Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 35
Capítulo 35 - Somente na hora certa...




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Capítulo 35 - Somente na hora certa...

 Maria nota que o rapaz parecia bastante tenso. Afinal, o que ele tanto queria?
 - Um favor? Bem, o que posso fazer por você?
 O fotógrafo mostra o Livro dos Segredos para a moça que praticamente cai para trás ao vê-lo. Como ele conseguiu aquele livro?
 - E-Esse livro...onde você conseguiu?
 - Sim. É o que vocês chamam de Livro dos Segredos, não é?
 Preocupada com Desirée, Maria logo já imagina o pior.
 - Meu Deus, você não...aquela menina
 - Não, não! Eu não fiz nada com a Desirée! Foi ela que me entregou esse livro!
 - Então...você conhece a Desirée e...sabe sobre o livro também? Ela nunca contou nada e..
 - Bem, é uma longa história...bem longa
 - Ei, o que está havendo aqui? - diz Carlos, se aproximando do balcão - Vocês poderiam falar mais baixo?
 Maria aponta para o livro que Dionísio segurava. Carlos também leva um susto.
 - C-Como você conseguiu esse livro, rapaz?
 - Acalmem-se...eu vou contat tudo
 Não demora muito para os três já estarem numa salinha separada da biblioteca. Carlos parecia bem nervoso. Ele olha para os lados, fecha a porta e logo começa a interrogar Dionísio.
 - Muito bem..quem é você e como conseguiu esse livro?
 - Por favor, se acalmem. Eu já sei quase tudo sobre esse livro...é que...aconteceram muitas coisas...vamos começar do começo!
 Dionísio começa a contar tudo, desde como começou a suspeitar do site da Truth, como conheceu Desirée, como a ajudou a se vingar da Bruna, como ela começou a ajudá-lo mandando informações de famosos e como ela planejou um esquema para roubar o livro de Charlie. Foram praticamente duas horas contando todos os detalhes de toda aquela confusão. Carlos e Maria ouviam tudo atentos e não muito satisfeitos com nada daquilo.
 - E foi isso - conclui Dionísio, tomando um gole de chá - O lugar que achei mais seguro foi aqui, na biblioteca onde tudo começou
 - Meu Deus! Que terrível! - se espanta Maria, com a mão na boca - No que aquela menina se transformou?
 - Era esperado de um usuário do livro, Maria. Mas...o pior de tudo...foi que isso aconteceu mais rápido do que deveria.
 - Hã? - pergunta Dionísio - Como assim?
 Carlos olha furioso para ele
 - Para começo de conversa, você foi responsável por acelerar esse desejo de poder em Desirée! Querendo ou não seus atos irresponsáveis influenciaram a garota!
 - Ei, nem vem! - o fotógrafo se defende - Eu nunca obriguei a menina a nada! Ela me ajudou porque quis!
 - Que tipo de adulto promete quantias altas de dinheiro para uma criança de 12 anos? E dinheiro vindo de fontes totalmente levianas! Nem se ela não estivesse sob poder do livro, você corrompeu a garota, sim! Você não é muito diferente de um pedófilo, sabia?
 - Não exagerem! - ele diz - Tudo bem, eu admito que deveria ter sido mais responsável e que me aproveitei da falta de experiência dela para me dar bem, mas...isso já é passado. Agora ela está em sérios problemas, não está?
 - Se está...então ela planeja ficar com os dois livros? - comenta Maria
 - Isso é muito perigoso - responde Carlos - Ela está lidando com um mago de verdade. E não sabemos o que ele pode fazer com ela
 - Pelo que a Desirée me contou...parece que aquela tal Charlie não pode usar magia para prejudicar os humanos, não é? - pergunta Dionísio
 - Mais ou menos isso - diz o bibliotecário, agora sentado perto da mesinha, olhando para o chão com um semblante preocupado - O mundo mágico tem regras claras sobre o uso de magia no mundo real
 - Bem, como nem eu e nem a Desirée somos magos, fiquei boiando nessa história toda! - fala o fotógrafo - Dá para esclarecer um pouquinho?
 - Bom, você deve ter lido sobre magos e feiticeiros em livros ou visto em filmes aquelas magias de bolas de fogo, raios e tudo o mais...na verdade, isso é magia, mas uma magia arcaica. Atualmente, com um mundo mais evoluído e globalizado, raramente você vai ver um mago matando dragões por aí. Da mesma forma que você não vê cavaleiros de armadura por aí
 - É. Faz sentido. Então, qual o papel da magia atualmente?
 - Bom, magos tornaram-se quase como uma sociedade secreta ultimamente. A tecnologia e o racionalismo evoluiram tanto que dizer-se mago seria motivo de riso nos dias atuais
 - É. Eu mesmo demorei para acreditar nos poderes desse livro. Mas era a única explicação para as informações de Desirée serem tão apuradas..
 - Exatamente. O mundo mágico ainda existe e ainda compartilha sua magia com o mundo real, mas agora sob condições muito mais rígidas
 - Condições rígidas?
 - Sim. Na verdade, tudo, não só no mundo mágico, mas tudo, segue a regra da troca equivalente, ou seja, tudo tem um preço. Quando se fala preço não é necessariamente dinheiro, mas é qualquer coisa que deva ser feita ou sacrificada para pagar a ação.
 - Acho que entendo
 - A própria natureza segue essa regra...a Física possui o chamado príncipio da conservação de energia, certo? Para levantar um objeto...você precisa pagar uma certa quantidade de energia que os físicos chamam de trabalho. Na magia é o mesmo princípio, embora seja bem mais complexo que isso
- Hmmm
- Nos tempos antigos, a filosofia da época não era tão radical a ponto de considerar a magia infundada, embora ela também não fosse tão pública, já que pouquíssimas pessoas tinham contato com o mundo mágico. Mas hoje, o uso de magia causaria um desequilíbrio muito grande justamente pelo racionalismo da nossa época. Por isso, o uso de magia tornou-se extremamente restrito!
- Então, vocês podem ser punidos por revelarem magia para pessoas comuns? Então o caso da Desirée deve ter sido muito grave, não?
- E foi - responde Maria - Muito embora, no caso dela, o livro foi criado para evitar suspeitas, então, ele dificilmente quebraria o equilíbrio racional do mundo de hoje...o problema está mais em envolver uma garota comum com assuntos do mundo mágico.
- E nós também não somos magos, somos apenas descendentes...mas não temos nenhum poder especial. No máximo, sabemos usar ferramentas e itens mágicos.
- Isso tudo é tão fantasioso...sinto como se estivesse louco
- É normal. Você nasceu em uma sociedade cética e racional. É difícil engolir isso de uma vez só. - responde Carlos.
- Tá, tudo bem, então aquele tal Charlie não vai poder usar magia na garota diretamente...mas mesmo assim é perigoso?
- Digamos que sim
- Por que?
- Bem, Charlie é descendente de uma família de magos de alto nível e pode conhecer feitiços que afetem Desirée sem ferí-la, mas ele pode, por exemplo, apagar a memória dela ou algo parecido.
- Entendo...então os magos de hoje são mais do estilo agente secreto ou homem de preto, não?
- Algo parecido com isso...
- Acho que estou começando a entender esse mundo maluco de vocês...fiz bem em trazer o livro para cá
- Foi a coisa mais razoável que você fez nessa história toda, se quer saber! - bronqueia Carlos, ainda furioso com o irresponsável fotógrafo.
- Tá, tudo bem, já pedi desculpas, não pedi? Então, vocês podem ficar com o livro aqui até a Desirée decidir buscá-lo de volta?
- Sem dúvidas. Mas, acho que as coisas são mais complicadas do que você pensa
- Hum?
- Bem, estamos falando de um mago capaz de ler a mente das pessoas...mesmo que a Desirée não saiba que o livro está aqui, ela tem na mente o episódio em que entregou o livro para você, logo, se Charlie ler a mente dela saberá quem você é, irá atrás de você e irá tirar essa informação de você
- Ei, calma aí, não sou tão otário assim a ponto de ter minha mente lida tão fácil! Basta eu evitar qualquer pirralho com um pedaço de papel na mão e pronto!
- Você acha mesmo que consegue?
- É claro...mas, por garantia, vou dormir em casas diferentes toda a noite
- Hã? Como assim?
- Meu salário de paparazzo não é tão baixo assim. Tenho uns três imóveis por aí...sem contar que não é difícil arranjar alguma garota por aí e passar a noite na casa dela
Maria fica vermelha com o último comentário e desvia o olhar. Carlos olha para o fotógrafo com uma cara de reprovação
- Ops, não quis ser grosseiro. Mas, o fato é que consigo ser um nômade fácil. A menos que ele também tenha um livro dos segredos ele não vai me achar. Já a Desirée poderá me contatar a qualquer hora, mas dificilmente ela vai fazer isso, senão ela vai acabar sabendo onde o livro está e acabar com os planos dela
- Você fala de um jeito irresponsável de novo - reclama Carlos
- Hm?
- Está dizendo que ainda apoia essa ideia louca de Desirée conseguir os dois livros? Acha mesmo que isso é só uma brincadeira?
- Ei, calma, é para o bem dela, não é?
- Saiba que tudo que queremos é salvar aquela menina de ser consumida de vez pela influência maléfica do livro. Se ela conseguir os dois, só Deus sabe que tipo de pessoa ela vai se tornar!
- Nossa, isso é tão grave assim?
Carlos e Maria contam, em detalhes, a história original do Livro dos Segredos. Dionísio fica assustado com tudo que ouve.
- Caraca...mas é só um livro...
- Um livro que domina sua mente. Um item mágico de classe SS que interfere gravemente na teia do destino... - recita Carlos, relembrando sobre o que aprendera de seus antepassados.
- Teia do destino? Isso aí é pior do que eu pensei mesmo...
- Mas é...e..hmm...esperem
- O que foi, mano? - pergunta Maria - Descobriu alguma coisa?
- É claro! Por que não pensei nisso antes!
- Heim? O que houve?
- Existe...existe sim um jeito de acabar com isso de uma vez por todas!
- Como assim? - pergunta Maria - O que você descobriu?
- Bem, ainda não é uma certeza total...mas é algo que pode funcionar...mas só poderei dizer na hora certa
- Hã? Calma aí, fiquei curioso agora! O que é? - pergunta Dionísio
- Eu disse que só posso dizer na hora certa! - repete Carlos, dessa vez parecia até mais nervoso - Até lá...Dionísio! Quero que continue a ajudar Desirée no que puder...e faça ela pegar o Livro da Mente também!
- Mas como? Você não acabou de dizer que...
- Eu sei o que eu disse! Mas para o que eu pensei, vou precisar dos dois livros! Pelo que você me disse, Desirée é uma garota de inteligência incomum...não sei se é influência do livro ou se ela é assim mesmo, mas, pela forma que ela contornou a situação é muito provável que ela realmente dê um jeito de conseguir o livro
- E se ela não conseguir?
- Se ela não conseguir, mais cedo ou mais tarde Charlie conseguirá e ele vai ter que vir aqui buscar o livro...nesse caso, vai ser um pouco mais difícil, mas ainda assim há chance desse plano dar certo!
- Qual é esse plano, Carlos? Quer me matar de curiosidade?
- Eu já disse! Só na hora certa eu posso falar! - ele repete, agora bem mais nervoso - Maria! Você está proibida de tocar nesse assunto de novo, ouviu?
- S-Sim, senhor - responde a irmã, submissamente.
- Senhor Dionísio, apesar de toda a sua irresponsabilidade e infantilidade, devo dizer que foi uma atitude madura trazer o livro até aqui. Saiba que fez a coisa certa
- Eu sei...se esse livro é tão do mal assim...o que eu puder fazer para salvar aquela menina dele, eu farei
- Obrigado mais uma vez - continua Carlos - Tenho certeza que se a minha ideia der certo...tudo vai terminar definitivamente
- S-Sim...espero que tudo termine bem...
 Carlos não fala nada. Parece que, de alguma forma, ele não podia concordar com a expressão "concordar bem". Mesmo assim, ele agradece Dionísio mais uma vez e este vai embora satisfeito.
 "Espero que aquele tio saiba o que está fazendo", pensa Dionísio, enquanto voltava para casa, "Ele parecia tenso quando disse que tinha um plano...a mão dele não parava de tremer...sei lá". O rapaz anda mais lentamente. "Será que devo ir pra casa? Bom, duvido que aquele moleque me procure hoje, mas amanhã acho que vou passar a noite na casa da Marcinha...bem que ela disse que tava com saudade...hehe...até que estou gostando desse plano."
 Já Desirée, tinha seus próprios planos. Ela consegue ficar aquele dia todo sem ser sondada por Charlie que, por sua vez, não conseguia se livrar do grude de Estela. O que ele podia fazer? Desirée só aproveita a situação, conseguindo tirar algumas informações muito úteis desde que Charlie trouxe o livro para o Brasil. E ela já tinha uma ideia do que fazer...
 - Nossa, Dê...aquela Estela tá mesmo gamadinha no Charlie, né? - comentava Priscila, enquanto as duas voltavam para casa - Você trocou de lugar com ela para fazer o esquema e a bichinha não deixava o garoto em paz. Hahaha
 - Pois é...e estou pensando em ajudá-la ainda mais
 - Sério?
 - É...vou tentar aproximar mais os dois.
 - Puxa. Legal. Olha a Dê. Maior cupido, heim?
 - Que nada
 "Aquela garota Estela vai me ser bem útil agora", pensava Desirée, "Isso tem que dar certo"


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Notas finais do capítulo

Mistério e suspense nas emoções finais da história...continue acompanhando! XD



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