Like a Romance escrita por thysss


Capítulo 2
Primeiro




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          O líquido quente, denso, corria por sua garganta como veneno, cheirava a metal, tinha gosto de metal, e parecia querer matá-lo, corroer-lo, quando na verdade só fazia o contrário, dava-lhe vida. Tão denso quanto sua cor tão forte, vermelho, vermelho sangue a lhe manchar as mãos naquele instante, agindo como um completo inexperiente, quando na verdade tudo que fazia era despejar ali, no animal entre suas mãos, a raiva que sentia.

         Vida. Ele queria vida novamente como desfrutar da água quente, ou fria, batendo contra seu corpo, seus dedos enrugando-se até o limite, sentir o sol batendo contra sua pele, bronzeá-lo e não ter que preocupar-se com a brancura de sua pele. Ele queria sentir que algo batia dentro de seu corpo e que aquilo não era apenas uma caixa, um nada, oco. Ele queria sonhar sonhos, desde os mais impossíveis aos mais loucos, sonhos que pudessem motivá-lo a seguir em frente, a continuar naquilo em que sua vida havia se transformado, ele queria pelo menos poder deitar durante a noite, sentir a maciez de um bom colchão contra seu corpo e a textura aveludada de um cobertor pesado nas noites de inverno, queria fechar os olhos e fingir que se ficasse sem respirar tudo acabaria.

         Mas ele realmente poderia ficar sem respirar.

         Com rancor Edward lembrava-se disso, diariamente, de hora em hora, não havia sequer como esquecer.

         E mesmo assim ele queria, queria a intensidade das histórias que já havia lido, tantas dela em tantos anos, de autores diferentes com concepções diferentes, mas que no fim mostravam a mesma coisa, aquilo pelo qual vale a pena viver, e no fim, pode ser considerado que vale a pena morrer também. Aquilo, aquele sentimento, que tem o poder de fazer as pessoas mudarem, fazerem loucuras, viverem.

         O frio na barriga, o coração batendo disparado e as pernas bambas.

         Oh, o sentimento mais maravilhoso de todos e mais intenso entre tantos... O verdadeiro. O real.

         Com rancor Edward voltava a lembrar-se disso, como se estivesse lendo novamente mais uma página de qualquer livro romântico, e seu rancor aumentava, indescritivelmente enquanto lembrava, junto a tudo, que sequer havia algo batendo em seu interior.

         Oco. Como árvores velhas, como caixões vazios, como casas abandonadas. Oco. Porque não havia nada que realmente vingasse em seu interior. Nada.

         A carniça caiu no chão, sem vida, agora ele possuía vida, mas junto vinha o prazo de validade que em realidade nada durava, minutos, segundos, a sensação de satisfação no instante da sugada, o ápice enquanto o liquido forte, denso, corria por sua garganta. E depois nada. Depois tudo voltava ao de antes, ao mesmo, e seu corpo voltava ao oco de sempre.

         Perda de tempo.

         Seu movimento era rápido, suas pernas moviam-se com mais agilidade do que se podia acompanhar, e seu rastro, sequer havia marcas de pés em seu caminho, só um vão, longo, dando voltas, incerto, confundindo quem quer que fosse segui-lo. Esperto.

         O riozinho corria como sempre, mas agora sua água cristalina misturava-se com a forte, o vermelho sangue, e ainda continuava correndo, mesclando-se até absorvê-la, e, de repente, não havia mais rastro algum de sangue ali.

         Suas mãos perderam o tom que até então as marcava, o tom que denunciava seu ato primitivo, mas ele não se importava, não havia ninguém ali, naquela casa, que não soubesse de sua natureza, ninguém diferente.

         Chegou ao quarto, o dos fundos que lhe pertenceria e suspirou, podia ver ao seu redor, folhas e folhas, arrancadas, amassadas, mal escritas, em branco. Várias delas, algumas suas, algumas de outros, uma completa bagunça, então Edward podia ver no que sua vida se resumia afinal, em bagunça. Tudo era uma completa bagunça.


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Notas finais do capítulo

n/a: ai está
ainda está no início e não da para entender super bem, mas logo descomplica!
espero que gostem e deixem reviews
beijos.



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