Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 7
Capítulo 7 - Settle Down


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei um pouco, eu sei, mas como a escola começou, e eu estava com uma certa dificuldade para escrever... Enfim, aqui está ! Boa leitura



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Sam me acordou me puxando para fora do carro. Não fazia ideia aonde estávamos, vi que nenhum dos dois tinham armas nas mãos, mas mesmo assim eu peguei uma faca e a coloquei dentro da minha bota, uma pistola comum, com balas de sal num bolso e outra com balas de prata, e entramos na casa, em silêncio. Parecia que o Katrina tinha dado uma festa particular dentro daquela casa. Haviam livros, jornais, papéis, pratos, e coisas quebradas para todos os lados. Sam e Dean andavam sem fazer barulho, de um lado para o outro, olhando aquela bagunça. Eu fiquei perto de Sam, pois parecia a coisa mais sensata a se fazer no momento. Ele andava em direção a uma escada quando um cara pouco mais alto do que ele o bateu com um... desentupidor.

–Caramba ! –Ele reclamou, cambaleando para trás.

–Sam ?-O cara com barba disse.

–É !-Ele exclamou.

–Oi, Chuck. -Dean falou, lá de trás.

Chuck era um homem engraçado. Ele era poucos centímetros mais alto que eu, tinha uma barba e olhos inquietos e medrosos, e estava usando algo que eu julgava ser um pijama, se ele não parecesse um mendigo que passou mais de dois anos e meio nas ruas.

–Então você está... bem ?-Perguntou, olhando para Sam.

–Minha cabeça dói. -Ele reclamou.

–Não, não, eu digo, minha ultima visão... Você deu uma de Darth vader. Seu corpo estava a cento e cinquenta graus célsius, seus batimentos cardíacos a duzentos bpm... Seus olhos estavam pretos !

–Olhos pretos ?-Dean perguntou, presunçoso.

–Eu não sabia. -Sam respondeu, baixo. Dean deu uma olhada para ele e olhou para Chuck.

–Cadê o Cass ?

–Morreu. Ou desapareceu. -Senti uma leve dor no estomago ao ouvir aquilo. - O Arcanjo acabou com ele. Sinto muito. -Ele disse, negando com a cabeça e olhando para baixo.

–Tem certeza ? Talvez ele tenha desaparecida numa luz...

–Ah, não. Ele meio que explodiu. Como um balão d’água cheio de sopa consistente.

Eu senti lágrimas de desespero vindo e forcei para que elas não me denunciassem. Merda, Castiel. Aonde você se meteu ?

–Você tem um... –Sam apontou para o cabelo de Chuck.

–Aqui.... ? –Ele apontou para atrás da orelha. Sam aponto para o outro lado.- Meu Deus.- Ele puxou a coisa do cabelo.- Isso é um molar ? Tem um molar no meu cabelo ?-Ele estava tremendo. –Tem sido um dia estressante.

–Eu que o diga...-Falei baixo, para mim mesma.

–Cass, seu retardado.

–Ele estava tentando nos ajudar.-Sam falou antes de mim.

–É, exatamente. -Dean retrucou, dizendo como se aquilo fosse culpa dele.

–Ah merda. -Chuck falou. O cara era realmente problemático.

–O que ?-Dean falou.

–Posso senti-los. -O baixinho respondeu.

–Achei que encontraria vocês aqui.

Uma voz disse, atrás de nós. Me virei e algo dentro de mim sabia que ele era de quem eu havia corrido nesses últimos sete meses. Três anjos, de ternos pretos imaculados estavam na cozinha de Chuck. Engoli seco, e juntei toda a minha coragem para qualquer coisa que acontecesse.

–O recreio acabou, Dean. Hora de vir conosco. -Ele deu um passo para frente e Dean apontou para ele.

–Você fique bem ai, imbecil.

–Está chateado. -O anjo disse, com um quase sorriso no rosto.

–É, um pouco. Vocês adiantaram o dia do julgamento final !

–Talvez deixamos acontecer. Nós não começamos nada, certo, Sammy ?-Ele disse olhando para ele, e depois para mim. –Você teve a chance de parar seu irmão e não conseguiu. Então, não vamos discutir a respeito de quem começou o que. Vamos dizer que foi culpa de todos nós e seguir em frente. Porque querendo ou não. Virou o Apocalipse agora. E estamos outra vez no mesmo time.

–É mesmo ?

–Você quer matar o diabo. Queremos que mate o diabo. É sinergia.

–E eu devo confiar em você ? Enfie isso naquele lugar aonde o sol não toca, feioso.

–Isso não é um jogo, filho. Lúcifer é poderoso de jeitos que não tenho como descrever. Precisamos atacar agora, com força e rápido, antes que ele ache o seu recipiente.

–Seu recipiente ?-Sam perguntou. -Lúcifer precisa de um saco de ossos ?

–Ele é um anjo, essas são as regras. E quando ele achar, estamos falando de quatro cavaleiros, mares vermelhos, céus de fogo, os grandes sucessos. Você pode pará-lo, Dean. Mas precisa da nossa ajuda.

Dean ficou quieto por alguns segundos. E esses pequenos segundos me pareceram infinitos, que se arrastavam como lesmas. Eu queria sair dali, correndo, com o coração na mão, mesmo que Zacarias estivesse distraído eu não teria tempo o suficiente para fugir.

–Escute aqui, seu imbecil de duas caras. Depois do que você fez, eu não quero mais nada de você !

–Você que me escute, garoto ! Você acha que pode se rebelar contra nós ? Assim como Lúcifer fez ? -Ele disse, rindo. E parou por um momento, olhando a mão de Dean. - Você está sangrando.

–Ah, é. Uma pequena garantia caso vocês aparecessem. - Ele abriu a porta ao seu lado e colocou a mão ensanguentada nela, e uma luz branca extremamente forte tomou conta do lugar, e quando eu pude finalmente olhar, os anjos haviam desaparecido. Não como se quisessem desaparecer, mais como se tivessem sidos forçados aquilo. -Aprendi isso com meu amigo Cas, seu desgraçado.

–Isso é um saco. -Chuck reclamou.

–Você tem que me ensinar isso.

–Ensino depois. Agora, precisamos nos encontrar com Bobby. Vamos.

(( . . . ))

Dean dirigiu até um hotel barato e ele e Sam entraram. Eu dei a desculpa que precisava comer algo, e fui até um parque que havia por perto, a pé. Precisava processar o que havia acontecido nas ultimas horas, e precisava de um tempinho para reclamar comigo mesma, e, talvez até mesmo chorar e rezar. Não me faria mal, faria ?

O parque estava vazio. O clima estava feio, nublado, com cara de que ia chover o bastante para que a água engolisse aquele lugar todo de uma vez só, e, por mais roupas que eu usasse, eu me sentia com muito frio. Me sentei num banco que ficava bem embaixo de uma árvore praticamente depenada, a ponto de eu poder me encostar nela, e foi o que eu fiz.

–Castiel...-Disse baixinho, num muxoxo. –Sam e Dean precisam de você, da sua ajuda. Eu... Eu preciso de você. –Choraminguei. –As coisas estão bem feias por aqui, Cass. Eu fugi por alguns meses, com medo do que poderia acontecer, e olha o que aconteceu ! A Ellie se foi, o Peter não precisa se envolver nisso, você desapareceu... E não consigo trocar uma palavra com nenhum dos dois. Eu só... Só preciso de uma luz, Cass. Um sinal, qualquer coisa que me diga que você está vivo.

Nada aconteceu. Me senti idiota por estar rezando, depois de tantos anos sem ter feito. Depois da morte dos meus pais adotivos, eu tinha parado de acreditar em anjos, em Deus. Mas Ellie não. Ellie sempre se manteve fiel ao que acreditava, ela dizia que Deus era justo. Que tinha feito tudo ser como é por uma razão. E eu nunca a entendi, a chamava de idiota e iludida. Ainda não entendo, mas não queria ter dito nada daquilo. Não mesmo.

‘’You see me crying

Please say you stick around

And I got to be your lover, honey

Lovin time after time

And I show everything around

And I never ever let you down

cause my love is like a madder round’’

–Meu Deus, eu odeio o Peter. -Reclamei. O idiota provavelmente trocou o toque do meu telefone. O tirei do bolso do casaco. Era Sam. Pensei em não atender, mas lembrei que poderia ser importante. –Sam ?

–Volta pra cá, agora. Sem tempo para explicar, só, volta.

Desliguei o telefone e corri com toda a velocidade que eu pude de volta para o hotel. Bobby estava lá, com a blusa manchada de sangue. E tudo passou tão rápido. Eles levaram Bobby para o hospital, e eu fiquei mais arrasada do que antes. Bobby não podia morrer, de jeito algum, não mesmo. Foi ele que me ajudou, sem nem mesmo pensar em dizer não. Tomou conta de mim, confiou em mim quando eu não tinha com quem contar. Robert não poderia entrar na lista de pessoas que morreram depois que eu as conheci.

–Sam, nós temos que ir.

–Nem a pau, Dean.

–Os demônios sabem aonde a espada está. Temos que chegar antes deles, se já não chegaram !

E então nós corremos de volta para o Impala, e Dean começou a dirigir. Eu respirei fundo.

–Alguém pode me explicar o que aconteceu ?

–Bobby foi possuído, e nós achamos algo que pode dar um fim em Lúcifer. A espada dele, e sabemos aonde está. Precisamos chegar lá antes que seja tarde demais.-Sam me respondeu.

–Não, como Bobby foi esfaqueado ?

–Apareceram demônios no quarto, Brianna. Ele se esfaqueou para me salvar.

Dean falou, alto e grosseiramente. A atitude dele não estava me agradando, e se continuar assim, eu vou descer o cacete nele. Eu sou paciente, mas aquilo já era abuso dela.

Ele dirigiu por algum tempo, até que chegamos num lugar que parecia ser um armazém. Saímos do carro, carregamos nossas armas, e entramos lá sem fazer um som sequer. Aquilo era uma chance de ouro, achar algo que acabasse com essa merda toda de uma vez só. Assim que entramos, vi vários corpos jogados no chão, e era obvio que haviam outros ali conosco. E eu não sabia dizer se preferia que fossem demônios ou anjos, porque, aparentemente, todos eles me queriam fora de seu caminho. Mas se pudesse escolher, seriam demônios. Até porque eu não faço a mínima ideia de como matar um anjo e nem fazer sabe se lá o que que Dean fez na casa de Chuck.

Olhei a minha volta mais uma vez. As paredes do depósito estavam cheias de prateleiras, com todos os tipos de coisas nelas. Desde ossos de animais, crânios de humanos, órgãos em jarras, armas, roupas, até mesmo presilhas e eu jurava ter visto um sutiã. Assumi que aquilo tudo, eram memórias de casos resolvidos por John Winchester, já que o depósito era dele.

–Vejo que disseram aos demônios aonde está a espada.-Olhei para o lado e vi Zacharias.

–Graças a Deus, os anjos estão aqui ! –Dean zombou dele.

–E pensar que eles poderiam pegar a hora que quisessem. –Ele passou por cima de um dos corpos e fechou a porta de ferro que havia atrás de mim, movendo sua mão no ar, como se fosse um Jedi. –E estava bem na frente deles.

–Como assim ?-Sam perguntou.

–Nós plantamos aquele trecho da proferia na cabeça do Chuck. Acontece que era verdade.

Eu o vi me olhando algumas vezes, e julguei que era melhor que eu ficasse perto dos Winchester, então eu me movi lentamente para o lado deles. Não seria nada bom se alguma merda acontecesse com algum dos dois e eu não estivesse perto o bastante para ajuda-los. E vice-versa.

–Nós perdemos a espada de Michael. Não tínhamos como achar até agora, e vocês a acabaram de nos entregar.

–Nós não temos nada. –Dean falou antes de nós dois. Como na maioria do tempo. Isso deve ser algum complexo de superioridade por ele ser o irmão mais velho.

–É você, cabeça de vento. –Ele deu mais um passo para a frente. –Você é a espada de Michael. Acha mesmo que pode matar Lúcifer ? Com toda essa insegurança e baixa autoestima ? Não. Você é só um humano, Dean. E não é grande coisa. –Ele deu alguns passos para o lado, ficando na minha frente, somente um metro e meio de chão nos separava.

–Como assim eu sou a espada ? –Deus, eu queria me dar um tapa. Era óbvio.

–Você é a arma de Michael. Ou melhor, seu recipiente.

–Eu sou uma casca ? –Dean não parecia convencido, e nem gostar da ideia. Me sentia da mesma maneira.

–Você é A casca. A casca de Michael.

Aah, merda. Aquilo mudava os meus planos de caçar sozinha depois que eu achasse Castiel. As palavras dele sobre o meu ‘’destino’’ martelavam na minha cabeça. Eu sou obrigada a ser a babá de um cara dez anos mais velho do que eu. Lindo, maravilhoso. Dez pontos pro idiota lá em cima que controla a data dos meus nascimentos.

–Como ? Porque eu ? –Ele perguntou, calmamente.

–Porque você foi escolhido. É uma grande honra, Dean.

–Ah é. Eu sou uma camisinha angelical. É realmente divertido. Eu passo, obrigado.

–Piadas. –Ele balançou a cabeça.- Piadas e mais piadas. Já chega de piadas. –Ele apontou para Dean com a mão, como se fosse uma arma, e depois para Sam.- Bang.

Sam caiu no chão, como se tivesse acabado de levar um tiro na perna, e tinha sangue para todo o lado. Eu o ajudei a se ajeitar no chão, e me levantei, ficando na frente dele.

–Seu filho da puta !

–Continue falando e eu quebro mais que a perna dele. E ainda deixo a doce garota ali entrar na brincadeira. –Ele apontou para mim. –Eu estou completamente exausto de andar em círculos. A guerra começou. Nós não temos nosso general. É péssimo. Agora Michael vai entrar na sua casca... E liderar o ataque contra final contra o adversário, você entendeu ?

–Quantos humanos vão morrer no fogo cruzado, huh ? Um milhão ? Cinco ? Dez ?

–Ou até mais. Se Lúcifer não for achado, sabe quantos deles morrem ? Todos eles. Ele vai assar o planeta vivo.

–Tem alguma razão para você me dizer isso, em vez de só me levar. -Ele parou de falar por um momento. - Precisa do meu consentimento. Michael precisa do meu ‘’sim’’ para entrar na minha pele.

–Infelizmente, sim.

–Deve ter outro jeito. Tem que ter outro jeito.

–Não tem outro jeito. Vai haver uma batalha. Michael vai derrotar a serpente. Está escrito.

–É, pode ser. De qualquer jeito... Eu não. Minha resposta é não.

–Tudo bem. Que tal isso ? Seu amigo, Bobby, está muito ferido. Diga sim e o curamos. Diga não e ele nunca mais vai poder andar.

–Não. –Ele disse, de novo. Humpty Dumpty era um anjo realmente insistente.

–E que tal curarmos... Seu câncer de quarto grau no estômago ?

Dean começou a tossir, muito. Estava quase colocando seus pulmões para fora, e caiu no chão. Quando ele finalmente olhou para cima eu pude ver que ele estava tossindo sangue.

–Dean !-O chamei, pedindo para que fizesse algo, e não ficasse ali, morrendo.

–Não. -Ele disse, olhando para mim, e depois, para o anjo.

–Então vamos ser mais criativos. Vamos ver como Sam fica sem os pulmões... E a garota, com um buraco na traqueia.

Sam estava se sufocando ali no chão, e eu comecei a me engasgar e tossir, com meu próprio sangue. Eu perdi a força nas minhas pernas, caindo no chão, e comecei e fazer de tudo para colocar todo aquele sangue para fora, e respirar.

–Estamos nos divertindo ?-Ele segurou o rosto dele.- Você vai dizer sim, Dean.

–Pode nos matar.

–Matar ? Ah não. Eu só estou começando.

Uma luz branca invadiu o lugar, e quando olhei para cima, vi Castiel com uma faca em mãos, com ela atravessada na garganta de um dos anjos que estavam lá, e começou a lutar com o outro. Eu acabei por me deitar de barriga para baixo no chão, e vi mais sangue saindo da minha boca. Eu mal podia respirar. Ele matou o outro anjo, deixando Zacharias sobrando.

–Como você está...

–Vivo ? É uma boa pergunta. Como aqueles dois foram parar naquele avião ?-Ele fez uma pergunta retórica. –Outra boa pergunta. Porque não foram os anjos. Eu acho que sabemos a resposta.

–Não. Não é possível.

–Te assusta. E é bom mesmo. Agora, deixe os três inteiros novamente e vá. Não vou falar duas vezes.

O anjo com sérios problemas capilares desapareceu, e eu conseguia respirar perfeitamente, como se tudo aquilo tivesse sido apenas um sonho ruim, nem havia mais sangue na minha boca, nada. Os Winchester se levantaram e Sam me colocou de pé. Castiel deu alguns passos em nossa direção e eu tive a vontade de lhe dar um tapa na cara tão forte que ele ia cair no chão. Mas não o fiz.

–Vocês precisam ser mais cuidadosos.

–Jura, Sherlock ? –Eu falei baixo, e ele me olhou, tentando entender.

–É, estou começando a sacar. Seus amigos são mais idiotas do que eu achava...

–Não me refiro aos anjos. Lúcifer está circulando a sua casca, e quando a achar, sacos de ervas não vão ser o bastante para lhes proteger. –Ele colocou uma mão sobre o tórax de cada um deles e os dois soltaram uns gemidos de dor. Dean chegou a ficar se apoiando em seus joelhos.

–Que merda foi essa ?

–Sigilo Enoquiano. Esconde vocês de todos os anjos da criação, incluindo Lúcifer.

–E porque ela não ganhe um também ? –Dean reclamou, apontando para mim.

–Ela não precisa. Eu os entalhei em suas costelas.

–Cass, você realmente... morreu ?-Sam perguntou.

–Sim.

–Então, como voltou ? - Na mesma hora que Dean perguntou, ele desapareceu. Ótimo. Mais dez pontos para o time com asas e menos trinta para mim. Nós pegamos nossas armas e voltamos ao Impala.

–Eu acho que preciso de algo bem forte para beber. –Falei, me jogando no banco de trás do carro.

–Você não pode beber. –Dean me repreendeu. É. Ele definitivamente tinha um complexo sobre responsabilidade e sobre ser o mais velho.

–Em alguns países, eu posso.

–Brianna ?-Sam me chamou, antes que Dean abrisse a boca para discutir comigo.-Porque Castiel disse que você não precisava do Sigilo ? Quer dizer, nós o temos, mas eles podem te achar.

–Eu não faço ideia.

Menti, e ninguém me respondeu. Devia ter algo a ver com a marca na parte de trás do meu pescoço, ou com o fato de que eu sou uma Nephilm. Não importava, não agora. O que me importava era Bobby, e saber se ele estava bem. E nós voltamos ao hospital para ver como Bobby estava. Algumas perguntas e papelada que foram jogadas em cima de nós, e me disseram que só poderiam entrar duas pessoas por vez no quarto, devido ao horário. Eu não discuti com nenhum dos dois, apenas me sentei na sala de espera e mandei algumas mensagens para Peter, para o contar sobre o que estava acontecendo, e que eu estava bem. Fiquei pouco tempo na sala de espera, e vi Dean e Sam indo para o estacionamento com pressa. Fui atrás deles, mas não cheguei a passar pela porta do hospital, eles estavam discutindo. Não me atrevi a passar dali, até ver que Dean entrou em seu carro e foi embora. Eu corri até Sam.

–O que... ?-Ele parecia que ia chorar, e não me respondeu. Eu segurei seu casaco, e o puxei, sem fazer força. –Vamos, ele volta mais tarde.

Segurei sua mão e o guiei de volta a sala de espera do hospital. Ele se sentou e eu fui andei calmamente até a cafeteria do hospital e comprei dois cafés quentes, e voltei. Ele não parecia que ia falar nada, então eu só me sentei do lado dele, e coloquei um dos cafés em suas mãos. Eu o vi sorrir de canto quando o fiz. Nenhum de nós falou nada, por muito tempo. Eu me distraí, vendo as enfermeiras e médicos indo e vindo com pacientes, se empenhando no que faziam, sem fazer a mínima ideia do que estava acontecendo lá fora. Olhei para um relógio na parede, eram duas e vinte e quatro da madrugada.

–Ele vai voltar. Ele não é louco de me largar aqui, e é bom ter uma boa explicação e doces para me recompensar, ou eu vou atropelar ele com o próprio carro naquele estacionamento. –Ele soltou um riso- É sério. Minhas coisas estão com ele. Mas, porque ele deu a louca, em, Sammy ?

–Eu fiz muitas escolhas erradas, Bri. E Dean não quer confiar em mim, ou me perdoar.

–Dê tempo a ele, Sam. Vai ficar tudo bem, eu tenho certeza.

–Eu não sei se consigo ser tão positivo como você.

–Ah, não é o fim do mundo... Ainda. Nós vamos dar um jeito nisso.

Nós ?-Ele indagou, desacreditado.

–É. Nós.-Afirmei, gesticulando com as mãos, fazendo meu dedo indicador rodar em círculos.- Eu, você, Dean, Bobby e Cass. Eu entrei nessa no momento em que eu vi Castiel naquele quarto de hospital. Já disse, não vão se livrar de mim tão facilmente.

–Isso é suicídio, você tem plena noção disso, não é ?

–Pode até ser. Mas eu não tenho muito pelo que viver, de qualquer maneira. -Dei de ombros. -Devia me agradecer. Eu salvei você e seu irmão daquela Deusa comedora de bebês, lembra ?

–E eu atirei nela, te salvando.

–Como quiser. Mas não vou sair dessa, Sam. Eu ainda não peguei quem matou Ellie, Castiel não me contou nada do que ele pretendia... E seis meses sem mim, e vocês dois abrem a caixa de Lúcifer. Imagina o estrago que fariam se eu passasse mais tempo longe. Sou oficialmente a babá de vocês.

–Você ? Nossa babá ?

–Sim. E uma muito má, porque vocês são crianças extremamente problemáticas. -Nós rimos um pouco e eu fiquei encarando o copo vazio de café. –E a ideia de caçar sozinha me assusta. E vocês dois parecem que nunca vão separar, acho que me sinto relativamente... Segura perto de vocês. -Confessei. –É idiota, mas é a verdade. E eu acho que isso pode me matar, mas, eu não tenho nada a perder.

Ele não me respondeu, na verdade, ficou me olhando com aqueles enormes e idiotas olhos verdes, ele parecia querer dizer tanta coisa, fazer um discurso, até, mas ficou me olhando. E eu não me senti nem um pouco incomodada com o modo de que ele me olhava. E não conversamos mais, naquela noite. Dean voltou um pouco depois, dizendo que havia pago por mais alguns dias o quarto do hotel, e ele falava como se Sam não estivesse ali. Nós voltamos, em silêncio. Dean se jogou num canto e começou a beber. Fingi que não me importava com nenhum dos dois e tratei de dormir um pouco, antes que eles me arrastassem de volta para o hospital.

(( . . . ))

Eu estava em casa, usando um vestido de seda branco, curto. Estava tudo arrumado, limpo, e iluminado. Eu conseguia ouvir alguém cantarolando na varanda, e a porta estava aberta. Andei silenciosamente até lá e eu senti as lágrimas invadirem meus olhos, e como parecia difícil respirar no momento. Ellie estava ali, sentada no chão, olhando para o jardim. Ela se virou para mim e sorriu, estendendo o braço para me puxar pela mão, e quando eu me sentei, ela colocou minha cabeça em seu ombro e eu comecei a chorar, a abraçando de volta, enquanto ela fazia carinho no meu cabelo e me dizia que estava tudo bem. Eu neguei com a cabeça e me levantei para a abraçar.

–Não está tudo bem, Ellie. –Minha voz era baixa e tremula. –Está péssimo...

–Shh, vai ficar tudo bem.-Ela colocou uma mão no meu rosto.

–A cada dia as coisas só vão piorando, e eu não faço ideia de como resolver essa bagunça, você faz muita falta. Não faz ideia.

–Acho que precisa de um anjo para te ajudar, para fazer justiça, não é mesmo ?

–É, mas ele sumiu, e nem vai aparecer tão cedo. -Coloquei as mãos por cima do rosto.

–Não me referia a Castiel, criança. -De repente já não era mais Ellie falando, era uma voz masculina. Olhei para cima e era um homem loiro, de olhos pretos. –Mas a mim mesmo. -Ele sorriu e eu me levantei, me colocando em posição de luta. –Não precisa usar a violência, menina.

–Quem é você ?-Perguntei.

–Família, criança. Eu só... Quero te ajudar. A vingar sua irmã, a acabar com o apocalipse. -Ele estendeu a mão para mim. –Basta dizer que sim.

–Quem é você ?-Falei mais alto.

–Eu tenho vários nomes diferentes. No cristianismo, são sete. Alguma pista ?-Ele sorriu.

–Lúcifer. –Falei , engolindo em seco. –Como me achou ? Castiel...

–Não achei. Mas entrar aqui foi mais desafiante do que eu pensava. -Ele disse, apontando para sua cabeça. –Mas, voltando aos negócios... Você pode acabar com tudo isso.

–Vá para o Inferno. Eu não caio na sua de ‘’filho mal compreendido’’ ‘’amava de mais o papai’’. Não.

–Você é leal, e teimosa, não é mesmo ? Assim como seu pai, porém, estúpida como sua mãe. Você vai dizer sim uma hora ou outra, querida.

–Só nos seus sonhos.

–Você é uma das minhas cascas. Está destinada a dizer sim.

–Acho que não.

(( . . . ))

Acordei sozinha no quarto. Me sentei na cama e apoiei os braços nas coxas, tirando o cabelo do meu rosto com as mãos. Me sentia desesperada, com vontade de sair correndo e gritando, pedindo por ajuda. Minha respiração era irregular e meu coração parecia parar por alguns segundos. Olhava para o escuro, tentando entender o que havia acontecido. Balancei a cabeça e acendi as luzes, e observei o quarto do hotel, e fixei meus olhos na minha bolsa, que estava em cima de uma cadeira, com um papel em cima. Peguei o papel e o abri. Uma letra apressada que dizia :

"Estamos no hospital. Tentamos te acordar, mas você dormia como uma pedra. Tem hambúrgueres relativamente comestíveis na geladeira, e cerveja. Nós vemos mais tarde. -Sam"

Sorri levemente ao terminar de ler a o papel amassado. E o mesmo desapareceu em segundos após me lembrar do sonho.

–Merda...-Sussurrei para mim mesma.

Se Lúcifer conseguiu entrar na minha cabeça, ele pode nos achar. Eu precisava de uma forma para fazer com que fosse impossível que ele nos descobrisse. Castiel poderia me ajudar, se eu não conseguisse nada por meio de livros e coisas na internet. E minha preguiça obviamente falou mais alto. Preparei algumas coisas para um ritual de invocação. O fiz como me lembrava, colocando um papel com o nome do anjo no fogo, que de vermelho-alaranjado virou azul e a televisão do quarto se ligou sozinha. Me levantei do chão, olhando para os lados.

–Cass ?

–Isso é extremamente perigoso. -Me virei, e ele estava lá.

–Eu sei. Mas acho que você precisa saber de algo. -Ele semicerrou os olhos, virando levemente a cabeça para o lado.

–Me conte.

–Lúcifer invadiu os meus sonhos, na noite passada. Ele disse algumas coisas... Sobre uma casca.

–Lúcifer já achou uma casca ?-Ele virou o rosto para mim. -Você sabe aonde ele está ?

–Não, não.-Me abracei, esfregando as mãos nos braços. -Ele disse que eu era uma casca.

Castiel ficou me olhando, e eu não sabia dizer o que passava dentro de sua cabeça. Talvez eu simplesmente tivesse colocado mais um problema na enorme lista de problemas que ele tem. Mais uma complicação. Porém, era importante, não ? Ele deu alguns passos em minha direção, e parou.

–O tempo está se esgotando. Não podemos deixar com que nada aconteça com você, ou com Dean e Sam. E do jeito que eu estou... Não posso lhe devolver suas memórias, nem mesmo curar algum ferimento.

–Volte, e explique. Porque não ?

–Eu fui expulso do céu. Muitos dos meus poderes desapareceram, incluindo os que você precisava.

Não respondi com palavras, mas sim balançando a cabeça. Castiel pareceu entender que eu não tinha nada para dizer sobre o assunto, e que nem havia muito a se fazer no momento além do que eu sempre fiz. Caçar demônios e outras criaturas horrendas que se esgueiravam pelo mundo a fora, e salvar pessoas de todos esses horrores da noite. E meus pensamentos estavam dispersos, eu tentava encaixar as peças desse enorme quebra cabeça, perdida em vários lugares ao mesmo tempo, o tempo inteiro. Tinha estado um pouco perdida nos últimos dias, talvez.

–Vou cuidar deles. Vá. Se precisar me encontrar, ligue para o meu telefone ou faça alguma macumba doida que eu vou até você.

Não precisei dizer mais nada para que ele desaparecesse no ar, como se nunca tivesse estado ali naquele quarto. Precisei de um banho frio para me acalmar e esquecer um pouco tudo que acontecia no momento. Assim que sai, coloquei uma roupa confortável, já que não pretendia sair daquele lugar mesmo. Um short jeans azul escuro e um casaco simples de zíper preto fariam bem. Prendi o cabelo molhado e me sentei na cama, com uma lata de cerveja e o notebook em mãos. Após pesquisar um pouco sobre os tais ‘’Nephilims’’, me senti frustrada. Haviam vários tipos de lendas diferentes, e nenhumas delas batia uma com a outra, e nada ajudava. Algumas diziam que eram anjos que caíram, outros seres divinos que se voltaram para a escuridão, algumas até diziam se aberrações, possuindo a forma humana, penas, alguns braços ou olhos a mais, o rosto invertido... Nada que me ajudasse. Fechei o notebook e peguei mais uma cerveja, e o hambúrguer gelado que me veio a calhar. Esconder minhas preocupações bebendo e comendo parecia a resposta.

Me vi sentada no carpete, ao lado da geladeira aberta, com quatorze latas vazias de cerveja do meu lado, quando ouvi a porta do quarto se abrir, mas não ouvi a voz de ninguém, somente os passos pesados dos Winchester, e o barulho de alguém deitando na cama, seguido por mais passos, em direção ao canto em que eu estava. Olhei para cima, e fiz uma careta.

–Definitivamente, você não pode beber. Nem ficar sozinha.

–Claro que posso, Sammy. Nem estou bêbada ainda...-Resmunguei. –Talvez um pouquinho... Tonta. -Soltei uma risadinha e ele riu de mim, e me puxou pelos braços, para me levantar. –Viu, oitenta por cento bem.

–É, tudo bem. Que tal colocar sapatos e irmos lá fora beber água e pegar um ar fresco, hmn ?

Ele falou, me obrigando a sentar numa cadeira enquanto pegou minha mala, e a abriu, tirando um par de all stars de pano de lá. Eu ri, e ele os colocou na minha frente. Enfiei os pés gelados nos calçados, e me levantei sem amarra-los, e andando da melhor forma que pude à porta, até me encontrar com o chão, por ter pisado em um dos cadarços, e eu ouvi Dean rindo do outro lado do cômodo. Me sentei no chão, e tentei amarrar os cadarços, mas meus dedos se embolavam e eu acabava com nada. Sam se ajoelhou na minha frente e os amarrou, e me levantou mais uma vez, e saímos do hotel, dando de frente para o estacionamento, e ele se sentou embaixo da janela do quarto, me apoiei na parede para me dar o equilíbrio certo para me sentar ao seu lado. Ele não disse nada, e muito menos eu, que do jeito que estava, acabaria me engasgando com minha própria saliva e desmaiando, então simplesmente ficamos observando as estrelas, me silêncio, e tudo parecia tão calmo, tão... comum. Por um momento eu poderia me enganar e dizer que aquilo era uma Roadtrip com dois amigos super comuns e chatos, que estávamos de férias da faculdade ou algo do tipo. Infelizmente, as coisas eram muito mais complicadas do que isso. Pelo menos, para nós. Ah, o que eu não daria por mais noites como aquelas, eu que eu poderia dormir tranquilamente sem problemas em mente.

Eventualmente, eles viriam. Antes tarde do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não vê a série e quiser ver o que aconteceu nesse capítulo enquanto a Brianna estava fora, é a quinta temporada, episódio um, ''Simpatia para o Diabo''.
Até o próximo capítulo



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