Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 42
Ele compartilha meus sonhos. Espero que um dia eu compartilhe seu lar.


Notas iniciais do capítulo

Gente, oi! Cheguei nesta madrugada quase manhã de domingo primaveril que está marcando 11º!
Mais um capítulo. Que eu amei escrever! ♥
Acho que o pessoal que me acompanha já percebeu isso, mas quero reforçar que eu realmente gosto de levar a história de forma tranquila, com poucas grandes passadas de tempo. Portanto, espero que não pareça que eu estou realmente enrolando na história. Cada palavrinha escrita se fez necessária aqui.
Muito obrigada a todos que comentaram capítulo passado e que continuam acompanhando.
Um obrigada especial pra Lothus, escritora aqui do site, que eu admiro muito e tem se tornado uma amiga muito especial.
Enfim, boa leitura!

Para quem gosta de ler ouvindo música, eis aqui minha inspiração para o capítulo, e para o título também. ♥

https://www.youtube.com/watch?v=iKzRIweSBLA



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Era terça-feira, um dia depois da visita de Lucas e um antes da prova de teoria da imagem, e do aniversário de Rodrigo. O loiro estava sentado na cantina do campus, lendo mais um pouco da matéria, enquanto bebia um café. Decidiu estudar ali pra poder aproveita a biblioteca e a companhia de Roberto que, apesar de ter passado naquela prova que Rodrigo reprovou, acabou não conseguindo passar em um dos trabalhos seguintes que Lucas passou, ficando também em recuperação em Teoria da Imagem.

— Vamos ir pra casa, Rodrigo? Acho que por hoje deu de estudar. O que eu não aprendi até agora, não aprendo mais. – Roberto juntava suas coisas enquanto falava. Como era final de semestre, não tinham mais aulas. E naquele dia ele não tinha nenhum exame. Sim, como previa, ficou em mais de uma matéria pendurado.

— Sim, vamos! Estou muito ansioso para amanhã. É o dia do meu aniversário, e meus pais ficarão até o fim de semana aqui na cidade. Eles nunca ficam tanto tempo, e dessa vez tem o Lucas, então eu quero marcar várias coisas pra gente fazer. – O loiro estava empolgado desde segunda-feira pensando no que fariam. – Se não tivesse essa prova eu teria pedido pra eles virem mais cedo. Quando lembro que foi tudo por conta da Maiara...

— Ah, mas pensa que ao menos tu sabes a matéria. Eu, apesar de ter estudado muito contigo, ainda estou naquele limbo, sem saber que eu sei mesmo, sabe? Tem certeza que tu não olhou nem um pouquinho da prova enquanto o professor fazia? Uma questãozinha só. Acho que nem o exemplo da representação da maçã eu sei explicar.

Neste momento os dois já estavam indo em direção onde o ônibus passava. Rodrigo tinha falando com Luke, mas ele, estranhamente, não se ofereceu para buscá-lo. Rodrigo acreditava que que era porque o namorado tinha superado o medo de que qualquer coisa poderia acontecer com ele. Mas o contato que ele manteve durante toda a tarde, mesmo pelo celular, o fazia crer que ele sempre estaria tentando saber se Rodrigo estava bem quando longe. E esse cuidado deixava o mais novo muito feliz. Portanto, ele devia estar fazendo alguma outra coisa. Mas o que seria?

— Claro que eu não olhei. Mas eu sei que não vai ser tão difícil assim, e a gente não precisa de tantos pontos. Vai dar tudo certo.

— Assim eu espero! Queria sentir que valeu a pena, sabe, essa troca de faculdade no meio do curso, sei lá... – Roberto por vezes pensava se não tinha sido precipitado ao fazer a troca. Por mais que se esforçasse, não conseguiu ser aprovado em todas as matérias.

— Claro que valeu a pena! E eu sei que tu vai conseguir ser aprovado em todas. Acho que deve ser assustador mesmo ficar em muitos exames... mas vai dar certo. – O ônibus já tinha chegado no campus, e os dois embarcavam, sendo iluminados pelo sol de fim de tarde que estava no horizonte, digno de uma tarde com o horário de verão – Além do mais, amanhã lá em casa tu vai comer as melhores comidas do mundo! A Solange e minha mãe, tenho certeza, vão caprichar em tudo! Elas melhoram o humor de qualquer um.

— Vai ser uma boa mesmo! Faz tempo que não vou em casa, estou com saudades de comer coisas que não sejam congeladas ou do Restaurante Universitário. – O tom de voz de Roberto era nostálgico. Era difícil se enturmar nesta altura do ano. Esperava que no próximo semestre estivesse bem mais à vontade.

— Eita, mais um que vai querer virar sócio da comida da Solange. Mas saiba que ela é noventa por cento do Lucas! Só de vez em quando que cozinha coisas que não sejam as preferidas dele. – Rodrigo ainda não conseguia esconder o quanto ficava feliz em saber que Luke tinha alguém como Solange pra compartilhar estes momentos.

— Tudo bem, eu como de tudo! Pra mim não tem ruim!

E assim os dois seguiram o caminho, com Rodrigo descendo primeiro, pois, iria se encontrar com Lucas em sua própria casa, que não era tão longe assim do campus. O moreno havia dito que, como o mais novo precisava estudar pra prova, não era justo ficar longe de suas coisas. Rodrigo ria ao pensar nisso, já que poderia muito bem fazer a mesma coisa na casa dele.

— Vou descer, Roberto. Até amanhã, e não fica nervoso!

— Ok, vou ficar mais calmo. Mas já sabe, se tiver uma oportunidade, olha uma questãozinha que seja. Ou quem sabe usa de algum jeitinho pra conseguir ver a prova. Tenho certeza que tu conseguirias!

— Tchau, Roberto! – Rodrigo desceu rindo do ônibus.

***

— Droga!

Rodrigo colocou a chave na porta no mesmo momento em que ouvia o moreno praguejar. Percebeu pelo barulho que Lucas tinha deixado um copo cair.  

—Ei! O que está acontecendo? Lucas?

— Eu sou tão atrapalhado! Eu queria apenas passar um café pra você, e comprei também isso tudo aqui na padaria. Mas acabei bagunçando a tua cozinha, sendo que já tinhas deixado arrumado para amanhã, por causa da chegada dos teus pais, me desculpa, eu vou arrumar tudo, só preciso saber por onde começo e...

Rodrigo sorria vendo a afobação do namorado. Ele, desde sexta passada, por algum motivo, andava querendo participar de fato das tarefas do dia a dia. Rodrigo achava ótimo, mas Luke era bastante atrapalhado. Era mais fácil ele escrever um artigo em apenas um dia do que conseguir preparar uma refeição completa.

— Amor, está tudo bem. Deixa que eu arrumo isso tudo. Na verdade nem foi nada, foi apenas um copo. Cuida pra não pisar apenas.

Rodrigo, em minutos, acabou juntando tudo e arrumando a mesa, enquanto um Lucas calado continuou fazendo algumas coisas, mas parecia ainda chateado.

— Ei, tu acertou muito, eu estava com fome depois de passar à tarde estudando. E eu amo esse pão da padaria! – Rodrigo estava realmente feliz em saborear as coisas que Lucas tinha comprado. Ainda mais que sentia que tinham sido escolhidas com tanto carinho para agradá-lo.

Antes de sentar, o mais novo foi até o moreno, dando-lhe um beijo, enquanto olhava dentro de seus olhos, pra mostrar que estava tudo bem.

— Eu sei que você gosta. Sempre me obriga a provar. – Lucas acalmou um pouco ao perceber que Rodrigo não ficou chateado. Com isso, se deixou levar a mesa e sentou junto com o namorado, apesar de não fazer nenhum movimento que mostrasse que iria consumir alguma coisa da mesa.

— E tu nunca me escutas, como agora. – Rodrigo fazia seu café, mas parou enquanto olhava o moreno, levantando uma das sobrancelhas – Estou esperando tu começares a comer. Vai, prova alguma coisa. Não era pra gente isso tudo? – Rodrigo falava com carinho, mas sem querer parecer que o namorado era uma criança. Era sempre assim, um dia após o outro.

 Por vezes, Rodrigo chegava e Lucas estava comendo algo com Solange, de forma descontraída. Mas em outras, ele ainda resistia. Como sabia que tinha a ver com a rotina que ele teve com os pais no início da vida, já tinha aprendido que isso estava ligado diretamente ao seu emocional e as tensões que sentia. Quando nervoso ou inseguro, ele deixava de comer. Parecia uma punição, um desleixo feito de propósito para se punir.

— Sim... – Lucas respirou fundo, se servindo de um pedaço de bolo. Claro que ele escolheria, entre todas as coisas, algo doce. – Mas é que eu não consegui fazer direito, aposto que esse café está péssimo. Isso que a Sol me ensinou a mexer na máquina de passar café antes de eu vir pra cá. E também quebrei esse copo, e...

— Lucaaaaas, está tudo bem! Achas que vou ficar pensando em um copo que tenho mais 5 iguais? – Rodrigo estava curioso pra saber o que estava realmente deixando o mais velho nervoso, mas não iria adiantar perguntar porque ele não responderia. Ele tinha seu próprio tempo. Assim como todos nós temos. – E esse café está ótimo, tu fez direitinho. Apenas em eu chegar e ele estar pronto já foi muito bom. Eu estava com preguiça de passar quando chegasse, vinha pensando nisso o caminho inteiro.

O coração de Lucas começou a palpitar neste momento. Rodrigo era tão perfeito! A verdade era que, desde que decidiu que pediria para o namorado morar com ele, queria aprender a ser o melhor companheiro do mundo. Mesmo que ainda tivesse duvidas que conseguiria. Sempre saia alguma coisa errada. E Rodrigo merecia o melhor.

— Verdade? Não vale mentir. – Se sentia um tolo, mas queria sempre a aprovação do loiro.

— Claro que é verdade! Está melhor que o café que o pai passa. – Rodrigo disse isso pra provocá-lo, pois, Carlos não sabia lidar muito bem com algumas coisas da cozinha e era sempre piada nos encontros de família. Mas apesar disso, o mais velho adorava cozinhar algumas coisas. Mas apenas algumas coisas, diga-se de passagem.

— Se você diz, eu vou acreditar. – Neste momento Lucas já tinha acabado o pequeno pedaço de bolo que pegou e estava olhando Rodrigo, enquanto ele continuava a comer. – Conseguiu estudar mais um pouco com Roberto? Não precisa tanto, eu falei na revisão, a prova não está tão difícil assim.

— É, mas um exame é sempre um exame. E o Roberto está preocupado com a prova, porque não foi apenas na tua disciplina que ele acabou se dando mal. Até mesmo me propôs conseguir ver a prova de algum jeito. – O mais novo falava isso com um sorriso nos lábios, sabendo que Lucas iria ficar constrangido se falasse que o amigo sugeriu que conseguisse questões das provas seduzindo o moreno. Sim, ele ficaria muito envergonhado, resolveu não falar.

— É mesmo? Não estou mais achando ele um bom aluno. E outra, não teria como você ter acesso a prova, ela está muito bem resguardada contra namorados que ficaram em exame e supostamente tenham interesse em dar uma espiadinha.

Rodrigo fez uma cara, como se estivesse ultrajado. Mas em seguida abriu um sorriso, seguindo comendo as delicias que o namorado havia arrumado pra ele.

— Foi o que eu disse pro Roberto... mas ele não acredita. Acho que é o desespero. – Rodrigo disse enquanto cortava um pedaço de seu pão recheado apenas com queijo, já que o namorado não gostava de presunto, como o chatinho que era, e colocava no prato de Lucas. – Agora come.

***

— Rodrigo, a gente já entendeu! Agora vai te arrumar, ou procurar algo pra fazer, senão vai se atrasar. A ti e ao Lucas!

Marisa e Carlos chegaram naquela manhã de quarta-feira, dia do aniversário de Rodrigo e também do exame. Isso permitiu que houvesse um almoço entre os dois, o filho, Lucas e Solange. Marcos chegaria mais tarde, portanto, não pode estar presente. Após o almoço, Lucas saiu com Carlos, falando que iriam juntos ao supermercado. Rodrigo insistiu, falando que poderia ir junto, mas estranhamento o namorado não deixou. Então, restou apenas ao mais novo ficar em seu apartamento, observando Solange e Marisa, de um lado pro outro, organizando algumas coisas que fariam pra janta. As duas tinham se visto já, mas poucas vezes. Mas pareciam se conhecer faz tempos, tamanha intimidade que já compartilhavam.

Neste momento, Rodrigo tentava ajudar a mãe a arrastar algumas de suas coisas pra poder fazer com que houvesse mais espaço. O loiro até pensou em perguntar pra Lucas se poderiam reunir a família e os amigos no apartamento do mais velho, já que o seu era muito menor, mas resolveu que seria melhor não. Primeiro porque o namorado era ainda muito reservado e preferia não ter muitas pessoas em seu apartamento. E também porque talvez os pais não fossem se sentir bem... apesar dele ainda estar muito surpreso com a saída de Carlos e Luke sozinhos.

— Mãe, será que está tudo bem entre o pai e o Lucas? Sei lá, eu confio no pai e sei que ele não falará nada demais, mas fico preocupado.

Marisa parou o que fazia, imaginando que o mais novo ficaria mesmo tenso por conta da saída dos dois, já que não sabia ainda sobre a conversa da última semana.

— Filho, está tudo bem. Eu acho que teu pai apenas queria, provavelmente, dar algumas aulas de compras no supermercado pro Lucas quando percebeu que ele não sabe nada sobre isso durante o almoço. – A mais velha falou com seu sorriso de sempre no rosto.

Durante a refeição, eles programaram o que fariam mais tarde e Lucas parecia boiar nos assuntos, enquanto fazia carinho na mão de Rodrigo, provavelmente pensando que poderia fazer algo, mas sem saber o que, já que eles, principalmente Marisa e Sol, pareciam ter tudo sobre controle.

— Sim, eu sei... mas eu queria ir junto.

— Deixa de ser ciumento, guri! Logo eles estão de volta. – Solange disse, enquanto observava o quanto Rodrigo tinha a quem puxar, por ser alguém tão simples e ao mesmo tempo tão seguro. Os pais dele eram ótimas pessoas.

— Ciúmes nada! Mas é meu aniversário, queria participar.

— Pois então nos ajude aqui com as coisas. Daqui a pouco eles voltam e vocês precisam ir pra prova. Estudou bastante? Se quiser pode ir também dar mais um lida no conteúdo, a gente dá conta aqui. – Marisa achava engraçado o filho ter ficado em exame. Ele era sempre tão cuidadoso.

— Mãe, já cansei de estudar. Mais um pouco nem sei o que vai acontecer, de tanto que eu já li aquela matéria.

— Aposto que sim, sei que tu vai se sair bem. Tu me falou que Lucas é tão bom professor, e sempre fosse ótimo aluno. Até agora não entendi como estás em exame. Nunca ficou em recuperação quando pequeno, Solange! – Marisa voltava pra cozinha, se direcionando à vizinha de Lucas. – E justo agora foi ficar. Não entendo esses jovens.

— Mas a universidade é algo difícil. Vejo por Lucas, a casa dele é sempre cheia de livros, ele está sempre indo em algum evento... acho que como professor deve ser exigente.

— Sim, verdade! É verdade! Filho, desculpa, eu não estou te julgando, sei que se não conseguir passar, é porque o Lucas é um bom professor, não ficaremos desapontados contigo, viu?

Rodrigo não deixou de rir enquanto ouvia as duas falarem do namorado. Pensou que se estivesse ali, Lucas estaria muito envergonhado.

— Eu sei mãe. O Lucas é muito exigente mesmo, ainda mais quando o humor dele não está dos melhores, ou a turma está dispersa... Mas foi culpa minha esse exame. – Não é como se ele fosse falar para a mãe que reprovou porque estava sendo quase ameaçado pela colega de aula com seu relacionamento. – Mas vai dar tudo certo. Não vejo a hora de fazer a prova e voltar pra casa e comer essas delícias todas. 

— Então vem aqui ver se gostas do que a gente está preparando! Se a gente fizer alguma coisa errada, o Lucas briga comigo! – E os três seguiram sorrindo pra cozinha, enquanto Solange mostrava o que tinham preparado até então. Claro que ela estava brincando, pois, Lucas nem havia se preocupado com isto. O moreno estava tão nervoso com sua surpresa para o loiro que faltava apenas esquecer como respirar. E as duas estavam sabendo disso, e não viam a hora de chegar à noite. O dia prometia fortes emoções.

***

— Lucas, chega! Mais um pouco teu apartamento vai virar o palácio de Buckingham. Já consigo ver a rainha Elizabeth entrando por aquela porta, acompanhada de George e Charlotte. – Marcus tentava manter o amigo calmo, mas não estava adiantando.

— Ele tem razão, Lucas. Está tudo muito bom, o Rodrigo vai adorar, eu tenho certeza. – Carlos também estava achando muito engraçado o nervosismo do moreno, mas sabia o quanto o momento estava sendo tenso e emocionante pra ele.

— Eu sei... eu... Me desculpem.

A verdade é que nada parecia estar ao alcance de Rodrigo. Lucas, depois que os avós morreram, morou sempre sozinho, e isso fez com que ele tivesse um estilo de casa sempre feito e pensado apenas para uma pessoa. E agora ele estava abrindo mão de suas preferencias pra tentar fazer com que tudo ficasse o mais bonito e confortável possível para Rodrigo. Mas nada parecia estar bom o bastante.

Carlos se aproximou dele, também dando um olhar geral para o espaço onde estavam.

— Lucas, de verdade. Meu filho vai ficar muito feliz com essa surpresa. Eu sei que é difícil, nem mesmo eu sei como ele vai reagir, se ainda acha que é cedo para este passo... – Carlos sentiu que ao ouvir isto Lucas ficou mais tenso ainda, mas ele sabia que o moreno compreendia o que dizia – Mas ainda assim... sempre é importante, ainda mais quando estamos querendo mostrar nosso amor às pessoas que amamos, fazer com elas entendam que estamos e estaremos dispostos a tentar. E com esse passo, eu sei que o meu filho vai entender isso perfeitamente. Não tenho dúvida disso. Mesmo que ele ainda não venha pra cá. Ele vai saber que esse espaço existe e espera por vocês dois.

Lucas não cabia em si ao ouvir aquelas palavras. Mesmo que Carlos tenham colocado em questão algo que realmente poderia acontecer. Talvez o loiro realmente não aceitasse. Mas era um risco que sabia que estava correndo. Talvez sua cabeça hesitasse, e pedisse que esperassem mais um pouco, mas seu coração dizia que se estavam com vontade, precisava fazer aquilo.

— Sim, Lucas. Carlos tem razão. O Rodrigo ama você, cara! Se eu não acreditasse nisto, não estaria aqui, em uma quarta-feira, depois de horas de viagem, apenas pra contemplar este momento. – Lucas acabou abrindo um sorriso com o humor do amigo. Ainda mais ao perceber que ele já estava bem íntimo de seu sogro, conhecendo ele apenas em algumas poucas horas.

— Eu sei... eu não duvido do amor dele por mim. – Maldito Marcus, falando aquelas coisas perto de Carlos, Lucas se sentia envergonhado ainda. – Eu apenas não quero que ele se sinto coagido ou que dê uma resposta apenas pra me agradar.

— Ele não vai fazer isso, te prometo. – Carlos mais uma vez assegurou.

Lucas abriu mais um sorriso, passou os olhos mais uma vez ao seu redor e suspirou. Os dois tinham razão. Até porque, agora não daria mais pra voltar atrás.

— Vamos então. Eu fiquei de buscar o Rodrigo pra irmos pro campus juntos. Me sinto culpado por ter marcado essa prova para este dia, queria que ele estivesse mais calmo, e pudesse passar este dia todo com vocês – Ele se dirigia ao sogro, que estava indo já em direção a saída – Mas não teve como.

— Está tudo bem, ficaremos até o final da semana. Eu e Marisa não ficamos normalmente muito tempo, mas percebemos o quanto ele fica feliz com nossa presença. Esperamos apenas não atrapalhar a rotina de vocês.

— Claro que não atrapalha. Até já organizamos uma agenda de compromissos. Saiba que ele não deixará vocês em paz.

— Ahhh mas eu também quero! Que vida triste essa de quem é proletariado e precisa cumprir horários. Quando eu crescer quero ser como você, Lucas! Falo isso pra você faz alguns anos eu acho, mas um dia eu vou conseguir.

Lucas apenas sorriu. Entendia que Marcos fazia aquilo para deixá-lo mais calmo e ficava tremendamente agradecido. Com este pensamentos os três deixaram aquele lugar que Lucas não via a hora de voltar. Mas dessa vez com aquele que era a luz de sua vida e que esperava, aceitasse ser, eternamente sua companhia na vida.

***

— Nem preciso dizer que a prova é individual e sem consultas. Não há tempo mínimo, portanto, assim que forem acabando, assinem a folha de chamada e podem sair. – Lucas avisou, enquanto distribuía folhas em branco nas classes, deixando todos sem entender.

— Professor, acho que tu me deu uma folha vazia por engano. – Maiara disse, sentada no fundo da sala.

Lucas continuou entregando a prova, respondendo apenas quando retornou à sua mesa.

— Então, como podem perceber, dei uma folha em branco. A prova consiste em citar, explicar e exemplificar 4 conceitos da Semiótica. Claro, quero também que sejam citados autores presentes na bibliografia do programa. Boa sorte a todos.

Ao ouvir o namorado, Rodrigo não conseguiu deixar de abrir um sorriso. Ele estava sentado em uma classe da frente, mas conseguia imaginar a cara de seus colegas.

— Como assim, professor! Isso é muito mais difícil! – Um dos alunos se rebelou pela sala.

— Pois é aí que mora a graça das coisas. A liberdade que tanto se pede não é feita apenas de bônus. A vida é assim Daniel. Agora espero que você fique em silencio e se não for fazer a prova, se retire para não atrapalhar seus colegas. Qualquer dúvida, pode me chamar que terei o prazer em te responder.

— Bah, professor, sacanagem! Depois dessa tu está me devendo uma rodada de cerveja pra esquecer as mazelas da vida. Certo que eu vou rodar nessa prova. – Apesar do jeito polido de Lucas, Daniel sabia que o professor era sempre acessível e apenas estava falando a realidade.

— Quem sabe. Agora, por favor, silêncio.

E assim os minutos foram passando e os alunos terminando ou simplesmente desistindo de continuar a prova. Rodrigo estava nervoso, porque também não esperava por aquilo, apesar de se sentir capaz de fazer o que Lucas pediu. A cada aluno que saia, os que ficavam tentavam enxergar alguma coisa da prova a ser entregue, mas como Lucas os separou bem longe um do outro, isso não era possível. Sim, era preciso fazer isto até mesmo em uma sala da universidade às vezes.

— Espero conseguir passar dessa vez, professor. – Maiara disse, ao entregar a prova depois de um bom tempo. Diferente da outra vez, quando ela foi bastante prepotente, a guria estava realmente com medo de reprovar.

Lucas deu uma leve olhada no que ela tinha entregado, constatando que ela escreveu bastante coisa e pareceu sim ter conseguido alcançar a média.

— Também espero, Maiara. Do contrário, nos encontraremos no outro semestre.

A guria apenas deu um suspiro, assinou a folha e saiu. Lucas não conseguiu deixar de abrir um pequeno sorriso, pois, no fundo achava ela divertida e capaz de se tornar uma boa comunicadora. Apenas precisava aprender a não querer ser melhor que os colegas. E também, claro, de tentar dar em cima do seu namorado.

— Vocês ainda tem meia hora de prova. Sugiro que façam uma revisão do que já escreveram pra garantir alguma nota, caso não lembrem de mais nada. – Lucas percebia que alguns alunos estavam apenas passando o tempo, como se esperassem que um milagre acontecesse e a matéria aparecesse do nada em suas cabeças.

Rodrigo estava já conferindo sua prova, estava fazendo sem pressa, já que iria com o moreno para casa. O mais velho o fez prometer que esperaria ele, e resolveu não contestar. No fundo achava que ele fez isso pra não ter que chegar sozinho depois em sua casa, com todos por lá. Isso fez ele sorrir enquanto lia suas respostas, o que não deixou de ser percebido por Luke, que não entendia de onde vinha a graça, mas mesmo assim, achava lindo.

— Professor, acho que agora eu realmente vou ser aprovado. – Roberto disse ao assinar a folha e entregar a prova.

— Fico feliz em saber disso.

— Rodrigo, eu vou em casa, mas mais tarde estarei lá. – Roberto, aproveitando que Rodrigo estava sentado não muito longe da mesa de Lucas, sussurrou.

— Roberto, peço que você saia, pra não atrapalhar os demais colegas. – Lucas fazia de tudo para que não houvesse diferença no tratamento, em sala de aula, com Rodrigo. E sabia que Roberto entendia isto.

— Ok, desculpa professor. Tchau!

Então restaram apenas Rodrigo e mais dois colegas na sala. Neste momento, Lucas já começou a ficar nervoso. Não com o tempo da prova, mas com o que estava prestes a acontecer. Ainda estava receoso com o que Rodrigo acharia. E também com sua festa de aniversário. Era primeira vez que ele estaria presente em um lugar com todas as pessoas que tinha na vida, literalmente. Isto o fazia ficar nervoso, e o fez ter uma consulta extra com Félix nos últimos dias. Ele precisava colocar aquilo tudo pra fora e o médico incentivava ele a fazer isto. Mesmo que fosse pra contar uma pequena coisa. Ou pra dizer que tinha se sentido melhor em relação a algo que, em outros tempos, o incomodaria. Luke estava aprendendo que cada passo deveria ser comemorado e compartilhado.

O moreno acabou acordando de suas divagações quando percebeu que os três estavam em sua frente, já assinando a folha e entregando a prova.

— Tu vai considerar tudo, né Lucas? Sério, foi mais difícil eu acho do que se tivéssemos perguntas pra responder. – Eduardo falou.

— Sim, claro que considero. Mas claro, é preciso ter alguma lógica. Apesar da semiótica parecer não ter nenhuma para algumas pessoas. Por isso eu pedi que vocês usassem os autores que trabalhamos, para embasar suas respostas.

— Pois eu acho que tu vai é se divertir com nossas pérolas. Apenas saí escrevendo, espero que esteja alguma coisa certa. – Rodrigo disse, enquanto dava mais um conferida.

Lucas sentiu borboletas no estômago ao ouvir o loiro. Ele ainda ficava muito surpreso sempre que compartilhava qualquer momento com o mais novo. De um jeito que até pensava ser o único a ficar assim. Era possível sentir tantas emoções diferentes, mas ao mesmo tempo iguais, por uma única pessoa?

— Provavelmente vai ser muito divertido sim. Agora entreguem as provas porque o tempo de vocês acabou.

Os três entregaram, enquanto debatiam na saída da porta quais teorias e conceitos tinham colocado e se alguma coisa estava certa. Enquanto isto, Lucas guardava o material, desligava os aparelhos da sala e desligava as luzes.

— Bom, estou indo guardar minhas coisas. Até mais. – Ele disse enquanto olhava para os dois rapazes, lançando um olhar para Rodrigo.

— Ok, até mais professor. Vamos marcar aquela cerveja mesmo! Pra comemorar o fim do semestre! – Daniel voltou a convidar.

— Quem sabe, vamos ver. – Lucas disse, já indo em direção à sala dos professores. Ainda tinham que passar pelo seu apartamento e ir pra casa de Rodrigo. Não queria deixar os pais do loiro e Solange esperando muito.

— Rodrigo, é teu aniversário, não é? Parabéns, cara! Se quiser, está convidado pra festa que a gente vai ir mais tarde! – Eduardo disse, o clima de fim de semestre era sempre mais tranquilo e claro que o pessoal saia pra comemorar.

— É mesmo! Feliz aniversário! Vamos lá cara! E quem sabe... já leva o Lucas! – Daniel mais uma vez sendo despreocupado na vida. O que pra Rodrigo era bom, gostava de quem agia naturalmente em relação ao namoro dos dois.

— Obrigado! Adoraria – Mentira! – Mas meus pais vieram pra cá e combinei de comemorar com eles. Mas quem sabe em outro dia.

— Tu que sabes. Acho que vai ser a última desse ano, até porque a maioria do pessoal já voltou pra casa.

— Ah, então fica pra próxima. – Na verdade Rodrigo não lamentava, mesmo! Preferia estar em casa com o namorado e a família e os amigos.

— ok então, até mais!

— Tchau Rodrigo! E se a gente não se ver mais, bom ano novo!

— Obrigado Eduardo, pra vocês também!

Rodrigo ainda esperou um minuto, até Lucas aparecer novamente. Ele parecia bastante ansioso, o que fez automaticamente o loiro segurar sua mão enquanto seguiam em direção ao carro.

— Que calor que está fazendo! Sonhando com o sorvete que a Sol e a mãe disseram que iriam comprar.

— Tomara que seja de chocolate.

— Ai que engraçadinho! A minha mãe não come de chocolate, sabia? Aposto que ela comprou uns sabores bem tropicais, tipo, maracujá e morango. – Uma das coisas que Rodrigo mais gostava era brincar com as preferências alimentares de Lucas. Ele não sabe ainda o motivo, nem se há realmente algum, mas já tinha percebido que o moreno tinha um gosto bem seleto pelas coisas. Ele comia sabores específicos, e não havia jeito de provar algo diferente.

— O de maracujá não é tão ruim assim, eu posso experimentar... – Lucas já estava manobrando o carro para sair do campus. Ele sabia que odiaria o sabor, mas mesmo assim sempre tentava agradar os pais de Rodrigo, e hoje não seria diferente.

Rodrigo abriu um sorriso, enquanto procurava no escuro do carro a mão de Luke.

— Seria bem engraçado te ver tentar comer, mas não se preocupa, a Solange com certeza comprou mais de um sorvete de chocolate, só pra ti. Além disso, hoje à tarde as duas estavam escolhendo qual seria o recheio do meu bolo, querendo agradar nós dois. Até parece que era nosso casamento, ao invés de apenas o meu aniversário.

Ao ouvir isto, Lucas se sentiu mais ansioso ainda. Ainda bem que estava escuro pra Rodrigo não enxergar sua expressão.

— Rodrigo, você se importa se passarmos no meu apartamento antes? Eu prometo, vai ser rápido. – O moreno tentou parecer relaxado, mas com certeza, Rodrigo percebeu que ele estava longe disso.

— Não, claro que não. Eu vou avisar meus pais então pra eles não ficarem preocupados.

— Não precisa... eu avisei antes pra eles que iríamos passar por lá. Mas está tudo bem pra você mesmo? Eu entendo sua pressa em chegar logo em casa, talvez seja melhor se fossemos depois ou...

— Lucas, calma. Está tudo bem. Vamos sim.

Rodrigo não quis questioná-lo mais, porque queria demonstrar confiança. E de fato confiava em Lucas e no que ele provavelmente estava querendo mostrar. Já Luke apenas deu um beijo na mão do loiro, enquanto seguia dirigindo, e pensava se talvez não tivesse sido melhor fazer isto outro dia. Será que não estragaria o aniversário do mais novo?  

— Mas amor, eu só preciso saber de uma coisa.

— Fala, Rodrigo. Mas por favor, espera a gente chegar lá, é tipo uma surpresa... – Lucas sabia o quanto o loiro era curioso e conseguiria, se quisesse, arrancar dele o que estava os aguardando.

— Charles Pierce que trabalha com a ideia de que ocorre uma transformação da nossa compreensão da realidade através da semiose, não é? Me diz que sim, porque estou já dando como garantida esse conceito que eu coloquei na prova. Eu estudei, mas fui pego de surpresa com esse modelo de prova. Que baita presente de aniversário tu me deu. Isso que falou que iria ser fácil! – Rodrigo não cabia em sai, ao ver que o namorado ficou realmente surpreso com a pergunta.

Lucas ficou um tempo sem reação, pensando no quanto o mais novo tinha o poder de desarmá-lo com o menor dos gesto. Sabia que não era realmente a pergunta que Rodrigo realmente queria fazer. Ao mesmo tempo que o loiro parecia aguardar ansioso a resposta, já que o olhava com expectativa.

— Bem, se você explicou de forma clara o motivo dele afirmar isto, também trazendo as possíveis formas de análise que ele propõe e...

— Eita, tá. Acho que eu escrevi sim, mas nem quero saber mais.

— Eu sei que você se saiu bem. Afinal, estudamos juntos, não foi? Fica calmo. E se tudo der errado, ainda temos aquela noite da cerveja com o Daniel. Você pode ir também pra lamentar a nota.

— Muito engraçadinho. – Rodrigo estava adorando como o moreno pareceu ficar calmo depois de parecer estar muito ansioso. – Ainda prefiro o sorvete de maracujá que a mãe comprou. E o bolo com recheio de coco que elas com certeza vão fazer. Afinal, quem gosta de bolo de chocolate apenas? Isso nem é vida!

E Lucas, realmente se sentindo mais tranquilo, chegou então no prédio em que morava. Os dois, até chegarem a porta do apartamento, subiram de mãos dadas. Lucas por tentar prever todas as reações do mais novo. E Rodrigo por querer passar a segurança que sabia que tinha o poder de dar ao outro.

Luke resolveu não falar nada ao chegar. Apenas abriu a porta do apartamento e, dando uma respirada, entrou dentro do cômodo, acendendo a luz. E foi então que Rodrigo percebeu o que talvez seria a sua surpresa. O apartamento estava simplesmente diferente.

Quando mudou para a cidade, Lucas escolheu um apartamento grande, com alguns móveis, mas com nada que fosse de fato com cara de um lar. Tirando sua estante de livros, ele pouco comprou para o espaço. Vivia com o básico, tinha poucas utensílios. Mas agora isso tinha mudado, e Rodrigo conseguiu perceber assim que entrou.

—  Lucas...

—  Rodrigo... –  Luke deu mais uma respirada pensando em tudo que tinha organizado em sua cabeça pra dizer. Esperava não esquecer de nada. –  Eu... primeiro eu quero te agradecer mais uma vez por estar comigo durante este tempo todo. Eu sempre que acordo ainda fico pensando no quanto que eu sou sortudo de ter te encontrado, de poder compartilhar minha vida com você, de poder ser amado por você. Hoje o aniversário e seu, mas eu que me sinto cheio de motivos pra comemorar.

Rodrigo sentia seu coração bater rápido no peito. Um frio na barriga e o rosto ficar vermelho. Lucas olhava pra ele de forma tão intensa.

— Eu tenho vivido sozinho faz muito tempo. Muito tempo mesmo. Muito mais que fisicamente, sentimentalmente mesmo. Eu poucas vezes na vida dividi de fato minha existência com alguém e agora, não consigo me imaginar um dia sem você perto de mim. De uma forma que eu me assusto muito ainda. Muito mesmo. Eu já perguntei pro Félix se isso é normal, porque você sabe, tem vezes que eu pareço sentir com mais intensidade as coisas. Na ânsia de desejar tanto algo, eu fico com muita expectativa, e depois já duvido de tudo, e vivo nessa eterna gangorra que eu nunca entendi.

Rodrigo sentia os olhos marejarem, mas apenas continuava estático, enquanto via o namorado falar tanta coisa ao mesmo tempo, como raras vezes aconteceu.

— Mas agora, eu sinto que tenho alguém pra me impulsionar, ou fazer dar um tempo, nessa gangorra. Eu sinto que eu tenho ao meu lado alguém que está comigo e que... quer estar comigo. A cada consulta com Félix, eu sei que nem sempre eu divido com você o que a gente conversa lá, e talvez eu nem consiga fazer isso algum dia, mas é porque eu ainda me sinto um pouco inseguro e imaturo quando o assunto somos nós dois e a relação que a gente tem. Mas eu quero que você saiba que mais do que nunca, hoje, eu me sinto capaz de conseguir compartilhar contigo tua vida. Todo esse tempo que estamos juntos eu sentia que você era a pessoa que sempre ficava com a maior carga. Que eu não conseguia ser tão forte pra você, quanto você é pra mim...

— Lucas, tu sabes que isso não é verdade. Eu te amo, e o amor que eu sei que tens por mim foi e é meu porto seguro neste tempo todo.

— Sim, agora eu sei. Eu compreendi isso. Que amar alguém já é algo extremamente grandioso. E que se deixar ser amado também é. Eu entendi que quando eu passei a aceitar o seu amor, foi a maior prova de amor que eu poderia dar pra você. E eu me sinto tão amado... de uma maneira que eu nunca imaginei que aconteceria.

O mais novo sentia seu peito inflar de tanto amor. A vontade que tinha era de abraçá-lo e ligar para Félix, agradecendo a ajuda que ele tem dado ao moreno. Sabia que essas palavras apenas estavam sendo possíveis por conta do acompanhamento que ele estava tendo neste tempo. Apesar de ser pouco ainda, Lucas estava avançando muito. Hoje ele estava muito mais aberto as coisas que ouvia.

— Foi então que eu decidi... olha, você não precisa responder agora, tá bom? Me promete que não vai responder apenas por querer me agradar? Ou pra não me deixar triste? Promete que vai pensar com carinho? E que também vai me falar se pensar ser algo muito além do possível, ou que ainda não estas preparado ou...

— Lucas, respira! Eu prometo que vou ser sincero, seja lá o que tu for me dizer. Ok?

O moreno sentia sua mão suar entre as do loiro. Ele poderia desmaiar ali de tão ansioso que estava. Resolveu protelar a pergunta e apesentar as mudanças.

— Então... eu andei fazendo umas compras. Acho que deu pra perceber, não é? Então, eu troquei aquela mesa de jantar que eu tinha. Eu sei que você gosta de fazer as refeições longe da televisão, e que a mesa que eu tinha nem era uma mesa de fazer refeições, então eu comprei essa daqui. Que é grande o bastante pra receber pessoas. – Lucas falou isso, enquanto levava o loiro para perto da cozinha. – Eu também comprei mais prato. Aquele dia que a Solange, o Marcus e a Clarissa almoçaram aqui, a Sol teve que trazer coisas da casa dela. Agora não vai precisar mais eu acho. Também tem panelas novas, já que tinham bem poucas aqui. Eu comprei umas revistas novas de receitas na banca. Acho que talvez eu vou querer usá-las, então... melhor prevenir. Por falta de panela que não vai ser o motivo pra eu não cozinhar mais vezes.

Rodrigo tentava esconder seu sorriso, pois, não queria que o namorado interpretasse mal seu riso. Ele parecia tão concentrado em apresentar as mudanças. Mas a verdade é que o loiro não cabia em si em vê-lo tão leve, apesar de estar visivelmente ansioso.

— Esse sofá eu resolvi deixar, mas a Sol me presenteou com essas almofadas. E eu sei que você gosta de almofadas, então eu deixo elas serem suas sempre que estivermos assistindo algum filme.

 – Eu ainda assim vou poder ter você pertinho de mim? Junto com as almofadas, é claro.

— Se você quiser... sim, você pode. E também eu assinei mais canais de TV porque eu sei que você gosta de assistir. Mas ainda não estão disponíveis eu acho. Falei pro Marcus ver isso pra mim, mas acho que ele estava mais preocupado em ir pra sua casa comer  do que me ajudar quando chegou.

— Tudo bem, depois a gente pode ver isso. – Rodrigo parecia calmo, mas ele estava nervoso de tão feliz em ver Lucas tão engajado por algo.

— Aqui – Lucas caminhou em direção à sacada que ele nem mesmo tinha mexido quando se mudou. – Eu dei uma ajeitada aqui, e seu pai hoje à tarde me disse que daria pra fazer uma mini horta pra plantar essas coisas verdes que você gosta de comer. Eu pensei que...

— Eu vou adorar cuidar de uma horta nessa sacada, amor. Vai ficar lindo! Prometo plantar apenas aquilo que eu sei que tu vai comer. Juro. – Rodrigo estava encantado. Percebia o cuidado de Lucas em cada uma das mudanças que fez. E por mais que ele não tivesse dito, sabia que todas tinham sido pensadas exclusivamente nele.

— Depois a gente pode ver isso... – O moreno sentia que Rodrigo estava curtindo o que via, e isto o incentivava a estar mais disposto ainda a mostrar tudo. – Então, aqui é o quarto de hospedes. –  Lucas mostrou o quarto que agora tinha uma cama e uma cômoda pequena. –  Ele estava vazio, eu nunca pensei em montar ele na verdade, o Marcus poderia continuar ficando no sofá como tem ficado. Mas eu acho que seus pais deveriam ter um lugar pra ficar aqui quando viessem. Pra se sentirem confortáveis também.

E foi então, neste momento, que a ficha de Rodrigo começou a cair de fato. Estava pensando até então que Lucas tinha feito tudo aquilo porque estava sempre por ali mesmo, e o moreno queria fazer com que ele ficasse mais confortável. Mas agora, com isso que ele disse...

— Lucas, eu... como assim?

O moreno percebeu o exato momento em que Rodrigo pareceu perceber o que era todo aquela apresentação. E ele parecia muito surpreso, o que fez o moreno pensar em titubear em seguir, mas resolveu continuar, senão perderia a coragem.

— E aqui... seria o nosso quarto. – Falou, indo para o outro cômodo. – Eu resolvi manter a cama porque eu comprei ela e eu acho que a gente concorda que ela é boa. Mas eu comprei essas cobertas mais bonitas. Na verdade, a Solange me ajudou também. E mudei as cortinas aqui do quarto já que as anteriores não eram muito legais eu acho... – Lucas observava Rodrigo no meio da peça, enquanto ficava atrás dele, mais perto da porta. – Eu também abri lugar no meu armário pra você. Na verdade eu nem tinha muitas roupas, então... mas se você precisar de mais espaço, a gente pode pensar em um outro jeito. E também, aqui no banheiro do quarto eu comprei um chuveiro igual ao do seu apartamento, que teu pai comprou pra instalar lá. Eu sei que você gosta dele e eu também prefiro ele e... eu também abri espaço nas minhas estantes pra você colocar os seus mini bonecos de personagens da sua coleção, e também os seus livros. Eu coloquei aqueles que eu não uso muito lá naquele terceiro quarto que ficou mais como um quartinho da bagunça, como a Solange mesmo nomeou.

O loiro ainda não conseguia assimilar tudo. Mil coisas passavam pela sua cabeça.

— O meu pai te ajudou hoje à tarde? Por isso que vocês não me deixaram vir junto?

— É... era uma surpresa. Na verdade, eu queria ter a aprovação dele. Seu pai sabe tanto sobre essas coisas, e conhece tanto você. Eu pensei que talvez se ele me ajudasse eu conseguiria te convencer mais rápido.

Rodrigo ainda fazia a volta no quarto, parando então de frente pra Lucas, que neste momento já sentia toda a adrenalina possível de seu corpo aflorada, era agora ou nunca.

— Até agora eu não vivi da forma que meus avós me ensinaram. Eles sempre me passaram tanta fé, tanta luz, e eu sempre fui muito cético. Mas agora eu quero e preciso acreditar em alguma coisa, Rodrigo. Desde o dia do meu aniversário, quando eu tive você aqui comigo, eu comecei a acreditar em alguma coisa. Mesmo não percebendo. – Lucas não conseguiu resistir e começou a se aproximar do loiro. – E eu acredito muito em nós, assim como você várias vezes me pediu. Eu acredito que pode dar certo. Acredito que eu posso ser diferente. Acredito que eu posso aprender a conviver com uma família tão bonita como a sua. E me acostumar a ter o Marcos presente aqui, na nossa... casa. Sempre atrás dos pratos da Solange. Falando nela, posso conviver com uma nova mãe que a vida me deu. Eu posso e quero, muito. E espero ter você compartilhando de tudo isso e muito mais comigo. Desculpa se você pensar que é muito cedo. Ou se eu estou atropelando as coisas e as palavras, mas eu resolvi ouvir meu coração, sem hesitar, pela primeira vez. E...Rodrigo – Olhando bem no fundo dos olhos do loiro tomou coragem e perguntou – Aceita vir morar comigo?


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Notas finais do capítulo

Ficou enorme esse capítulo, espero que não tenha ficado cansativo de ler.
Muito obrigada. Se puder, me fale o que achou. É bem importante.
beijo
Agridoce



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