50 sabores de sorvete One-Shot escrita por AoColor


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Dedico a May, Vick e Najulha...
Pois elas me ensinaram que os tempos podem ser difíceis, o amor pode até ter te abandonado, sua alma ter se derretido a um coração vazio, contudo, fazer memes sempre melhora tudo.
Obrigado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574564/chapter/1

“Namore com alguém que te olha como Luis olha para o sorvete” – May Santos

~*~*~*~*~*~*~**~*~

Brisas frias o acompanhavam durante todo o verão, contudo, nenhuma fora suficiente para mantê-lo em uma paz tão profunda quanto naquela tarde. Simplesmente se complicou de um modo vívido consigo mesmo, os ônibus passavam por ele, via todos subirem, porém, Luis sempre viveu triste e abandonado, vendo aqueles veículos que se moviam tão depressa, mas de certo modo estava acostumado, por anos foi tão abandonado pelas pessoas, ventiladores ou os velhos ônibus que seguiam suas rotas, sempre no calor insuportável que nunca se adaptou.

- Você está bem? – Uma mulher parada a sua frente perguntava pretensiosa, observando o garoto que mantinha seu corpo rígido. – Parece com fome...

- Sim, um pouco... – Ele disse enquanto a olhava diretamente nos olhos, que eram azuis como as águas que afundavam os navios, igual um dia viste em seus sonhos mais distantes.

- Então tome algumas moedas. – Ela estendeu sua mão com moedas de 50 centavos, que estavam aos montes.

- Moça, eu não sou um mendigo como você imagina... – Luis disse envergonhado, suas maças do rosto estavam coradas e seu coração batendo a mil. – Mas obrigado do mesmo jeito!

Luis pegou as moedas e saiu correndo o mais rápido que pode, enquanto ria da mulher que ficou petrificada. Assim que estava distante o suficiente, procurou algum lugar que pudesse se alimentar, seus passos eram pesados, a mente cheia e um corpo vazio, a fome lhe sugara de um modo inimaginável, as mãos não paravam de tremer, o calor que emanava do sol distante lhe aquecia, como um peru queimando no fogo infernal de um natal para uma família infeliz.

Uma luz atingiu o canto de seu olho, algo que atraiu o garoto de uma maneira estranha, com uma brisa lhe atingindo um dos lados de seu rosto, quando olhou para o lado, aquilo parecia um paraíso terrestre, um restaurante que certamente fora construído por anjos.

Com um andar confuso tentou entrar pela saída, mas como era um garoto muito correto, entrou pela entrada. Seu tênis fazia um barulho ríspido quando atingia a placa de metal que se alojara sobre seus pés, um boneco inflável ilustrava a abertura, quando se aproximou suficiente as variadas portas de vidro se abriram automaticamente, como dizia a banda Eagles, aquele só poderia ser o céu ou o inferno. Quando entrou várias televisões que não emitiam sons estavam presas as paredes limpas, em suas telas estava previamente ilustrado os alimentos que compunham, luzes iluminavam todo o local, maquinas de jogos eletrônicos em um canto e mesas no outro, um verdadeiro castelo, onde Luis se sentia um rei.

- Senhor, gostaria de escolher uma mesa? – Dizia um garçom arrumado como um de seus súditos. – Lá poderá ser servido...

- Por favor, me dê uma mesa com a mais bela visão...

- Senhor, se você quiser eu posso te colocar naquela mesa ali...

Ele apontou com o dedo indicador, para indicar, onde ficava minha mesa. Eu entrei por uma saída diferente, onde ainda fechava não dando uma saída pra rua, um muro que batia em sua cintura que dava suporte para um vidro limpo, em seu meio continha uma polida pedra de mármore. Uma mesa solitária, apenas para ele, atrás dessa mesa ainda tinham dois homens que batiam papo, literalmente, dando tapas nas gargantas um dos outros. Um homem de cabelos curtos trajava uma camiseta branca, seu calção batia nos joelhos, perto de outro homem com o cabelo curto, mas liso, usando uma camiseta com listras grossas, com cores como branco, cinza escuro e um vermelho escuro, um homem que mesmo com problemas contra cores claras parecia relaxado.

A mesa que Luis se sentou possuía ao seu centro, um guarda sol grande, pegando o cardápio a força da mão do garçom, passando seus dedos entre as folhas espessas parou em uma página que lhe paralisou, deixando com um olhar que fazia o comprimir sua língua contra a imagem, para o horror do homem que iria servi-lo, ele limpou sua saliva e apontou para a foto dizendo:

- Eu quero este aqui...

- Tudo bem, irei trazê-lo. – Então saiu revirando os olhos e sussurrando a si mesmo. – É cada louco que me aparece...

Tempo depois ele veio com uma taça grande de vidro, com uma pequena esfera que deixava o conteúdo seguro, onde seria impossível se partir, em formato perfeito estava disposto um sorvete sabor morango e chocolate, abaixo um prato com papéis para se limpar, com a colher de tamanho mediano ele tirou um pouco da massa, assim observou. Seu olhar era vidrado, enquanto comia podia sentir sua respiração, com o tempo passando mal notou as pessoas a sua volta, envolvido por uma paixão que quando pode perceber, estava hipnotizado, uma paixão que ninguém nunca pode compreender.

Seu gosto era açucarado, algo tão frio, entretanto, fazia o coração de Luis se sentir quente, enquanto comia aquele saboroso sorvete, conseguiu sussurrar baixinho para a o sorvete:

- Eu te amo!

- ... – O sorvete respondeu com convicção. - ...

- Promete que ficaremos juntos para sempre?!

- ...

- Tudo bem...

- ...

- Olha lá o maluco falando sozinho... – Disse o adulto de camiseta listrada atrás dele, fazendo todos do restaurante rir.

- Eu não estou falando sozinho, estou falando com meu amor...

- ... – O sorvete disse confrontando o homem.

- Você é maluco cara... – Luis já estava ficando irritado com ele.

Neste momento ele tomou uma decisão maligna, algo que mudaria sua vida para sempre, como um bode irritado, meteu a cabeça contra a barriga do moço, que urrou de dor. Se levantando de seu assento com a raiva de mil velhas que perderam no bingo, tentou acertar o pequeno Luis, mas o mesmo desviou e se afastou, correndo na direção do listrado meteu uma voadora de dois pés na perna dele, derrubando com facilidade, então pisou em seu rosto e disse:

- Eu não tenho arma, eu não tenho faca, mas não mexa comigo, pois eu sou TNT...

- Isso é AC/DC. – Ele respondeu, com o nariz sangrando.

- EU DERRUBO “ZANIMIGA”. – Disse Luis dando um pisão sobre o estômago do homem ao chão.

Quando Luis se virou, quase caiu de joelhos ao chão, na mesa sua taça de sorvete estava derramada, derretida e pingando, seu único amor tinha partido com o calor que absorvia sua alma todo dia. Não existia mais um sentido, então o garoto saiu entristecido jogando as moedas sobre o balcão, enquanto o homem gritava:

- Ei, isso não é o suficiente.

Mas ele nem pode ouvi-lo, apenas saiu pelo restaurante que agora não parecia tão belo, atravessando a rua e se sentando no meio fio, talvez devesse ser a hora de ir para casa, seu único amor fora perdido, não existia um lar, o calor que lhe abatia não era tão forte, com lágrimas no rosto conseguiu observar o ônibus passar, novamente ele tinha ficado para trás, mas desta vez, não queria subir. Quando a fria brisa bateu em seu rosto novamente, ele olhou para o chão e sucumbiu, fechando os olhos e deitado na calçada. Um sorvete que gelou seu corpo e esquentara sua alma. Adeus sorvete.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem topa uma continuação?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "50 sabores de sorvete One-Shot" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.