Rena havia levantado duas horas mais cedo do que o previsto, se arrumado e esperado seu irmão gêmeo acordar para que ambos pudessem descer para o café, este que não estava nem um pouco animado com “o grande dia”, a verdade é que ele não queria se tornar treinador, nunca quis, mas teria que acompanhar sua irmã e certificar-se de que ela estaria segura, ele prometera à sua mãe.

Quando finalmente estavam ambos prontos, a garota desceu as escadas com os pés descalços, procurando não chamar muita atenção, mas foi tudo em vão, sendo que escorregou em uma poça de água bem no fim da escadaria.

— Eu já pedi ao Vaporeon para não deixar água pela casa, mas ele nunca me escuta — resmungou sua mãe, quase que involuntariamente. Ela foi até a garota no chão e a ajudou a se levantar. Depois, repreendeu seu irmão, Takashi, que ria da desgraça de Rena.

Ela abraçou a mãe com força quando finalmente se levantou, amaçando o vestido florido que ela usava por debaixo do avental, mas a mãe mal se incomodou.

Os três foram até a cozinha, que era separada da sala por um balcão apenas. O ambiente iluminado pela luz do sol, de certa forma, até trouxe um pouco de animação à Takashi. O garoto mal havia se sentado na mesa quando notou o brilho dos imensos olhos cor de mel de sua irmã, ele nunca havia a visto tão animada.

A mesa estava decorada com pães e bolos, mas ele se conteve a pegar somente uma torrada com geleia, diferente de sua irmã que, como se não fosse o suficiente devorar tudo com os olhos, colocava tudo boca e se deliciava com os sabores.

— Preparei as mochilas ontem a noite — Sanae disse de forma calma ao se sentar na mesa — Estão em cima do sofá.

Rena acenou com a cabeça, agradecendo, mas Takashiapenas deu de ombros. Ele olhou no relógio: tinha uma hora para chegar até o laboratório para pegar seu primeiro pokémon.

— Já sabe que pokémon vai escolher? — sua mãe perguntou à Rena parecendo ler os pensamentos da garota.

— Snivy, — a menina murmurou, enquanto abocanhava outra fatia do bolo de laranja que sua mão acabara de lhe entregar — eu acho.

— E você, filho?

— Se eu pudesse não escolheria nenhum — respondeu ele rispidamente, se arrependendo logo em seguida. Seu objetivo nunca foi magoar sua mãe, mas entendam por seu lado, seu pai era um treinador e havia abandonado friamente sua mãe ainda grávida. E Takashi definitivamente não queria ter nada em comum com o pai — Quer dizer, vou escolher o Tepig.

A expressão de sua mãe alterou-se levemente em uma tentativa fracassada de um sorriso de consideração.

Depois de terminarem o café, as crianças se levantaram e colocaram as mochilas nos ombros, Takashi checou se tudo estava no lugar, e logo se despediram da mãe, que não demonstrava tristeza alguma com a partida dos filhos.

Não que ela não se importasse, ela se importava sim, e muito, mas como coordenadora, ele já havia saído em muitas aventuras e não via a hora de ver o nome de seus filhos nos jornais locais. Vaporeon apareceu silenciosamente e pulou no colo da mãe, parecendo entender perfeitamente a situação.

— Boa sorte, crianças — ela disse em um último conselho — Até logo.

Os três sorriram, até mesmo Takashi, que costumava se manter sério.

— Até mais, mãe! — disseram em uníssono já saindo para o quintal.

Antes de sumirem de vista, viraram-se para acenar mais uma última vez. A partir dali, era tudo sobre eles, disso eles sabiam, o que não podiam imaginar era que esse “tudo” se tratava do mundo inteiro.