Na noite em que ele me viu, não entendi porque eu havia ficado visível ao olho humano, ainda mais fora da ilha. Na hora eu perguntei para Désiré, mas…

– Sinceramente, não sei o que te responder. Isso nunca aconteceu comigo e meus poderes são limitados e bem diferentes dos seus. Porque não pergunta para o Pain? Ele não tem só um poder parecido e oposto ao seu, como também é seu gêmeo. Provavelmente ele já deve ter passado por alguma situação parecida!

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Sandman parecia confiante por um momento, mesmo suando frio na frente do irmão, que exalava uma poderosa áurea sombria sobre ele, sentado a sua frente.

– Se algum humano já me viu?

– É!

– O que foi que aconteceu para você vir me perguntar isso? - Bicho Papão ficou desconfiado da pergunta que seu irmão fizera. Isso aumentava consideravelmente a sua áurea negra, fazendo Sandman ficar mais pressionado e balbuciando coisas incompreensíveis como resposta. Isso só fazia o Rei dos Pesadelos ficar ainda mais incomodado e de mal-humor - Desembucha! - ordenou, por fim.

– Eu fui dar uma olhada na Terminal e quando o enfermeiro entrou no quarto… ele me viu. E ele nunca tinha me visto antes!

Bicho Papão apenas levanta uma de suas sobrancelhas.

– Como eu nunca passei por isso antes e você tem um poder parecido com o meu, achei que talvez pudesse ter passado por algo parecido… - disse Sandman, por fim.

– E, de fato, já passei.

– E e e… O QUÊ?

– Já aconteceu várias vezes, na verdade. Principalmente com crianças. No começo eu achei que não estava sendo cuidadoso, já que muitas vezes eu vou até as pessoas para implanter os pesadelos nelas. Mas comecei a perceber que isso só se dava uma vez por mês e comecei a fazer testes, em crianças, já que elas tem mais facilidade para acordar de noite. - a voz de Bicho Papão começou a soar mais suave, como se ele se lembrasse com carinho de suas memórias.

– E… ???

– E, de fato, isso só ocorre uma vez por mês, em uma data especial.

– Qual? Qual? Quaaal??? - os olhos de Sandman estavam tão arregalados de curiosidade que poderiam sair de órbita.

– Quando a lua é balsâmica. Desde então, eu uso essa data para assustar as pessoas. - Bicho Papão ri com gosto, mas depois fica um tanto pensativo, olhando por uma janela. - Para falar a verdade, assustei umas crianças semana passada…

– Isso quer dizer que… - Sandman começava a raciocinar junto com o irmão. - ANTEONTEM ERA NOITE DE LUA NOVA???

– ANTEONTEM? NÃO ME DIGA QUE VOCÊ ANDA VISITANDO A TERMINAL TÃO FREQUENTEMENTE!

Sandman tomou um susto com a rápida alteração do irmão e começou, mais uma vez, a balbuciar coisas. Bicho Papão apenas ficava cada vez mais irritado, aumentando sua pesada áurea e piorando a situação do irmão a sua frente. Era um ciclo sem fim. Até que por fim, de tão estressado, Bicho Papão se levantou e jogou-se na direção de Sandman, que conseguiu escapar por pouco. O Rei dos Pesadelos não desistiu e começou a correr atrás do irmão mais novo, que dava voltas pela sala em que estavam.

– VOCÊ NÃO OUVE AS COISAS QUE EU DIGO??!! SEU INÚTIL!!!

Por fim, Bicho Papão alcançou Sandman e com uma chave de braço, imobilizou o Deus dos Sonhos. Não conseguia parar de insultar o irmão pela sua irresponsábilidade e gritava coisas como “Seu desgraçado! Se vier de novo com esses “problemas amorosos”, você vai ver só!”.

Sandman apenas sofria silenciosamente, enquanto tentava se livrar da chave de braço do irmão mais velho. O que não adiantou muito, pois num de seus movimentos, ambos irmão saíram rolando pelo chão e Bicho Papão conseguiu ficar por cima do irmão, prendendo-o para não escapar. Sandman apenas pedia ar com os olhos lacrimejando, pedindo perdão uma vez ou outras. Mas logo desistira de fazer o irmão sair de cima dele e ficara com uma expressão um tanto triste e pensativa.