Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 13
Capítulo 13 - Um Garoto Assustado




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        Era mais uma manhã comum. Desirée havia chegado mais cedo e aguardava o sinal lendo um livro cuja história tinha chaado usa atenção. Não, não era o livro dos segredos que ela realmente...mantinha em segredo. Contudo, cada vez mais ela passava a desacreditar que aquele livro tivesse um lado maligno, afinal, até agora ele sempre serviu para ajudar as outras pessoas. É verdade...talvez realmente o caráter do livro só dependia de como o dono o usasse. Como Desirée não tinha nenhuma intenção de usá-lo para qualquer fim leviano, parecia estar tudo bem. Enquanto pensava nessas coisas ela suspira fundo e se distrai um pouco da leitura, observando os outros alunos do pátio, totalmente despreocupados e sem nenhuma ideia do poder que ela tinha em mãos. Logo, uma voz conhecida chama a garota.
        - Desirée?
        - Hã? Ah, oi Caio! - diz ela, um pouco corada. Era o garoto que ela tinha uma quedinha.
        - Ué? Tá sozinha?
        - Ah...bem, é que eu cheguei cedo...e aproveitei para ler um pouquinho
        - É algum livro para aula?
        - Ah, não, não. É que eu gosto de ler mesmo. É um romance bem bonitinho
        - Ah, tá
        Caio parecia não ter muito interesse em leitura. Era um rapaz não muito alto, claro e cabelos curtos meio espetados com gel. Não era muito bonito, mas também não era feio. Tinha uma corrente no pescoço e usava um perfume forte. Mesmo assim não era do tipo que se achava ou bagunceiro. Era até quieto. Desirée tinha conversado com ele algumas vezes e, embora não tivessem tantos gostos em comum, ela o achava interessante. Gostaria de conhecê-lo melhor, mas
tinha um certo receio dos meninos. Ela não era totalmente tímida, mas ainda era bem insegura. Por mais madura que fosse ainda não podia vencer os próprios hormônios. Por alguns instantes ela fica sem falar nada até que Caio se manifesta.
        - Posso ver uma coisa? - ele diz, pedindo  o livro
        - Ah, claro
        - Hmm...a ilustração da capa é bem bonita
        - Não é? Eu também achei
        - Eu curto desenhar e mexer com imagens. Tô a fim de trabalhar com computação gráfica ou algo assim
        - Sério? Que legal!
        - E você? Já tem algum plano para o futuro?
        - Não...ainda não...tem tantas coisas, né? Preciso pensar mais
        - Hehe. É verdade. Mas seja lá o que você escolher acho que vai se dar bem. Você é boa em todas as matérias, né?
        - Você acha? Imagina
        - Bom. Preciso trocar uma ideia com aquele cara ali. Até mais, Dê
        - Até...e..
        - Oi?
        - Se você desenha...adoraria ver seus desenhos algum dia - ela diz, já meio corada
        - Claro. Ainda tô treinando, mas eu te mostro sim
        O rapaz sai de cena, mas Desirée ainda fica olhando para ele. Queria poder conversar mais com ele, mas parecia tão distante. Seria interessante saber o que ele gosta? E se..."Não", pensa ela, já tirando a ideia que passou por sua cabeça por um milésimo de segundo, "Usar aquele livro para essas coisas...no que estou pensando. Tira isso da cabeça, tira!", diz ela, balançando a cabeça para espantar os maus pensamentos. Apesar disso, ela ainda estava espantada com o poder do livro. Ele não só dava os detalhes que a pessoa quisesse, mas também funciona a distância. Se o dono deixasse o livro aberto e se concentrasse na pessoa que se deseja vigiar mesmo longe, ele ainda escrevia os detalhes. Bem sinistro. Mas ainda assim poderia ser usado para bons fins. Desirée estava decidida a usar cada vez menos aquele livro. "Mesmo que seja para boas causas...", ela pensa, "Não é totalmente certo ficar vigiando os outros. Preciso evitar usar esse livro cada vez mais".
        A garota fecha seu romance e pensa em comprar uma bala. Nisso, ela vê um garoto, não muito mais novo do que ela, mas parecia ser do primeiro ensino fundamental, lá pela terceira série. Ele estava em um canto do pátio, encolhido e sozinho. Parecia com medo de alguma coisa. Talvez estivesse brincando de esconde-esconde? Será? Pela expressão dele, parecia bem assustado e preocupado. O que poderia ser? Desirée pensou, em um primeiro momento, em ignorar e deixar para lá. Podia ser só um jogo de esconde-esconde. Mas e se ele estivesse mesmo precisando de ajuda? Não poderia deixá-lo ali, simplesmente. Bom, não custava perguntar.
        - Ei - ela pergunta para o garoto que, por sua vez, olha para trás assustado.
        - Não, por favor, não
        - Ei, calma! O que foi?
        - Ah, desculpa...achei que fosse outra pessoa
        - Tudo bem com você?
        - T-Tudo..tudo sim. Desculpa, falta muito para o sinal tocar
        - Uns quinze minutos ainda
        - Droga...por que minha mãe me deixou aqui mais cedo... - ele diz em voz baixa
        - Heim?
        - Não...não é nada. Eu só não gosto de chegar cedo
        Era um garoto meio gordinho. Tinha cabelos curtos e meio enrolados. Não chegava a ser loiro, mas eram cabelos castanhos bem claros.
        - Tem alguma coisa que eu possa te ajudar?
        - Ajudar? Não, não. Eu só tô esperando o sinal tocar. Só
        Desirée repara que ele segurava uma lancheira com a estampa de um desses heróis que a garotada gosta. Mas ele parecia segurar a lancheira como se quisesse escondê-la. Aliás, ele agia como se quisesse esconder o corpo todo.
        - Tem certeza? Se você tá se sentindo mal eu posso chamar a inspetora, ela chama a sua mãe e...
        - Não, não. Eu tô bem. Sério.
        - Ah, olha o Fabio ali! ? Ô, chega aí! - diz um outro garoto, mais magro e não muito alto. Parecia ser conhecido dele.
        - Ah, seu colega tá te chamando
        - Pois é...
        Mas o garoto ainda parecia com medo. Desirée começa a estranhar.
        - Ué? Você não vai lá? Não é chato ficar aqui sozinho
        - V-Vou...vou sim
        Ele começa a andar na direção do tal colega, meio contra a vontade, mas vai. Dê fica meio preocupada. Não. Aquilo não era normal. Crianças deveriam estar pelo pátio, correndo e brincando. O que tinha de errado com aquele menino?
        - Oi, Dê! E aí? - diz Priscila, chegando na escola, bem animada
        - Oi, Pri. Tudo bom? - ela cumprimenta, mas ainda num tom preocupado.
        - O que foi?
        - Nada..é que...aquele garoto
        - Que garoto?
        O rapazinho já tinha se perdido no meio do pátio que já estava bem mais cheio do que há algum tempo atrás. A mocinha ainda tenta procurá-lo no meio do resto da criançada, mas não conseguia.
        - Tinha um menino aqui...meio estranho
        - Estranho?
        - Não sei...ele parecia estar assustado
        - Nossa...o que era?
        - Ele não quis falar. Daí um coleguinha apareceu, chamou ele e perdi de vista
        - Bem. Espero que não seja nada de grave
        - Eu também, mas...não sei, não
        - Né?
        - E o grêmio? Ainda tá conseguindo trabalhar bem mesmo depois daquela confusão toda?
        - Ah, tá meio difícil, né? A Katia ajudava bastante, mas eu não vou desistir. Mesmo que a gente perca as eleições vou continuar trabalhando direitinho!
        - É assim que se fala - Desirée sorri
        - Então...mas mudando de assunto...comprei um CD ontem que...
        Desirée ouvia a amiga, mas ainda não conseguia tirar aquele garotinho da cabeça. Tinha alguma coisa de errado com ele...se tinha.


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