Angels Are Among Us escrita por Carol


Capítulo 13
Capítulo 13 - He's not the one


Notas iniciais do capítulo

Eu sei. podem me bater,xingar. Eu mereço.
Vale dizer que estava sem computador ? Não ? Ok...
Enfim, boa leitura, Hunters !



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Os meses iam passando cada vez mais rápido, e eu queria que não fosse assim. Sempre que aparecia um caso interessante, Peter ou Ellie me ligavam e contavam sobre o que estava acontecendo.  Eu falava com Peter para uma caçada mais "tranquila" com Ellie, como fantasmas fracos e vampiros estúpidos. E eu secretamente desejava que cada um deles fosse Lúcifer. Eu estava ajudando Castiel em sua "busca por Deus" enquanto caçava. Ele acreditava que eu seria mais sensível a presença dele do que os outros.

Ele carregava esse amuleto por outras partes do mundo enquanto eu me ocupava mandando demônios de volta para o inferno.

O que ninguém sabia era que eu estava fazendo tudo isso para me distrair, mas meu corpo contava as minhas mentiras. Eu tinha olheiras escuras por conta de noites mal dormidas, estava estranhamente mais magra, apesar de comer normalmente. Tinha a sensação de estar sendo perseguida, sempre quase vendo algo no canto dos meus olhos. Ellie sabia. Mas ela não tocava no assunto, sabia que era melhor assim. Haviam exatamente três semanas que eu não via ninguém além dela e de Castiel, e as fotos que Dean me mandava de Sam dormindo. Ele diz que ele fica balbuciando meu nome à noite, e fazendo barulhos que ele preferia não descrever.

—É sério. -Dean riu.- Você precisa ver isso.

—Eu estou ocupada com um caso... Mas bem que eu queria. Juro para você.

—Caso ? Achei que estava com Castiel.

—Eu, é. Estou procurando por um. Enfim, como vocês estão?

—Ah, muito bem. -Ele suspirou. -Tirando o fato que a namorada do meu irmão é quase um anjo, que tem demônios e anjos atrás de nós três e que o Diabo quer sentar em Sam e Michael em mim? Tudo tranquilo.

—Você entendeu, engraçadinho. Como Sam está lidando com a... -Eu hesitei. Não queria admitir a sede de sangue dele. E nem a minha. - Você sabe.

— Eu não sei direito, Brianna. Sam consegue ser uma verdadeira vadia quando quer.

—É uma coisa que temos em comum.

Ele deu uma risada fraca e eu reprimi os lábios. A mulher do restaurante encheu meu copo com café, pela terceira vez. Ela me olhava meio preocupada.

—Dean, diga a ele que eu...-Parei, pensando no que dizer. -Preciso vê-lo.

—Pode deixar, loira... Até mais. Se cuide. -Ele disse, num tom preocupado e carinhoso.

—Tchau, Dean. Vejo vocês em pouco tempo.

Desliguei o telefone e a mulher parou na minha frente, me olhando com as sobrancelhas franzidas com certa tristeza. Ou pena.

—Minha querida, não ande sozinha por essas partes sozinha. Tem um assassino a solta nessa cidade !

Ela disse, apavorada. Eu sorri levemente de canto enquanto me levantava e colocava o dinheiro no balcão.

— É exatamente por isso que eu estou aqui.- Eu sorri, vendo o olhar completamente petrificado da mulher.

Sai de lá e fui direto para a delegacia. Mostrei minhas falsas credenciais ao policial sonolento e ele me deixou ver as fotos e algumas evidências do "crime". Várias pessoas amontoadas umas em cima das outras, sem cor ou vida. Era igual a um dos flashes com o demônio. Tirei algumas fotos e as mandei para Ellie no caminho de volta para o quarto do hotel.

Minhas mãos tremiam sob o volante enquanto eu vagava mentalmente pelas cenas que tinham acontecido. Eu era irreconhecível. Não pelo modo que me vestia ou usava o cabelo. Mas o jeito que me portava, como andava e olhava para ele. Como se eu estivesse sobre algum tipo de encantamento, um frenesi absurdo.  As coisas estavam realmente bagunçadas dentro da minha cabeça e, eu não me lembrava claramente de tudo.

Quando cheguei, a chuva me ensopou assim que desci do carro. Era época de tempestades, e eu estava em um local de leve risco. Era pouco provável que um furacão passasse por aqui. E se passasse, eu sabia que Castiel me salvaria. Pelo menos eu esperava que sim. E além do mais, não estava completamente sozinha. Ellie estava vasculhando pelos podres da cidade enquanto eu estava bancando a doutora. Logo ela voltaria para o quarto para demorarmos pizzas e Donuts como se não houvesse amanhã.

Entrei no quarto do hotel, jogando minha bolsa no chão e largando os saltos pelo chão, indo até o banheiro, ligando a torneira da banheira. Voltei para o quarto, ligando a televisão no jornal. Todos falavam sobre o temporal e como as pessoas estavam fugindo da cidade. Era horrível. As pessoas normais tinham o direito de fugir, mas o trabalho nos chama, mesmo sabendo exatamente quem fez aquilo.

Quando eu ia tirar a roupa, a luz do banheiro piscou de maneira estranha. Eu esperava que fosse Castiel, ou Ellie, aparatando para mim. Não era bem assim.

Assim que eu olhei para trás o vi ali, parado. Sorrindo para mim. Estava perto demais de mim e eu, longe demais da minha bolsa, usando somente um vestido, me sentia nua sem alguma defesa. Já me testei com Klaus antes, e ele era extremamente mais habilidoso do que eu. Antes mesmo de eu pensar em me jogar contra ele, fui pressionada contra a parede. E não adiantava eu me debater, tentar chutar, gritar. Era tudo em vão.

—Sem protestos? Achei que você iria me dar trabalho. -Ele sorriu, apertando os olhos. -Assim não tem graça.

—Se você me quisesse morta, já o teria feito. -Falei, o olhando. Klaus desviou o olhar de mim.- O que você quer?

—Você não vê? -Balançou a cabeça, rindo para si mesmo. -Não, você mal se lembra do que comeu ontem.  Mas eu posso te fazer ver.

Ele falou, se aproximando de mim com um sorriso, as mãos indo de encontro com o meu rosto. Seu toque era mais gelado que o esperado. Achava que ele ia me machucar, me torturar. Ele olhou fundo nos meus olhos, sem desviar nem por um segundo. Eu pisquei pesadamente, como se estivesse desmaiando. A cada piscadela lenta, o ambiente a minha volta ia mudando. Foi tudo tomado por uma névoa branca. Mal podia ver minhas próprias mãos.

—  Que tipo de brincadeira macabra é essa, Klaus? Me tire daqui!-Gritei para o alto.

—Ainda não. Eu preciso te mostrar. Te fazer entender.

A memória veio a mim como um soco no estômago, todas de uma só vez. Eu havia passado anos com Klaus. Boa parte deles, fazendo coisas que me faziam enjoada só de pensar.  Ele tinha trocado a alma para viver comigo. Era macabro, para dizer o mínimo. Vivemos juntos em torno de seis anos, até o dia em que eu percebi que estava morrendo. Lentamente, o câncer no cérebro estava me devorando. E Klaus havia cansado de ser aquela atrocidade. Meu fim estava logo na esquina, e ele queria o dele. Passamos alguns meses procurando por uma cura. Eu morri antes de encontramos uma.

—  Agora você entende? Eu tinha que manter uma pose na frente dos demônios, Brianna.

Ele soltou meu rosto, se afastando de mim. Não estava mais presa na parede mas não havia me mexido nem um centímetro da onde estava.

—Se quer morrer só devia ter falado. Eu posso ser rápida. -Lhe dei um sorriso amarelo.

—Não!-Ele disse, mais rápido.- Eu quero uma vidinha normal. Era uma coisa quando éramos como Bonnie e Clyde. –Ele pegou num de meus cachos e o enrolou no dedo. -Agora? Não tem mais sentido.

—Eu não sou nenhum tipo de milagre. -Disse, olhando bem para seu rosto enquanto ele brincava com o cacho em seu dedo.

—Eu descobri uma maneira. -Pausou por um momento e eu me ouvi respirar um pouco.- De me livrar disso.

—E porque acha que vou te ajudar?-Perguntei; minha língua traindo minha vontade de ficar viva.

—Ellizabeth não gostaria de ouvir isso.

—Seu filho da puta. - O xinguei.

—Acho que devemos começar de uma vez, não é? -Ele assobiou, e eu ouvi latidos. Iguais ao da noite em que Ellie morreu. Senti um arrepio que correu pelo meu corpo e meu sangue parecia gelo em minhas veias. -Diga olá para a Donnie.

Ele disse, acariciando a cabeça do cão infernal, que batia em seu ombro. Klaus tirou uma faca do bolso, e a entregou para mim.

—  Você sabe que eu posso simplesmente te matar, não é ?

—Mas não vai. Donnie e Ellie não gostariam muito disso. Você acabaria em pedacinhos. Vamos. Se banhe no sangue dela. Seja a boa garota que você é agora. Sua dor vai acabar junto com a minha.

Cortei minha própria mão e corri para fora do banheiro, rapidamente fazendo o símbolo para tranca-los lá dentro, e sai correndo para o meu carro, com a minha mala na mão. Rapidamente, pequei meu telefone, e disquei o número de Ellie, enquanto dirigia. Ela atendeu no primeiro toque.

—  Aonde você está ?-Perguntei, um tom de pavor se sobressaindo na minha voz.

— Dentro da delegacia. -Ela disse, não percebendo o que estava á acontecer. -Estou passando pelos documentos da cidade.

—Faça um símbolo enoquiano na porta e não saia daí sob nenhuma circunstância, você me ouviu?

—Brianna, o que está...

—Só me escuta !-Gritei, desesperada. -Klaus encheu essa delegacia de demônios. Ele tem o sonho maluco em que eu o transforme em um humano.  Só faça isso. Eu tenho um plano. -Menti. - Eu te amo.

—Eu também te amo, Bri. –Ela disse, e ficou em silêncio por um tempo. Tome cuidado.

Pisei fundo no acelerador, enquanto explicava a Sam o que estava acontecendo pelo viva voz do telefone. Ele e Dean estavam a caminho de Bobby, e não estavam longe, assim como eu. Também havia ligado para Peter e Castiel. Em uma hora eu já estava lá, e tinha sido a última a chegar. Não houve muita conversa. Não tínhamos um plano. Apenas armas e a confiança entre nós. Eu, com a ajuda de Castiel, consegui nos "aparatar" para a frente da delegacia. Eu podia sentir todos aqueles olhos negros lá dentro. Entramos pela parte de trás, aonde só havia um guarda. Nos livramos dele rapidamente, até chegarmos aonde Ellie estava, com Sam e os outros lutando com os demônios. Tinham muitos deles. Mais do que podíamos contar. Klaus apareceu no meio deles, os comandando a parar.

—Eu tenho a vantagem. Desistam de uma vez.  -Sam entrou na minha frente, segurando a minha mão. -Ah, o meu substituto. Estou meio decepcionado. Achei que ia lembrar quem realmente era "o cara". Mas isso não importa.

—Nós temos Castiel.-Eu disse, o forçando a calar a boca.-E os Winchester. Não acho que vá ganhar tão facilmente.

—Ah é, dois anjos e meio. Os dois expulsos do céu, não é mesmo ? Vamos logo, antes que eles morram.

Tranquei meus dentes a ver nossa situação. Estávamos cercados. Não havia escapatória. Pelo menos, não para mim.

Aperte levemente a mão de Sam e sorri para ele, e andei até Klaus. Era melhor que eu fosse castigada, e não eles. Eu talvez até merecia tudo o que ele me faria passar.

—Finalmente você encontrou o seu senso. -Ele passou um braço pelos meus ombros. -Até mais. -Disse, sorrindo.

Eu vou te achar. Nós vamos te achar. - Sam disse, antes de desaparecermos numa nuvem densa e negra.

                                                         (( . . . ))

— Podemos fazer isso do jeito fácil, ou do jeito difícil. -Ele disse, com um sorriso passando por seus lábios.

—Não existe nenhuma possibilidade de eu te ajudar. -Disse, olhando para ele. -Ellie e os outros estão fora do seu alcance.

—Você não tem escolha. Ou você começa isso ou Donnie vai te matar. Simples assim.

Quando ele terminou de falar, o Cão infernal me jogou no chão, me prendendo com as duas patas, e estava a um ponto de engolir minha cabeça, mas eu conseguia segurá-la o suficiente para não acontecer. Não importasse o quanto eu tentava, eu não conseguia matá-la. Era forte demais. Tentei, sem vontade, por dias. Já havia perdido a noção do tempo em que estava lá com ele.  Era impossível. Klaus havia literalmente ficado louco. Demônios não deixavam de ser demônios. Impossível.

Ele estava cada vez mais cansado de me esperar, e a cada dia que passava, mais violento ele ficava. Se eu não tivesse a coragem de contar o que havia acontecido, meu corpo contaria. Ele tinha uma lâmina de um anjo com ele. Os cortes doíam mais do que os com uma faca normal. Aquela lâmina cortava até o meu verdadeiro ser, não só pela carne. Um brilho fraco azulado saia das feridas.

Eu estava deitada no divã de sua sala quando eu ouvi seus sapatos batendo contra o chão de madeira, cada vez mais perto. Ele parou na minha frente, e segurou meu rosto.

—Tem de haver um jeito. Eu não posso perder isso de novo.

—Eu poderia simplesmente te matar. -Respondi a ele friamente. -Não há cura para isso. E eu não sou a garota que conheceu.

—Eu suponho que não... -Disse, fitando o vazio. -Mas você pode ser.

Se afastou e se virou para mim. O ouvi um tão chiado alto que me fazia querer chorar. O barulho era incessante, irritante, tal como aquelas paredes mal decoradas e a cara emburrada daquele demônio. Excessivos.

Eu só vi o mundo a minha volta girar e as lâmpadas do galpão explodirem uma a uma, enquanto eu desmaiava ao sentir o sangue escorrer para fora do meu corpo pela minha cabeça.

Quando eu voltei a acordar, meu corpo estava pesado. Eu estava deitada em uma cama, com as mãos presas por correntes com símbolos enoquianos, também presa num quarto todo decorado de forma delicada. E eu não fazia ideia do que eu estava fazendo lá. Assim que me levantei, pisei em alguma coisa macia e gelada. Soltei um grito e caí em cima da cama quando vi o corpo do homem dilacerado ao pé da cama.

— Já acordada?-Klaus apareceu na frente do corpo.- Tão cedo ?-Sorriu.

—Você nunca vai conseguir. -olhei em seus olhos. -E sabe disso. Sabe que eu não consigo.

—Já tivemos essa conversa tediosa antes, não? Vamos nos divertir. Ir a cidade.

—Qual o seu problema? Não consegue escolher uma personalidade só? Que tal me entregar a Lúcifer e pedir pra ele te matar?

—Olhe pela janela, querida.

Eu desci da cama desconfiada e me aproximei da janela lentamente. Podia ver os Winchester com duas mulheres, Castiel, e muitos, muitos ceifadores espalhados pela cidade lá em baixo. Estavam em todo lugar.

—O que você fez? O que...

—Está acontecendo? –Ele sorriu para mim.- Seu tio. Você ficou fora por muito tempo. -Ele disse, colocando as mãos em volta da minha cabeça, como se fosse me segurar. -Sua preciosa coroinha dourada não me deu as respostas que tanto almejava, não é mesmo ?

Enquanto o grupo lá em baixo estava conversando, uma mulher, um demônio surgiu do nada, e dois cães infernais com ela. Eles começaram a correr, e Dean foi quase pego, caindo no chão. A garota loira atirou em cheio algumas vezes no cão antes de ser pega, e Dean a carregou para dentro de uma loja e eu não consegui ver mais nada. Conseguia ouvir meu coração estalar e minhas mãos tremerem. A garota loira estava morta. Eu sei o que ocorre quando alguém tem uma ferida dessas.

Mordi meu lábio inferior, tão machucado e dolorido, a fim de esconder minha vontade de gritar.

—Se pretendia me torturar antes de me entregar, você conseguiu. Parabéns.

—Meu objetivo nunca era te machucar, anjinha.

Ele ia segurar meu rosto, e eu afastei sua mão com um tapa. Sabia que estava submissa por não conseguir agir contra ele ainda, mas o jeito que ele se aproximava... Aquilo era demais.

—Mas você nunca mais vai vê-los novamente. Espero que já tenha se despedido, porque o Diabo não vai te dar segundas chances.

Ele se afastou e se enfiou do outro lado do apartamento. Conseguia o ouvir gritando com alguém. Não conseguia me importar, já que estava grudada aquela janela, esperando ver Sam e os outros saírem dali intocados. Ficava nervosa de ver que os cães infernais pareciam conseguir empurrar as portas mais e mais. Meu corpo tremia com a ideia deles alcançarem os Winchesters e as caçadoras com eles. Num baque oco, de longe, eu pude ver as portas se abrindo lentamente, como se eles mesmo tivessem desistido. Nada doeu mais em mim do que ver a pequena loja entrar em combustão, fazendo uma enorme chama bem no meio da rua.

Eu gritei, caindo de joelhos no chão. Eu tremia como jamais visto, e sentia meu coração pesar no meu peito.  A dor que eu sentia era incontrolável, que fazia me ficar sem ar. Eu não podia acreditar.

"Sam e os outros estão bem" Eu queria me dizer. "Foi tudo muito bem planejado". Eu queria acreditar. Mas eu vi a loja explodindo, e era impossível que alguém tenha sobrevivido aquilo.

—Pobre passarinho. -Klaus se abaixou para segurar o meu rosto. -Você não sabe o que é dor. -Sorriu, e beijou minha bochecha. Mas vai logo entender.

Ele me levantou e eu funguei, engolindo o choro. Ou tentando. Isso poderia ficar para depois. A minha raiva ia ser dividida para qualquer um que entrasse no meu caminho. Ia fazer doer em Klaus, naqueles três lá em baixo e especialmente em Lúcifer. O barco iria junto com seu capitão.

Ele me arrastou até uma fazenda, e já estava escuro. Haviam vários demônios parados em volta de alguém cavando buracos na terra, e eu senti um frio no estômago, engolindo em seco. Eu o vi de longe. Ninguém precisava apontar quem era aquele homem. Havia algo magnético em sua aura, algo tão poderoso quando maligno.

—Aqui está ela. Sua Majestade, neta do Tão Poderoso, filha do seu irmão.

Ele me puxou para frente, e o homem se virou para me olhar. Franziu as sobrancelhas e tirou o suor da testa com o braço.

—  Pelo Pai, o que você fez com essa garota ?-Ele perguntou, não contente em ver o estado em que me encontrava.

—  Isso importa? Complete o seu lado da barganha, Rei.

Lúcifer me olhou e sorriu para mim. Se apoiou na pá e fez um gesto para que eu fosse até ele. Engoli em seco. Relutante, subi lentamente a colina, do melhor jeito que pude, e parei na sua frente. Lúcifer segurou o meu rosto, sorrindo.

—Você está mais segura do que pensa, sobrinha.

Ele me soltou, e eu senti todos os meus ferimentos desaparecerem, um por um. Com uma mão, matou Klaus de longe. E eu fiquei confusa. Achei que seu objetivo era me tirar do caminho. Lúcifer ficou de costas para mim, voltando a cavar, por um tempo. E parou, se virando para mim.

—  Hey!- Alguém gritou atrás de mim. -Você queria me ver ?!

—Ora, Sam você não vai precisar dessa arma aqui, Sam. -Ele disse, e eu senti minhas mãos tremerem levemente ao ver Dean se aproximando dele por trás, escondido. -Você sabe que eu nunca te machucaria. Não mesmo.

Lúcifer sorriu para mim, passando os dedos pelos meus cabelos. Dean parou bem ao seu lado e destravou a segurança da arma.

—  É? Pois eu te machucaria. Então, dane-se.

Dean disse, dando um tiro bem no meio da testa dele, bem na minha frente. O anjo caiu no chão, sem vida. Dei alguns passos para trás, até me virar para Sam, que me abraçou com um braço e beijou a minha testa.

Inesperadamente, Lúcifer respirou fundo, e se levantou do chão, reclamando da dor na testa, enquanto seu ferimento desaparecia.

—  Aonde você conseguiu isso? -Ele perguntou, balançando a cabeça, mas não deu tempo para que Dean lhe respondesse, lhe dando um soco que fez com que o Winchester voasse longe, batendo contra uma árvore. Eu ia correr até Dean, mas Sam me segurou.

—Agora, aonde estávamos?-Lúcifer perguntou, com um sorrisinho no rosto. Ele podia ver o medo estampado no rosto de Sam, e obviamente no meu. -Não se sinta tão mal, Sam. Só há cinco coisas na criação do universo que essa arma não pode matar... E acontece que uma delas sou eu. Mas se você me der um minuto, eu estou quase pronto.

Ele disse, dando as costas para nós dois, voltando a cavar, e ambos corremos até Dean, que estava desmaiado no chão. Eu o sentei de costas para a árvore, com a ajuda de Sam. Ele era mais pesado do que aparentava.

—  Sabe, eu não acho que você vai dizer sim aqui e agora, não é? Acabar com essa discussão boba. É loucura, não é?

—  Nunca vai acontecer. -A voz de Sam tremia de raiva.

—  Ah, eu não sei não, Sam. Eu acho que vai. Eu acho que vai acontecer logo. -Ele falava, ainda cavando. -Daqui a uns seis meses. E eu acho que vai acontecer em Detroit.

—  Você me escute, seu filho da mãe. Eu vou matar você pessoalmente, você me ouviu? Eu vou arrancar o seu coração!

—  Isso é bom, Sam. Pode ir atiçando esse fogo interior... Toda essa... Fúria contida. Eu vou precisar.

—  O que você fez? O que você fez com essa cidade?

—  Eu fui muito generoso com essa cidade. Um demônio para cada homem inteiro!

—  E o resto deles?

—  Lá. -Ele apontou para o chão. -Eu sei, é horrível. Mas os cavaleiros são exigentes. Então foram... Mulheres e crianças antes. -Ele voltou a cavar, e parou um pouco, se apoiando na pá, olhando na nossa direção. -Ah eu sei o que você deve pensar de mim, Sam. Mas eu preciso fazer isso. Preciso. Você, de todas as pessoas deveria entender.

—  O que quer dizer com isso?

Eu me levantei, segurando a manga de Sam da mesma maneira em que fiz no hospital, um ano atrás. Eu podia ver como aquilo mexia com Sam, como ele sabia apertar os botões certos para fazê-lo chorar.  Sussurrei seu apelido em seu ouvido, como um pedido para ele parar com aquilo. Mal percebi na época, que ele nunca me daria ouvidos. Pelo menos, não ele.

—Eu fui um filho, e um irmão. Um irmão caçula, como você. E eu tinha um irmão mais velho que eu amava... Idolatrava, na verdade. E um dia... Eu fui até ele e implorei que ele ficasse do meu lado. E Michael... Michael me deu as costas. Me chamou de aberração. De monstro... E ele então me abateu. Tudo porque eu era diferente. Porque eu tinha uma mente com a minha própria opinião. Nada disso parece familiar? E para você, sobrinha ? Não se lembra em como você foi jogada na terra para pagar pelos pecados de outro ?

—Isso não é verdade.

—Ah, você sabe que é. Enfim...Vocês tem que me dar licença. A meia noite está chegando e eu tenho um ritual para terminar. Não vá embora. Não que você pudesse mesmo que quisesse.

Lúcifer começou a citar um encantamento em enoquiano, e pediu que os demônios repetissem algo que ele falava. Eu não consiguia seguia prestar atenção, enquanto pensava em como sairia dali com Sam e Dean vivos. Dean havia ainda acabado de acordar e Sam estava completamente abalado. Eu só parei para prestar atenção quando os demônios foram morrendo, um a um, caindo no chão como sacos de batata.

—O que? -Lúcifer perguntou, nos olhando. -São demônios.

O chão começou a tremer sobre os nossos pés, e Cas apareceu do lado de Dean, e levou uma mão a boca pedindo silêncio, e nos ‘’aparatou’’ dali no mesmo instante para a casa de Bobby. Ninguém disse nada, e cada um foi para um canto. Robert estava dormindo com a cara nos livros, e ninguém queria acorda-lo. Eu fui atrás de Dean, que foi para a varanda. Ele me explicou muito brevemente o que tinha acontecido ontem com Ellen E Jo, como eles haviam me procurado por semanas. Sam mal dormia, Ellie passava seus dias procurando por um fio de cabelo meu numa estrada qualquer e Peter havia desaparecido do mapa. Devia estar me procurando do seu próprio jeito. Acabando com quem estivesse no seu caminho.

—Você não se lembra que nada?

—Só dos primeiros dias e de ontem. -Disse, esfregando meus braços.- O resto é como se nunca tivesse existido. Nem quero imaginar o que aconteceu.

—Você tem que parar de ser raptada, garota. -Ele disse, tomando toda a cerveja num gole só.

—As pessoas tem que parar de me querer para isso acontecer, Diana. É o meu fardo. -Disse, abrindo uma cerveja com a manga da camisa.- Klaus me queria para morrer pela mão do Pai, Lúcifer me queria porque a casca dele está apodrecendo e ele precisa de outra casca temporária. Ellie estava doida.-Dei um gole.- Todos querem algo de mim. Ou melhor, algo da Nephilim que eu deveria ser.

—Não eu. Ou Sam. Nem nenhuma das pessoas que te amam. Talvez até Castiel, se ele entendesse o conceito de Hollywood de amor.

—Eu acho que não. Mas você se lembra da delegacia, ou de quando Ellie invadiu a casa de Bobby. Eu pus vocês em perigo. Peter sumiu, Ellie deve estar a dias sem dormir, Sam se isolou e não quer falar comigo.

—Qual é, não é assim. Você é algo a mais, Brie.

—Como o queijo? -Falei, fazendo uma careta engraçada.

—Não. -Ele riu de leve. -Nossa salvadora. As coisas até fazem sentido.

—Gosto de ver que pensa assim. -Me levantei. -Eu vou atrás do seu irmãozinho. Me enfiar de baixo do cobertor com ele e tentar dialogar.

Eu disse, e Dean apenas me olhou ir embora, sem dizer ou fazer nada. Eu subi as escadas e entrei no quarto de Sam. Ele estava dormindo. Tomei um banho rápido e me deitei com ele, que acordou ao me ouvir sentar na cama. E não disse nada, apenas me abraçou com um braço e eu dormi ali tranquilamente com ele, pela primeira vez em pelo menos dois meses.

                                                           (( ... ))

—  Você tem que me prometer que não vai mais caçar sozinha. Eu estava longe demais de você naquele dia, Brianna.

Aquela manhã começou com o pé esquerdo. Acordei sozinha na cama, sem roupas e apenas com um bilhete ao meu lado, tudo escrito na letra de Sam. Ele pedia que eu tivesse paciência e me vestisse. Quando desci as escadas e vi todos parados num silêncio estranho e tenso, bem...

—Ellie! Você concorda com Sam e Dean, sério?

—Todos concordamos, até mesmo Castiel. -Dean disse, virando a cabeça para mim. -Nós já perdemos gente demais, e você estava por um fio lá naquela fazenda.

—E vocês apareceram.

—Nós temos que ter certeza. -Dean andou pela sala, e eu não sabia dizer se estava bravo ou ansioso. -Nem Michael e nem Lúcifer nos terão. Você incluída. -Ele olhou para Ellie e Sam.- Sabemos o que eles querem dela. Pare de birra, Brianna.

—  Eu perto de vocês é um completo desastre. Ellie estava presa, e quase morreu, foi possuída, Peter desapareceu, Dean virou um bebê e quase morreu também e Sam... Ia morrer do meu lado, torturado.

Todos ficaram em um silêncio tenso por alguns segundos. Ninguém além de mim queria admitir a verdade. Sam andou até mim e se abaixou, ficando na altura dos meus olhos, segurando as minhas mãos.

— Não importa. Essa é a vida que levamos. Estamos aqui para proteger uns aos outros. -Ele acariciou a minha bochecha.- Mesmo que você não goste, não pode reclamar. Ok ?

—Ah não. -Olhei para o lado, evitando encontrar seus olhos.- Os olhos de cachorrinho não, Samuel Winchester. Tudo menos isso. -Ele continuou me olhando e eu revirei os olhos. -Está bem. Eu ainda não concordo muito, mas...

— Percebemos isso, Brianna. -Castiel disse, me olhando seriamente. -Mas não deixe seu ego entrar na frente. O medo se transforma em raiva, em impulso, e é exatamente isso que o céu e o inferno querem de você.

—Isso é para um bem maior. Tirando vocês três da jogada, não há como eles vencerem. Não importa, céu ou inferno. Os humanos vão ser os espólios da guerra.

—Então vamos fazer o que, fugir até isso passar ? Porque nunca vai passar. Eles vão esperar Dean e Sam, e se não houver um deles, vão me tomar a força. Vão usar tudo que eles tem para machucar qualquer um de vocês.

—Você sabe que correr não é nosso estilo. Vamos dar um jeito nisso.


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Notas finais do capítulo

Ah, que saudades e vocês. Foi bom terminar o capítulo assim,pelo menos para mim. Até a próxima, Hunters ! ♥



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