Petruchio vai lá fora ver se o médico e Calixto já estavam chegando, “aonde é que é que eles se meteram que nunca mais chegam?” pensou nervoso.

Alguns minutos depois Calixto chega com doutor na carroça.

“Arre égua finalmente! Catarina tá lá berrando quase morrendo de tanta dor!”-Diz sério pra eles enquanto desciam da carroça.

“Senhor Petruchio a sua mulher não é minha única paciente, eu estava fazendo outro parto, não podia deixar a meio!”-Responde o médico.

“Tá bom! Tá certo! Mas agora deixe da conversa fiada e vá ajudar Catarina, vá.”

O medico entra no quarto, Catarina estava deitada na cama com dores enormes, Mimosa chorava nervosa andando de um lado pro outro.

“Finalmente! Pensei que ia ter meu filho sozinha!!!”-Diz Catarina ofegante, pausadamente, toda suada.

“Catarina nem prestes a ter um filho você tem o mínimo de delicadeza e educação!”-Reponde o médico.

“Cale-se seu incompetente, cale-se! E veja se faz seu trabalho direito!”-Ela grita pra ele.

“Não fale comigo desse jeito, senão eu vou embora.“

“Aiiiiiiiii”-Grita novamente, toda soada.

Depois dá longas inspirações e expirações…

“Cale-se! Cale-se! Já disse! E seja prestável pelo menos uma vez na vida!”-Diz Catarina enquanto respirava.

“Senhora me providencie toalhas e água quente, há e uma tesoura!”-Pede o doutor.

“Já tá tudo aqui doutor, já providenciamos tudo!”-Diz Neca apontando pra cima do baú.

“Vai, respira, respira vai…”-Diz Neca.

“Veja se faz tudo direito! É meu filho quem vai nascer!”-Diz lançando um olhar para o médico enquanto este preparava as tolhas.

“Oh Catarina será que você está querendo me ensinar com é se faz um parto? Pois saiba que eu já fiz mais de cem, tenho muito mais experiência que a senhora! “

“Não responda seu atrevido!”

Mimosa não parava de chorar andando de um lado para o outro…

“E pare de chorar Mimosa, pare de chora que esta me dando nos nervos!”

“É muita emoção Catarina.”-Responde chorando.

“Veja se faz alguma coisa de útil!”

“É faça que nem eu que sou sempre de muita ajuda!”-Reponde Neca.

“Vive me pisando! Você não perde oportunidade não é Neca.”

“Quietas as duas! Quietas!”-Grita Catarina.

“Calma, calma…”-Aconselha o medico.

“Calama eu quero muita calma! Calma senão eu atiro!!”

“Atira o quê Catarina? Pelo amor de Deus! Pelo menos uma vez na vida não brigue tenha seu filho em paz!"

“E o senhor pare de brigar também!”

“Mas..mas..Cata…Cata…”-Tenta dizer o medico.

“Pare de brigar que o filho é meu e eu digo o que eu quiser.”

“Aiiiiiii”-Grita novamente.

...

"Vamos Catarina faça força!"-Diz o medico.

Catarina faz força uma vez e outra…

Ofegante ela ouve o medico dizer:

“Nasceu Catarina, nasceu! É uma menina! Uma menina linda!”

Catarina não consegui ver nada, tudo parecia turvo, só ouvia sua própria respiração, sua garganta estava apertada…

De repente ele ouve um choro, os gritos de sua filha, ela sustem a respiração, fica imóvel, sente algo inexplicável, uma sensação que nunca havia sentido antes, algo mágico que tomava todo seu corpo… Começa a respirar lentamente, a cada inspiração seus olhos se enchiam de lágrimas, a cada choro a cada grito de sua filha seu coração batia ainda mais rápido...

“Eu sabia! Eu sabia!”- Ela diz sorrindo, enquanto as lágrimas caiam de seus olhos, ela tinha a certeza que era uma menina, mais do que isso ela sentia.

O médico corta o cordão umbilical e a coloca em cima de Catarina, bem em cima do coração dela que batia fortemente.

“A minha filha, filha queria…”-Ela dizia olhando pra ela, pegando nela carinhosamente, chorando muito, parecia estar sendo invadida por uma paz enorme, por um amor imensurável.

Beija sua testa, depois passa a mão no rosto dela, a menina abre os olhos lentamente pela primeira vez… Catarina se emociona ainda mais e começa a chorar descontroladamente, fascinada com aquele momento.

“Meu amor, você é perfeita.”-Ela dizia super emocionada entre as lágrimas que escorriam por seu rosto, enquanto a menina pegava com sua mãozinha no dedo de Catarina. Catarina beija a mãozinha dela...

“Nós nunca nos vamos separar nunca… eu vou sempre ficar perto de você.”-Ela dizia sorrindo olhando pra ela.

Apesar de não terem uma ligação física Catarina sentia que aquela pequena criança fazia e sempre iria fazer parte de si.

A menina abria e fechava a boca, olhava fixamente pra Catarina.
Catarina também olhava fixamente pra ela deslumbrada, sem reparar que todos a sua a volta também se emocionavam com aquele lindo momento.

Estava totalmente apaixonada por ela, não a queria largar por nada, não conseguia ficar longe dela.

Mas o médico faz sinal a Mimosa que pega a menina pra limpar seu corpo e dar banho.

...

Enquanto isso o médico apalpa a barriga de Catarina, nota algo de estranho, utiliza o estetoscópio e ouve os batimentos de outro coração dentro da barriga dela.

“Eu acho que, acho que… São gêmios!”-Ele diz surpreso.
“Gêmios?”-Diz Catarina ainda mais surpreendida, assustada olhando para o médico.

Catarina se desespera.

“Catarina você vai ter que ser forte agora! Você vai ter outro filho!”

Catarina assustada começa a sentir novamente as contrações e grita mais uma vez, assim que ela grita a menina nos braços de Mimosa começa a chorar também.

A uma certa altura ela pensava que ia morrer de tantas dores, sentia que não ia conseguir… mas o choro de sua pequena filha lhe lembravam que ela tinha outro ser dentro de si e que tinha de ser forte por eles, por mais doloroso e dificil que fosse ela reúne todas as forças que lhe restavam e faz força… depois mais uma vez… e outra…

“Força vai dona Catarina… força!”-Dizia dona Neca pegando na mão dela.

“Aiiiii…”-Ela grita, chorando ao mesmo tempo… molhada pelo suor que escorria de seu corpo, ao mesmo tempo a menina também chorava e gritava.

Mimosa enquanto cuidava da menina também chorava ao ver Catarina dando a luz outro filho.

“Só mais um pouquinho Catarina está quase, já estou vendo a cabeça…”

Ela grita mais uma vez, tremendo de tanta força que estava fazendo, serrando os dentes…

E finalmente nasce o outro bebe!

“Já nasceu! É um menino Catarina!”-Diz o médico pegando a criança e cortando o cordão umbilical.

Catarina respirava intensa e descontroladamente... ouvindo seus dois filhos chorando numa sintonia perfeita, seu corpo enche-se de uma energia que desconhecia, algo indescritível, que agora depois do nascimento desse segundo filho se intensificava ainda mais.

Seu corpo estava tremulo. Estava vivenciando uma mistura de emoções... de sentimentos de tal forma que não conseguia conter suas lágrimas.

Tudo isto era tão forte que chegava até a ser mais forte que todas as dores corporais que sentia, parecia não sentir nada, não ouvir nada, não ver nada, somente seu filho estava em sua mente, somente seu choro invadia seus ouvidos... só desejava vê-lo e senti-lo.

O medico coloca o menino em cima de Catarina que estava deitada na cama exausta.

Catarina tremendo aproxima lentamente as mãos do corpinho dele, que tinha a cabeça pousada no peito de Catarina chorando desoladamente.

“O meu filho…O meu filho?”-Ela dizia chorando muito abraçando ele, olhando pro rosto dele.

Ele para de chorar assim que ela começa a acariciar seu corpo, e em seguida como se por magia a menina também para de chorar, só Catarina continuava chorando inconsolável. Olhava pra seu filho tão carinhosamente que chegava até a emocionar o médico, quem diria que a fera algum dia fosse ter filhos...

Ela passa a mão na cabeça dele, e ele fechava os olhos dormindo.

Abraça o menino, olha pra cima chorando, ofegante, com se agradecendo a alguma força divina por ter dado a luz duas crianças tão maravilhosas.

"Eu gosto muito de você, viu..."-Ela dizia baixo, com voz rouca, enquanto pegava no braço dele e beijava sua testa assim com fez com a menina.

Ela estava sem palavras, nunca tinha vivido nada tão maravilhoso.

Ela não parava de acariciar o corpo do menino, gostava de fechar os olhos e senti-lo, conseguia até sentir o coração dele batendo em sintonia com o seu.

...

Neca pega o menino e também dá banho pra ele.

Catarina olhava para o lado sorrindo, vendo Mimosa e Neca lavando e vestindo as crianças, enquanto isso o medico tratava dela, retirava a placenta e tudo mais…

Ela enxugava o rosto mas não conseguia para de chorar e de olhar pra eles.

Como podia ser tudo tão perfeito? Tão maravilhoso?

Nunca havia imaginado ter filhos, mas agora só de pensar em viver sem eles, toda a alegria de sua vida se transformaria em tristeza, num vazio.

Sentia que era capaz de dar sua vida por eles. Que eles faziam parte de si, ou melhor eles eram a melhor parte de si.

Tinha vontade de ficar com eles pra sempre...

Com um sorriso no rosto ela pensava na reação de Petruchio ao ver as duas crianças. Queria partilhar toda aquela alegria com ele, mas estava muito fraca.

Sua vida de agora em diante nunca mais seria a mesma, mudaria e para muito melhor...

Lentamente seus olhos foram se fechando, fazia um esforço pra mante-los abertos, pra ver seus filhos mais uma vez... por mais uns momentos... mas é vencida pelo cansaço e enfraquecida adormece.