Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 33
Capítulo 33 - Felicidade Superficial




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   Me aproximei em passos lentos até a figura magra de longos cabelos ruivos e estendi a minha mão até o cereal no alto da prateleira, que ela tanto se esforçava para pegar.

 

-Você de novo? – Malinda nem se deu ao trabalho de virar para trás, a essa altura já acostumada com minha constante presença a perseguindo para todo lugar.

 

-Achei que já tinha deixado claro que não vou desistir.

 

-Eu fiz uma aposta comigo mesma que você desiste em menos de 2 meses. – continuou evitando me encarar, andando pelos largos corredores, olhando ao redor á procura do próximo item em sua lista.

 

-Já fazem 2 semanas! – apressei meus passos, ficando de frente para o carrinho o forçando a parar com minhas mãos. – Você tem idéia de como é para mim? Eu tenho família, tenho amigos! Fiquei quase um ano longe deles preso em uma clínica, e um dia após sair da clínica eu os deixei para vir atrás de você! Eu fiz tudo isso por que amo sua irmã... A amo tanto que a saudade é insuportável! E aumenta a cada vez que olho em seu rosto e me lembro do dela.

 

-E você? Tem idéia de como é para mim? Eu estava indo bem! Tinha aceitado o que eu fiz, tinha certeza que havia feito a coisa certa! E então você aparece do nada com todas as suas promessas de fazer a Arabella feliz... Isso não quer dizer que ela não estava feliz? – e lá estava aquela expressão machucada novamente. Os olhos de Malinda tinham um brilho diferente, que de alguma forma parecia gasto e apagado. – Não quer dizer que todo esse tempo, depois de tudo o que eu fiz por ela, foi desperdiçado? – seus olhos, como tantas vezes eu já vira, se encheram de lágrimas ao falar de Arabella. Baixei a cabeça e respirei fundo.

 

-Não é isso. – sussurrei. – Ela não era infeliz...Ela era como seus filhos. Eles não são infelizes, são crianças. Tem sempre um sorriso no rosto e eu não digo que eles não são felizes...Mas é uma felicidade diferente. Eles vivem em um mundo superficial. Você vive, e ao longo da sua vida descobre o que realmente é felicidade. O carinho daqueles que ama, o beijo daquele com quem quer passar o resto da vida...Como uma criança, que nunca viveu, pode distinguir a felicidade e a infelicidade de uma forma verdadeira?

 

-Não entendo onde você quer chegar com isso...

 

-Arabella está triste agora, e a culpa é minha. Mas antes de mim ela não vivia de verdade entende? Eu a ensinei a viver, ensinei o que é a verdadeira felicidade. Não tem como você sentir algo que não conhece. Eu a mostrei a felicidade e isso é um caminho sem volta agora. Ela será infeliz enquanto estiver impedida de viver dentro daquela clínica. Eu a fiz feliz, e então fui embora e levei a recém-descoberta felicidade dela comigo...

 

-E quem me garante que ela estará melhor com você? Eu sei que suas intenções são boas, mas eu sei como é difícil cuidar de alguém como Arabella. Quem me garante que vale a pensa correr o risco?

 

-Você diz essas palavras, mas eu sei que você sabe que ela estará melhor comigo. Olhe para mim! Para tudo o que eu fiz desde que cheguei aqui! Você fala essas palavras por outro motivo... – estreitei os olhos.

 

-Bill, como posso voltar agora? Depois de tanto tempo? – desviou os olhos dos meus. – È suposto ela me perdoar? Como posso vê-la e sentir seu ressentimento? Eu não sou tão forte assim.

 

-Se você acha que a Arabella não vai te perdoar... – andei até o seu lado e toquei seu braço delicadamente, a obrigando a olhar para mim – Então você não a conhece o bastante.

 

     Os segundos seguintes foram repletos do mais completo silencio, de alguma forma estávamos ofegantes e, acredito eu por acidente, minha mão tocou a sua. Os olhos castanhos de Malinda me encaravam fundo, se assemelhando ainda mais com os olhos de Arabella. Inconscientemente curvei minhas costas diminuindo alguns centímetros mais para perto dela, o rosto de Malinda se inclinou para o lado e seus lábios pararam a milímetros dos meus. Sua respiração morna tocou meu rosto e eu senti um aperto agradável no peito. O odor agradável que emanava de sua boca me impedia de pensar direito e em um ato inconsciente eu juntei nossos lábios. E ela não se afastou.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" -O que nós fizemos? – ela finalmente olhou para mim, não tinha um olhar arrependido, mas sim confuso. Era uma confusão ingênua que lembrava em muito Arabella. "

" Era bom estar de volta. "

" -Tem um muro que eu preciso pular... – sorri mais ainda. – Uma janela na qual eu preciso bater e uma pessoa que eu preciso ver. "



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