meu ombro.
“Igualmente”, respondi.
Depois de mais algumas despedidas, éramos novamente só Emma e eu.
“Você deve estar se perguntando porque eu te trouxe comigo, né?”
“Apesar de isso não ter sido incômodo, sim”, afirmo, tomando o último gole do meu segundo café.
“Acho que nem eu sei. Vamos sair daqui que eu tento explicar”, ela propôs. Franzi a testa e concordei.
O sol estava se pondo, e a cidade não estava muito agitada. O clima estava bem agradável, ventando suavemente. Graças ao vento, senti o perfume de Emma, que também era bem agradável.
Andamos até o fim daquela rua aconchegante que eu na verdade nunca estivera muitas vezes. Tinha uma pequena pracinha vazia, com alguns canteiros de flores e uma fonte bem pequena também. Mas era um lugar bonito.
Emma foi até um canteiro e tirou uma flor que estava caída ali. Observou-a por dois segundos e sentou em um dos poucos bancos da pracinha circular.
“Com a Clarice, eu sempre fui eu mesma mais do que era com qualquer outra pessoa. E acho que você deveria saber também como eu realmente sou, só que na maioria das vezes não demonstro”, ela disse. Tirei a flor da sua mão e a coloquei em seu cabelo. Ela virou seus olhos azuis e exuberantes para mim, piscando-os lentamente, com a testa suavemente franzida. “E também te trouxe porque gostar de estar com você”, ela completou. Acariciei sua bochecha com o dedo e tirei dali alguns fios de cabelo. Ela suspirou profundamente e encostou a cabeça no meu ombro. Senti seu perfume suave e uma súbita vontade de abraçar ela. Só acolhê-la em meus braços, de repente. E ficar ali, a noite toda, desse jeito. Com ela.
“Eu admirava as estrelas por elas serem brilhantes. Não faz sentido agora, mas quando eu era uma criança bobinha, fazia”, ela disse, com o tom de voz baixo.
“Talvez ainda faça. É... interessante. Elas nunca param de brilhar, é meio que o dever delas. Iluminar o céu escuro, embelezar as noites de muitas pessoas. E tem pessoas que são como as estrelas.”
“Você tá começando a entender de metáforas”, ela concluiu, sorrindo suavemente.


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