Fins e Meios escrita por SatineHarmony


Capítulo 6
Trovão




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Rokudo Mukuro era uma pessoa bem resolvida — ele sempre soube o que queria, quando queria, como queria. Ele nunca passou por momentos de indecisão comuns para quase todos, nunca se encontrou numa encruzilhada e perguntou-se qual caminho deveria tomar — por ter seus objetivos claros em sua mente, todas suas ações faziam parte de um grande plano chamado "vida", e ele era capaz de prever até mesmo os menores obstáculos e dificuldades desta. Sendo assim, nunca hesitou.

Até agora.

O plano estava todo esquematizado — ser guardião dos Vongola até encontrar o melhor momento para possuir o corpo do Vongola Décimo, Sawada Tsunayoshi —, os obstáculos haviam sido ultrapassados — a batalha dos anéis, ganhar a confiança dos ingênuos membros da família — e, o fundamental — paciência —, Rokudo Mukuro tinha mais do que o suficiente — ser afobado nunca fora uma de suas características. Mas o que havia mudado? Por que ele agora se sentia diferente?

Dissimulação, era tudo mentira — ele tinha plena consciência do que estava acontecendo, mesmo na situação inusitada em que estava. Rokudo sabia o porquê de seus olhos sempre escorregarem para seguir os movimentos dele, a forma como observava intentamente aquele par de mãos que costumava fazer gestos mínimos, como se tivesse vergonha de se expressar — claro, ele era assim até ser pego de surpresa; então partia a gaguejar, estalar os dedos, mexer a cabeça compulsivamente. E, quando sua voz tornava-se séria, soando aquele timbre baixo mas não muito grave, Mukuro dava um sorriso de orgulho ao notar o quanto aquela criança crescera com o passar do tempo. Ah, sim, aquela criança por quem estava apaixonado há mais de três anos.

Sawada Tsunayoshi.

Rokudo Mukuro é forte — não só física como psicologicamente. Ele era completamente capaz de suportar pelo resto de sua vida aqueles desnecessários sentimentos trancafiados dentro de si — na verdade, Mukuro não tinha dúvidas de que eles terminariam antes que ele morresse —, portanto nunca fora sua intenção de fato fazer algo a respeito — não, ele não faria uma declaração piegas ao garoto, isso não era de seu feitio. Mas é óbvio que o destino decidiu dar-lhe uma chance, e seu coração disse sim antes que sua razão pudesse negar a oferta.

Mukuro lembrava-se claramente daquele dia, dois anos atrás.

* * *

Tsuna não se conformava com o fato de que Chrome permanecia no prédio abandonado de Kokuyo Land mesmo após tornar-se adulta e ter conseguido um emprego. Ele a compreendia até certo ponto — ela passara a maior parte de sua adolescência ali, porém... Franziu os lábios consigo mesmo enquanto percorria com cautela pelos corredores escuros.

Avistou Ken e Chikusa apoiados contra uma parede e, em vez de insultarem-no ou reclamarem por ter invadido seu território, eles apenas lançaram-lhe um olhar sério e preocupado — Chrome estava há quase uma semana agindo estranha, isolando-se do mundo mais do que o normal, e esses dois não tiveram outra opção a não ser contatar os Vongola. Tsuna pensara em chamar Kyoko, Haru ou até mesmo Bianchi para conversar com a garota, porém algo dentro de si — a sua hiper intuição, talvez? — lhe dizia que não era Chrome quem se sentia amuada.

Alcançou o cômodo no qual ela estava — uma das inúmeras salas sombrias e vazias do lugar — e encontrou-a sentada com as costas voltadas para a porta, o rosto de frente para um canto do recinto.

— Chrome? — foi como se Tsuna tivesse usado o nome da garota a fim de pedir permissão para iniciar uma conversa.

— Boss, eu... — ela inspirou fundo ao dar uma pausa — Ele está mais próximo de mim do que o normal. — disse de uma só vez, como se as palavras tivessem escapado de sua boca — Está tudo misturado, e isso é estranho. — confessou num fio de voz. — Eu estou preocupada com o bem-estar de Mukuro-sama.

Sua hiper intuição estava certa, afinal. Com um suspiro, ele passou as mãos pelo cabelo castanho, pensando no que fazer.

— Mukuro, eu sei que você está aí. Saia, por favor, para nós termos uma conversa? — sua incerteza era tal que a afirmação pareceu ser uma pergunta. Ele não gostava de pedir coisas a Rokudo — ele já sabia muito bem o quanto este era ágil, manipulador e aproveitador, o que só o tornava uma pessoa mais perigosa de se lidar com.

— Kufufufu... Me chamou? — ouviu uma voz familiar dizer e, mesmo sem ver o rosto, Tsuna já sabia quem estava ali.

— Sim — Sawada esforçou-se para parecer confiante. Nem dez anos no controle da Vongola o fizeram parar de temer o homem à sua frente. — Eu não posso tê-lo perturbando Chrome; ela faz parte da minha família e eu não aceitarei isso. — Rokudo sorriu com o uso do possessivo — Conserte o que quer que esteja incomodando você e pare de atrapalhá-la.

— Você foi direto ao ponto, hein? — o ilusionista elogiou — Antigamente você me faria mil e uma perguntas antes de tomar coragem para falar o que queria. — seu tom era quase nostálgico.

Virou-se, finalmente deixando Tsuna ver seu rosto. Este estava com a boca aberta, parecendo estar prestes a dizer algo, quando sua fisionomia sofreu uma mudança extrema. Antes ela chegava a estar dura, rígida, mas em questão de segundos suavizou-se, testa franzindo de tensão, lábio inferior sendo mordido em hesitação e olhos cheios de pena — um olhar que Mukuro não era capaz de suportar por muito tempo.

— Você está triste. — o sussurro de Tsuna ecoou pela sala vazia.

Não houve resposta — Rokudo apenas sentou-se mais confortavelmente no chão, recostando-se na parede mais próxima. Braços cruzados, olhos focados em algo que parecia ser bem interessante, na direção oposta de Tsuna. Se ele tivesse se guiado pela expressão facial do guardião da névoa, Sawada diria que ele estava normal, com o mesmo sorriso divertido nos lábios e seu costumeiro olhar analisador. No entanto, algo faltava — algo indescritível. Alma? Vida? Personalidade? Qualquer que fosse a resposta correta, não importava. O Décimo Vongola tinha como maior qualidade sua capacidade de empatia ligada à hiper intuição, e ele tinha certeza que algo estava errado com o inabalável Rokudo Mukuro.

— Eu não mordo. — o guardião da névoa comentou de forma casual.

Carência? Solidão?, Tsuna logo passou a listar inúmeras emoções, buscando a que estava estranhamente estampada no rosto do outro. Deu passos curtos e lentos até ele, sentando-se à sua frente de pernas cruzadas.

— Você quer falar algo, mas não consegue. — observou fracamente, temendo a reação que receberia.

— Isso, Sawada Tsunayoshi, tente me ler. — Rokudo revirou os olhos.

— Reborn ficaria tão orgulhoso de mim agora. — Tsuna não o olhou, com medo de perder a coragem de falar — Eu previ isso, mas admito que demorou bastante tempo para acontecer. Tanto tempo que cheguei a pensar que isso nunca aconteceria. — levantou a cabeça, encontrando o mais velho com uma sobrancelha erguida interrogativamente. — Muito tempo atrás, quando eu estava no futuro, eu fiquei surpreso em saber que você ainda era prisioneiro dos Vindice depois de dez anos. E você agia com tanta naturalidade... Você é forte.

— Kufufufu, você veio aqui para levantar minha autoestima, Tsunayoshi?

— Não mesmo, seu ego já é grande o suficiente — deu um sorriso amarelo, levando uma mão à nuca. — Você sabe por que eu estou aqui. Sua má vibração está alcançando Chrome, e nós dois não queremos que ela seja afetada. Não, não, não! — começou, em pânico, ao ver o rosto de Mukuro endurecer, como se insultado com o que dissera — Eu não quero culpá-lo, é só que... Eu quero ajudá-lo, e seria ótimo se você me desse a chance de fazê-lo.

— Ajuda, como? Você me dará o seu corpo? — Rokudo sorriu, estreitando os olhos em interesse.

— Mukuro! — Tsuna exclamou, ficando vermelho de vergonha. Piscou os olhos algumas vezes, parecendo notar algo. Por acaso ele estava vendo um brilho no rosto de Mukuro?

— Eu passo a conversa, Tsunayoshi. É interessante brincar com você — o rubor no rosto do chefe dos Vongola se intensificou, e o ilusionista riu ao ver isso —, mas hoje não. — não hoje, que você está me lendo tão bem, completou mentalmente.

E então Rokudo viu algo considerado impossível quando se tratava de Sawada Tsunayoshi — ele viu aquele sorriso de contar vantagem, o sorriso dado após vitórias esmagadoras, um sorriso de que se escorria orgulho. Mas o que saiu dos lábios do moreno foi uma súplica:

— Não vá embora, por favor.

Foram tantas surpresas em tão pouco tempo para Mukuro que, por um breve instante, ele realmente não soube o que fazer. E estava cada vez tomando mais conhecimento de que os sentimentos que nutria por Sawada estavam crescendo e expandindo-se dentro de seu ser.

Mukuro viu Tsuna mover-se para sentar ao seu lado, e ele chegou a pensar em fazer um comentário qualquer, porém algo o impediu. Era como se sua mente estivesse lhe enviando alarmes de que falar em um momento como este estragaria tudo — mas estragaria exatamente o quê?

Braços envolveram desajeitadamente os seus ombros em um abraço mal feito, porém Mukuro compreendeu a intenção de Tsuna.

Aquela era provavelmente a primeira vez que alguém o abraçava.

Quente — um abraço era quente. E não era um calor qualquer, fornecido por um Sol forte ou um aquecedor — era calor humano. Rokudo descobriu-se apreciando a sensação de sua pele contra a de Tsuna, e cometeu o erro de olhar dentro daqueles olhos castanhos — na verdade, ele não sabia ao certo se consideraria aquilo um erro.

Era como se afogar em um líquido mais denso que água, mas tão refrescante quanto. E Mukuro viu tudo naquele mar — ficar preso em Vendicare deve ser um inferno, eu sei, mas aguente firme porque sempre há uma saída; não se sinta mal, por favor. Como que por vontade própria, seus braços circundaram a cintura alheia, retribuindo o abraço, e ele escutou ao pé de seu ouvido um arquejo de surpresa.

E foi assim que tudo começou entre Tsuna e Mukuro — não foi com um segurar de mãos, com um beijo ou com algo a mais; tudo se iniciara com um mero abraço. Um abraço que expressava mais do que palavras jamais seriam capazes.

 

* * *

Tsuna queria dar um tapa em si próprio por se lembrar disso justamente agora. Droga!, era como se sua mente estivesse jogando na sua cara que ele fez todas as decisões erradas! Inspirou fundo, controlando a frustração repentina que sentia, e tentou voltar a se concentrar nos papéis à sua frente.

Gokudera adiantara boa parte do trabalho enquanto ele "estava fora", porém Tsuna gostava de verificar tudo duas vezes para saber de tudo o que acontecia dentro de sua família — uma das coisas que ele mais temia era que a Vongola se transformasse na instituição suja que fora nas gerações anteriores.

Parou no ímpeto de empilhar os documentos sobre sua escrivaninha, erguendo seu olhar para a porta do seu escritório ao sentir uma presença familiar.

— Rokudo Mukuro. — Tsuna tentou aparentar confiança, porém ele sabia que aquele homem o conhecia bem demais, portanto nunca cairia em suas atuações. Mas era uma pena que esse conhecimento era vice-versa.

— Sawada Tsunayoshi. — o ilusionista assentiu, fechando a porta atrás de si. — Eu gostaria de conversar com você. — declarou, e a postura do moreno enrijeceu-se. Ele tentou esconder sua surpresa: todas as vezes em que Mukuro falara com ele, ele sempre usara o seu tom superior e seguro, porém agora ele estava completamente sério e Tsuna sabia que aquilo não era dissimulação de sua parte.

Sentou-se em sua cadeira:

— Chrome continuará na família, caso seja por isso que você veio aqui. — adiantou Sawada — Ela só foi mais uma das vítimas, então seria injusto tomar alguma providência contra ela. — alfinetou, e Rokudo sentiu um estranho misto de orgulho e dor tomar seu coração — orgulho por sua criança ser, agora, capaz de rebatê-lo, e dor por sentir seu amado cada vez mais longe de si.

— Eu não vou pedir desculpas. — Mukuro disse, em pé perante a mesa — Compreendo o seu ponto de vista, no entanto eu... — hesitou, escolhendo palavras. Droga, Rokudo Mukuro sempre sabia o que falar; Sawada Tsunayoshi, o quanto você me quebrou? — Eu sou eu e você conhece a minha conduta. Isso já era previsto.

Dessa vez Tsuna deixou transparecer seu arquejo, e seus olhos castanhos arregalaram-se com o que ele ouvira. Recompondo-se, mordeu o lábio inferior. Era como se Mukuro estivesse culpando-o por tudo o que acontecera. Tantas pessoas para amar, e ele tivera de se apaixonar por uma tão falsa?

— Por conduta você quer dizer todos os seus defeitos que causaram esses infortúnios, como a sua audácia, seu egocentrismo, sua confiança excessiva e sua impaciência? — ergueu uma sobrancelha. Sawada estava aos pedaços — pouco a pouco ele sentia partes de sua mente caírem sobre o chão, fracas, esquecidas, vazias. E talvez ele começaria a chorar — algo que nunca fizera por si mesmo: todas as vezes em que Tsuna chorara em sua vida, sempre envolvia seus amigos estarem em perigo, e nunca ele mesmo estar ferido.

— Na verdade, eu considero essas minhas melhores qualidades — Mukuro deu um sorriso divertido, sua voz voltando ao tom normal de quem conta vantagem. Ele viera até Tsuna buscando terminar de vez seu relacionamento — Rokudo detestava deixar pontas soltas, e como a resposta de Sawada era óbvia, ele esperava que a conversa não durasse muito tempo —, porém Mukuro já havia se desviado de seu objetivo; tudo o que ele queria era ficar próximo àquela criança por mais tempo... Pelo máximo de tempo que fosse possível.

— O que você quer, Mukuro? — perguntou, exibindo uma expressão cansada que atravessou dolorosamente Rokudo ao saber que ele era a causa do desconforto de Tsuna. — Ao que parece, você não veio aqui por Chrome, e também não veio para pedir desculpas.

— Por que eu deveria pedir desculpas? — Mukuro jogou tudo pela janela com tal pergunta ousada. Ele esperava que Tsuna ficasse irritado e atravessasse a distância entre eles dois para matá-lo, porém aconteceu justamente o oposto: Rokudo viu uma lágrima solitária escorrer brotar do canto do olho esquerdo de Tsuna.

Fingindo que nada acontecera, o moreno pegou um dos documentos que estavam sobre a mesa, não tirando seus olhos dos de Mukuro durante a ação. Empurrou-o para a beira da escrivaninha, o mais próximo possível do ilusionista em pé à sua frente.

— Leia. — essa foi uma das raras vezes que ele escutou Tsuna falar no imperativo.

Aproximando-se para pegar o papel, Rokudo não precisou ler mais de duas linhas do texto escrito ali para entender sobre o que se tratava.

— Quando foi que você começou a elaborar o pedido de liberdade para os vindice? — a pergunta saiu em um sussurro. Era como se Mukuro estivesse com vergonha de sua atitude anterior.

— Um pouco mais de um ano atrás. Finalizei hoje pela manhã, e é por isso que os vindice não estão atrás de você. — os olhos de Tsuna estavam claramente cheios de água de tanto segurar as lágrimas.

— Você abriu mão de tantas coisas para... — Mukuro não conseguiu terminar a frase. Era como se falá-la em voz alta fosse aumentar ainda mais a idiotice que ele fizera. Em todas suas vidas, Rokudo Mukuro nunca pensara que cometera uma falha.

Até agora.

Tsuna permaneceu em silêncio, esperando o que Rokudo finalizasse a sua linha de pensamento e falasse algo, mas em vez disso Mukuro deu longos passos, desviando da escrivaninha para ficar ao lado do Décimo Vongola. Este lhe lançou um olhar temeroso, envergonhado e angustiado — tanta informação que apenas aumentou o ódio que Rokudo sentia por si mesmo. Girou a cadeira em que Tsuna estava sentado e ajoelhou-se no chão para seus rostos ficarem no mesmo nível. Sawada seguia todos seus movimentos com os olhos, alheio às lágrimas que agora escorriam, livres, pelas maçãs de seu rosto.

Mukuro estendeu as mãos para a face à sua frente. Como Tsuna crescera ao decorrer dos anos... Observou os olhos, antes tão largos e infantis, e agora estreitos e experientes. Fitavam-no com hesitação, em expectativa ao que Rokudo faria. Tsuna não estava com medo de ele fazer algo perigoso, de passar-lhe a perna de novo. E isso só fazia Mukuro sofrer ainda mais.

— Você me ama. — essa não foi uma pergunta. — E eu sou um salafrário. — Rokudo confessou a meia-voz, com pesar — Mas eu te amo, eu te amo tanto quanto você me ama. Isso eu posso te garantir. — suas palavras estavam tingidas de honestidade. Seus dedos secaram as lágrimas alheias; sua fisionomia preocupada e, ao mesmo tempo, tranquila.

Tsuna permaneceu em silêncio, parecendo não saber como reagir. Rokudo envolveu as mãos de Sawada com as suas, entrelaçando os dedos. Afagou seu pulso antes de voltar a falar:

— Desculpa.

Ele viu os olhos de Tsuna alargarem de surpresa. Depois os cantos de sua boca curvaram-se delicadamente para cima em satisfação, seguido de um indeciso franzir de sobrancelhas. Tsuna consertou a sua postura e inspirou fundo, retornando o olhar de Mukuro:

— Eu aceito suas desculpas — ao ouvir isso, o ilusionista permitiu que um pequeno sorriso aliviado se formasse em seus lábios —, mas isso não quer dizer que você voltará para a Vongola. Não posso aceitar dentro da família alguém que não hesita em usar seus companheiros como peças de xadrez. — determinou.

O ex-guardião da névoa assentiu, curvando-se para depositar um breve beijo contra a testa do outro:

— Isso é mais do que suficiente. — seu rosto voltou a mostrar a sua costumeira expressão confiante e segura. — Sem problemas. Eu me importo mais com você do que com a família. – Rokudo foi repentinamente sincero.

— Ahn, pois é... — Tsuna passou uma das mãos pelo cabelo rebelde, sem jeito — Então nós... Nós estamos... — franziu os lábios, incapaz de continuar. Já acostumado com o pudor do mais novo ao falarem sobre seu relacionamento, Mukuro decidiu simplificar para ele:

— Nós somos o que você quiser. — ficou sério: — Sawada Tsunayoshi, você me tem na palma da sua mão. — sussurrou, dedilhando a pele do antebraço direito de Tsuna com a sua mão esquerda.

O moreno corou fortemente, já recomposto do seu choro. Mesmo em momentos como este, Tsuna nunca dava o primeiro passo. Mukuro já aprendera faz tempo que esse era um dos charmes do Vongola Décimo, e o adorara ainda mais por causa dessa característica em especial — era interessante ver Tsuna reagir às suas ações —, e agora não era diferente.

Segurou a ponta da gravata de Sawada, dando um puxão delicado mas ágil, trazendo seu rosto para perto do dele.

A porta abriu.

— Juudaime, você... Mukuro! — Gokudera não conseguiu formular uma frase completa diante da cena de seu chefe e melhor amigo próximo demais do homem que enganara todos da família Vongola. O guardião da tempestade corou em realização ao compreender o que via.

— Hayato, o que... — Yamamoto apareceu atrás deste, e Tsuna ficou mil vezes mais vermelho de vergonha com toda aquela situação. Enquanto isso, Mukuro reprimia o instinto de revirar os olhos. Pelo menos Yamamoto soube o que fazer ao entender o que estava acontecendo: — Vamos, Hayato, nós temos que fazer aquela coisa... — e puxou Gokudera pela manga do paletó para fora da sala, fechando a porta logo depois. — O que quer que você queria com Tsuna pode ficar para mais tarde, não é? — perguntou, enquanto andavam pelo corredor.

Recuperando-se aos poucos do que vira, Hayato deu um meio-sorriso:

— Na verdade, eu ia pedir permissão para tirar férias. — pausa — Para nós dois, Takeshi. — informou.

— Hãã? Por quê? — franziu o cenho com a notícia.

O outro em resposta tirou dois pedaços de papel retangulares do bolso do paletó e entregou-lhe.

— O seu pai... — começou a questionar ao ver as passagens de avião para a Itália.

— Dessa vez não foi ele; eu comprei com o meu próprio dinheiro. — Gokudera murmurou, temeroso de ter feito algo precipitado. — Eu verei o meu pai, e quero que você vá comigo. — admitiu. Yamamoto parou de andar, virando-se para o homem de cabelos prateados:

— Então você me apresentará para o seu pai como seu namorado? — sua voz era animada.

— Woah, vamos com calma. Eu não o vejo há mais de quinze anos, e as lembranças que eu tenho do caráter dele não são muito boas. — suspirou — Eu quero que você vá comigo porque eu não sei se terei a coragem de ir sozinho. — confessou.

— Eu com certeza irei com você. — Takeshi assegurou-lhe — Eu te seguirei aonde quer que você vá.

Gokudera fez uma careta:

— Isso não foi nem um pouco romântico, seu idiota. Eu estou com arrepios por causa dessa sua declaração doentia. — balançou a cabeça em desapontamento dissimulado. — Mas eu entendi o que você quis dizer. — deu-lhe um rápido beijo nos lábios, reprimindo o rubor que insistia em aparecer. Então sussurrou: — Eu sinto o mesmo.

E isso já era o suficiente para deixar Takeshi feliz por toda a eternidade.


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Notas finais do capítulo

Tenho orgulho de falar que voltamos oficialmente ao plot da fanfic õ/ Mas... É, deu pra notar que a história praticamente terminou. Eu amarrei todas as pontas soltas - pelo menos espero que eu tenha '-' -, e o próximo capítulo será, na verdade, um epílogo. Eu quero dizer desde já que agradeço muito a vocês, que leram a minha fanfic, seja o pessoal que comentou, seja o pessoal fantasma. KHR é um mangá que eu amo de coração, e, como fã, fico muito feliz em ter visto que agradei tanta gente com a minha história. Desculpa pela demora para postar :s



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