Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 9
Capítulo 9 - Death is never the End


Notas iniciais do capítulo

Voltei :DD Fiquei meio animada pra escrever e saiu maior do que planejado, e eu ainda me segurei pra não sairem umas oito mil palavras, vou deixar isso para a próxima, talvez ? Provavel que não, enfim !
Boa leitura meus amores, até os comentários ! ♥



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Então eu me arrumei o mais rápido possível. Tomei banho, escolhi a roupa, me maquiei e arrumei o meu cabelo em milagrosos vinte minutos, e saí, procurando por um taxi. De novo, milagrosamente, tinha um vazio parado em frente ao hotel. Dei as informações da onde eu precisava ir ao motorista e ele me levou lá num instante. Era um dia quente e ensolarado de primavera. Nada melhor para aproveitar isso do que com as penas de fora, mesmo. Parecia que tinha até esquecido o quão branca eu era por baixo do jeans. Uma leve brisa me tirou dos meus pensamentos, e eu vi Garisson ali parado, sorridente, com uma cesta em mãos. Ele andou até mim, sorrindo.

–Eu achei que iriamos tomar café.

–E vamos. Venha comigo.

Ele me puxou pelo parque, até um lugar relativamente vazio, e colocou as coisas no chão, toalha, doces, salgados, café, leite, todos em garrafas térmicas, enquanto eu estava parada, rindo dele. Me sentei na sua frente quando ele terminou. Klaus me serviu um copo de leite com café.

–Então, vamos para as perguntas básicas.-Eu balancei a cabeça, tomando meu café.- Quantos anos você tem ?

–Vinte e um. –Menti. Faria vinte e um em algumas semanas, mas já estava quase lá, não é ?

–Somos iguais, então. Próxima, sua cor favorita ?

Eu soltei uma risada.

–O que é isso ? É coisa de policial, ficar fazendo perguntas ? –Ele riu.- Eu acho que branco. E, como alguém de vinte e um anos vira capitão da políca de Manhattan ?

–Conhecendo as pessoas, sendo um ótimo ser humano. –Ele sorriu.- Falando em ótimo ser humano, o seu parceiro, ele... Ele te olha com algum tipo de carinho. Vocês são próximos ?

–Próximos o suficientes para parceiros no trabalho, eu assumo. Ele é somente um amigo.

–Ah, desculpe pela pergunta estranha. Enfim ! Sem mais perguntas desse tipo.

Eu balancei a cabeça, rindo. Nós conversamos mais um pouco. Pelo menos, foi o que eu achei. Tinham se passado uma hora e meia. Deus, como aquilo era idiota. Eu não teria e não queria nenhum futuro com aquele homem, me pergunto se aceitei seu convite por pena. Devia confessar, a cada sorriso que ele dava, meu coração parava um pouco. Ele era lindo. Tão cheio de vida, com uma carreira ótima, numa cidade cheia de oportunidades, tinha a vida toda pela frente. Enquanto Klaus falava, eu pensava em um milhão de desculpas para ir embora dali, e nunca mais botar os pés na sua vida. As pessoas à minha volta tinham a péssima mania de morrer.

–Amanda ? Seu telefone está vibrando.

–Uh ? Ah, desculpe. –Olhei para a tela rapidamente. Dean. –Preciso atender isso, um minuto. –Me levantei e andei um pouco para longe dele. –Dean ? O que encontrou ?

–Brianna, eu raqueei o sistema de câmeras da cidade, e encontrei uma fita. Garrison, o policial ? Ele fez o casal o seguir até um lugar vazio para um vampiro e um anjo os atacarem. Me diga que você não está com ele, por favor.

–Dean, eu não... –Olhei em volta e não tinha sinal dele em lugar algum. –Olha, eu estou voltando. Te ligo quando cheg-

Eu não tive tempo de falar o resto. Apenas senti uma dor enorme, e apaguei. Simples assim.

(( . . . ))

–Tire logo essa venda da cabeça dela ! É obvio que está acordada. Olá, pequenina. Klaus fez um ótimo trabalho, olhe só para você ! E a sua pele, seu sangue, cheiram tão bem !

–Se afaste dela, seu ser imundo. Tire as presas dela,agora !

Eu acordei ao som de alguém gritando. Não sabia ao exato quantos dias se passaram, mas eu sentia, nos meus ossos, que eu estava ali há dias. A voz era extremamente familiar, porém, havia algo de diferente nela. Algo que soava quase como um pecado. Algo ruim, maligno. E ao parar para ouvir os múrmuros, as vozes, meus olhos se encheram de lágrimas e minha cabeça de confusão. Eu só precisava ver, para ter absoluta certeza de que eu estava errada. De algum modo, eu não queria estar errada. No fundo, eu sabia quem era.

–Deixe que eu tiro essa merda.

Alguém me chutou e puxou os meus cabelos ao tirar a venda que cobria a minha visão. Eu pisquei algumas vezes, olhando para o chão e senti uma das lágrimas escorrerem, e tentei olhar para cima. Estava escuro demais, e eu me sentia esgotada. Fechei os olhos por alguns segundos, sentindo a escuridão me engolir. Um pensamento egoísta e estranho passou pela minha cabeça; ‘’Se Sam estivesse aqui isso nunca teria acontecido’’, e isso quase me pôs para pensar sobre o Winchester desaparecido, mas eu ouvi um barulho. Parecia algum tipo de briga, com coisas caindo no chão, gritos e grunhidos, e senti um tipo de tensão se aglomerando sobre mim. Eu precisava sair daquele lugar naquele exato instante, e comecei a tentar desamarrar as cordas que me prendiam, e foi uma tentativa inútil. Estavam apertadas demais, com um nó confuso. Forcei os olhos para tentar ver algo que eu pudesse pegar com os pés e chutar até minhas mãos, mas eu estava presa numa sala sem nada, sozinha.

Bum

O barulho da porta me assustou. Algo que parecia ser uma mulher entrou, e se abaixou atrás de mim, colocando uma faca à minha garganta. Ouvi passos corriqueiros vindo na direção da sala, e jurava ter ouvido alguém falar meu nome. Eu estava certa.

–Brianna ! –Dean deu um passo para frente, e parou quando me viu. –Largue ela, sua filha da puta ! O que fizeram com ela ?

–Eu acho que não, lindinho. Eu tenho mais direitos de estar perto dela do que você, afinal, ela é minha irmãzinha. -As lágrimas voltaram aos meus olhos. Eu me segurei. Chorar não faria nada mais fácil, me faria parecer fraca.- Ou melhor, era, quando Ellie ainda possuía este corpo. Bom, chega de papo. Eu vou embora com a loirinha e você não vai fazer nada, ou eu corto a garganta dela !

Ela fez um corte na minha bochecha, como uma amostra grátis, e me levantou a força. Eu não tinha o que fazer, além de olhar o desespero estampado no rosto de Dean. Fez me sentir culpada. Sentia que, de alguma forma, eu tinha alguma culpa na briga entre Sam e Dean, que era minha culpa por ter sido tão idiota e ter saído sozinha, mentido para ele. Era uma garotinha estúpida com vontades estúpidas, que estava sendo arrastada pelo fantasma da própria irmã. E a cada passo que ela dava, eu morria por dentro.

–Relaxe querida, é só o sangue do idiota que morreu lá trás. Logo isso passa e você vai desmaiar de novo.

Eu tinha perguntas, mas eu simplesmente não conseguia. Não conseguia aceitar que aquilo era minha irmã, ou no que ela tinha se transformado. Impossível. Eu devia estar tendo um sonho ruim, ou ter sido hipnotizada, alguma coisa. Qualquer coisa. Tudo que eu precisava saber era que a Ellie, a verdadeira Ellie estava segura, em algum lugar melhor. Ouvi alguns passos rápidos, e ela caiu no chão, quase me levando. Eu me virei para trás, e vi Sam, com um meio sorriso, respirando pela boca.

Foi aí que eu chorei. Chorei e corri para ele, querendo estapeá-lo por tudo que tinha feito. Ele me desamarrou e eu dei um tapa no seu braço.

–Ficou maluco ?!-Eu consegui dizer, no meio das lágrimas desnecessárias. –Fugir não é a solução, nem mesmo uma opção, Sam ! –Ele ficou me encarando por algum tempo, sem dizer nada, e começou a rir. Talvez de mim. Ou da minha reação. Ou dos dois.

–Depois conversamos sobre isso, Bri. Agora temos que nos preocupar com...Ela. –Ele apontou para o corpo de Ellie.

–Eu... Eu preciso interroga-la. Tem alguma coisa tão... Errada !-Eu aumentei o tom de voz. –Eu vi ela... E vi Ellie morrer, de novo e de novo por semanas, eu mal conseguia me concentrar em alguma outra coisa, o corpo dela todo... Todo...

Eu não havia percebido. Estava chorando o tempo inteiro, e agora, soluçando, de joelhos, no chão. Sam me pegou no colo devagar, e lentamente foi me carregando e me ouvindo chorar sobre a morte da minha irmã até o Impala, e mesmo depois de eu estar sozinha no banco de trás, ele se sentou lá, comigo. Eu vi Dean jogar Ellie no porta-malas, e eu fiquei sem ar, a sensação de que ia desmaiar subiu do meu estômago para a minha cabeça, e eu senti a mão de Sam no meu cabelo, que desceu para o meu ombro, e ele me deu um meio abraço. Fiquei lá, sem protestar, até porque eu estava no meio de uma crise e um desmaio.

(( . . . ))

–Eu preciso fazer isso.

–De jeito nenhum. –Sam foi o primeiro a discordar.- Ela é sua maior fraqueza, Brianna. Já cansei de te ouvir chamar por ela dormindo, todas as histórias que me contou sobre ela, com os olhos brilhando de orgulho, de jeito nenhum vamos deixar você entrar naquela sala. –Dean olhou para o seu irmão, completamente surpreso. Eu não era diferente, tinha me assustado um pouco com a tamanha preocupação de Sam comigo, levando em conta os seis meses que eu passei longe, só me comunicando por mensagens e que ele desapareceu sem dar nenhuma explicação.

–Eu concordo com o Sammy, garota. Deixe-nos lidar com isso, e, somente na pior das hipóteses, você nos ajuda.

–Pelo menos me deixe ficar na sala com vocês. Eu preciso ter certeza do que aconteceu.

–Negativo. Dean vai sozinho, é a especialidade dele receber informações.

–Você quis dizer torturar a minha irmã até ela falar alguma coisa engraçada e morrer ?

–Brianna, ela matou pessoas, com um vampiro. Se ele se virou contra nós, não é diferente de um monstro. –Eu engoli em seco, e abaixei meu olhar. Já tinha chorado demais. –Vamos lá para cima. –Ele me puxou escadas a cima, e eu pude ver Dean entrando na sala aonde ela estava presa. – Vamos cuidar desses cortes... Se sente ai, eu já volto.

Ele não demorou. Tinha álcool, bandagens, algodão, até uma pomada. Eu não precisava de tudo aquilo... Eu assumia. Ele jogou meu cabelo para o lado, e começou a limpar os ferimentos, um a um, com o maior cuidado possível. O vampiro tinha se alimentado de mim, mas não diretamente. Não havia riscos de eu virar uma vampira louca. Arfei quando ele voltou a limpar meu pescoço, os cortes ali eram um pouco mais profundos. Obviamente, não o bastante para me matar, mas o suficiente para alimentar aquele vampiro nojento... Sam estava tão concentrado, tão preocupado em me livrar de qualquer vestígio da dor que me causaram que chegava a ser estranhamente fofo.

–Sammy, sempre tomando conta de mim.-Eu lhe dei um sorriso fraco.- Obrigada, mas não precisa se incomodar, mesmo.

–A ultima vez que eu ouvi isso você tinha levado uma facada na coxa esquerda. –Ele deu uma risada curta. –E nada disso teria acontecido com você se eu não tivesse surtado. Brianna, você sumiu por duas semanas. Está claramente mais magra, eu me surpreendo como não está com fome.

–Ela disse algo sobre eu ter um pouquinho ainda de sangue do vampiro em mim, há horas atrás. Me dê mais dez minutos e eu faço o dono de uma pizzaria falir num rodízio. –Eu ri, e ele sorriu.

–Bom, eu vou fazer chá. Quer alguma coisa ? –Ele se levantou do sofá, e eu fui atrás, me sentando na mesa da cozinha.

–O mesmo, Master Chef.

Ele riu e começou a preparar as coisas. Eu tinha tanta coisa para perguntar, tantas outras coisas para me concentrar e simplesmente não queria chatear a Sam ou a mim mesma. Por outro lado... A curiosidade matou o gato.

–Sam ? –Ele me respondeu com um murmúrio e olhou para mim pelo ombro, sorrindo. –Porque você foi embora ? Melhor, porque você se esforçou tanto em se afastar de nós ? Eu já ouvi o lado do seu irmão, e ele tá muito puto.

–E ele tem razão de estar. Brianna, tem algo dentro de mim, algo que você não vai querer ver, e essa coisa fica me corroendo de dentro para fora, e eu vou sempre ser assim, é como uma doença sem cura. Eu não estou limpo. Não importa quantos banhos eu tomar e tentar tirar isso da minha pele, não vai sair, nunca. -Ele se sentou á mesa, sem me olhar.

–E isso por acaso te faz um monstro ? Ser diferente ? Você é um caçador, merda ! Largou a chance de uma vida normal para salvar o mundo de monstros de verdade. Ninguém aqui tem razão, e muito menos culpa pelo o que está acontecendo. A única ‘’pessoa’’ a se culpar é Lúcifer, e ninguém mais. -Franzi as sobrancelhas, angustiada.- Por favor, não se martirize por isso. –Minha voz saiu um pouco...Chorosa no final.

Eu segurei a sua mão, por instinto. Não tão diferente do que ele fez meses atrás, no hospital. Pelo o olhar dele, estava obviamente surpreso. Eu quase soltei um sorrisinho, ele realmente precisava de alguém além de Dean. Um amigo. Ou no meu caso, amiga, eu suspeitava. Talvez ele precisasse de mim agora mais do que eu precisasse dele, mas eu sabia que poderia confiar em Sam. Ele já me salvou, arriscou sua vida, e faria de novo. E algo lá no fundo dizia que tinha uma coisa a mais sobre ele... Mas eu não poderia, de jeito algum, colocar ninguém em perigo por culpa minha. Gostaria que as coisas fossem mais simples. Que eu não tivesse segredos que uma hora viriam à tona. Nos perdemos por algum tempo, em silêncio, trocando olhares. Abruptamente, ele se levantou, com o rosto levemente vermelho. Eu olhei para os lados desentendida, e vi Bobby parado na porta da cozinha. Eu quis morrer ali e naquele instante.

–Sam, tem um minuto ? Dean precisa de você lá em baixo.

–Ah, eu estou indo.-Bobby balançou a cabeça e sumiu. Sam começou a andar e parou atrás de mim. –Obrigada por isso, pequena.

Ele colocou as mãos nos meus ombros e beijou o topo da minha cabeça, e naturalmente saiu, me deixando sozinha. Sam levou consigo os meus pensamentos relativamente ‘’bons’’. Voltei a questão de Ellie... Eu não entendia. Talvez não quisesse. Ela deveria estar morta, e não viva, tentando me matar, ou coisa pior. Naturalmente, eu fui contra o que Dean tinha me falado antes, e desci as escadas. Assim que cheguei no porão, ouvi risadas. Bobby estava parado em frente á porta, e assim que me viu me olhou com a cara feia, e veio andando até mim.

–Você não deveria estar aqui.

–Se Sam estivesse no lugar dela, você pararia Dean ?

–Eu tentaria. Vamos garota, você não precisa ver isso.

–Eu preciso. É provavelmente minha culpa, e eu vou lá.

–Se alguma coisa acontecer, não pode deixar ela escapar, entendido?

–Eu sei muito bem como tudo isso funciona, Bobby. Mesmo. Agradeço a sua preocupação. –Sorri de leve e encostei no seu ombro.- Mas eu preciso saber que porra aconteceu com a minha irmã.

O soltei e entrei na sala. Eles estavam falando antes, era nítido, mas assim que eu entrei pairou um silêncio mortal. Ellie sorriu para mim. Não um sorriso feliz, mas um sorriso que se esboça em alguém insano, e então, soltou uma risada. Ela estava amarrada, roxa, cuspindo sangue.

–Finalmente a princesinha veio checar nos seus príncipes nas armaduras brilhantes ! Olá Brianna, como foi o seu ano ?-Ela sorriu novamente.

Sam se colocou na minha frente, me impossibilitando de vê-la. Ele me segurou pelos ombros, e olhou para baixo.

–Não é para você estar aqui. -Ele estava sussurrando. Eu mal podia ver sua expressão por conta da péssima luz, mas eu sabia que ele estava preocupado comigo.

–Sabe que eu preciso. Eu preciso lidar com isso, não posso ficar fugindo disso o tempo todo. Obrigada por isso, grandão.-Eu sorri de leve e voltei para Ellie.

–Podem me deixar sozinha ?

–De jeito nenhum. –Dean foi o primeiro a protestar.

–Por favor. E eu só preciso de uma coisa. A faca celestial de Castiel. É a única coisa que vai realmente machucar ela. -Eu mal toquei em seu nome e Castiel apareceu ali, no meio da sala. –Parece que me ouviu.

–Ah, que lindo ! Uma reunião familiar ! Olá,Cassie. Onde está o Michael ?

–Eu acredito que precise disto. -Ele entregou a lâmina para mim e tirou os Winchester dali.

Bem, aquilo foi fácil.

–Só nós duas, novamente. Sentiu minha falta, Supergirl.

–Você não tem o direito ! –Rasguei sua bochecha coma lâmina e ela soltou um grito. –Quem é você para usar o corpo de Ellie ?

–Eu sou Ellie, idiota. Mais ou menos. -Ela sorriu.- Ela está aqui dentro, sabe ? Gritando por você. ‘’Por favor, me mate.’’ ‘’Socorro’’. Tão patética. -Eu parei por um minuto. Não estava entendendo o que tinha acontecido, ou o que estava acontecendo. Simplesmente parei num lugar, olhando fixamente para o nada.-Eu sei que não entende. Foi quase impossível dividir o mesmo corpo que ela, eu juro. Mas como era um contrato...Era o melhor que eu vi em todos esses anos de carreira. A alma, a essência de um anjo ! E a chance de te capturar... Eles não sabem do seu segredinho não é ? Acha que Sam e Dean colocariam tudo que eles sentem por você de lado e te caçariam ? Afinal, és uma aberração.

–Cala a boca, caba a merda da sua boca, seu demônio de merda ! –Eu não pensei duas vezes, se não em exorciza-la. –Exorcizamus te, omnis immundus spiritus...

–Querida, você já percebeu, não se faça de tonta. Isso é um contrato, eu não vou sair daqui até que eu morra. E para eu morrer, ela também morre. E eles não vão deixar que eu saia, então é mais vantajoso encher a sua cabeça de preocupações, deixa-la maluca.

–Você não vai se safar dessa.

–Talvez sim, talvez não. Isso depende de você. Mataria a sua irmã ?

–Você não é minha irmã. –Arrastei as palavras pela minha garganta. Eu queria chorar, mas sabia que deveria ser forte. Por mim mesma, por Ellie. Mata-la não era uma opção. Aparentemente o exorcismo não funcionava... Eu queria sair dali.

–Bem, mas ela está aqui. Vamos garota, o que eu preciso fazer para você me soltar ? Posso te dar uma amostra grátis. Lembra-se de Sam ? Então...

–Cala a boca !-Gritei, com raiva, e senti o chão tremer.

–Uhh, alguém está com os nervos à flor da pele ! Eu gosto disso.

–Não me importo. Okay, vamos acabar com essa conversa fiada. Porque está me procurando ? –Eu fiz um corte em seu braço.- E sem mudar de assunto.

–Acha que sou só eu ? –Ela riu.-Você é mais inocente do que eu pensava. E falando nos outros, logo logo eles vão estar aqui.

–Você só está enchendo o meu saco. E acontece que eu estou sem paciência hoje. Solte, querida, quem está me procurando, o que querem ?

–Você não vai conseguir. Não vai salvar a Ellie, não vai salvar ninguém, nem mesmo a si mesma, sua menina teimosa !

Palavras não descreviam como eu estava com raiva, ódio, e o quão sem poder eu estava. Não tinha o que fazer, não sozinha, mesmo que odiasse pedir ajuda... Eu saí dali. Bobby estava sentado numa cadeira, lendo alguma coisa. Eu o ignorei e subi, procurando os Winchester. Não demorou muito para eu achar Dean sentado, bebendo. Ele fazia isso bastante. Eu encostei em seu ombro.

–Você não parece bem.

–Ela está possuída. E tem outros vindo por ela.

–Brianna, pode me explicar que merda está acontecendo ? Você... Some por seis meses,resolve um caso, desaparece por mais dois meses, e volta por outro caso, se esquiva das minhas perguntas, me evitou esse tempo todo... O que você está escondendo ?

–Dean... –Eu fraquejei. –Eu te explico depois. Tudo o que eu sei. Eu te prometo. Mas por favor, me ajude com isso. Ellie fez um contrato e foi possuída. Eu tentei exorciza-la, mas não parece ser efetivo. Talvez eu tenha feito errado, eu, eu não sei. –Minha visão ficou embaçada e eu me senti fraca. –Eles estão vindo,precisamos... Ah...

–Hey, hey, sem choro. -Ele se levantou. -Vou ver o que o Bobby sabe, preparar a casa. Porque não chama Sam ? Ele está lá em cima.

Dean desceu as escadas, apressado, e eu fui no mesmo ritmo procurando por Sam. Não o encontrei em quarto nenhum, até entrar no ultimo, e ouvir o barulho do que parecia sendo um chuveiro sendo desligado. Senti meu rosto todo ficar quente, eu até pensei em dar meia volta, mas ele já tinha aberto a porta, e eu nunca fiquei tão sem graça tão rápido. Fechei os olhos, e ouvi Sam rir de mim.

–Se vista logo, precisamos de você lá em baixo. –Ele riu de novo.- Não é engraçado, vocês tem que parar de fazer isso.

–Vocês ?

–Prefiro não comentar. –Falei, ainda de olhos fechados e a mãos no ar.

–Pronto. –Ele deu uma risada.

–Não tem graça, vamos logo. –O puxei pela mão escadas abaixo, encontrando Bobby lendo alguns livros e Dean colocando sal nas portas e janelas.

–Que lindo ! Não é hora para isso, Sammy. Solte ela, temos trabalho a fazer.

Ele soltou a minha mão e eu me sentei ao lado de Bobby. Ele me deu alguns livros, e eu comecei a folheá-los rapidamente, e não achei nada que quebrasse o contrato, nem nada relativamente parecido ou relevante. Já tinham se passado pelo menos uns vinte minutos, quando Bobby achou alguma coisa.

–Todo contrato tem as suas entrelinhas. Nós podemos transferir o demônio para um objeto, e tranca-lo lá para a eternidade. Aqui temos tudo o que precisamos, menos... Sangue de um anjo.

–Na verdade, Bobby, temos sim. Castiel estava aqui, eu ainda tenho a lâmina dele comigo.

–Não acho que ele vá voltar. –Dean olhou pelas cortinas. –Não com essa turminha de olhos negros lá fora.

Eu rapidamente li os ingredientes e peguei tudo da prateleira de Bobby, enquanto os três se preparavam para a luta que estava por vir. Eu saí correndo com flores, especiarias, sangues, uma caixinha preta e encantamentos para aonde Ellie estava. Misturei tudo e no final, coloquei bastante do meu sangue ali. Tinha de funcionar, eu precisava disso.

–Et spiritus immundi, hoc animam a solo Deo, est aeternum damnare vacuo solo imperio et tollendum malum animae ! In perditionem in Dei nomine ego te condemnabo vade proprius infernum !

Eu abri a caixinha, e os ingredientes pegaram fogo. O demônio foi para dentro da caixinha, que havia um pentagrama entalhando nela. Ellie estava desmaiada e eu ouvi barulho de tiros e alguns gritos lá em cima. Subi devagar as escadas, e fui parada por alguém segurando Sam bem na soleira da porta. Não pensei duas vezes e atravessei o demônio com a lâmina de Castiel. Ele morreu na hora, o corpo caindo escada a baixo. Sam virou, surpreso em me ver, sorrindo de leve. Aquele era o último. Dean e Bobby tinham se virado com os outros dois. Sam e Dean começaram a levar os corpos para fora, e Bobby se sentou, colocando um pouco de Whisky num copo.

–Aceita ?

–N-Não, obrigada. –Gaguejei. –Bobby, você traduziu errado. Não era sangue de um anjo. Era sangue derramado pela lâmina de um anjo.

–Tem certeza, garota ? –Eu balancei a cabeça. –Acho que estou ficando velho. Então, funcionou, não é ? Como ela está ?

–Eu não sei. Ellie desmaiou quando ele saiu. E eu estou com medo do que eu vou achar lá em baixo.

–Eu não tenho a resposta, filha. Vá. Eles vão demorar um pouco. Aproveite esse tempo.

Eu me virei de volta para a escada, lentamente descendo cada degrau, me arrastando para ver se tinha funcionado. O silêncio tomava conta do lugar, estava tão quieto que as portas e escadas de madeira nem faziam barulho, e a única coisa que eu ouvia era minha própria respiração, e era realmente irritante e idiota. Enquanto eu preparava o feitiço, eu mal percebi, mas houve o que me pareceu um pequeno tremor. Obviamente causado pelos demônios. Coisas jogadas pelo chão, poeira, algumas luzes quebradas. A iluminação no porão era detestável, quase não via um palmo na minha frente, eu quase caí da escada duas vezes. Tinham doze degraus, e mais parecia a descia para o inferno. Assim que cheguei no chão e corri para a porta. Não para abri-la. Somente para tomar a coragem. Respirei fundo algumas vezes até ficar com a mente limpa. Quando eu pensei em abrir a porta, notei que estava aberta, encostada. Só um empurrãozinho foi o bastante para ela abrir um pouco. E eu abri a porta.


Brianna ?


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Notas finais do capítulo

Ah, terminamos ! Esse capítulo, calma ! Isso é uma longfic, relaxem. Vai ter muito mais da onde veio, vocês tem a minha palavra. Até o próximo capítulo, meus amores !



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