Olhos Azuis escrita por MariRizzi


Capítulo 12
Capítulo 12 - Memórias


Notas iniciais do capítulo

Olá...
Não gostei mto desse cap, mas pelo menos não demorei mto. O próximo será melhor

Beijos



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Should I? Could I?/ Have said the wrong things right a thousand times/ If I could just rewind/ I see it in my mind/ If I could turn back time, you'd still be mine/ You cried, I died/ I should've shut my mouth, things headed south/ As the words slipped off my tongue, they sounded dumb/ If this old heart could talk, it'd say you're the one /I'm wasting time when I think about it/ (...)I was misunderstood/ /I stumbled like my words, /Did the best I could /Damn! Misunderstood.  (Misunderstood) 

 

Eu poderia? Eu deveria?/Ter falado as coisas erradas certo mil vezes/Se eu pudesse rebobinar, eu veria na minha mente/Se pudesse voltar no tempo, você ainda seria minha/ Você chorou, eu morri /Deveria ter ficado calado, as coisas deram errado/ Conforme as palavras saíam da minha boca, soavam estúpidas /Se esse velho coração pudesse falar, diria que você é a única/ Estou perdendo meu tempo quando penso nisso/ (...) Eu fui mal entendido/Tropecei com minhas palavras,                                                                                   Fiz o melhor que pude.                                                                                          Droga, mal-entendido

 

 

Dia seguinte, escritório do diretor Alvo Dumbledore.

- Eu quero saber, Alvo! - guinchou Lúcia - Como isso foi acontecer a Elizabeth?-  O casal King e seu filho, Alberto, estavam sentados em frente ao diretor, e traziam uma estranha palidez no rosto. Momentos antes, chegara a casa deles mais uma carta, dessa vez, com o nome de Elizabeth e a marca negra acima. Eles acreditaram, por alguns momentos, que a menina estava morta.

- Acalma-se, por favor, Lúcia. - pediu Dumbledore. - Depois que James Potter e Sirius Black trouxeram Elizabeth desacordada, e as devidas providências foram tomadas, fui investigar, seguindo as informações que os garotos me deram. O Três Vassouras foi o último lugar em que a filha de vocês foi vista, então fui conversar com Madame Rosmerta. Para minha surpresa, Rosmerta me disse que falara com Elizabeth, logo após a saída dela do bar. Disse que entregou uma caixa a senhorita King, por um pedido que Alberto fizera na semana interior.

- Não pode ser! - gritou o garoto. - Eu nunca fiz isso!

- Você se lembra de todos os seus passos naquela semana? - Alberto assentiu.

- Essa semana a que você se refere - comentou Hugo - Alberto esteve doente, não saiu de casa em nenhum momento, nem para trabalhar.

- Não creio que Rosmerta tenha sido confundida - disse Dumbledore - Então, creio que quem tentou matar Elizabeth, fez uso da Poção Polissuco. 

Depois disso, ninguém falou mais nada; grossas lágrimas caíam pelo rosto de Lúcia.

- Fica calma, mãe. Ela está bem.

- Quanto tempo ela vai ficar assim? - perguntou Hugo.

- Não sabemos ao certo, Hugo. Madame Pomfrey estima de três dias a um mês. Agora, suponho, vocês querem vê-la.

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Lado de fora da enfermaria

Sirius a carregara em seus braços, em meio a chuva e pelos corredores do castelo, em desespero, com os amigos em seu encalço, há meia hora atrás. Nunca sentira tanto desepero na sua vida, e enquanto caminhava, só implorara mentalmente para que ela estivesse bem.

Agora ele estava plantado em frente a enfermaria. Acabara de ser expulso´por Madame Pomfrey, que dissera a ele que, apesar da simpatia sentida, não podia permitir que ele passasse tanto tempo ao lado da garota desacordada. Naquele momento, James tentava convencer o amigo a ir comer alguma coisa, em vão.

Estava quase desistindo, quando viram Lily e Michael vindo em sua direção.

- Como ela está? - perguntou Lily, a preocupação visível no rosto.

- Ainda não acordou... Eles não sabem quanto tempo pode demorar... Uma semana, um mês...

- Mas o que aconteceu a ela? - inquiriu Greenhill. Lily já havia sido informada por James, mas não tivera tempo de informar o amigo.

- Enviaram a ela um objeto que toca música quando aberto. A canção deixa quem escuta sonolento, e suga as forças até a morte, ainda que demore um tempo considerável. De alguma maneira, a caixinha deve ter sido fechada, quando caiu das mãos de Elizabeth. Foi sorte ela estar viva - disse, numa voz sem emoção -  Mas,disso, Greenhill deve saber - disse o grifinório, como se dissesse algo óbvio.

- E por que saberia? - inqueriu Michael.

- Quem sabe não foi algum dos seus colegas da Sonserina que fez isso? Ou foi você mesmo quem mandou o presentinho para Liza? Desde que você apareceu, nada de bom tem acontecido a ela.

Michael lançou um olhar frio ao outro, algo não-característico dele.

- Eu não tenho nenhum motivo para fazer isso. Mas vou perguntar aos meus coleguinhas, depois que você perguntar a sua adorável família Comensal. Talvez mamãe e papai, ou as priminhas Bellatrix e Narcisa  saibam de algo. Ou Regulus, o pequeno prodígio...

Em um piscar de olhos, Sirius e Michael tinham as varinhas apontadas um para o peito do outro. Lily ficou imediatamente tensa, e se pôs a falar rápido:

-Parem com isso! Michael, não diga essas coisas horríveis. E Sirius, Michael não tem nada a ver com isso - e depois de um rápido debate mental, despejou - Elizabeth vem recebendo ameaças por carta desde setembro, então não deve ser ninguém aqui da escola...

- Agora - disse uma conhecida voz dos garotos - isso é interessante.-  Quando se viraram, deram de cara com Alvo Dumbledore e os King.

- Senhor - disse Sirius, resolvendo deixar Greenhill para lá. Havia coisas mais importantes  - eu preciso falar com o senhor sobre o objeto que estava ao lado de Elizabeth. Eu acho que conheço o objeto.

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No dia seguinte, uma segunda-feira, Elizabeth não apresentara sinais de melhora, porém, Sirius continuava a passar horas a fio a seu lado, faltando, inclusive as aulas. Apesar de também preocupados, os outros alunos de seu ano da Grifinória o olhavam como se estivesse enlouquecido de vez. Não que Sirius se importasse com a opinião deles.

Pela manhã, pegara emprestado a capa de invisibilidade de James, para poder ficar ali sem ser expulso por Madame Pomfrey. Ficava olhando o rosto dela, afagava sua mão. No horário normal de visitas, como naquela hora da tarde, ele saía, tirava a capa e voltava a entrar. Assim, podia falar livremente com a garota, esperando que, de algum modo pudesse ouvi-lo.

- Você tem que ficar bem - dizia ele, repetidas vezes, apertando a pequena mão entre as suas com delicadeza - Tem tanta gente que te quer bem...

Às vezes, ele só ficava em silêncio, vendo os olhos de Elizabeth fechados, sentido falta da cor azul, e então as lembranças sobre ela vinham naturalmente, quase tão vivas como se as vivesse naquele instante....

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Plataforma 9 e meia, sete anos atrás.

Era o primeiro dia de Sirius, o primeiro 1 de setembro, o primeiro ano que iria a Hogwarts. Ele sempre soubera e aguardara por isso, é claro, sendo de uma família puro-sangue como era, apesar de isso não impedí-lo de ficar nervoso. È claro que ele não deixava isso transparecer, apresentando um ar calmo e composto por fora, como era característico dele.

E como estava nervoso! Apesar de tudo, ele não tinha saída. Ou pertencia a Sonserina, como todos seus antepassados, ou a outra casa, e então seria desprezado. Por um lado ele não queria pertencer aquela casa, em parte devido a um episódio ocorrido no verão. Sirius costumava perambular pelos arredores trouxas de onde morava, mas tinha ordens expressas de não se envolver com eles. Mas o garoto gostava de desobedecer regras, e em segredo, aproximou-se de um casal de gêmeos trouxas, Bárbara e Leo. Sirius, que inicialmente se aproximara só pelo perigo de afrontar o pai, acabou por gostar dos dois. Eram engraçados, e armavam várias brincadeiras juntos... Os trouxas podiam ser muito legais. Seu pai, infelizmente, não pensava da mesma forma:

- Afaste-se desses imundos sangue-ruins, Sirius, ou então eles se arrependerão - dissera ele. Sirius sabia que às vezes seu pai poderia ser uma má pessoa, e então, antes que seus amigos se machucassem, ele se afastara. Os seus únicos amigos verdadeiros até então.

Ele estava feliz, apesar de tudo, apesar de seu dilema. Deixaria sua família e sua casa, em que ele sentia que não poderia se encaixar. Com prazer, ele contemplou, já de dentro da plataforma 9 e meia, os estudantes com suas malas e bichos de estimação.

- É uma pena que Sirius tenha que se misturar com traidores do sangue - disse sua mãe. Sirius olhou para a direção que a mulher torceu o nariz, e identificou um grupo de sete pessoas a alguns metros. Eram, obviamente, duas famílias. Dois casais jovens, e três crianças, todas de cabelos escuros. Um parecia ser um pouco mais velho, dois pareciam ter a idade de Sirius, que se concentro neles. Um garoto com o cabelo mais baguçando que ele já vira, e que usava óculos, apresentaba um ar tão tranquilo quanto Sirius, e só por isso já tinha parte de seu respeito. A garota trazia os cabelos presos em longas maria-chiquinhas de laços azuis e mesmo a distância que estava, Sirius podia perceber que tinha olhos claros. E era visível que não ostentava tranquilidade como o outro garoto.

Daquela distância, também era possível ouvir o que falavam.

- Bem, crianças, é melhor embarcarem, ou não acharão lugar - disse a pequena mulher loira, ajeitando a roupa do menino mais velhos e os cabelos da garota, pelo que Sirius supôs que fossem seus filhos.

- Eu não posso! - gritou a menina, desperada - Preciso encontrar Zano!

- Para que você quer achar aquele rato ridículo? - perguntou o menino de óculos - Os outros vão rir de você.

- Você sumiu com ele! - acusou ela, a voz a beira do histerismo.

-Eu? - perguntou o menino - Onde está sua cabeça, garota? O que eu ia fazer com aquele rato velho?

- Mentiroso!

- James - interviu uma senhora de alguma maneira parecida com ele, exceto pelos cabelos, que eram arrumados - Devolva o bicho de estimação de Elizabeth.

Sirius parou de olhá-los ao perceber que os pais o chamavam para embarcar. Ele acenou adeus aos pais orgulhosos e ao irmão mais novo, que parceia invejoso por não poder ir ainda. Para seu alívio, encontrou um compartimento vazio, enquanto olhava a plataforma pela janela. Instantes depois, a porta se abriu,  e por ela entraram os três garotos que Sirius vira na plataforma, os traidores do sangue, de acordo com sua mãe.

- Por Merlin, Elizabeth, por que você trouxe tantas bagagens? - reclamava o mais velho.

- São meus livros - disse a menina de maria-chiquinhas, que parecia ainda brava - Algumas pessoas leem, sabe.

- Ótimo, maninha. Divirta-se lendo - disse, revirando os olhos - Vou procurar Fábio - e se foi, fechando a porta da cabine. Só então os outros dois pareceram notar Sirius sentado ali.

- Será que tem problema se sentarmos aqui? - perguntou o tal garoto que parecia se chamar James - Não há muitos lugares sobrando.

- Tem espaço o suficiente para mim - disse Sirius, com um meio sorriso. Imediatamente James estendeu sua mão:

- James Potter.

-Sirius Black - respondeu ele, apertando a mão do outro. Mas não passou despercebido a ele o discreto torcer de nariz da tal Elizabeth. Pareceu a Sirius que ela não gostara do seu nome.

- Ah, essa é Elizabeth King. -disse James, displicentemente. A menina deu a Sirius um leve sorriso e sentou-se no banco, encarando James. Ele a olhou de volta, pareciam conversar por olhares. Até que James levantou as mãos em sinal de rendição e tirou dos bolsos um pequeno rato preto. Elizabeth avançou sobre o roedor, e o colocou na palma da própria mão.

- Eu sabia que estava o tempo todo com você, seu mentiroso! - disse ela, muito brava.

- Liza, foi só uma brincadeira, você precisa se divertir mais, como diria Alberto.

A garota se levantou, falando num tom de voz controlado, mas nitidamente ofendido:

- Para você, tudo é brincadeira! Acho que eu não sou divertida o suficiente - e dizendo isso, saiu batendo a porta da cabine. James se virou para Sirius, impertubábel e sorrindo:

- Garotas! - Sirius não pode evitar de sorrir de volta e observar:

- É óbvio que vocês já se conhecem. É sua irmã? - perguntou, apesar de saber que não era, tentando puxar assunto.

- Não, o irmão dela é aquele cara que estava aqui antes - disse James - Mas eu e Elizabeth fomos praticamente criados juntos, nossos pais são muito amigos.

-Ela parece estar muito irritada com você - disse Sirius sorrindo, com um tom algo aprovador. James deu de ombros:

- Ela faz muito  isso, mas sempre volta a falar comigo.

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Primeiro ano.

Era uma noite sem deveres do primeiro ano. Todos os garotos do ano de Sirius, meninos e meninas, com exceção de Lily Evans, sentavam-se em mesas lado a lado em uma bagunçada Sala Comunal.

Remus lia, enquanto Peter e as garotas assistiam Sirius e James numa partida de Snap Explosivo.

- E então - disse Sirius - por que a ruiva não está aqui?

- A ruiva chama-se Lily Evans - notou Remus, sem levantar os olhos do livro.

- Que seja - concedeu Sirius - Onde está Evans?

- Provavelmente com aquela aberração do Ranhoso... - comentou James, sombriamente.

- Severus não é tão ruim assim - comentou Elizabeth. Sirius e James a olharam  como se tivesse enlouquecido, e ela se esforcou para manter a face séria. Que foi logo desmanchada quando um Snap explodiu, cobrindo as  sombrancelhas de Sirius de uma substância prateada.

- Combina com seus olhos - ela dissera, em meio aos risos.

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Terceiro ano.

Agora, eles estavam no início do terceiro ano, e Elizabeth jogara fora os laços que usava para prender os cabelos. Todo mundo comentava como estavam compridos e bonitos, e ela entrara para o time de quadribol, assim como James e Sirius, que já tinham entrado no ano anterior.

O primeiro jogo dela fora contra Sonserina, Sirius se lembrava como Liza mal pôde comer algo no café-da-manhã. Mas ela não se deixou amedrontar pelos adversários, e com menos de dez minutos, marcava, pela primeira vez, para a Grifinória. Sirius gritara:

- É isso aí, garota! - e Elizabeth lhe lançara um brilhante sorriso, antes de ser atingida por um balaço.

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Quarto ano.

Sirius tomava  café da manhã com seus amigos, quando a Elizabeth apareceu, acompanhada de Lily. Tinha o rosto abatido, e quando Remus gentilmente perguntou se acontecera alguma coisa, Elizabeth informou que seu rato, Zano, morrera.

- Bom, ele já estava bem velho, não? - disse Peter, sem mostrar muita condolência.

- Sim, mas eu gostava muito dele... - comentou Elizabeth.

- Bom, agora você pode comprar alguma coisa mais legal, como uma coruja - disse Sirius. Elizabeth o olhou como se fosse a coisa mais insensível que já ouvira.

- Ei, Liza, - começou James, numa tentativa óbvia de mudar de assunto - você tem um encontro para Hogsmeade?

- Não - murmurou ela. Depois deu um meio-sorriso - Você está pensando em me convidar? - era uma óbvia brincadeira.

Sem saber o motivo, Sirius se viu soltando uma risadinha de deboche, ao mesmo tempo que sua cabeça pensava James não a convidaria, acho que ele tem uma queda por Evans. Ou convidaria? E a possibilidade o fazia ficar nervoso.

- Por que você está rindo assim? - perguntou Elizabeth, desconfiada.

- Bom - disse Sirius, tenso por dentro, mas recuperando seu ar superior - por que ele convidaria você? - e disse a palavra como se diz algo de pouca importância

- Cretino - dissera ela, baixinho, e depois disso, eles se falavam cada vez menos.  Mas ele não se importara, não lembrara. Ele estava ocupado tentando se transformar em animago para ajudar Remus, peças a pegar, sonserinos para azarar, garotas atrás dele e quadribol.

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Quinto ano

Era o quinto ano, e eles tinham acabado de terminar um exame de N.I.O.M. Sirius estava sentado em uma faia, com seus amigos, e observava o movimento, entediado. Estudantes passavam, algumas garotas o olhavam, mas ele não estava a fim de uma conquista no momento. O grupo de meninas do seu ano molhavam os pés no lago, Marlene e Dorcas soltavam alguns gritinhos. Lily e Elizabeth riam de alguma coisa. Foi quando ele comentou que não via a hora da lua cheia chegar. Foi quando James lhe mostrou Ranhoso, e tudo aconteceu.

Os feitiços trocados, Lily aparecera, gritara contra James, Snape a chamara de sangue-ruim. Ela fora embora, e James tornara a colocar o sonserino de ponta cabeça.

- Quem quer ver eu tirar as calças do Ranhoso? -  James dissera e Sirius riu por antecipação.

- Bem, certamente, eu não - disse uma voz, e antes mesmo de olhar Sirius sabia que era Elizabeth. Ele e James a encararam, sem dizer nada, especulando.

-Dez pontos a menos para a Grifinória - disse Elizabeth, dura, mas no fundo dos seus olhos, parecia que ela tinha pena de Snape. - E se vocês não o descerem em dez segundos, eu vou reportar isso a Mc Gonagall.

- Por que você também está defendendo ele, Liza? -disse James, bravo. Ele não removeu o feitiço - Você ouviu do que ele a chamou!

- Tudo bem - comentou Elizabeth, - Dez pontos a menos para Sonserina. - e retirou sua varinha das vestes. Sirius apontou a sua para ela, o que não passou despercebido.

- Poupe-me, Black. Você já tem problemas suficientes sem querer atacar um monitor. - então ela murmurou o contra-feitiço, que fez Snape despencar. O garoto foi embora, humilhado, mas não sem antes lançar um olhar de desprezo a sua salvadora. - Bem, - tornou Elizabeth, ignorando-o -  já que os dez segundos passaram sem desc ê-lo, e já que eu tive de fazer isso, vou reportar vocês.

- Traição! - gritou Sirius.

- Liza! Você não pode fazer isso! Eu já tenho detenções a semana inteira. McGonagall vai acabar com minhas últimas noites livres.

- Eu não ligo! - disse ela, virando-se para ir embora.

Mais tarde, a noite, Sirius voltava de um encontro no armário de vassouras, usando a Capa de Invisibilidade que emprestara de James, meio aéreo, ainda pensando na garota com quem estivera antes.

Ao dobrar em um corredor, ouviu as vozes de James e Elizabeth, soando furiosas adiante. Já era tarde, e ele ficou curioso pelo horário e pelos dois estarem discutindo. Ele se encostou a parede, observando, dizendo a si mesmo que não estava espionando, só estava ali para o caso das coisas ficarem feias.

- Liza! Eu pensei que você era minha amiga! - dizia James a uma Elizabeth que claramente não queria estar ali. Elizabeth parecia pálida, mas de raiva, e  provavelmente guardara muito tempo para dizer o que diria:

- Eu era! Era até você começar a agir como um idiota, atormentando pobres coitados, azarando as pessoas, e andando com babacas como Sirius Black! Com essas meninas ridículas e sem cérebro atrás de você. As vezes eu acho que você está tentando imitar Black, sei lá. É tão ridículo, e você acha ótimo!

- Ei! - tornou James - o que Sirius tem a ver com isso? Ele não tem nada a ver com isso...

- Você só ouviu a parte sobre ele, não é? E o resto que eu disse? - Elizabeth estava falando com desânimo agora, enquanto James passava a mão nos cabelos, tentando se acalmar.

- Sirius é legal - parecia que relamnte não ouvia a garota -  Ninguém tem que ser certinho como você, eu e meus amigos só queremos um pouco de diversão

- Diversão? - e a voz estava fria agora, mais baixa - Se ser cruel, como você foi com Snape hoje,  é se divertir, eu prefiro ser como você acha que sou, uma chata. - e virando-se, foi embora, passando por Sirius. Quando ele olhou para James, viu que ele contemplava a garota ir, e o rosto dele transmitia algo próximo a arrependimento. Por Elizabeth, por Snape? Ou pior, pela amizade com ele, Sirius? Impossível saber.

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Sirius lembrava seu passado relacionado a Elizabeth, quando percebeu, de repente, que não estava sozinho ao lado do leito de Elizabeth. O senhor King estava ali, contemplando a filha com  tristeza.

- Desculpe, senhor, eu não notei - murmurou Sirius, fazendo menção de sair.

- Não - disse Hugo - por favor, fique. É um consolo ver que Elizabeth tem bons amigos, pessoas que se importam com ela.

Um silêncio caiu depois disso, Sirius se sentia desconfortável.

- Senhor? - disse, receoso.

- Sim, filho - disse Hugo, virando-se para ele, uma sombra de sorriso em seu rosto - Sirius Black, não? Me lembro de você da festa de dezzesseis anos de Liza. Os Potter gostam muito de você, dizem que é um excelente garoto. E eu gostaria de agradecer por ter encontrado minha filha, e trazê-la a salvo para cá.

- Obrigado, sr. King - disse Sirius, totalmente sem graça pelo que ia contar - Mas eu queria dizer algo... - e então você não vai mais me agradecer, completou mentalmente.

- Oh, desculpe - disse Hugo, mais atento - pode falar.

- É que... a culpa é minha, senhor, por Elizabeth estar assim.

- E como poderia ser isso? - perguntou Hugo, calmo.

- Eu disse coisas a Elizabeth, senhor King. Coisas horríveis, eu a acusei de ser falsa, disse que ninguém se importava com ela.... Eu a machuquei, e me arrependi depois, mas ela saiu do Três Vassouras muito perturbada.  - as palavras vinham num turbilhão - Foi por isso que ela não pensou quando aceitou o presente de Madame Rosmerta. Que ela não pensou que havia algo estranho em Alberto mandar algo para ela assim, ao invés de usar uma coruja. Ela estava muito perturbada, e foi minha culpa. Ela nunca faria isso em outras circunstâncias.

Hugo não falou nada por um momento, mas Sirius não viu raiva alguma em seus olhos.

- Isso é bastante ruim, Sirius - disse Hugo, finalmente - mas, não importa quão duras foram as coisas que você disse, ou o quão abalada minha filha ficou, ela não podia ter cometido um erro elementar desses - a voz dele era setenciosa - Elizabeth é filha de um auror, quantas vezes eu mesmo não repeti a ela regras de prevenção? Rosmerta podia não ser Rosmerta, para começo de conversa. Para sua sorte, era, mas foi um Comensal disfarçado que entregou o pacote a Rosmerta, provavelmente tomando Poção Polissuco com os cabelos de Alberto. 

Sirius abriu a boca para falar, mas num gesto que lembrou a ele Elizabeth, Hugo levantou a mão, impedindo-o:

- Além de tudo, ela quer ser auror. Será, então, vítima de artimanhas melhores e menos óbvias que essa. Como vai sobreviver, se as emoções dominarem? Então, Sirius, não o considero culpado pelo que aconteceu, e por horrível que tenha sido o que disse a minha filha, vejo pela sua dedicação, ainda que exagerada e imprudente, que está arrependido. E, como pai, ainda tenho que agradecê-lo, a você e aos outros garotos, por terem trazido Elizabeth salva.

Sirius se calou depois disso, apesar de ainda querer gritar que a culpa era dele sim, que qualquer um poderia cometer uma falha, droga! Elizabeth era humana apenas, o seu pai não via que estava exigindo muito dela? Poxa, todo mundo tinha direito de errar.

E, além disso, havia mais um peso em seus ombros, que ele já dissera a Dumbledore, mas não tinha coragem de tocar no assunto com o Sr. King. Será que ele já sabia que o objeto enviado para matar Elizabeth fora um presente de alguém da família Black? O objeto, tão conhecido de Sirius, que ficava em um antigo armário, e que a mãe dele nunca permitira que ele ou Regulus abrisse.

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Escuridão.

Sonhos de desgraça e premonição vinham um atrás do outro, e ela, se pudesse escolher, acordaria. Às vezes queria morrer, para aquilo parar. Seus sonhos mostravam os Comensaias da Morte torturando e matando, quando não o próprio Lord das Trevas.

Ela desejou morrer, para não ter que ver mais aquilo. Desejou morrer para se livrar da sensação de horror, de abandono que a envolviam. Mas, ela não morreu.

Em algum momento, ela começou a destinguir vozes do lado de fora, fora de seu sono e sonhos, que ela conseguia mais ou menos distinguir.

- Você é forte, querida - dizia uma voz grave.

- Minha filhinha - uma voz de mulher murmurava, parecia que estava chorando. E ela sabia que era sua mãe.

- Todos nós sentimos sua falta, Liza - dizia Lily

Mas havia uma outra voz, uma voz constante, que vinha acompanhada por um aperto de mão, que ela não sabia se era mesmo real, ou produção da sua mente, que de fato, as vezes, fantasiava.

- Você vai ficar bem... - dizia Sirius sempre e ela queria ficar apesar da tristeza que a engolfafa.

Naquela tarde de domingo, que Elizabeth  não sabia ser tarde, uma semana após acontecido e já início de dezembro, uma triste Lily foi visitá-la, mas encontrou James lá dentro.

- Olá - murmurou ela - Pensei que Sirius que estaria aqui.

- Eu o substitui minutos atrás - disse James - Convenci com muito custo que ele precisava tomar banho e descansar um pouco.

Lily olhou James. Ele parecia preocupado e triste, como ela mesmo. Lily nunca o vira assim antes.

- É deseperador, não é? - murmurou o garoto - E quando eu penso que podia ter acontecido algo pior... - Lily também se sentia assim, mas não pode deixar de notar que as vezes parecia mais. Será que James não gostava de  Elizabeth, inconsientemente o tempo todo? Estranhamente, esse pensamento a incomodava.

- Você a ama, não? - perguntou, suave.

- Sim, amo muito - disse ele, firme, e o coração de Lily despencou, enquanto pensava que devia estar feliz, mas não estava - Sirius é como meu irmão, mas Elizabeth é como minha irmã. Desde bebês estivemos juntos, não posso lembrar de um período de minha vida que ela não estivesse.

E um peso foi tirado do coração de Lily. Elizabeth era como a irmã dele. Irmã. Merlin, eu sou horrível.

- E ela sempre vai estar, tenho certeza. Como na minha.

James olhou para Lily, encarando-a nos olhos:

- Lily, esse não é o melhor momento, mas eu quero me desculpar...

Mas a ruiva não estava prestando atenção, porque naquele momento, Elizabeth King voltava a abrir seus olhos. Lily sorriu imensamente quando viu a cor azul, mas logo seu sorrisso vacilou. Porque em seus olhos, havia alguma coisa que não era o mesma. Era como se o brilho que havia dentro de Elizabeth, houvesse se apagado.

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Não foi Sirius a primeira pessoa que Elizabeth encontrou quando abriu os olhos.

Mas por que deveria ser? - pensou Elizabeth, varrendo seus primeiros pensamentos, e tentando se concentrar em Lily e James, que olhavam estarrecidos para ela.

- Liza! - gritou James - Oh, Merlin, obrigado! Como você está?

Foi o que bastou para Madame Pomfrey vir ver o que estava acontecendo, e ao perceber que sua paciente finalmente acordara, expulsar os dois dali.

- Como você se sente, querida? - perguntou, gentil.

Dor, caos se espalhava no mundo, fora de Hogwarts. E ver acontecer, era muito pior que ler ou ouvir falar. E a maldade, maior do que se poderia imaginar

Morta. Eu queria estar morta, ela pensou, mas guardou silêncio.

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Quando James contou que Elizabeth acordara, Sirius se sentiu eufórico. Mas a vergonha o impedia de ir vê-la, pois se sentia culpado. E ele, que estivera ao lado da garota o tempo todo , foi o único a não correr a enfermaria a fim de visitá-la . Como se perdoar por ter magoado Elizabeth, quando ela já passava por um momento difícil? Como  não notara que havia algo errado? Céus, ela estivera sob ameaça por três meses antes daquilo acontecer!

E agora ele podia ver cada burrada, cada sentimento escondido, cada erro cometido durante sete anos, mas não podia fazer o passado voltar atrás.  E, apesar de se sentir assim,  ainda havia coisas a serem esclarecidas. Ainda não havia provas sobre quem mandara a caixa de música para Elizabeth, apesar de para Sirius e a família King, ser algo óbvio. Provavelmente, ele deveria ter uma conversinha com Regulus sobre assuntos de família, como uma mãe potencialmente louca e homicida.


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Notas finais do capítulo

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