Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 27
Capítulo 27 - Imbatíveis




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Aquela noite parecia estar mais fria do que as outras, o que me fez questionar se sentimos o tempo de acordo com nosso humor. Naquele instante eu me sentia amedrontado e nervoso. Após o jantar tomei um banho demorado e vesti as primeiras roupas que encontrei na gaveta, no pé apenas o chinelo. Agarrei o Ipod e abri a janela com cuidado para não fazer barulho, pulando-a em seguida, esperando por Arabella do lado de fora.

 

-Por que ela tem que se atrasar bem hoje?! – sussurrei irritado, olhando no relógio do Ipod, constatando que ela estava 10 minutos atrasada. – Por que mulheres sempre atrasam? – perguntei quando ela finalmente apareceu por entre as árvores do fundo do jardim.

 

-Desculpa! Não sabia que roupa usar... – confessou um pouco sem graça.

 

-Desde quando você se preocupa com que roupa usa?

 

-Desde que te conheci. – deu uma volta. – E então? O que achou? – ela usava um shorts claro, com pequenos chinelos brancos e uma bata estampada com cores chamativas.

 

-Você está linda... Está sempre linda. – sorri pegando em sua mão. Nos deitamos na grama e eu fiz questão de que ela estivesse extremamente próxima á mim, em um lugar onde eu pudesse ver seus olhos e seu sorriso com perfeição.

 

-Quer mesmo fazer isso? – perguntou aceitando um de meus fones de ouvido que eu lhe oferecia.

 

    Não respondi sua pergunta, encarei por alguns segundos o nome “ In Die Nacht “ no visor e então cliquei em cima dela com o dedo. Quando os primeiros acordes ressoaram em meu ouvido e eu senti a já tão conhecida pontada de dor no peito, inclinei a cabeça e olhei para Arabella. “ Talvez se estiver olhando para ela não será tão difícil... “ pensei.

 

    Senti meu peito estourar em milhões e milhões de lágrimas que escorreram pelos meus olhos quando minha voz se juntou á guitarra de Tom e todos aqueles sentimentos misturados foram tomando conta do meu corpo. Saudade, felicidade, dor, adrenalina, tristeza, solidão. Forçava meus olhos a se manterem abertos, mas as lágrimas embaçavam minha visão e me impedia de mantê-los assim por muito tempo. Acabei por desistir de lutar e deixar meu corpo relaxar, ouvindo cada palavra da música com atenção.

 

    Revirava minhas memórias á procura de todas aquelas com o Tom. Procurava por todas as risadas que dividimos juntos, todas as pequenas brincadeiras, mas eu parecia estar caminhando em círculos e acabava sempre naquele mesmo quarto de hospital, chorando á beira da cama dele.

 

    Eu podia sentir a mão de Arabella apertando a minha com força, sentia seu corpo junto ao meu e sua respiração em meu rosto indicando que ela olhava para mim. Mas era como se estivesse em uma outra dimensão, vagando sozinho á procura de algo que fizesse a dor em meu peito diminuir.

 

    A música finalmente chegou ao fim e eu suspirei aliviado, por mais alguns minutos permaneci com os olhos fechados, respirando fundo e então soltando o ar lentamente. Sorri ao notar que eu estava inteiro, que eu estava bem. Uma mão quente tocou delicadamente meu rosto, secando minhas lágrimas.

 

-Obrigada. – finalmente abri os olhos e encarei o rosto sério e preocupado de Arabella.

 

-Você está bem? – assenti com a cabeça.

 

-Quero ouvir de novo.

 

-È uma música muito bonita. – sorriu fracamente. Franzi meu cenho.

 

-Por que não está sorrindo? Do jeito de sempre? Como eu pedi?

 

-Eu achei que conseguia... Mas acabo de descobrir que não posso sorrir se você está chorando. – sorri com suas palavras, e com a forma como soaram sérias e honestas.

 

-Se eu prometer não chorar mais, você promete nunca parar de sorrir? – ela sorriu e se aconchegou mais próxima á mim, afundando seu rosto em meu peito.

 

-Você quer mesmo ouvir de novo?

 

-Se você estiver assim aconchegada em meu peito, tão perto que eu posso sentir seu coração batendo, eu posso ouvir a noite inteira. – acariciei seus cabelos, brincando com os fios entre as pontas de meus dedos.


     Passamos um longo tempo deitados ali, ouvindo a mesma música repetidas vezes. A cada nova vez era um pouco menos difícil, e um pouco mais fácil controlar as lágrimas. Me sentia orgulhoso de mim mesmo, e não conseguia deixar de pensar que, talvez, eu poderia fazer qualquer coisa se tivesse Arabella ao meu lado. Ela tinha um incrível poder de me fazer sentir imbatível, e junto com seu sorriso nós dois seríamos imbatíveis juntos. Para sempre.

   


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Notas finais do capítulo

próximo capítulo:
 
"-O que é isso?
 
—È o presente que sua mãe me deu...
 
" -Por que está chorando? – questionei-a tocando com a ponta de meu dedo a lágrima que escorria em seu rosto. "
 
" – Você confia em mim? – perguntei-lhe em um sussurro encostando de leve meus lábios em seu pescoço. "



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