Olhos Azuis escrita por MariRizzi


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Convenção Internacional dos Bruxos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/57567/chapter/9

Why then, O brawling love! O loving hate!

O anything, of nothing first create!

O heavy lightness! serious vanity!
Misshapen chaos of well-seeming forms!
Feather of lead, bright smoke, cold fire, sick health!
Still-waking sleep, that is not what it is
This love feel I, that feel no love in this.
Dost thou not laugh?

(Romeo and Juliet, William Shakespeare)

 

 

 

O sol ardia nas costas de Sirius e James enquanto eles andavam pelo Beco Diagonal. Estavam comprando os materiais necessários para seu sétimo ano em Hogwarts e alguns itens para a nova casa de Sirius, que pertencera ao falecido Alfardo. Naquele verão, o garoto ainda estava na casa de James, pois a Sra. Potter não permitira que ele passasse as férias solitário.

Quando o calor se tornou demais para suportar, os dois amigos pararam no Caldeirão Furado. Enquanto tomavam cerveja amanteigada, falavam sobre Lupin:

- Espero que o pai do Remus deixe ele voltar para a escola – comentou James sombriamente – Você leu o que ele disse naquela carta? Acho que o Sr. Lupin está pirando.

Sirius abanou a cabeça, concordando.

- É verdade. Não existe lugar mais seguro que Hogwarts, ainda mais para Remus.

Depois de um minuto pensativo, James voltou a falar:

- Acho melhor irmos diretamente a Madame Malkin quando terminarmos aqui. Quer dizer, se demorarmos muito, eu é que não vou voltar a escola! – disse, referindo-se a preocupação de sua mãe e a ameaça que ela fizera caso o filho demorasse. Sirius riu

- Sim, vamos até lá. Estou precisando de uniformes novos.

- Será que Madame Malkin vende algo do século XIX? Precisamos providenciar isso logo. – James perguntou como quem não quer nada. O amigo rolou os olhos. James só falava isso ultimamente, pois naquele verão a Grã-Bretanha sediava a Convenção Internacional dos Bruxos. Esse evento era um encontro realizado a cada cinqüenta anos, por bruxos do mundo todo próximos a seus respectivos governos. Apesar dos problemas com Você-Sabe-Quem, o lugar não fora trocado porque era essa reunião fora marcada há muito tempo atrás. Os mais diversos e importantes assuntos eram ali discutidos e, obviamente, dessa vez o tema principal seria a importância da resistência ao Lord das Trevas e a necessidade de uma união de todos, já que era clara a intenção do Mestre e seus comensais de estenderem o terror ao redor do mundo.

Mas a Convenção tinha seu lado divertido. Por exemplo, ocorreria a tradicional festa de abertura com uma temática específica. O tema escolhido para a festa que ocorreria dali uma semana era século XIX, provavelmente para homenagear os cem anos passados que foram muito importantes para os países estreitarem seus laços. Também era obrigatório o uso de máscaras.

Os pais de James tinham sido convidados por trabalharem no Ministério, e também ganharam dois convites extras. Assim, poderiam levar o filho e seu amigo. James estava muito animado, falando disso o todo porque soubera por Elizabeth que a família dela iria e levariam a Lily também. Sirius não estava nem um pouco a de ir, na realidade, havia deixado bem claro que não iria. Ele não queria ver certa pessoa em suas férias de verão.

- Pontas, já disse que não vou – ele disse calma e vagarosamente como alguém paciente que explica sua decisão para uma criança pela milésima vez.

- Sirius, eu preciso de algum amigo! Quer dizer, que graça tem uma festa com meus pais?

- Que eu saiba- disse o outro secamente – sua grande amiga estará lá.

James sentiu que pisava em campo minado. Sempre que o assunto era Elizabeth, Sirius ficava intratável.

- Sim, sim, eu suponho. Mas não poderei ficar muito com ela, porque ela estará o tempo todo com Lily. E Lily não me suporta. Ao mesmo tempo, só quero ir para ver a ruiva...

- Bem, eu não vou – repetiu Sirius, firme. Que droga, pensou James. Esse cara parece que só sabe dizer essa frase. E resolveu apelar. Deu um sorriso cínico, o que não passou despercebido.

- O que foi? – perguntou Sirius, entediado.

- Nada, nada... – riu-se James, debochando.

- Fala logo!

- Eu só estava pensando, sabe... Nunca imaginei que você deixaria de fazer alguma coisa por causa de uma ga-ro-ta... – insinuou James, destacando bem a palavra. – Ou, talvez, seja só porque é essa garota – concluiu, com sua última cartada.

Sirius foi ficando vermelho de raiva. Sem falar nada, parecia capaz de engasgar. Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, e quando Sirius abriu a boca para falar algo, chegou aos seus ouvidos a conversa de dois bruxos da mesa ao lado.

- O King vai pagar caro! – disse o mais alto com rancor na voz. Era mais novo que seu companheiro e James e Sirius definitivamente o conheciam, era Lucius Malfoy, alguns anos mais velho que os garotos. O outro, James se lembravam dele de algum lugar... Então percebeu que já o vira no Ministério, seu pai o apresentara... Dolohov, do Departamento de Mistérios!

- Como se isso fosse adiantar!

- Por enquanto será só um aviso, Malfoy. Eles estão muito protegidos, mas eu sei quem podemos atingir... – porém, percebendo os olhares curiosos de James e Sirius, saiu do Caldeirão acompanhado por Malfoy.

- Ele disse King? – sussurrou James.

- É claro, você não ouviu? Gostaria de saber o que esse Dolohov pretende contra eles... – e apesar do esforço de Sirius, sua maior preocupação foi dirigida a ela, como sempre. O que Dolohov fazia com Malfoy? E ele era do Ministério, iria a festa em que Elizabeth estaria... De toda família, a mais vulnerável, por ser mais nova e inexperiente.

- Que coisa estranha! – tornou James – Avisarei o Sr. King.

- É bom mesmo – concordou Sirius – E a respeito do nosso assunto anterior, não deixo de fazer nada por garota nenhuma. Estou indo a essa festa idiota – disse, sorrindo – Você me mete em cada uma! – e ao falar isso tinha em mente a festa de 16 anos de Elizabeth, onde fora por insistência de James. Na ocasião, saíra machucado, e talvez já inicialmente apaixonado, sem saber. Vivera nas nuvens, só para ser devastado novamente.



----------------------------------------



Naquela mesma hora, distante dali, Elizabeth King parava com seu pai a porta de Lily Evans. Hugo insistira em levá-la naquele carro, veículo trouxa, após desistir de conectar a casa dos Evans a Rede de Flú. A filha o fizera desistir da idéia, pois imaginava o horror de Petúnia ao ver duas pessoas emergindo das chamas da lareira. E, além disso, ela já estivera ali anteriormente, e viera sozinha. Seu pai andava exagerando com aquele negócio de segurança. Tudo bem, afinal, ele é Auror. Só espero que não fique como Alastor Moody.

Elizabeth vestia roupas trouxas, uma calça jeans e uma camiseta branca para causar boa impressão com os pais de Lily. Liza passaria uma semana na casa de sua amiga, e depois Lily ficaria o resto das férias com os King.

- Tchau, pai – disse ela, segurando uma pequena mala.

- Tchau, querida. Não esqueça de tomar cuidado... Não saia por aí... Sua amiga lançou mesmo feitiços protetores na casa? – perguntou preocupado. Elizabeth riu, mas no intimo tinha certeza que seu pai andava muito preocupado, de modo exagerado. Parecia que estava escondendo algo...

- Sim, papai, Lily tem perfeita competência para isso. – e mandando-lhe um beijo, foi bater a porta da amiga. O carro sumiu na esquina bem na hora em que a Sra. Evans abria a porta.



Uma semana depois...

O castelo de Hogwarts havia sido escolhido para o local da festa, por ser o maior e mais encantador lugar para um evento como aquele. De fato, Lily imaginou como seria diferente entrar no velho saguão vestida com aquelas roupas que seguiam o século XIX. E como a noite estava lindo, o céu coalhado de estrelas! – pensou, olhando através de uma janela da sala dos King.

Mas o movimento de Elizabeth de andar de um lado para o outro, fazendo o vestido farfalhar, estava incomodando Lily. Virou-se para reclamar com a amiga, mas ao ver sua cara, desistiu, com certa pena. Pálida demais, agitada, Elizabeth estava visivelmente contrariada. Para começar, ela não queria ir a festa. Mas a mãe dela, Lúcia, a obrigara, dizendo: Você tem que se divertir, Liza! Não pode só ficar preocupada, na sua idade, me divertia tanto! Agora nesses tempos, é quase impossível... Você vai a essa festa, mocinha, e ponto final.

Mesmo assim, Elizabeth fizera de tudo para não ir, incluindo não procurar um vestido. Mas a mãe dela guardava vários pertences da falecida Elizabeth Dianne. Tudo conservado por feitiços. Então, arranjara o vestido azul-marinho que Liza usava. Mas ela não estava feliz. O vestido era lindo, mas marcava sua cintura de uma forma absurda, reduzindo-a a quase nada. E bem, o decote era meio profundo para seu gosto. Sentia-se desajeitada vestida daquele jeito, e o retrato de Dianne no seu quarto ficara palpitando, dizendo como Elizabeth estava linda, se não fosse o vestido que fora dela...

Lily estava lá quando o retrato sugeriu que Elizabeth colocasse o pingente de água-marinha, e vira a amiga fazer uma careta enorme para sua antepassada. Com as mãos tremulas de nervoso, Elizabeth desistira de fazer um penteado elaborado da época, só escovando os cabelos. O objetivo era afrontar a mãe, porém, não obtivera êxito, pois estava ainda mais bonita assim. A máscara que usaria, preta com pedrinhas azul-escuras ao redor dos olhos, estava jogada sobre uma poltrona.

- Não fique nervosa, Liza – disse Lily tentando confortar a amiga – Vamos poder dançar a noite toda, você gosta tanto!

Elizabeth sorriu para a outra, sentindo-se uma péssima amiga. Nem tinha comentado como Lily estava bonita em seu vestido verde e com o coque elaborado que fizera. Então seus pais chegaram, com Alberto e a velha Amelie, e juntos, eles tocaram na chave de Portal.



--------------------------------



Sirius sentia-se nervoso. Por que concordara em vir àquela festa? Seus "pais" e Regulus por serem considerados de uma família importante, estavam presentes, e também toda uma corja de seus amigos, de famílias igualmente ilustres. Todos convidados em virtude de seu nome. Era irônico e ridículo a farsa que representavam, aqueles adoradores do Lord das Trevas numa festa em que as pessoas ali reunidas tinham o desejo de combatê-lo. Talvez o pior mesmo fosse os bruxos de bem alimentarem esperanças ou fingissem não ver que certas pessoas não cometiam crimes porque não havia "provas".

As luzes, a música animada, as pessoas que dançavam e transitavam pelo salão, tudo o irritava. A família King tinha ficado numa mesa tão distante que ele nem havia visto Elizabeth. Não que isso importasse agora. O banquete havia passado, os Potter e os King conversavam animadamente em um canto. Estranhamente, Lily estava falando com James, sentados uma mesa. De Elizabeth, nem sinal. Devia estar com o irmão. Ou com algum cara por aí, disse uma voz maldosa em sua mente. Não vai nem perceber quando for atacada. Tentando deixar para lá esse tipo de pensamento, ele foi buscar uísque do fogo. Já tinha tomado alguns copos, mas tudo bem. Afinal, por essas coisas que valia a pena ter dezessete anos, não?

Com um copo na mão, saiu em busca de ar fresco. Foi caminhando e quando deu por si, estava à beira do lago. Incomodado, retirou sua máscara e sentou-se sem se importar com suas vestes negras com detalhes dourado. Que ele detestou, mas que Madame Malkin garantira. Oh, querido, isso é tão século XIX!. E depois, Sirius não sabia porque, suspirara.

A lua iluminava a região do lago e Sirius estava sorrindo, lembrando da expressão da bruxa, e bebendo, quando a viu. Estava a alguns metros a sua direita, caminhando pela margem do lago. De costas, provavelmente não o vira, mas mesmo assim, Sirius sabia que era ela. Os cabelos negros até a cintura, que ele adorava. Sentiu alivio ao vê-la bem.Levantou-se, fazendo barulho sem querer, sem saber o que faria a seguir. A garota se virou com o ruído, e ele pode vê-la. A máscara negra não fazia a menor diferença em reconhecê-la, era Elizabeth. Mas estava tão linda... A cintura e o busto bem marcados, as pedras azuis ressaltando os olhos. Nunca conseguira decidir qual vez se sentira mais balançado por ela e por sua beleza. Na festa de 16 anos? Quando terminara com ele? Nesse exato momento?

Sem pensar no que fazia, deixou o copo no chão, e foi até Elizabeth, que estava imóvel no mesmo lugar. Quando estava bem próximo a ela, parou. O que será que ela estava pensando? Seus olhos diziam o que? A máscara o atrapalhava, e Sirius estendeu sua mão para removê-la, e ela nada fez para impedir. Ali estavam seus olhos, o nariz delicado, a boca... E ele mirou seu rosto com felicidade, porque sentira uma falta insuportável dele.

Elizabeth não conseguiu se fazer mover enquanto ele andava em sua direção. O magnetismo da sua figura, e o poder da sua presença, fazia com que ela ficasse com os pés no chão. Tão pouco foi capaz de fazer com que ele não removesse sua máscara, talvez ela não quisesse...



PDV Elizabeth

Quando ele enlaçou minha cintura, depois de tirar minha máscara, fui tomada de surpresa. E nem conseguia pensar. O contato e a proximidade me faziam sentir como se meus pés não tocassem o chão. Quando seus lábios encostaram-se aos meus, alguma consciência gritou que eu não devia estar fazendo isso, mas eu a empurrei para longe. Sentia tanta falta de Sirius e correspondi o beijo, animada. Foi então que os braços ao meu redor foram me apertando cada vez mais, até deixar de ser gentil. Na verdade, o aperto de ferro me machucava, mas mais ainda, magoou-me por dentro. O beijo já não era carinhoso, era quase como se quisesse me agredir e o gosto de álcool em sua boca me lembrou que ele poderia muito bem não estar em sã consciência.

Magoada, tentei empurrá-lo, e isso não surtiu efeito algum. Sirius continuava me prendendo com força, a boca explorando a minha mesmo eu tendo parado de corresponder. Ele estava me machucando! Contra minha vontade, uma lágrima escapou dos meus olhos. Como eu era ridícula, demonstrando fraqueza depois de tudo! E com raiva misturada a dignidade ferida agora, eu mordi seu lábio com toda força. Ele soltou um gemido de dor, e eu pude sentir o gosto de sangue antes dele se afastar. Virei e tentei me afastar rapidamente, mas eu não conseguia por causa daquelas saias estúpidas. Me senti uma daquelas ridículas moças de filmes e livros trouxas do século passado enquanto saia com as lágrimas rolando pelo meu rosto.



PDV Sirius.

Simplesmente fui atraído para ela, e com a bebida quebrando as barreiras do orgulho e sanidade, nada me impediu de passar os braços ao redor da cintura de Elizabeth. O quanto eu sentira falta do seu toque, do seu cheiro... Eu a beijei, e ela não se afastou, chegou mesmo a me corresponder por um breve instante. Nunca mais me afastaria dela, pensei fora de mim. Intensifiquei meu abraço e meu beijo, porque queria que ela ficasse comigo para sempre. Mas abandonei qualquer gentileza e carinho, queria que pudesse sentir a dor que me tinha causado, queria que de alguma maneira sentisse o meu sofrimento.

Percebi que ela se tornava rígida, parando de corresponder. A minha mente turva, ocorreu vagamente a possibilidade de tê-la machucado, exterior ou interiormente. Como se confirmasse, senti um gosto salgado na minha boca, a lágrima dela. Afrouxei meu abraço e preparei para me afastar quando senti uma dor horrível no lábio inferior. Elizabeth tinha me mordido! Ainda consegui ver que seu rosto estava banhado em lágrimas, antes dela se virar e se afastar rapidamente. Provavelmente só não correra por causa do vestido.

Fiquei sozinho, pensando em como sou horrível por fazê-la chorar. Como fui estúpido e bruto, sendo que antes daquela festa eu queria protegê-la. Que chance haveria agora para nós? Porque eu tinha acabado de perceber que toda minha raiva, indignação e ódio era amor, ou tinha muito de amor. Eu não havia esquecido Elizabeth, apesar de tudo, e talvez nunca pudesse. E não importava mais o que ela tivesse feito a mim, por te-la magoado, me sentia pior.



---------------------------------------------------------------------------------



Elizabeth chegou em casa junto com sua família e amiga quando já era madrugada. Havia disfarçado bem seu estado de todos, exceto por Lily. Não escaparia do interrogatório mais tarde, ela sabia, e também não pretendia esconder nada dela.

A velha Amelie rumou direto para seu quarto, e seus pais davam boa noite. Ela e Lily já iam se encaminhando subindo as escadas quando ouviram um farfalhar de asas. Elizabeth correu para abrir a janela para a grande coruja marrom que entrava. Pegou o pedaço de pergaminho que ela trazia. Estava endereçado de maneira genérica para Família King. Depois de verificar com alguns feitiços, ela abriu, e não pode evitar que um gritinho fino escapasse de sua garganta.

Ao ouvir o grito da filha, Lucia e Hugo deram meia-volta e chegaram correndo a sala. Eles viu os olhos dos filhos e de Lily arregalados em choque.

Caído no chão, um pedaço de pergaminho. Nele, o desenho preto de um crânio com uma serpente saindo pela boca, a Marca Negra. Era um aviso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Reviews????



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olhos Azuis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.