- Você até que está se saindo muito bem.

- Não sei não, teve aquele deslize que eu dei.

- É normal, todos nós já passamos por isso.

- Sério?

- Sim, e veja pelo lado bom, só foi um humano. Não é fácil largar um hábito de duzentos anos.

- Não, não mesmo. Muito obrigado por tudo Carlisle, não sei nem como agradecer.

- Apenas seja um bom filho, sim?

- Vou fazer o meu melhor.

Nós dois rimos e olhamos pra Alice que nos olhava curiosamente.

- O que foi ?

- Só estava pensando, o que te fez querer parar de caçar humanos? E não venha com aquele papo de “eu não quero se um monstro” que eu sei muito bem que não é isso.

- Aposto que foi por causa da Claire. Ou será Elizabeth?

- Cala boca Emmet. Ninguém te chamou na conversa.

- Mas eu acho que ele tem razão.

- Até você Alice? Eu achava que você, a Bella e a Nessie seriam as única que não iam encher a minha paciência.

- Oh, mas nós concordamos com a Alice.

Eu olhei para Bella e para Nessie que sorriam e esperavam ansiosamente pela minha resposta. Olhei a minha volta e vi que todo mundo agora estava me observando. Ô vida maldita! A gente não consegue um dia de paz se quer.

- Enquanto você não admitir o que sente você não vai ter paz.

- Que merda Edward, da um tempo com esse negocio de ler mente.

- Desculpe, mas não da pra simplesmente desligar, sabe?

- Corrigindo o que o Edward disse...

Ai meu Deus. O que a Esme quer?

- ... você só vai ter paz quando você trazer ela para conhecer a família.

Todos acenaram aprovando a idéia.

- Vocês são loucos sabiam? Até parece que eu iria trazer a Elizabeth...

Eu parei de falar assim que minha cabeça começou a rodar. Eu estava sentindo angústia, medo, revolta e preocupação. Tudo ao mesmo tempo. Uma explosão de sentimentos me consumiu de uma hora pra outra. Eu comecei a analisar pensando de onde isso tudo tinha vindo. O Jasper resolveu treinar seus poderes em mim agora, é? Olhei para Jasper e ele apenas disse não com a cabeça. Se não era ele quem estava fazendo, então, quem estava? Fechei os olhos e comecei a procurar a fonte disso tudo. Não demorou muito e sua face veio à minha mente. Elizabeth.  

- Daniel? Daniel? Você pode me ouvir? O que está havendo? Você está bem?

Olhei para Carlisle e percebi que ele estava me chamando há algum tempo. Todos estavam ao meu redor me olhando com preocupação.

- Eu preciso ir. Algo está errado. Eu tenho que saber o que aconteceu.

Eu saí correndo da sala o mais rápido que eu pude. Eu senti que alguém estava atrás de mim me seguindo, mas logo eu o despistei.  Cheguei à pensão em questão de segundos. Eu estava desesperado pra saber se ela estava bem. Escalei a casa em ruínas e fui parar na janela do quarto delas. Eu dei de cara com Elizabeth, que estava na janela com um olhar distante. Ela levou o maior susto e quase caiu pra trás. Eu teria rido em outra situação, mas eu não estava em condições para isso agora.

- CRISTO! O que você está fazendo aqui? Ficou louco? Virou suicida?

- Eu sei que você não vai me matar Liza, então para de tentar me deixar longe de você só pra variar. Eu vim aqui ajudar. O que aconteceu? Por que você está tão aflita?

Liza me olhava com os olhos arregalados. Aparentemente, ela não acreditava que eu poderia saber daquilo tudo. Ô teimosia, por que é tão difícil para ela acreditar que nossas mentes são bem ligadas?

- A Liza disse que no dia da lua azul alguém vai morrer.

Eu paralisei. A idéia de alguém encostar um dedo nela era torturante. Até mesmo se triscassem na sua prima, por que eu sabia que ela a amava muito e não podia ficar sem ela. Era a sua única família.

- Quem vai morrer? Alguma de vocês? E quem vai fazer isso?

- Eu não sei quem vai morrer, mas sei que não é a gente. Tão querendo apenas nos usar pra algo. E eu não sei quem ta querendo matar não. Mas acho que as duas loucas que moram aqui sabem.

- Duas loucas? Que história é essa Liza?

- Ela acha que a dona da pensão e a irmã têm algo haver com isso.

- Por que não matam elas logo então?

- Por que nós não temos certeza, ok? Eu não sou muito boa nisso. Só sinto, mas nunca vejo com clareza. É horrível isso.

Eu queria abraçá-la e poder confortá-la, mas eu não podia. Eu queria dizer que ela não era a inútil que ela pensava que era.

- E investigar? Vocês já investigaram?

- Já. E não achamos nada.

- Eu sei como você se sente Liza. Mas isso é por causa que não deu tempo de alguém nos ensinar sobre nada. Não é nossa culpa, a gente faz o que pode. E você não é fraca, nós só não aprendemos como controlar ou usar nossos poderes.

Rachel abraçou a prima e dava beijinhos em sua cabeça tentando consolá-la. Eu sou um tremendo idiota mesmo, como eu pude fazer isso com ela?

- Daniel?

- O que foi?

- Precisamos da sua ajuda.

Wow! Eu escutei direito? A Liza tava me pedindo ajuda? Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Ela confia em mim!

- O que você quiser.

- Precisamos sair daqui. Não podemos ficar mais nessa pensão. Mas a gente não tem pra onde ir.

Ao mesmo tempo que eu fiquei feliz em ver que ela queria a minha ajuda, eu fiquei arrasado. Ela tinha um lar que amava, e agora não tem nem para onde ir.

- Eu vou ajudar vocês. Eu poderia pagar um hotel pra vocês ficarem sem nenhum problema, mas eu não vou fazer isso.

- Por que não? Você...

- Calma Liza. Eu não vou por que eu não quero que vocês saiam da minha vista. Vocês vêm comigo. Eu sei de pessoas que podem te ajudar.

Dizendo isso eu as peguei pela cintura e as carreguei até a casa dos Cullen. Quem melhor pra ajudar e proteger do que eles? Eles poderiam nos ajudar a investigar e a prevenir o que estava por vir. Pelo estado da Liza, o caso era sério. Mas o pior, por enquanto, não era isso. Era a encheção de saco que eu teria que tolerar agora. Entrei na sala e larguei Liza, que não parava de me xingar, e Rachel no chão. Todos apareceram e nos olharam assustados. Imagino que ninguém esperava por isso. Não é pra menos, Alice não consegue ver elas.

- Odeio quando você faz isso.

- Você quer ajuda ou não?

- Tá né? Quero.

- Então seja uma garota boazinha e fique quieta. Que teimosia.

- Ele tem razão, sabia?

- Cala a boca Rachel.

- Fiquem quietas. Carlisle, precisamos de ajuda.