The Heir escrita por Ginny


Capítulo 1
Um


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, queridos. Boa leitura ♥



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Eadlyn

— Quanto tempo até as fotos chegarem? — Perguntei novamente, as mãos apertadas juntas no colo. O calor de Angeles não fazia nada para amenizar o suor frio que acumulava na minha nuca, o que provavelmente deixaria Astra Orders, minha cabeleireira pessoal, prima mais velha e única amiga, muito zangada.

— Você está parecendo ansiosa demais, Eady. — Ahren, meu irmão gêmeo, replicou, sorrindo de lado. Ele estava usando aquele apelido idiota de novo. Se não fosse pelos nossos pais, eu voaria no pescoço dele. — Parece animada demais para ter trinta e cinco caras morando com você. O que, diga-se de passagem, eu acho bastante desnecessário...

Ele parou de falar quando recebeu o olhar de repreensão de nosso pai , Maxon, pela quarta vez naquela tarde. Ahren respirou fundo, claramente se esforçando para não revirar os olhos, e ficou quieto de uma vez. Lancei um sorriso discreto de agradecimento para meu pai, que retribuiu.

Já minha mãe, America Singer-Schreave, parecia compartilhar da minha aflição. Ela brincava com os fios soltos de seu vestido azul-celeste quando achava que ninguém estava olhando e, muito disfarçadamente, roía as unhas de vez em quando. Eu sempre ficava impressionada com a beleza da minha mãe: seu cabelo tão perfeitamente ruivo que Ahren havia herdado; seus movimentos graciosos; o jeito como ela esticava o pescoço quando estava expressando suas opiniões; até mesmo o jeito como seu olhar cansado amenizava quando ela estava longe dos problemas de Illéa, simplesmente sorrindo para o papai ou tocando violino em sua sala de música pessoal.

E eu, tão castanha e sem graça, não tinha resquício algum dela. Se não fosse pela minha tiara, que me declarava como princesa de Illéa (e futura rainha, muito obrigada), eu provavelmente passaria despercebida pela multidão.

— Majestades? — Ouvi uma voz mecânica nos chamar. Um homem usando óculos estava parado entre dois guardas, com uma porta aberta atrás de si. — Sinto deixar-lhes esperando. Seus candidatos já foram selecionados.

Droga.

— Maravilha. — Murmurei em vez disso.

Eu achava tudo muito injusto. Aqueles caras de óculos estavam encarregados de escolher os participantes da Seleção, sendo que quem se casaria com um deles seria eu. Logo, conclui-se que o certo a fazer seria me deixar escolhê-los. Mas não! Aparentemente, eu era burra demais para escolher meu futuro marido.

— Certo. Vamos ver a cara desses idiotas. — Ahren resmungou apenas para que eu ouvisse.

Sequer tentei segurar um sorriso. Estava nervosa demais para me preocupar com as piadas de Ahren.

Enquanto nós nos acomodávamos em cadeira estofadas confortáveis, várias pessoas se apressavam arrumando equipamentos. Pelo o que eu sabia, um slide com as fotos e fichas dos trinta e cinco participantes nos seria apresentado. Eu tinha o direito de contestar qualquer um concorrente, mas meu pai me alertara que fazer isso nem sempre era a melhor decisão, pois eles quase sempre tinham um "bom motivo" para escolher aquelas pessoas que nos eram apresentadas, principalmente aqueles que pertenciam às castas mais altas.

— Certo, comecemos pelo mais importante. — Falou um dos homens. Ele parecia bastante nervoso, o que me fez querer rir. Era engraçado quando as pessoas ficavam confusos com a minha presença e a da minha família. — Aaron Runner, da província de Zuni. Seus pais costumavam pertencer à casta dois, e, assim como eles, Aaron é ator. — Bem previsível, pensei. Eles sempre começavam pelos mais ricos, ou, na língua deles, mais importantes. A foto de um garoto que parecia ser muito mais velho que eu apareceu no slide. Ele não era muito memorável. — E agora, Mark Fox, da província de Dakota...

E assim se seguiu. Lá pelo décimo competidor, eu já não estava mais tão interessada assim. Na verdade, eu quase cochilei, até, antes que Ahren me cutucasse no braço, me fazendo saltar. Pigarreei e fingi que nada tinha acontecido antes de sorrir para meu irmão, agradecendo.

— E, ah claro, eu quase havia me esquecido... Sinto muito, Majestades. — O homem murmurou antes de mudar o slide. — Este é Alexander Leger, aspirante a militar...

Oh, não.

Minha família inteira pareceu sugar uma respiração pesada de surpresa. Todos nós conhecíamos aquele nome, obviamente. A família Leger era como o grupo de amigos oficial da família real. E Alexander Leger — ou apenas Alec, como todos o chamam —, aquele idiota sem limites, era o filho mais velho.

Eu não merecia isso. Apesar da expressão de felicidade de minha mãe — eu sabia que toda a história dessas duas famílias havia começado com ela e o pai de Alec, Aspen —, comecei a abrir minha boca para protestar.

— Bem, maravilha. — Meu pai me interrompeu, olhando-me em clara repreensão. — Acho que encerramos por hoje, então. Amanhã nos vemos no Jornal Oficial.

— Lembre-se de fazer uma expressão de surpresa, Princesa. — Brincou o homem que nos apresentara os slides, mas ele não parecia muito confiante.

Sorri de volta apenas para ser gentil e me virei novamente para meus pais enquanto nós saímos. No tom de protesto mais baixo que consegui, eu disse:

— Vou mandá-lo embora no primeiro dia.

Eu sequer precisava dizer o nome de Alec para que eles soubessem de quem eu estava falando.

— Seja gentil, Eady. — Ahren gargalhou. Ele estava se divertindo com aquilo. — Achei que ele fosse seu amigo.

— Nem em mil vidas. — Resmunguei. — Ele é seu amigo. Suspeitosamente, um amigo muito próximo de você.

— Seu irmão tem razão, Eadlyn. — Minha mãe interrompeu. Ela estava claramente decepcionada por minha negação a aceitar Alec. — Alexander é um amigo próximo. Ser gentil não custa nada.

— Foi por isso que você chutou meu pai naquele lugar logo depois de se conhecerem? — Eu sentia vontade de cruzar os braços e fazer bico, bem como uma criança mimada, mas me esforcei para manter o queixo levantado.

Meus pais se entreolharam e trocaram um sorriso discreto antes de me repreenderem por "um comportamento e palavreado inapropriados".

Adultos. Nunca vou entendê-los.

Alec

— Cara, ela vai te matar bonito.

Olhei para Ahren, que acabara de entrar no quarto, e sorri ao finalmente entender o que ele havia dito.

— Então quer dizer que eu apareci lá? — Perguntei.

— Pode crer. — Ahren riu. — Achei que nunca daria certo.

— Eu também. — Concordei. — Tenho quase certeza de que eles fizeram isso de propósito, só por causa dos meus pais e dos seus.

Ahren pensou por um segundo.

— É, pensando assim, deve ser isso. — Ele arrancou o livro que eu lia e jogou no chão. — Por que continua lendo essas merdas?

— Essa sim é a atitude digna de um príncipe. — Ri, ainda feliz por meu plano ter dado certo. — Mas, me diz, qual foi a reação dela? Quero detalhes. Se você se deu o trabalho de vir até aqui, aposto que foi épica.

Eu morava a alguns poucos quilômetros do palácio numa casa perto da praia, mas Ahren era tão preguiçoso que até mesmo isso era inacreditável, mesmo que ele tivesse motoristas e seguranças particulares.

Depois de ligar a TV em algum canal de esportes e pegar meia dúzias de refrigerantes no pequeno frigobar ao lado da cama, Ahren começou a falar.

— Bem, você sabe como a Eady é, sempre querendo parecer tão... perfeita. Ela ficou parada no começo, encarando a sua cara feia na tela, e depois ficou com aquela cara estranha de raiva que ela tem, como se fosse um vulcão prestes a entrar em erupção. — Concordei com um aceno da cabeça, me lembrando de quando eu colocara alguns insetos mortos nas roupas de Eady. Ela realmente parecia prestes a dar uma de vulcão em erupção. — Daí nós fomos dispensados quase imediatamente, porque você foi o último a ser apresentado. Ela começou a reclamar imediatamente. Acho que eu nunca a vi tão zangada. Ela logo disse que te dispensaria no primeiro dia.

Eu não duvidava nadinha disso. Eadlyn Schreave poderia ser o exemplo do bom comportamento na frente das câmeras e da imprensa, mas, longe delas, ela era exatamente como meus pais descreviam a Rainha America quando mais jovem — horrorosamente teimosa, brigona e constantemente carrancuda.

E, considerando que toda a Seleção seria transmitida pela televisão e seríamos constantemente filmados, aqueles meses seriam uma maravilha. Claro, considerando que eu não fosse chutado antes, o que era mesmo uma probabilidade.

— Temos uma vantagem, pelo menos. — Ahren continuou. — Eady sabe que nossos pais a matariam se ela simplesmente te expulsasse.

— Ahren, nós dois sabemos que isso nunca vai ser capaz de impedi-la. — Suspirei, mas estava feliz.

Ele riu.

— Você tem razão, caro Alexander. Plena razão.


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Notas finais do capítulo

Só pra esclarecer, Eadlyn e Ahren são os nomes "oficiais" dos filhos gêmeos da America e do Maxon, publicados no site da Kiera. Como a Eadlyn é oficialmente sete minutos mais velha que o irmão, então ela é a futura rainha por direito. Então.. Gostaram? Espero que sim :3 Mandem reviews com a opinião de vocês! Beijões.