Onix canyon - Interativa escrita por Scout caramel


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Ficou curto, mas é por uma questão de falta de tempo pela volta as aulas e suspense, então aproveitem que daqui a pouco acaba! Boa leitura!



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Os dois Pararam em frente a entrada do túnel, acompanhados de Yujin e o Ampharos de Peter. Lucy se curvou sobre os joelhos, ofegando.
—Que foi, tudo bem?— Peter perguntou, amparando-a, mas Lucy empurrou sua mão gentilmente, apesar de ainda arfar: —Tá, tudo bem. Eu só não devia ter corrido...— Suas mãos tremiam de leve, e ela se ergueu, olhando o túnel:
—Foi por aqui que eles entraram. Tá com medo?
—Eu?—Peter soprou os lábios, descendo pela caverna: — Pfft... Eu não sou covarde feito alguns treinadores por aí. Você precisava ver, tem um conhecido meu, Marty Steel, que foi atacado por um Venusaur, dá pra imaginar? E o moleque só tinha um Charmander, e abandonou ele depois disso. Cara, não sei o que é pior, se foi esse treinador ou ele...
Lucy se deteve na entrada, sem saber bem o que dizer: —É...Hum...
—Que foi?— Encarou-a sem entender, quando ela explicou:
—Na verdade, foi um bulbasaur que atacou ele...
O rosto de Peter se ampliou com seu sorriso, e ele soltou uma gargalhada, com a mão na frente da boca.
—Um Bulbasaur? Rá, e o mentiroso falou pra todo mundo que era um Venusaur, mas que cara de pau... Mas como você soube, ce tava lá?— Ele tornou a encará-la, olhando do Yvisaur para ela, e dela para o Yvisaur:—Peraí...Você...
A face de Lucy estava lívida como uma folha de papel em branco, e ela engoliu em seco. O que ele pensaria dela? Não sabia, mas não poderia fugir mais disso:
—É, fui eu. Mas foi tudo por impulso, ele sempre me atazanou e me xingou a vida toda! Eu não sabia mais o que fazer!
Peter não se amedrontou, apenas permaneceu sério e se aproximou devagar. Então falou:
—Tudo bem, eu entendo você.— Disse, catando um monte de pedrinhas do chão, e atirando-as uma a uma em direção ao túnel. Lucy olhou pra ele, estarrecida:
—O quê?
Ele a encarou novamente, com um leve sorriso: —Pode crer, ele faz isso com qualquer um que não abaixa a cabeça pra ele. Ele fazia isso comigo também, mas eu nunca pensei em fazer isso. No fundo eu acho que ele é só um garoto infeliz, nenhum dos amigos dele está com ele sem que seja por interesse ou por vontade dos pais.— Atirou a última pedrinha numa rocha grande da entrada.
Os olhos azuis de Lucy reluziram: Ele não tinha medo. Ouvir isso dele era diferente de ouvir de alguém como Pablo. E de certa forma a tranquilizava, saber que ela talvez não fosse tão ruim...
—Acho que você tem razão. Mas não te dá medo ou vergonha de ficar perto de mim?
—Não. Claro que não. Quer dizer, fazer isso foi estúpido, mas você não é má. Só não sabia direito o que estava fazendo. Você até ajudou a salvar aqueles dois, e nem ligou que meu Pokémon mais forte saiu voando antes de poder ajudar. Eu é que...— Ele se conteve, mas era tarde:
—Você o que?
—Eu...Nada. Não era nada... Vamos.— concluiu, baixando o rosto e caminhando. Lucy não entendeu, mas também não perguntou mais. Adentraram o túnel, até onde a luz ainda podia atingir a escuridão da caverna. Pararam em frente à curva.
—Tá bom, precisamos de luz...
Peter chamou seu Pokémon: —Vem Ampharos! Use flash!
—Ah, ele tem Flash! O meu Yvisaur também! Só tome cuidado, o Onix não pode ser atingido por ataques elétricos...
—Não se preocupa, faz tempo que o Amph aqui aprendeu o golpe Cauda de Ferro. Quero ver ele aguentar isso.—vangloriou-se, dando um tapinha no ombro do Pokémon luminoso. Caminharam, o silêncio do lugar sendo interrompido apenas pelo som de suas pegadas era quase hipnotizante e por mais que tentasse, Lucy não conseguia afastar o pensamento de que estarem ali poderia ter sido um erro; Seus pokémons não eram os mais fortes do grupo, nem melhor treinados. Mas nada disso lhe veio a mente aquele instante; Por alguma estranha razão, pareceu ser o certo, se arriscar por duas pessoas desconhecidas...
Era só o que se esperava de um treinador Pokémon.
—O túnel continua aí...—Peter apontou a frente, para o chão. Se abaixaram, espiando:
—Parece muito fundo. Acho que vamos ter que voltar...—Enquanto falava, ouviram o som do cascalho e das pedras se arrastando. Mal tiveram tempo de se virar, quando dois pontos vermelhos surgiram do fundo, emergindo na direção deles. Erguido sobre eles, encarou Ampharos por breves instantes. Um movimento de mandíbula arrancou um gritou deles.
E a cabeça de Ampharos.
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—Pai!— Alex gritou, se lançando sobre ele. O homem soltou um gemido de dor.
—Alex...Cuidado, acho que fraturei alguma coisa quando tropecei naquele buraco...
Marge se aproximou dele, oferecendo sua mão para erguê-lo. —Me desculpe pela explosão, senhor, é que não teve outro jeito...
—Não, tudo bem...Na verdade estou caído aqui desde ontem, não lembro direito...—O detetive explicou, levando a palma da mão ao supercílio, que sangrava um pouco. Alex puxou um lenço do bolso, levando-o até o corte: — Tudo bem, pai. Eu estou aqui agora.
—O Onix, está por aqui não é? Aquele desgraçado...— Ele falou, levando a mão até a canela e eles puderam ver o corte feio por sob a barra rasgada da calça.— Vamos, temos que sair daqui!— Se ergueu, com a ajuda do rapaz.
Marge e Alex o apoiaram e o detetive se pôs de pé, caminhando com dificuldade. A garota então, puxou uma pokébola do bolso: —Vai, Kitsune!
—Daegal! Seu fanfarrão! Passou por poucas e boas, hein...
—Foi ele que nos guiou até aqui. Vamos, precisamos voltar pra cabana...
—Cabana?—Ele parou, encarando-os petrificado. Marge respondeu, franzindo a testa:
—É, do senhor Sugimori. É um velhinho que cata fósseis...— Alex entreabriu a boca, pressentindo o pior. O detetive se afligiu, num tom urgente: —Sugimori? Vocês falaram com ele?
—Sim, algum problema, pai? Descobriu alguma coisa?
O detetive contraiu a mandíbula num espasmo de ira e apreensão, como um cão ao farejar um gatuno à espreita. Alex conhecia bem essa reação, e temia o que estava por vir.
—Sim, Alex. Várias. E nenhuma é boa.— O detetive prosseguiu, explicando enquanto rumavam pra fora da caverna, nas costas de Noivern.
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Pablo olhava pela janela, os braços cruzados sob a jaqueta preta:
—Aquela desmiolada ainda não voltou... Droga, tô começando a ficar preocupado.
O chá na mesa começava a esfriar quando Sugimori se levantou, empunhando a bengala enquanto resmungava:
—Vocês, principiantes acham sempre que o melhor é atacar e se arriscar antes de qualquer coisa. Que pokémons eles tinham afinal?
—Um Yvisaur e um Kingdra, eu acho...—respondeu Edu. O velho bufou, em uma negativa.
—Vão acabar mortos. Por que deixaram eles irem? Não são seus amigos?
Os quatro treinadores permaneceram em silêncio. Por pior que fosse, era verdade: Não pensaram nos riscos, que ficavam cada vez mais claros a medida que o tempo passava. Julia se defendeu:
—Eu não podia ir! Nem a Hikari!
Edu se juntou ao coro com ela:
—Ora, eu não queria deixar a Julia sozinha!
Só restava Pablo, que permanecia de pé em silêncio, as mãos nos bolsos, conforme os olhos acusadores deles o encaravam. Atirou o cigarro no chão, os olhos vermelhos furiosos:
—Sabe de uma coisa, vão a merda todos vocês que adoram bancar os heróis!!! Já estou de saco cheio!— Esmurrou a porta da cozinha, descendo a escadinha até o lado de fora.
Edu se apoiou sobre a janela, vendo Pablo correr ao norte, na direção em que Alex e Marge, e depois Peter e Lucy partiram. Hikari se aproximou dele: —Ele vai buscar a Lucy?
—Tomara.
De repente, ouviram um grito vindo da cozinha. Edu quase desmontou da onde estava, exclamando enquanto corria:— Julia!
Encontrou-a como a tinha deixado, apenas encolhida sobre a cadeira onde repousava. Sugimori aparecera do quarto, igualmente aterrorizado.
—O que houve, crianças?!
—Eu vi! Uma sombra! Estava espiando atrás da cortina!
—Não pode ser...Ninguém vem aqui há anos.—afirmou, desconfiado: —Na certa, esses meninos quiseram te pregar uma peça, não?
—Ah, é? Ou será que é o senhor que quer nos pregar uma peça, hein?—disparou Edu, estufando o peito ligeiramente, mas ainda assim tremendo conforme Sugimori elevou o queixo e as costas, ficando pelo menos um pouco mais alto que ele:
—Vocês estão desconfiando de mim....Podem ficar com suas suspeitas senhores!!! —Julia e Edu se encolheram junto com Hikari, a voz antes dócil e gentil do senhor Sugimori se alterara de tal forma que era de se pensar que ele poderia agredi-los.
Ele continuou: — A verdade é que o monstro, está lá fora, e ele é o que todos vocês criaram! Vocês, treinadores iniciantes, cheios de arrogância e empáfia!!— Fechou o punho socando a mesa:—Só porque podem domar uma criatura e usá-la pra brigar se acham superiores e merecedores de todo o crédito e reverência possíveis! Acha que aquele Onix liga pra quantas insígnias vocês tem?— Sua voz soava grave e ele parecia estar perdendo o fôlego. Sentou numa cadeira, o rosto entre as mãos: —Se vocês soubessem, se tivessem apenas uma ideia do que eu passei por causa desse terrível engano...
Julia e Edu se entreolharam: o desabafo do velho senhor parecia sincero. Hikari permaneceu atrás de Julia, que se inclinou sobre ele, pondo a mão em seu ombro:
—Calma, a gente não quis dizer isso... Ninguém está suspeitando do senhor, ele só se aborreceu pela acusação. Edu não assustaria um Jigglypuff...—Edu fez uma careta a afirmação dela, mas o velho apenas ergueu a sobrancelhas:
—Se eu soubesse que ainda passaria por isso, teria preferido continuar sem ser encontrado! Andem, podem ir e me larguem aqui, que é melhor morrer mesmo a receber ajuda de um bando de garotos que não tem ideia de como a vida é dura para quem não escolhe fazer parte disso!— Falou esmurrando a mesa. Julia continuou a argumentar:
—Senhor Sugimori, não é assim... Pode falar pelo Billy, mas não somos desse jeito... Eu vim de um abrigo em Johto, e o Edu perdeu o pai dele cedo. Sabemos como é... A gente se sente deixado de lado, rejeitado, como se não tivesse importância...
O senhor Sugimori ergueu os olhos enrugados até eles, e Edu aproveitou para emendar a declaração de Julia, dando um tapinha no ombro do velho: —É, a gente acha os seus fósseis o máximo!— O velho concordou descrente, e Julia tentou reforçar:
—É, é importante, tanta gente gosta dos pokémons que saíram deles...
—E os seus Kadabras são ó, jóia!— Edu disse, fazendo o sinal com o polegar.
O velho voltou a falar, agora mais tímido:
—Por favor, me perdoem. Eu não sei o que deu em mim... Acho que guardei coisas demais pra mim mesmo por tanto tempo que esqueci como era ter pessoas por perto. Obrigado.
Julia, Edu e Hikari sorriram em retribuição, quando os quatro ouviram um ruído do lado de fora. O senhor Sugimori apanhou a lanterna e seguiu com Kadabra até a porta enquanto os três se esconderam atrás da porta do quarto, espiando.
Ele abriu. Era Peter.
Sugimori arregalou os olhos; O menino arfava, suas roupas esfarrapadas e imundas de uma mistura de sangue e terra, e suas pernas e braços estremeciam repetidamente. Correram até ele.
—Peter! O que houve?—perguntaram.
Caído de joelhos no chão, Peter tremia num choro incontrolável, amparado por eles. As perguntas se repetiam, mas nenhuma palavra lhe saía. Ele apenas permaneceu deitado no chão, em posição fetal, o rosto pálido encarando o nada; De repente, olharam para o lado de fora: O pedaço escamoso de uma barbatana azul reluzia sob a luz da lanterna de Sugimori.
—Meu Deus...Oh meu Deus!—Julia levou as duas mãos à boca, calando o grito que eclodia dentro de si. Ouvindo, Hikari se agarrou a sua saia: —O que foi, Julia? Julia?
Senhor Sugimori se apressou então: —Me ajude a puxá-lo pra dentro, rápido! E tranquem a porta!—Edu e Julia obedeceram imediatamente, vendo-o se virar em direção a um porta-retrato: — Esta noite estará tudo acabado.


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