Pela décima vez Isabella puxava o ar para seus pulmões tendo a certeza de que daquele dia não passaria, e, como se Edward soubesse de seus planos resolveu ajudá-la e facilitar um pouco.
Chovia copiosamente e havia tantos livros para carregar que imediatamente Isabella se arrependeu de tê-los levado para casa, como se chuva em Forks fosse mesmo uma surpresa, então, devia ter previsto. Mas agora era tarde demais até para suas reclamações.
Bufou jogando os livros de volta ao banco do carona para poder ajeitá-los em uma pilha novamente, para então sim conseguir sair.
- Precisa de ajuda? – Edward perguntou aparecendo, de repente, ao seu lado.
Seu coração deu um salto ao ouvir a voz quase sussurrando em seu ouvido, e quando se virou e o viu ali não conseguia acreditar. Meio segundo atrás ele estava do outro lado do pátio, parado na entrada do colégio.
Velocidade.
Suspirou lembrando-se de tudo que havia lido e mentalmente repetia diversas vezes que deveria ficar calma.
- Não – ela respondeu por fim tomando coragem para lhe falar.
A chuva continuava caindo, tão fria e enquanto alguns alunos corriam e reclamavam do frio Edward estava ali, parado como se nada estivesse acontecendo. Seu cabelo começando pesar e ficar molhado, a jaqueta um pouco mais colada ao corpo, mas em nada lhe importava.
- Como? – ele perguntou movendo o rosto de forma engraçada que a fazia sorrir, e o sorriso de Edward continuava lá, de um jeito meio torto que a fazia hiperventilar.
- Não preciso da sua ajuda – ela disse decidida e por fim jogou os livros de volta no banco.
- Ah – ele suspirou sem saber o que fazer, seria tão mais fácil se pudesse ouvi-la.
- Eu quero conversar – ela disse pegando só a bolsa e saindo do carro sem se importar com a chuva.
- Ok – ele disse dando de ombros.
- Eu sei o seu segredo – ela resolveu dizer logo, mesmo que os outros alunos não pudessem ouvi-la falar, se gritasse eles ouviriam, então se Edward resolvesse se revoltar ou surtar ela só precisaria gritar.
Os olhos de Edward imediatamente se arregalaram, então não estava sendo tão cuidadoso quanto julgava ser, havia falhado em algum momento. Fechou os olhos por meio segundo, mas foi o suficiente para se lembrar deles dois dançando... Ela o havia tocado, sentido como é frio e duro, certamente desconfiara de que havia algo errado ali. Mas só com isso seria capaz de descobrir o que ele era? Tinha mais tantos fatos que o envolviam.
Num ato sem pensar e apressado Edward a agarrou pelo braço, sem machucá-la, pegou a chave da camionete de sua mão e trancou o veiculo a levando até seu Volvo.
De olhos arregalados Isabella via a agilidade dele em fazer tudo, e não havia mais ninguém no pátio, o sinal já havia batido.
- Como? – ele perguntou se sentando no banco do motorista e arrancando.
- O quê? – ela perguntou ainda meio perdida.
- Como você soube...
Ela se calou juntando as informações, mas, de repente, não podia mais se concentrar nisso, seus olhos se arregalaram ao ver como a seta passava pelo velocímetro com pressa.
- Vá mais devagar – ela disse prendendo o cinto de segurança e agarrando-se nele.
- Só me responda – ele disse rapidamente.
Um bip o fez fechar os olhos para bater, irritado contra o volante. Deu uma volta rápida, precisava abastecer.
Os dois desceram do carro e Isabella ficou apenas do lado de fora o esperando voltar, enquanto dois ou três frentistas ficavam encarando-a, e Edward estava demorando para voltar. Mas quando ele chegou pôde ver seu semblante sério, meio até endurecido, apenas entrou no carro sem lhe falar nada, então ela o seguiu.
O velocímetro continuou a disparar enquanto Isabella concentrava-se em não se deixar afetar por isso, repassando, mentalmente, diversas vezes que tinha apenas que se concentrar no que dizer e se esquecer daquele velocímetro.
- Eu juntei os fatos – ela disse o vendo parar em algum lugar que parecia distante.
Havia praia, e não chuva, apenas um fraco sol, e Isabella sabia que não era La Push, isso a fazia se perguntar por quanto tempo estivera apenas pensativa demais, mas logo se lembrou da velocidade de Edward. Certamente não por muito tempo.
- O que nós fazemos aqui? – ela perguntou controlando-se para não gaguejar.
- Você certamente não sabe de tudo – ele disse voltando a ter no rosto aquele sorriso torto. – E você ainda não me disse – ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido. – O que eu sou?
- Você é incrivelmente rápido, e frio... Sua pele é dura e você é forte, agindo como se nunca nem nada pudesse te machucar...
- Sim – ele disse ainda em seu ouvido. – Mas então, o que eu sou?