Scott McCall

"Ajudem o Stiles", foi esse sussuro que ouvi assim que fechei os olhos para tentar descansar um pouco, aproveitando o fato de que estava silêncio no quarto, o que significava que Stiles devia finalmente ter conseguido dormir.

Por uma fração de segundos questionei a minha sanidade, pois a voz daquele sussurro se assemelhava a voz de Lydia, logo em seguida meu corpo ficou em alerta e entendi que aquilo poderia ser um aviso da Banshee.

Abri os olhos, ainda deitado no sofá e me concentrei na minha audição, focando no meu quarto, procurando alguma alteração.

De inicio não notei nenhum barulho além do vento entrando pela janela, até me lembrar que havia fechado a janela para Stiles não sentir frio e finalmente pude perceber que o motivo de estar tão silencioso,eu não ouvia sua respiração.

Levantei com agilidade e em questões de segundos corri até meu quarto, me deparando com a porta que havia deixado aberta, fechada.

Minha mão já tremia de nervoso quando segurei na maçaneta e me surpreendi com o choque de temperatura, o metal estava insuportavelmente quente. Tirei meus dedos por instinto do objeto que me queimou, até ignorar a dor e voltar a forçar a maçaneta. A porta estava trancada.

– Stiles! Stiles!- Gritei o nome do garoto e esperei por alguns segundos por alguma resposta.- Está tudo bem? Abre a porta!

– Aconteceu alguma coisa?- O xerife falou assustado, com a expressão sonolenta, cambaleando até mim ao ouvir meu grito.

– Ele não quer abrir!- Disse sentindo meu coração disparado, eu estava perdendo o controle da transformação devido a aflição que se instalou em mim, era como se eu soubesse que havia algo errado com Stiles.- Não se aproxime de mim!- Avisei ao Stilinski com medo de machuca-lo.

Comecei a esmurrar a porta na esperança que Stiles a abrisse, mas quando não obtive resposta por mais longos segundos, não hesitei em dar um único golpe na porta que cedeu a minha força, tombando no chão com violência.

–Stiles!- Gritei seu nome mais uma vez e meus olhos correram pelo quarto, encontrando a janela aberta e o abajur aceso, até finalmente ver Stiles.

Meu desespero foi tão grande ao ver, que simplesmente perdi o controle. Abri a boca na intenção de gritar, mas um rosnado alto e furioso foi o que soou, pude sentir minhas garras rompendo de meus dedos e as presas crescendo em minha boca.

Me afastei da cama com passos largos e fui para o outro lado do quarto, me apoiando na parede e lutando para controlar a minha respiração, enquanto via minha mãe me olhar horrizada e logo em seguida se debruçar sobre minha cama, onde Stiles estava, enquando o Xerife ficava absolutamente sem reação, perdendo a cor aos poucos, parecendo prestes a desmaiar.

Stiles estava completamente deformado, o corpo magro havia inchado completamente, seu rosto estava tão roxo que era irreconhecível, seus olhos castanhos eram inundandos por linhas de sangue. Ele não respirava e isso era o que aumentava meu horror.

Fechei os olhos com força, escutando meu coração disparado, eu tinha que manter o controle, por Stiles. Ao pensar no nome do garoto o horror dentro de mim aumentou e minha respiração se tornou ainda mais descompassada.

"Seja sua própria âncora", pensei com firmeza, mas a única coisa que conseguia me concentrar era no sofrimento do meu melhor amigo, do meu irmão, ele novamente estava morrendo e eu não fazia nada para evitar.

– Alfa, beta e ômega.- Repeti esse mantra ao mesmo tempo que finquei as garras nas palmas de minhas próprias mãos, sentindo o sangue escorrer da minha pele.

Quando a dor aguda me atingiu em cheio eu finalmente voltei ao controle, no mesmo instante que me questionei como pude me descontrolar daquela forma.

Abri os olhos ainda atordoado e vi que o senhor Stilinski continuava paralisado, enquanto minha mãe erguia o corpo de Stiles e gritava palavras que ainda eram incoerentes para mim.

– Já era para ele estar respirando!- Aos poucos entendi a voz alarmante de minha mãe.- Não tem nada impedindo a respiração dele, Scott! Vamos, ligue para a emergência!

Após ouvir aquelas palavras, o adolescente finalmente se moveu, correndo em direção a sala e pegando com a mão trêmula o telefone, digitando o número logo em seguida.

O lobisomem nem esperou a atendente falar algo no telefone, ele simplesmente transbordou de palavras desesperadas, pedindo com urgência que uma ambulância viesse até sua casa.

#Abertura#

Terceira Pessoa

– O que você está fazendo?- Derek perguntou rouco e surpreso ao sentir o movimento de seu colchão quando Callie deitou a seu lado.

– Você deixou aquele garoto irritante dormir no sofá e achou mesmo que eu dormiria sozinha com ele ?

– Ele não ia fazer nada de mal.- A forma segura como Derek falou fez Callie sentir uma pontada de inveja de Isaac, pois de alguma forma ele tinha a confiança do lobisomem, confiança essa que ela não havia conquistado.

– Você confia nele, eu não.

O homem soltou um suspiro sonolento por ter passado a madrugada acordado, escutando de seu quarto a conversa que Callie teve com Isaac, contando com detalhes tudo que havia acontecido depois que ele partiu.

Derek estava acostumado com o fato da garota invadir a sua cama no meio da noite e tinha que confessar que gostava da sensação de seus corpos próximos um do outro, então simplesmente se ajeitou para voltar a dormir, sem se incomodar com a presença da caçadora.

– Derek?

– Que?- O homem respondeu sem abrir os olhos, sentindo a respiração quente da garota contra suas costas nuas.

– Fica virado de frente para mim.

– Por quê?- Ele falou suspirando novamente, Callie sabia agir como uma garota mimada quando queria.- Eu quero dormir.- Ele acrescentou,resmungando baixo.

– E eu quero ficar com você.

O lobisomem abriu os olhos imediatamente ao ouvir aquilo, pois sabia o que significava. Ele se virou com rapidez, ficando de frente a Callie que reclamou dizendo que ele só queria se aproveitar dela, antes de suas bocas se encontrarem, a calando definidamente.

Derek tinha um beijo bruto e sexy que era viciante para Callie, seus lábios cálidos se movimentavam com fúria e intensidade, após poucos segundos de contato entre suas bocas, sua língua já invadia a garota sem pedir permissão, a explorando de maneira prazerosa, enquanto suas mãos confiantes apalpavam seu corpo.

Toda vez que Callie dizia que queria ficar com ele, Derek já sabia que isso significava um tempo longo e prazeroso beijando a garota, eles espremiam seus corpos e deixavam suas pernas cruzadas, ela arranhava a sua nuca, mordia seus lábios e ele explorava todo seu pescoço com a boca faminta, tomava liberdade para lhe proporcionar carinhos prazerosos por toda extensão de seu corpo.

Nunca tiveram nada além de beijos e nem eram de fato namorados como Isaac supôs, mas ambos não se preocupavam muito com isso, eles apenas desfrutavam do relacionamento que surgia aos poucos, de maneira completamente diferentes para os dois. Era a relação mais intensa e ao mesmo tempo mais ingênua que haviam experimentado.

Derek e Callie passaram a noite trocando carícias e beijos, enquanto Isaac estava subermesso em um sono profundo, nenhum deles tinham noção de que o perigo estava mais perto do que imaginavam.

O perseguidor se mantinha escondido do lado de fora do loft, porém perto o suficiente para escutar a respiração de todos dentro do cômodo.

Seu corpo não tinha vida, porém a bela aparência continuava intacta, exceto pelos olhos negros, tomados por escuridão. Um rosnado contínuo e baixo escapava de sua boca, enquanto garras rompiam de suas mãos.