Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 16
Capítulo 16 - N o Calor da Sibéria


Notas iniciais do capítulo

Dimitri levou o pulso á boca e o mordeu. Uma fina linha de sangue escarlate brilhou em seu pulso e meu coração acelerou num ritmo frenético.

Será que Dimitri iria me transformar? E se ele tentasse, eu conseguiria negar?



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Quando abri meus olhos o cenário não se parecia em nada com o último que eu havia visto. Eu estava deitada sobre uma cama de madeira e coberta por um edredom de lã. O quarto estava escuro, muito escuro, mas meus instintos de Dhampir me ajudaram. Ele estava lá. Ainda que eu não o tivesse visto, eu teria sentido. Teria sentido seu perfume, teria sentido sua presença. Dimitri era algo que eu não podia ignorar, nem queria. Cada poro da minha pele, sentia a presença de Dimitri como se ele pudesse se espalhar na atmosfera.

Ele não se moveu. Ficou sentado, estalando as botas no chão e observando. Seus olhos eram como faróis sobre de mim, observando. Eu não sabia o que dizer. Não sabia como me comportar. Tudo que eu sentia era o calor do seu olhar sobre a minha pele.

Hey, não sei que regra da etiqueta se deve usar quando um Strigoi fodão salva sua vida!Não é o tipo de coisa que acontece sempre!

Meu sentei na cama e empurrei uma mecha de cabelo atrás da orelha. Respirei fundo e tentei organizar meus pensamentos e sair da cama, mas não pude. Algo em meu pé parecia impossível de mexer. Foi neste exato momento em que eu percebi que ele parecia ter o doro do tamanho normal.

-     Não seja boba. Seu pé está quebrado.

A voz de Dimitri ecoou pelo quarto, e eu a senti como se fosse um trovão, ecoando dentro de mim.

Eu engoli em seco. Aquela voz arrogante e determinada definitivamente não era a mesma voz do guardião que um dia me amou, ainda assim, era uma voz melodiosa e profunda que me fazia derreter.

-     Eu preciso ir. Lissa deve estar preocupa comigo – eu tentei cortar a conexão que se formava entre nós.

A risada de Dimitri ecoou ainda mais.

-     Ainda preocupada com a princesa? Roza, Roza, tão patética.

Senti o sangue subir e se acumular em meu rosto – Okay, eu posso até ser completamente louca por ele, mas “patética” não era agradável de ser ouvido.

-     Lissa e minha amiga! – eu o provoquei – sempre será!

Em uma fração de segundos, Dimitri estava na cama. Sua mão fria me segurou pelos ombros e eu não senti mais nada. Tudo que eu conseguia pensar era que ele estava ali, me tocando. E o turbilhão de pensamentos confusos voltou.

Dimitri respirou fundo, aspirando o ar em torno do meu pescoço – o que, no mínimo, acelerou meu coração.

-     Quando vai entender Roza. Quando vai entender que você é boa demais para isso – ele se aproximou mais, soltando o ar frio de seus pulmões em minha orelha – quando vai entender que deve se unir á mim?

Eu engoli em seco. Presa em algum lugar que eu não conhecia, com um strigoi que eu conhecia bem, o pé quebrado e o corpo todo dolorido – sem dúvidas, eu não estava em condição para piadinhas.

Toquei minha mão em seu peito e tentei soar o mais sincera possível.

-     Meus amigos estão preocupados comigo. Eu preciso pelo menos avisar que estou bem.

Dimitri não encarou meus olhos, ele desviou o olhar e fitou a madeira do chão.

-     Eles sabem que você está comigo.

Eu não perguntei como sabiam. Também não importava muito. O importante era que eles sabiam.

Deixei minha mão cair e escorregar pelo edredom. Dimitri se levantou e cruzou os braços para trás.

-     Vou trazer comida.

-     Eu não estou com fome.

Tentei ser o mais enfática que eu podia – a ultima coisa que eu precisava era que ele me achasse fraca.

Dimitri se aproximou mais e sussurrou em meu ouvido.

-     Eu estou – eu engoli em seco – então é melhor eu sair e dar uma volta.

Eu assenti e ele se foi.

 

Depois de tentar – sem sucesso – por muito tempo me levantar daquela cama e colocar meu tornozelo inchado no chão, eu desisti. A porta estava longe demais e certamente estava trancada – eu estava lidando com um profissional.

Pelas frestas da janela, eu pude perceber que a noite começou a clarear. Pequenos fachos de luz azulada surgiam no céu e eu sabia que Dimitri voltaria logo. Eu estava certa. A porta se abriu.

Dimitri entrou carregando um saco do Mc’donalds na mão. Eu queria sorrir, mas me contive – algo no jeito como ele me olhava dizia que eu ainda não tinha vantagens para piadinhas.

Ele jogou o saco sobre a cama e sentou-se na poltrona.

-     Coma!

-     Eu disse, não estou com fome.

Dimitri praticamente voou até a cama e rasgou o saco, me entregando o embrulho do lanche.

-     Eu não perguntei se está com fome, garota. Eu disse coma!

Eu comi. Claro! Quem não comeria?

Quando as últimas mordidas desceram por minha garganta a fome despertou e eu devorei todas as batatas fritas extra grandes e copo jumbo de refrigerante – sim, eu sou uma viciada em Mc’donalds.

Depois de comer, meus instintos femininos voltaram a falar também. Eu estava suja de sangue e fraca e meu pé doía horrivelmente. Meu pescoço mal se movia e a mordida de Ian latejava a cada vez que eu respirava. Meu cabelo estava sujo e grudento de sangue seco e minhas roupas não estavam em um estado melhor.

-     Eu preciso de um banho.

-     Você não pode andar – Dimitri pontuou.

-     Eu consigo. Se me ajudar a chegar até o banheiro, eu consigo.

Minha esperança era que alguma parte remota dentro daquele strigoi ainda entendesse as necessidades humanas. Especialmente as femininas.

Dimitri caminhou e parou em minha frente. Ele estendeu a mão e eu a segurei. Seu braço forte apoiou meus ombros e me conduziu até o banheiro. Eu me apoiei na porta e fiz sinal de que tudo estava bem, ele me deixou. Tentei colocar um pé depois do outro, mas o escuro não estava ajudando.

Quando tentei trocar os pés, o chão me faltou. Tudo que eu soube era que me esborracharia no chão e comecei a me preparar. O chão não veio. Uma parede de couro preto cheirando a loção pós-barba me amparou e eu me deixei cair sobre ele. Dimitri me segurou com seu corpo e me ajudou a entrar no banheiro.

Dimitri me sustentou com m braço e com o outro abriu a torneira da banheira, deixando que a água quente a preenchesse. Tudo que eu conseguia sentir era seu braço forte e conhecido em volta do meu corpo, e o quanto eu o queria ali.

Um gemido suave escapou da minha boca, quase um sussurro. Dimitri me apertou mais perto e deslizou o outro braço por baixo da minha blusa, levando-a com ele. Minha pele se apertou contra o frio couro de sua jaqueta e eu tremi. Ele fechou os olhos no escuro do banheiro e me abraçou, puxando meu corpo ainda mais perto do seu. Por alguns instantes, eu sentia como se fosse meu Dimitri novamente, e eu o queria tanto que não pude resistir, deslizei minha boca em seu pescoço e deixei que meus beijos encontrassem sua boca, Dimitri não recuou. Ao invés disso, me beijou lentamente, como se quisesse aproveitar mais de mim do que podia ter.

Eu me livrei do seu casaco e toquei sua pele fria, por cima da camisa. Meu Dimitri. Tudo que minha mente conseguia pensar é que era meu Dimitri novamente ali, ao toque dos meus dedos.

Em poucos minutos, minhas roupas eram nada mais que pedaços espalhados pelo chão do banheiro e meu corpo foi submerso na confortável água morna. Dimitri me deitou na banheira e deixo que suas mãos passeassem em meu corpo, espalhando o sabonete. Ele lavou meu cabelo cuidadosamente, brincando com cada mecha dele. Suas mãos hábeis encontraram e se detiveram lentamente em cada curva do meu corpo, espalhando ondas de desejo incontroláveis por todo ele.

- Hummmm – eu gemi baixinho.

Dimitri me tocou com ais intensidade, mais desejo. Suas mãos brincavam com minhas reações como se ele pudesse controlar cada uma delas, e ele podia.

Mais forte, mais intenso, meu corpo pedia por ele, chamava por ele em cada gemido e cada sussurro que eu não conseguia controlar. Meu Dimitri

Dimitri me beijou, puxando meu corpo molhado para o seu, empapando sua camisa com a água da banheira. Ele me carregou nos braços até a cama e passeou com a toalha em minha pele, secando. Sua boca deslizou em todo o meu corpo, lentamente, me torturando com seu toque. Eu o queria, queria que ele me tomasse, que me amasse. Dimitri não fez. Ao invés disso, sua boca me deixou sem ar, sem fôlego, me mostrando um tipo de prazer e desejo que eu ainda não havia conhecido. Ele me vestiu e penteou meu cabelo, enquanto meu corpo ainda tinha espasmos de prazer pelo seu toque. Eu não sentia mais o frio da Sibéria. Tudo que eu podia sentir era como a Sibéria podia ser quente, apaixonante.

Ele me Deitou cuidadosamente na cama e ficou me olhando por um longo período de tempo. Seus dedos brincando com os meus. Eu me sentia aquecida e pronta. Pronta para qualquer coisa que Dimitri desejasse, pronta para ele.

- Você confia em mim, Roza?

- Sim.

As palavras escorregaram da minha boca, sem que eu nem mesmo quisesse pronunciá-las. Eu não tinha bem certeza do que esta resposta poderia significar, mas um friozinho em minha espinha ainda permanecia ali.

Dimitri levou o pulso á boca e o mordeu. Uma fina linha de sangue escarlate brilhou em seu pulso e meu coração acelerou num ritmo frenético.

Será  que Dimitri iria me transformar? E se ele tentasse, eu conseguiria negar?

As respostas estavam lá, em algum lugar entre a consciência e o amor que eu sentia por ele, mas eu ainda não tinha certeza de querer procurar por elas.


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