Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 6
Capítulo 6 - Sempre na Lembrança


Notas iniciais do capítulo

De onde eu estava sentado, em meu escritório, eu podia observar a lua. Uma imensa e brilhante lua cheia no céu. O calendário rodando de um lado par ao outro em minhas mãos. Porque era tão difícil esquecer aquela menina? Porque eu não podia simplesmente deixá-la para trás? No fundo da minha mente, eu buscava as respostas em vão.



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Quando abri meus olhos, encontrei Stan a alguns passos de onde nós estávamos. Não sabia o que dizer. Não que eu estivesse sem graça - e sim, eu estava - mas o fato é que Stan não era do tipo que se metia em coisas como estas e principalmente depois de eu não ser mais sua aluna. Estranho.
- Pensei que gostaria de treinar um pouco Hathaway - ele fez uma pausa e olhou diretamente nos olhos de Adrian, quase como Dimitri, quando me encontrou com Jesse - só não imaginei que estivesse acompanhada.
- É... Bem...
Eu não tinha idéia do que dizer e menos ainda do que fazer. Soltei Adrian meio sem jeito e corri para o lado de Stan.
- Tudo bem! Estou mesmo precisando treinar.
Adrian sorriu e balançou a cabeça para mim, como se já imaginasse minha reação estranha.
Stan e eu caminhamos para o ginásio, em silêncio. Quando começamos a treinar, Stan derrubou-me, de novo. Eu me virei e me mexi e tentei desesperadamente sair de debaixo dele - porque será que era tão difícil derrubar Stan? Era quase tão difícil quanto derrubar Dimitri.
- Eu fiz um favor a você - Stan disse, de repente.
- Como assim?
- Você sabe, com o Ivashov.
- Achei que você gostasse dele - eu fiz uma pausa e o derrubei de lado - você até aceitou ser o guardião dele.
- Eu gosto Hathaway - Stan parou e me derrubou de novo - você é que não gosta.
- Eu gosto!
- Você pode até gostar, mas você não ama - ele fez uma pausa e seus olhos se perderam - e você nunca vai amá-lo. Vá por mim, eu sei.
Okay, agora o treino tinha oficialmente terminado - alguns minutos depois de começar, inclusive.
Stan e eu nos sentamos na quadra. Stan apoiou os braços nos joelhos e ficou me olhando.
- Você não vai esquecer Dimitri assim, Rose. Não com Adrian. E não enquanto ele estiver vivo.
- Mas eu posso tentar.
- Sim, você pode. Mas se você vai tentar, não se esqueça do que está em jogo. Adrian gosta de você e você vai fazê-lo sofrer. Se der esperanças a ele, vai tirar dele a chance de encontrar outra pessoa. Alguém que o ame de verdade. Acha justo Hathaway?
Uh! Pergunta difícil! Na verdade, a pergunta até que era bem fácil, e a resposta também: Não, eu não acho justo! Puxa, será que as coisas tinham sempre que ser tão complicadas para mim?
Eu suspirei.
- Você tem razão. Eu fui idiota.
Stan sorriu.
- Você sempre é Hathaway, você sempre é!
Apesar do xingamento, eu estava começando a gostar dele! Digam que sou louca, mas eu estava realmente começando a gostar do guardião Stan "terrível" Alto.
Voltei para o nosso quarto e encontrei Lissa e Adrian arquitetando meu aniversário - como eu imaginava. Ela estava sorrindo e gesticulando para ele, que encostado na pia.
- Ótimo! Um complô contra mim.
Lissa me abraçou.
- Você não esperava que se safaria desta, não é?
- Não, eu não esperava.
Entrei em meu quarto e fechei a porta - eu precisava de um banho.
Quando saí do chuveiro, Lissa estava lá, vasculhando meu guarda-roupa.
- Precisamos de algo novo.
- Liss, você me deu um monte de roupas novas, tenho certeza de que alguma serve.
- De jeito nenhum!
Eu suspirei fundo, estava tão cansada que concordaria com quase tudo - não se esqueçam do "quase".
- Então, como foi com Christian? - eu perguntei para encerrar o assunto aniversário.
- Estranho.
- Estranho como?
- Eu não sei Rose, as coisas estão estranhas entre nós, é como se Christian estivesse me esquecendo.
Eu me sentei na cama e a puxei em um abraço. Lissa ás vezes queria parecer forte, mas eu sabia que no fundo ainda era a mesma menina meiga de sempre.
- Liss, ele te ama.
- Eu sei Rose, mas ás vezes penso que ele me ama de outras maneiras.
Eu sorri.
- Se bem lembro, e eu me lembro mesmo, vocês dois não ficavam trocando figurinhas no sótão da capela.
Lissa riu.
- Boba!
- Dê um tempo a ele Liss, as coisas vão se ajeitar.
Ela se virou e me olhou com aqueles grandes olhos cor de jade.
- Você poderia convidá-lo para o seu aniversário.
Eu me fiz de desentendida.
- Eu até poderia, se soubesse o que vai ser.
Lissa se levantou e suspirou.
- Okay Rose, eu conto - ela fez uma pausa e segurou minha mão - se você prometer que não vai tentar estragar tudo.
- Credo Liss, até parece!
- Rosemary Hathaway, eu a conheço desde os cinco anos!
Eu revirei meus olhos - ela tinha razão, eu tentaria.
- Okay! Vasilisa Dragomir, eu prometo!
- Vamos levá-la a uma boite.
- Uh isso é legal! E por "nós" eu devo pensar em você e Adrian?
- E Stan.
- Stan vai?
- Bem, ele é o guardião de Adrian, é claro que vai.
- Puxa que divertido!
- Adrian vai convidar Mia também.
- Legal.
- Então, você poderia convidar Christian!
E revirei meus olhos novamente enquanto deslizava a escova nos cabelos.
- E, por acaso, existe alguma chance daquela Natasha Ozera aparecer também?
Lissa sorriu.
- Você não tem jeito!
- Hey, não me culpe!
- Não Rose, ela não vai. Ela está na Rússia.
- Ah.
Lissa continuou revirando meu guarda-roupa, enquanto eu terminava de me vestir e escovava os dentes.
- Okay Liss, eu vou convidar Christian.
Ela me abraçou.
- Agora você precisa me contar o que a bruxa disse.
- Nada de importante.
Eu contei a história toda a Lissa, ou pelo menos, toda a história que eu me lembrava. Quando eu terminei, Lissa me olhava com curiosidade.
- O que foi? É sobre Mason, só pode ser. Eu nem sei por que ela me falou sobre Mason?
- Tem certeza, Rose? Tem certeza que ela estava falando sobre Mason?
Eu estava cuspindo o resto de pasta de dentes da minha boca e o som saiu meio grunhido
- O que mais pode ser?
- Não sei. Não me parece coisa de amigo.
- Liss, Mason era apaixonado por mim. Lembra?
Lissa não respondeu. Eu terminei de escovar os dentes e nós duas descemos para o jantar. Lissa havia me contado que Christian ficaria para o jantar. Ele ainda estava com a idéia fixa de treinar os poderes para lutar e a pequena Jil estava com ele.
Quando chegamos á cafeteria, Lissa sentou-se logo com Mia e alguns moroi que eu não conhecia bem. Algum tempo depois, uma garota loura - que eu não fazia a menor idéia de quem era - parou em minha frente.
- Oi Rose!
Ela me puxou e me abraçou e ficou ali, segurando meus ombros - eu ainda não tinha nem idéia de quem era.
- Não se lembra de mim, não é?
Eu pensei em dizer algo como: "Ufa, até enfim você percebeu!" Mas achei que não seria delicado. Então eu sorri, com cara de quem concordava com ela.
- Sou Jil.
- Jil? A pequena Jil?
Ela baixou os olhos para o próprio corpo.
- Bem, acho que não sou mais tão pequena assim.
- Sem dúvida!
Eu a abracei novamente, desta vez, com o carinho devido.
- Hey, pequena Jil, como você cresceu! Que bom vê-la!
Ela me contou um pouco de como as coisas estavam na academia e que seus pais haviam permitido que ela viesse até a corte com Christian. Eu só consegui prestar atenção a um aparte de tudo, porque escorado no bar, eu vi Christian.
- Jil, se me dá licença, eu preciso falar com Christian.
- Claro! Ela vai gostar de te ver.
- Não tenha tanta certeza!
Jil riu da minha piada. Ela sempre ria. Na verdade, para a pequena Jil eu era um tipo de "super-guardiã legal" exatamente o que eu pensava de Dimitri, quando o conheci. Será que eu me lembraria dele o tempo todo?
Deixei Jil com Lissa e Mia e andei até o bar. Christian estava lá, com um copo de martini na mão. Eu encostei do seu lado, sem dizer nada.
- Uma dose de vodka, por favor.
Quando o barman entregou minha bebida, Christian se manifestou.
- Vai acabar com cirrose, antes dos trinta.
- Eu sou forte. Além disso, martini é para garotas!
Christian sorriu.
- Quero te fazer um convite.
Ele virou os olhos azuis para mim.
- Hum, interessante. Achei que preferisse os guardiões.
- Não seja idiota!
- Fala Rose, para que você quer me convidar?
- Meu aniversário.
- Vamos ter bexigas? E vamos colocar o rabo no burro?
- Bem, se você estiver se oferecendo, posso arranjar.
- Há, há. Muito engraçado!
- É sério Christian. Eu não sei bem onde vai ser, mas Lissa sabe - então eu contei uma mentira que, no fundo, não era tão mentira assim - eu gostaria que você fosse.
Christian sorriu assim que ouviu o nome de Lissa. Por mais que ele quisesse esconder, eu sabia que ele ainda a amava.
Enquanto caminhávamos de volta para a mesa das garotas, Christian colocou as mãos no bolso novamente e deu seu sorriso sarcástico.
- Eu não perderia seu aniversário, Rose. Por nada no mundo.
Voltamos para o quarto e eu coloquei meu pijama novo. Tirei o relógio e o anel que Lissa me deu e coloquei na mesinha da cabeceira. Eu estava tão cansada que naquela noite não sonhei. Eu apenas dormi. Dormi tanto que acordei bem tarde no dia seguinte.
Lissa estava na cozinha, comendo um saco de pretzels.
- Isso não é saudável!
- É sim, veja - ela me mostrou o saco - zero por cento de gordura. E a propósito, Parabéns!
Ela se jogou em meus braços.
A pequena mesinha de armar da nossa cozinha estava toda montada e cheia de porcarias - todas as porcarias que eu amava me entupir. Desde meus seis anos, Lissa tentava me agradar em meu aniversário, e desde os seis anos que eu ficava sem graça.
- Liss, não precisava!
- É claro que precisava! Para minha guardiã, sempre o melhor!
Eu a abracei novamente, no mesmo instante em que a campainha tocou. Quando abri a porta eu entrei em choque.
- Mãe?
Janine Hathaway a super-guardiã, não era muito dada a festas. Na verdade, ela quase sempre me mandava um e-mail de felicitações. Vê-la ali, foi realmente surpreendente.
- Não me convida para entrar?
Eu ainda não conseguia me mexer, então Lissa, me salvou. Ela abriu um pouco mais aporta e sinalizou para que minha mãe entrasse.
- O que você faz por aqui?
- Preciso pedir permissão para visitar a minha filha?
Eu revirei meus olhos.
- Não mãe, é só que...
Ela estendeu a mão para mim - mesmo porque, se ela tivesse me aberto os braços eu entraria em choque.
- Parabéns Rosemary. Dezoito anos é uma idade muito importante.
- Obrigado, Mãe.
Quando eu segurei sua mão, de repente eu me senti amparada. Apesar de tudo, era tão bom ter minha mãe por perto. Depois de tudo que eu passei nos últimos meses, eu a compreendia melhor.
Minha mãe não demorou muito, como já era de se esperar.
Depois de tomar café, Lissa e eu começamos a nos preparar para sair. Como o dia e a noite são invertidos para os moroi, isso significava que iríamos a tal boite logo depois do café.
Abri a porta do guarda-roupa e encontrei uma caixa lá. Eu não precisava olhar para Lissa para ver a cara de culpada dela - Lissa havia comprado algo para mim.
- Liss, você não precisava!
- Isso não é um presente Rose, é seu uniforme!
Eu abri a caixa. Dentro havia uma calça de couro preta - que mal passaria nos meus quadris - e uma jaqueta, também de couro preto. No fundo, uma blusinha de tecido fino e delicado em um tom de "off-white". Eu sorri.
- Definitivamente, isso - eu segurei a blusa em minhas mãos - não é um uniforme!
Lissa a pegou e ajeitou ao lado das outras peças, sobre a cama.
- Da minha guardiã? Sim isso é um uniforme! Você não acha mesmo que vou deixá-la andar por aí parecendo uma cafona, não é?
Eu sorri de novo.
- Não Liss, eu não acho.
Depois de tomar um banho, eu me vesti com a roupa que Lissa havia escolhido. Para minha surpresa, a calça passou em meus quadris, perfeitamente. A blusa, bem, a blusa era um caso à parte. Era linda, sem dúvida, mas eu duvido que alguém pudesse lutar com um strigoi com aquele decote. Ela era frente-única e descia aberta até o cós da calça. Eu podia sentir o vento entrando em meu estômago pelo decote das costas, e levantasse os braços, bem, alguém poderia ver bem mais que meu estômago. Eu me olhei no espelho. Okay, tenho que admitir que Lissa tinha bom gosto. Eu estava me sentindo a própria "Jéssica Habbit" sem o vestido vermelho, é claro.
- Eu sabia que você iria gostar - Lissa interrompeu meus pensamentos.
- É linda Liss, mas não é um uniforme.
- Vista.
Ela jogou a jaqueta para mim e eu a coloquei por cima. Com a jaqueta fechando as costas, até que dava para pensar em algo profissional, olhando para mim.
- Viu? Eu disse que era um uniforme!
- Liss, você não existe!
Eu me virei para abraçá-la e ela me entregou uma caixinha preta.
- Isto. É um presente.
Eu abri. Era uma pulseira de ouro, com um pendente de coração.
- Abra.
Ela indicou o coração trabalhado. Quando eu abri, lágrimas surgiram em meus olhos. Havia uma foto nossa, juntas. A mesma com orelhas do Mickey.
- É linda Liss!
- Que bom que gostou.
Eu coloquei a pulseira no pulso e nós saímos. Adrian, Christian e Mia nos esperavam no estacionamento. Stan estava dentro do carro.
- Vamos?
- Sim - nós respondemos juntas.

***
De onde eu estava sentado, em meu escritório, eu podia observar a lua. Uma imensa e brilhante lua cheia no céu. O calendário rodando de um lado par ao outro em minhas mãos. Porque era tão difícil esquecer aquela menina? Porque eu não podia simplesmente deixá-la para trás? No fundo da minha mente, eu buscava as respostas em vão. Eu não encontraria respostas para estas perguntas em minha mente e onde eu as encontrava, era um lugar proibido para alguém como eu, um strigoi. As respostas que se relacionavam aquela menina imprudente e determinada estavam em meu coração.
Idiota! Eu sussurrava para mim mesmo.
Era mesmo idiotice. Era idiotice e imprudência minha deixar meus sentimentos guiarem tanto a minha existência, sim existência, porque eu não tinha mais uma vida. Minha vida havia ficado para trás, juntos com todos os sonhos e desejos que eu tive um dia. Agora o que existia eram objetivos - matá-la. Era nisso que eu precisava me focar. Era isso que eu precisava fazer.
Peguei a caneta e comecei a escrever no papel - mais um bilhete. Mais um bilhete que ela provavelmente nem leria mesmo. Tanto tempo depois, ela já deveria estar com alguém. Tanto tempo depois ela já deveria ter me esquecido.
O pensamento de vê-la com alguém, fez com que minhas presas se alargassem em minha boca. Um rosnado gutural em minha garganta. Eu não permitiria uma coisa destas, e era exatamente por isso que ela precisava morrer. Eu faria isso, eu a mataria, mas não amanhã. Amanhã eu tinha outros planos. Amanhã eu iria matar um pouco dos desejos que eu ainda tinha por ela. Amanhã, eu iria me fazer lembrar. Eu olhei para o calendário uma última vez, o dia marcado a caneta se destacava dos demais - o aniversário dela. Dia de fazer uma surpresa.
Peguei o telefone e reservei um jato no aeroporto. Vesti uma calça preta e uma camisa da mesma cor. Ajeitei meu cabelo com dedos e vesti a jaqueta de couro até os joelhos.
- Vai sair Belikov?
O strigoi do cabelo louro me parou na escada.
- É da sua conta, Niko? Desde quando eu preciso explicar para onde vou?
- Desculpe, eu não quis dizer isto. Foi só uma pergunta.
- Cuide de tudo em minha ausência.
- Quanto tempo vai demorar?
- Quanto tempo eu achar necessário.
Bati a porta atrás de mim e segui no porsche para o aeroporto.
Dentro do jato, fechei meus olhos e deixei os pensamentos se perderem. Algumas horas mais e eu estaria de volta.

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