Words unsaid escrita por katchadourian


Capítulo 1
(Re)lembrar


Notas iniciais do capítulo

é um capitulo chato



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O inicio do verão, trazia o fim de muitas coisas.

Não tem nada mais difícil de lidar do que o fim de alguma coisa que se ame muito, é difícil lidar, mas, é como parte da história de cada pessoa.

Mesmo que seja difícil aceitar, é o que acontece.

Eles iam completar quatro anos em abril, porem, as coisas não foram como imaginavam antes. Há uns meses atrás, nenhum deles poderia imaginar que acabaria assim.

Ela se foi, e ele apenas a observou pela janela do apartamento, ignorando o sentimento que o fazia querer correr atrás dela e não deixa-la ir. Talvez tenha sido o orgulho, ou o medo, ele preferia não pensar nisso no momento.

E as semanas passaram, e ela aparecia as vezes para buscar uma coisa ou outra, como se fizesse questão de fazê-lo lembrar que tudo o que ele tinha era em parte dela também. E os moveis foram sumindo. Ele não brigou por nada, até que restou apenas o colchão e um computador, as caixas de papelão com as roupas amassadas, a geladeira e as coisas que ela não fez questão de tomar.

– Como você esta? – perguntou Hiroto, enquanto estavam em uma lanchonete, depois do expediente.

Apesar dos dias quentes, sempre ventava muito a noite. Quase sempre podia se sentir frio.

– Normal – respondeu Haruya, fazendo careta para a bebida – só meio entediado, normal.

– Talvez vocês pudessem conversar e resolver as coisas..

– Pra que? Eu não preciso disso, estou bem sozinho.

– Se você diz.

A garçonete se aproximou, dando um leve sorriso para os dois ruivos e perguntando se desejavam mais alguma coisa. Hiroto acenou que não e pediu a conta, lançando um olhar decepcionado ao amigo, que verificava o celular.

Mesmo tentando parecer indiferente, Hiroto podia ver a aflição do outro em seu olhar. A sensação de que nada tinha sentido, tinha graça ou importância. O rapaz também conhecia essa sensação muito bem, poderia ate dizer que já havia se acostumado com ela. No entanto, era diferente para o outro garoto. Apesar de tudo, Nagumo Haruya era um cara sensível, arrogante demais para se deixar demonstrar isso, mas realmente sensível. Ele não sabia lidar com essas coisas, até porque, depois de anos ao lado de Hasuike An, não havia realmente experimentado a sensação de perder alguém que se amava.

Eles acabaram tão de repente quanto começaram.

– Você não quer ir para minha casa? – perguntou Hiroto, depois que saíram da mesa.

– Para que?

– Não sei, podemos fazer alguma coisa, amanha é domingo mesmo...

– Não estou a fim de ter que aturar você e seu namoradinho chato – falou Nagumo com certa rispidez, começando a andar mais rápido.

– Melhor do que ficar sozinho naquele lugar vazio aturando a apenas a própria chatice.

– Porque você se importa? Me deixa em paz, Hiroto...

– Não seja tão chorão, Nagumo.

Hiroto se dirigiu ao seu carro vermelho, estacionado de forma provavelmente incorreta ao lado do hidrante. Pegou as chaves do bolso e deu um sorriso desanimado para o outro, que parou um pouco longe para observa-lo, franzindo a testa.

– Posso ao menos oferecer uma carona? – perguntou.

– Eu moro a uns três quarteirões daqui – respondeu Nagumo, com certa ignorância – me poupe.

– Você quem sabe.

Hiroto deu de ombros e entrou no carro. Minutos depois, já estava longe o suficiente para que Nagumo percebesse que ficou distraindo, observando o carro partir. Os pensamentos pareciam sumir de repente e ele apenas ficou um tempo parado, tentando se lembrar do que devia fazer.

– Que merda! – resmungou para si mesmo, mordendo a língua.

Era difícil pensar. Tudo o que ele sentia pesava sobre seus ombros, como se sua tristeza fosse uma coisa solida, que era carregada onde quer que ele fosse. O sentimento de estar a espera de algo que se sabe que não vai acontecer, a sensação de ter sempre algo faltando, algo importante.

Como um calor humano esperando que ele chegasse em casa, algo que ele pudesse tocar, lhe fazer companhia, esquecer as coisas que o atordoavam durante o dia-a-dia. E mesmo que An já não lhe desse tanta atenção a ponto dele não guardar frustrações, ele ainda sentia falta de sua presença. Se ela estivesse lá, mesmo que para reclamar de alguma coisa trivial, ele se sentiria melhor.

E pensar nisso, o fazia se sentir um idiota.

Ridículo”.

--

A caminhada durou mais do que poderia se esperar. O garoto sentia-se rastejando pelas escadas, e mal notou quando entrou em casa com os sapatos sujos e pisou no carpete. Chegou a se deitar, mas era como se tudo o que ele queria evitar pensar fosse à tona quando se jogava em seu colchão surrado. E mesmo cansado, foi para o computador.

Jogos eram um saco, as redes sociais também. Tudo na internet parecia chato. Tudo em qualquer lugar era chato. Mesmo assim, ainda era a única opção que ele tinha, alem de deitar e deixar sua mente lhe castigar com memórias e pensamentos autodepreciativos.

Havia um numero considerável de mensagens ignoradas em seu facebook. Ele se perguntava porque diabos ele ainda tinha uma conta lá. Eram pessoas que ele não tinha vontade de falar, nenhuma delas era An, ou alguém que fosse ter alguma importância. Seu feed era repleto de postagem que ele julgava ridículo, de pessoas ridículas. Como as fotos de Hiroto com seus outros amigos mais divertidos, em suas raves e atividades sociais, as postagens sobre superação de pessoas que ele nem sabia porque tinha adicionado, as indiretas, as imagens fofas. Tudo entediante.

A coisa menos tosca que ele via era alguma fotografia bonita dos ensaios de Aphrodi, que havia começado uma carreira consideravelmente boa como modelo e fotografo. Nagumo não comentava sobre isso com ninguém, mas sempre o achou um cara realmente atraente.

Não apenas ele, mas como outros...

E essas coisas sempre o perturbou um pouco.

Ele sempre tentou ignorar, mesmo assim, vez ou outra, se aventurava em olhar alguma coisa mais excitante e homossexual na internet. E era difícil para ele não reparar em alguns caras consideravelmente atraentes que ele costumava ver com alguma frequência. Como Kiyama Hiroto, ou Fubuki Shirou.

Mas naquele instante, era no álbum de Aphrodi que ele estava interessado, mesmo que não de uma forma depravada. Apenas achou interessante como o cara havia ficado ainda mais atraente nos últimos anos. E fuçando entre as fotos, ele encontrou uma que o fez parar o cursor e travar por uns instantes.

A data era de algumas semanas atrás. Um lugar que parecia um parque ou coisa assim, que ele julgou que não era na mesma cidade. O rapaz olhava para a câmera com um olhar leve, meio tranquilo, mas não realmente sorrindo. Os olhos azuis e a feição levemente marcada com poucas sardas de sol pareciam não ter precisado de muito photoshop para parecerem tão belas.

Era Suzuno Fuusuke, impossível esquecer.

Narugmo fez uma careta para a tela do computador.

“Esse idiota não mudou porra nenhuma, só que é estranho ver ele assim.. tão bem?

O que te fez parecer tão bem nessa foto?

Quanto tempo faz que eu não te vejo?”.

O ruivo voltou a fazer uma careta, mas dessa vez para os próprios pensamentos.

Ele pensou em fechar a pagina e desistir da internet, porem, não resistiu em entrar no perfil marcado pela foto.

Não tinha muita coisa para se olhar. Poucas fotos, poucas postagens. Álbum de amigos bloqueado, e a foto de perfil era bem neutra, comparada a que tinha sido vista minutos antes.

Suzuno havia se mudado a uns anos, porem, o contato entre ele e Nagumo já havia se tornado escasso bem antes. mais ou menos na mesma época em que o ruivo começou a namorar, e largou a faculdade. Suzuno não pareceu fazer questão de falar com ele realmente. Poucas foram as vezes que eles se encontraram antes dele sumir de vez, e geralmente, o branquelo apenas o olhava com desprezo e ignorava sua presença.

Na época, Nagumo interpretou apenas como uma provocação do garoto arrogante, e foi orgulhoso demais para demonstrar preocupação com isso. Preferiu fingir que não ligava. E por um tempo, ele pensou realmente que não ligava.

Entretanto, aquela noite, ele se sentiu estranho ao pensar em Suzuno.

Desligou o computador e apenas arrancou a roupa do corpo e substituiu por algo mais leve,e deitou-se.

Começou a se lembrar da época da escola, quando sonhava em ser jogador de futebol. Nas discussões que tinha com seus amigos, e nas brincadeiras. Parecia tudo muito ridículo para ele agora, com seus 23 anos, as coisas que ele julgava divertido quando tinha apenas 15. Chutar bola, caçar briga com os valentões, matar aula. Ir para a casa de Fuusuke e comer todas as coisas gostosas que tinham na geladeira, e reclamar porque não foi adotado por uma mulher que cozinhava tão bem.

Ele sentiu vontade de bater no próprio rosto quando se lembrou de como se sentiu confuso em certa época, quando ele começou a perceber as pessoas de forma sexual. Como ele ficava nervoso quando estava sozinho com Hiroto, ou Suzuno. E a única pessoa que ele compartilhava essas esquisitices era com Shigeto. Outra pessoa que ele não fazia ideia de onde estava.

Era estranho sentir falta dessas coisas logo agora, mas, ele se sentiu menos ruim. Pensar nisso pareceu deixar ele um pouco mais leve, o suficiente para ele cair no sono em ter sua sessão de tortura emocional. Porem, ele ainda tinha em sua consciência de que o dia seguinte não tinha nada de bom o esperando.

Ou pelo menos, ele achava que não.


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Notas finais do capítulo

eu só queria escrever sobre como Nagumo estava se sentindo, então nada realmente aconteceu. é como uma especie de introdução para a historia. im sorry



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