Se o Amor é uma Ilusão, Deixe-me Ser Iludida escrita por snow Steps


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Vocês já devem estar enjoados dos meus agradecimentos, mas novamente estou aqui agradecendo pelos favoritos, a recomendação linda da MilaKarenina, reviews e desejando boas-vindas aos novos leitores!
Cada um de vocês me dá forças para que esta história tome proporções épicas s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/575472/chapter/24

_ Tenho absoluta certeza que dará certo.

_ Não sei, Nora.

_ Mas eu sei, Marco. E no final das contas, se tudo der errado a única consequência garantida é um vídeo no Youtube para nos sacanear o resto da vida.

_ Para mim, é uma consequência e tanto.

_ Deixa de ser veadi... foi mal.

_ Tudo bem, já estou acostumado.

Aqui estou eu, Eleonora Silva e Santos, com o homossexual mais gato na face da Terra dentro de um quarto trancado e dispostos numa lindíssima cama de casal. Já estamos vestidos novamente (para o meu alívio) e nos preparando para colocar o meu mais novo plano em ação. Meu celular jogado em algum canto do chão já vibrou três vezes, indicando que Nat e Gabi estão receosas quanto ao que está acontecendo aqui dentro. No entanto, não posso lhes dizer nada a respeito do que ocorreu no interior dessas quatro paredes, restando apenas o abajur cor de carmim como testemunha da confissão do italiano.

Encaro Marco, e ele me retribui o gesto. Seus olhos continuam avermelhados e brilhantes, devido as lágrimas derramadas por um sentimento reprimido. Mesmo depois dele apostar minha virgindade, provocar-me noites mal dormidas e me dever muitas explicações, ainda estou disposta a ajuda-lo embora que essa ação culmine no fuzilamento da minha reputação como a Nora nerd e ingênua. A partir de hoje serei vista de uma outra maneira por toda a faculdade, e algo me diz que esta nova maneira me garantirá um passaporte para um labirinto de perdições e sem volta.

_ Vamos lá. Você começa, como o combinado. – Murmuro para Marco.

Ele assente com a cabeça, relaxando os braços e contando em voz muda até três.

_ Vai, Nora... diz para mim como está gostoso! – Ele grita em direção à porta, e assim que a última palavra é proferida Marco automaticamente fecha a boca com a mão em punho, contendo as gargalhadas.

_ Que delíiiicia! – Faço uma pausa forçada para recuperar a voz que se perde num riso descontrolado. – Valeu a pena esperar por você, Lorenzito!

_ É assim que você gosta, sua safada?!

_ Siiiiim!

_ Não ouvi direito...

_ SIIIIM!

_ Então me mostra como você curte uma sacanagem...

_ Aaah! Aaah! Aaah!

_ Hmmmm...

_ Aaah! Aaah! Aaah!

_ Assim mesmo, gostosa! – Ele bate com a mão na superfície do criado-mudo, simulando o som de um tapa. – Você adora brincar de cavalinho, não é?

_ Aaah! Aaah! Aaah!

_ Isso, geme bem alto!

_ Hmmm! Aaah! Aaah!

_ Iiiissooo!

_ Aaah! Aaah! Aaah!

_ Hmmmm...

_ Aaah! Aaah! Aaah!

_ Hmmmm...

_ Acho que já deu, Marco – Cochicho rapidamente para ele.

_ Como assim? Não se passaram nem cinco minutos! Vão achar que sou precoce – Marco retruca baixinho, consternado.

_ Antes precoce do que gay, né? – Contraponho, indignada. Já estou fazendo o maior favor do século, e ele ainda por cima quer sair com fama de machão?!

Ele dá de ombros, convencido. Marco enche o peito de ar e, numa exclamação única, solta:

_Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhh...

Após isso, um silêncio absoluto reina sobre a casa. Deixo escapar uma risada nasal, abafando-a com um travesseiro. Ele me entreolha, aturdido.

_ O que foi? – Marco indaga.

_ Não acredito que você expressa o seu ápice assim.

_ Falou a virgem.

Coloco a língua para fora com semblante de deboche, e assim partimos para a Fase 2 do plano (não que ele tenha muitas fases). Marco me ajuda a despentear meus longos cabelos castanhos com os dedos, e este fica pior que o arranjo de frutas da Carmen Miranda. Em seguida amarroto minha blusa e deixo uma alça do sutiã caída, segurando o par de sandálias numa das mãos. Respiro fundo e caminho até a porta, dando a última olhadela para o meu príncipe libertino sentado na ponta da cama bagunçada, cujas feições denotam preocupação.

_ Acha mesmo necessário fazer isso? – Ele interroga, mordendo o lábio inferior.

_ Creio que sim. Eles acreditarão apenas vendo com os próprios olhos, inclusive a Natasha e Gabriela que já sabiam do meu desejo de vingança.

_ Certo. Eu nem sei como agradecê-la, Nora. É estranho falar isso, mas esse foi o gesto mais caridoso que alguém já fez por mim.

_ Ah, relaxa. Depois a gente se acerta. – Digo, com um sorriso de canto fraco.

Volto para a porta e lentamente rodo a chave, que provoca o barulho da fechadura sendo destravada. Giro a maçaneta e as dobradiças rangem, abrindo o vão da porta que revela todos os presentes na casa de praia, espreitados atrás da parede. Eles me encaram com olhares arregalados cheios de abismo e ao mesmo tempo constrangidos, rapidamente desvencilhando-se da minha passagem.

_ Estão olhando o quê? Nunca transaram na vida? – Retruco, cheia de si.

Durante o caminho me deparo com Natasha e Gabriela, que estão completamente boquiabertas e desnorteadas.

_ O que houve? – Sussurra Gabi, quando passo ao seu lado.

_ Depois explico – Respondo, indo direto para o banheiro.

Atrás de mim consigo escutar Marco saindo do quarto, afivelando o cinto na frente de todos conforme havíamos planejado. Meu corpo inteiro treme, e sinto um frio incompatível com o clima litorâneo daquela região. Ao chegar à entrada do banheiro no final do corredor, entro sem delongas e repentinamente dou de cara com alguém que está saindo do recinto, batendo a cabeça e deixando as sandálias caírem no piso.

_ Mil perdões – Peço automaticamente, e ao erguer o rosto vejo a última pessoa com quem gostaria de compartilhar aquele momento tão vergonhoso na minha vida. – Tomas – Murmuro com espanto, e o inglês comprime os lábios ao me esquadrinhar dos pés à cabeça.

_ Você mudou, Noura. – Ele apenas diz após longas frações de segundos.

_ Não é o que você está pensando, Tom! Eu posso explicar, juro – Rapidamente tento reverter a situação, mas antes que ele responda qualquer coisa, outra voz ressoa pelas minhas costas:

_ Vamos para o quarto, Tom?

Viro em direção à Allais, que está em frente ao banheiro vestindo um roupão azul-claro. Nós duas nos encaramos com fogo no olhar, e enquanto isso Tomas passa por mim e segue para o lado dela.

_ Sim – Ele concorda com um quê de tristeza no seu timbre.

Observo o casal se distanciar de braços dados e antes que eles saiam do meu campo de visão, ainda posso ouvir Allais murmurando para o inglês:

_ Eu não imaginava que ela é tão vadia assim.

No mesmo instante meus olhos enchem d’água, e a repulsa esmaga meu coração apertado. Não há nada tão amargo quanto receber a culpa de algo que você não fez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!