Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 31
Estou apaixonado por seus olhos.. mas eles ainda não me conhecem


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, como sempre, mais uma vez, amei os comentários!
Sério, tem vezes que eu leio mais de uma vez... e fico pensando neles durante meus dias. É muito importante e me faz sorrir e muito feliz. Portanto, continuem comentando! Podem falar sobre tudo, o que vier a cabeça, amo saber o que sentiram ao ler. Desde já, desculpe eventuais erros. Desta vez não demorei um mês, ebaa! Espero que eu continue assim, rsrs

PS: o título é o trecho de uma música muito amor, chamada Kiss Me, do Ed Sheeran. Recomendo! Achei ter tudo a ver com a história do Luke e o Rô (depois me digam se concordam) ♥
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/566314/chapter/31

Os dias transcorriam sem grandes surpresas, a não ser aquelas que o casal fazia um para o outro. Naquela noite, Solange não estava na cidade, e o moreno queria fazer uma janta para o mais novo. Quando Rodrigo chegou da aula, na casa de Lucas, espantou-se com a bagunça que estava na cozinha.

— Lucas, o que aconteceu aqui? Houve um terremoto e eu não estou sabendo? – Rodrigo estava achando era muito engraçado vê-lo tentando sobreviver ao caos.

— Muito engraçadinho você... eu queria fazer uma surpresa, mas acho que não sou muito organizado. Mas acho que está tudo muito bom! – Lucas falava olhando nos olhos do mais novo. Não conseguia deixar de pensar que o loiro representava seu mundo. Era como se nada, além dele, importasse.

— Depois da aula de ontem, fico imaginando a turma te vendo assim, no meio de duzentas panelas sujas e essa cara de quem está aprontando. Seria engraçado! – Rodrigo disse isto fazendo referência ao sermão que Luke foi obrigado a aplicar para metade da turma, já que o desinteresse parecia visível naquele dia. Muitos até se assustaram e prometeram focar mais nas aulas.

— Nunca veriam, apenas você tem este privilégio. Ou seria um castigo? – Luke disse, como sempre, lançando dúvidas pra perceber em Rodrigo alguma hesitação em estarem juntos.

— Se for um castigo, vou continuar sendo um guri bem ruim. – Rodrigo sorria e iluminava a vida de Luke apenas em respirar.

Rodrigo se aproximou e buscou os lábios de Lucas. As coisas andavam muito bem entre eles, mas o loiro tinha percebido que nos últimos dias Luke voltou a ter a insegurança exacerbada dos primeiros dias que estavam juntos. Apesar de ver o mais novo em sua frente, e tê-lo sempre por perto, Lucas parecia não conseguir deixar de pensar que a qualquer minuto Rodrigo o deixaria.  

O loiro relevava a desconfiança e tentava, ao máximo, como sempre, lhe mostrar que o amava. E até pensava que conseguia demonstrar isto e fazer o namorado acreditar. Porém, um fato novo aconteceu. Na semana passada um novo colega, transferido de outra universidade, passou a estudar na turma do loiro, passando a desencadear no moreno, mais uma vez, certas inseguranças. Rodrigo havia desde o inicio simpatizado com o novo aluno, já que tinham muito em comum, e passou a conversar com ele seguidamente desde então. É claro que mais velho não disse isto abertamente, mas Rodrigo já o conhecia e sabia que Luke não estava de fato confortável com isto. Parecia preocupado.

—Ah sim, meu bad boy – continuou Lucas, deixando as panelas um pouco de lado, dando um grande abraço no loiro– Achei que irias chegar mais cedo. Não era hoje o dia da prova? – Lucas questionou Rodrigo. Era sexta-feira, o loiro havia dito que teria prova e iria direto para sua casa. Mas já era 22h.

— Sim, a prova foi hoje. Aliás, acho que me sai bem. – Rodrigo falou enquanto ia em direção ao banheiro para lavar suas mãos. Era sempre meticuloso com a higiene – Eu tive que fazer umas coisas pelo campus, por isto o horário.

Quando voltou pra sala, Rodrigo parou a frente de Luke, que havia sentado no sofá, se aproximando voltou a lhe beijar, esperando que fosse apenas um selinho, mas que se transformou em algo mais quando o moreno lhe puxou para seu colo.

— Eu já estava preocupado... poderia ter me avisado. Eu teria ido te buscar se soubesse que voltarias no mesmo horário de sempre – Lucas falou isto, enquanto não resistia em beijar e sentir o namorado, esperando que sua voz tenha saído em tom brando. Com a confiança que estavam conquistando, haviam combinado que Lucas não passaria, como sempre fazia, o dia tentando localizar o loiro. Que confiaria naquilo que ele lhe falasse. Ele estava conseguindo manter isto, por mais difícil que fosse, mas Rodrigo não ter lhe avisado que ficaria mais um pouco acabou por alarmar a frágil confiança que ele conseguia depositar em alguém.

— Desculpa, amor. É que eu me disponibilizei em ajudar o Roberto com as matérias. Lembra, o aluno novo que chegou essa semana.

Lucas respirou fundo, sentindo algo ruim em seu âmago ao ouvir as palavras que o mais novo disse. Isto o fez desapertar o abraço, e Rodrigo levantou indo em direção à cozinha.

— Ah sim, lembro de você ter falado alguma coisa, Roberto...

— Isso, Roberto. Ele, assim como eu, também é aqui do interior. Ainda está se acostumando com a cidade. Ele passou pra uma Universidade de Porto Alegre, mas conseguiu agora no meio do semestre a transferência. Assim, fica mais perto de casa.

Lucas não estava gostando daquilo que ouvia. Mas pelo jeito Rodrigo não percebeu, ainda bem. Senão ele ficaria chateado. Disse que confiaria mais nele, que não pensaria sempre que iria deixá-lo, que acreditaria em seu amor. Portanto, não faria como antes e tiraria conclusões precipitadas. Afinal, não haveria de ser nada demais. Mas desde que este novo aluno chegou parecia que os dois rapazes tinham tanto em comum. Tinha ficado com medo que isto mudasse a relação entre os dois.

— Vamos jantar? Por incrível que pareça eu acho que estou com fome.

— Acha? Pensa que eu não percebi que tu não almoçou direito hoje?

— Eu estava apenas atarefado – E mais uma vez Luke abraçou de forma urgente o loiro por trás, enquanto ele colocava a mesa.

Tendo a cabeça de Lucas encaixada em seu pescoço, Rodrigo virou nos braços dele, alisando com carinho seus cabelos, como sabia que ele gostava.

— Está acontecendo alguma coisa? – disse enquanto fazia carinho em cada detalhe do rosto do moreno – Sabes que desde que não seja sobre as notas dos meus colegas, podes me falar sobre tudo, não é?

Lucas sorriu com o que ouvia. Sentir que o outro o amava era sempre tão importante. Pensar que em algum momento poderia estar sendo um fardo em sua vida lhe deixava alarmado. Não queria que a história se repetisse...

— Está tudo bem. Tirando o fato de eu achar estar ainda mais apaixonado por ti a partir deste minuto, o resto está bastante tranquilo.

— Aé? Sinal que eu ainda não te conquistei por completo. O que falta, hum?

Lucas respondeu com um sorriso doce, que desarmou sempre suas conquistas, e que agora era dedicado apenas para o loiro, e lhe beijou com ímpeto, querendo demonstrar que era dele. Todo e completamente dele. O coração do moreno batia forte, pensando o quanto o loiro o deixava frágil, ao mesmo tempo em que era sua segurança.

— Ser pra sempre meu. Isto já basta.

— Mas eu sou teu, hoje, amanhã, e sempre. Eu te amo!

E assim eles jantaram, descontraídos, contando como foi o dia.

Mas naquela noite, Rodrigo percebeu que alguma coisa estava errada com Luke. Assim que ambos foram deitar, após jantarem o cardápio que o moreno preparou, percebeu que assim como nas primeiras noites que passaram juntos, Luke parecia dependente, como quem busca sinais de que está sendo amado. Havia uma urgência em cada movimento que o moreno fazia. Chovia lá fora, o quarto estava com uma luz tênue, Lucas estava por cima do loiro, beijando-o em cada pedacinho que sua boca alcançava. Seus olhos evitavam os de Rodrigo, pois, não queria que ele lesse seu medos, mais uma vez. Mas é claro, sempre atento, em determinado momento, o loiro colocou o moreno em uma posição que conseguiria ver seus olhos, e um ar de questionamento surgiu.

— Lucas, por favor, me fala o que tu estás sentindo, está tudo bem?

Mas a resposta veio em um beijo de Lucas, que puxou o loiro o fazendo sucumbir ao sentimento e desejo. Quando os corpos se uniram, ainda dentro de Lucas, Rodrigo disse baixinho, mas bem pertinho do ouvindo do moreno para que ele ouvisse “Eu te amo, não duvide disto”. Rodrigo investia com força, mas muito carinho em Lucas, querendo lhe passar tudo que sentia, enquanto tinha seu corpo envolvido pelo mais velho, que embaixo de si, o abraçava forte. Quando alcançaram o ápice, ambos caíram cansados e dormiram abraçados, mas não sem antes uma lágrima escorrer do olho esquerdo de Lucas. Ele sentia, começaria a sentir tudo novamente, e mais uma vez.  Estava inseguro. E com medo.

***

Era segunda-feira, dia que Luke lecionava aula para a turma de Rodrigo, e como sempre o professor chegou antes de todos os alunos. Quando os primeiros começaram a aparecer, por volta das 18h45, Lucas saiu de sua mesa e foi conversar com alguns alunos. A semana estava começando tranquila, mas como previu, realmente andava, novamente, precisando de seus calmantes. E exigindo, mesmo que não diretamente, os carinhos do namorado de forma mais urgente. O moreno sabia os motivos disto, mas não admitia para si, e nem para os outros. Eram poucos os que sabiam seus motivos de ser tão inseguro... e de não gostar de falar, de fato, sobre sua primeira infância, aquela que tinha os pais consigo. Ou que, ao menos, pensava ter tido. Na verdade ele sempre falava dos avós, e do quanto eles o amaram. Mas antes de moram com o casal de senhores, sua vida não era de fato muito normal.  Ele nem sempre foi tão amado na infância, e isto era algo que não conseguia e não gostava de falar pra ninguém. Mas sabia que isto o prejudicava. Apenas Marcus, que em um momento de fragilidade sua, acabou ouvindo do amigo sua certa história, sabia de sua primeira infância e do quanto àquilo que viveu e sentiu, mesmo sendo tão pequeno, representava seus medos de hoje.

Era um pouco mais de 19h, ele estava indo fechar a porta, preocupado, pois, Rodrigo não havia chegado ainda, quando alguém colocou a mão na porta. Não conheceu o jovem em questão, mas de imediato lembrou do novo aluno. Atrás dele vinha Rodrigo. Ele estavam juntos.

— Desculpa o atraso, professor. Eu acho que me perdi.  – Roberto era loiro, sorriso fácil, e devia ter a mesma idade de Rodrigo. Ele foi entrando na sala, sem perceber que Rodrigo, que havia se oferecido para ir com ele na biblioteca pegar alguns livros que precisaria, estava na porta. O novo aluno não sabia, mas o moreno não tolerava atrasos. E Rô sabia disto.

— Posso entrar, professor? Desculpa o atraso. – Rodrigo estava respirando rápido, já que correram até a sala. Ele sabia que o moreno não suportava atrasos, e que não deixaria ele entrar apenas por serem namorados. Mas era outra coisa que o estava preocupando, o olhar que Lucas lhe lançava.

Sem nem ao menos responder Luke voltou-se para sua mesa, ligando seu computador e dando inicio para aula. Rodrigo entrou e sentou, longe de Roberto. Porém, o novo aluno percebendo isto chegou-se mais pra perto, e o olhar de Luke, que estava duro, pareceu ficar ainda mais frio.

Quando chegou o intervalo, como sempre, os alunos se amontoaram em busca da porta, como se em 15 minutos de intervalo desse pra se ter altas emoções. Bom, talvez se tenha. Lucas não costumava sair da sala, apenas quando combinava algo com Rodrigo. Aliás, o loiro foi o único que permaneceu na sala, não aceitando o convite de Roberto para que fosse até a cantina com a turma.

— Está tudo bem? – o loiro sabia que não, mas resolveu não acusar o moreno de imediato. Até porque não havia motivos para isto.

Lucas permanecia sentado, olhando para sua mesa, apesar de sentir como sempre a presença de Rodrigo, que estava sentado não muito longe de sua mesa.

— Claro... por que não estaria? – E seu modo irônico voltou com força, como a semanas não acontecia, mais precisamente desde que voltaram daquela primeira visita à casa de Rodrigo.

— Acho que você que deveria me responder, Lucas.

— Rodrigo, por favor. Acho que nós dois concordamos que aqui não é o melhor lugar pra conversarmos, não é? – E respirando fundo, ainda tentando se conter, Lucas resolveu diminuir a intensidade do tom. Não queria acusar Rodrigo de nada, apenas não conseguia deixar de pensar que o mundo inteiro parecia ser melhor para o loiro, ao contrário dele.

O Rodrigo não teve chance de responder, já que Roberto entrou na sala naquele exato momento, comendo um lanche.

— Olha, eu trouxe um café pra ti também. Está frio, e como me dissestes ontem que gostavas... – o guri olhava para Rodrigo, não entendendo o clima que estava por ali – Rodrigo? Aceita, senão vou ficar com este café a mais aqui. A não ser que o professor queira, aceita?

Lucas sentiu vontade de não responder, mas olhou para os olhos do namorado, que lhe pedia calma, e achou melhor não ser indelicado.

— Não, obrigado. Não tomo café.

— Então vais ter que tomar, toma! Ah, professor. O pessoal me falou sobre os atrasos... desculpa, eu e o Rodrigo perdemos a hora na biblioteca.

Lucas olhava para o mais novo, percebendo que ele parecia ser um bom guri, assim como seu namorado. Mas uma vez não deixou de pensar o quanto eles tinha em comum...

— Tudo bem, mas da próxima vez nem precisem vir. Apenas quando bater para a segunda aula. – Lucas tentou, mas não conseguiu deixar de ser frio – Vocês vão ficar por aqui? Vou dar uma saída até o colegiado, podem ficar de olho na sala?

— Mas é claro, eu não pretendo sair daqui, tinha esquecido como é frio na região. Lá em Porto Alegre o clima é diferente. – Roberto respondeu, mas Lucas não se importou em agradecer.

Rodrigo, que estava com o copo de café nas mãos precisou se segurar pra não ir atrás do moreno. Sabia que ele saiu por não estar suportando aquele enorme elefante branco que parecia estar entre os dois. Desde quando comentou sobre o novo colega, percebeu que Lucas ficou diferente. Com os outros alunos ele já estava acostumado, até mesmo com Maiara e suas investidas esporádicas. Mas o novo aluno parecia o fazer sentir ameaçado.  Mas resolveu não ficar bravo ou algo assim, pois, conhecia o namorado. Ele logo se acostumaria com o novo aluno, tinha certeza disto.

Enquanto isto, Lucas subiu até o último andar do campus, desocupado naquele turno, e foi até uma das varandas, que dava pra contemplar todo o campus. Respirava como quem busca o ar e não encontra. A imagem do tal Roberto, levando um café para o seu namorado lhe destruiu o coração. Doía pensar que ele, que recém chegou, já podia fazer este tipo de coisa com Rodrigo e ele não. Sabia, era uma bobagem pensar assim, pois, tinham combinado em se manter ainda na deles ali na Universidade, mas mesmo assim, não conseguia mandar em seu coração. Lágrimas ameaçavam cair de seus olhos e ele não imaginava como voltaria pra sala de aula. Não estava bravo com Rodrigo, mas sim consigo mesmo. Toda a autoconfiança que havia adquirido ruiu em minutos, e agora se sentia o mesmo garoto desprotegido que sempre sentiu ser. E o pior, estava descontado isto no loiro.

— Desculpem meu atraso. Prometo descontar no fim da aula. Acabei tendo que fazer umas coisas e o tempo passou. – Lucas desculpou-se assim que entrou na sala e todos estavam sentados, o esperando.

Luke continuou sua aula, da melhor forma que pode, ou seja, totalmente desligado. Ele acabou passando os últimos slides de apresentação rapidamente e pedindo um trabalho escrito, onde, quem terminasse poderia sair. Claro, a atividade era individual. Não queria correr o risco de ter que presenciar mais contato entre Rodrigo e Roberto. Aliás, ele percebeu que o garoto, apesar de ser do interior como o namorado, era bem mais extrovertido e vivido que Rô. O que serviu apenas para deixá-lo mais nervoso e incomodado.

— A gente pode conversar agora? – O caminho até a casa de Rodrigo foi em silêncio. Assim que encontrou o moreno na saída da aula o loiro percebeu que alguma coisa acontecia.

— Rodrigo, eu acho que vou pra casa. A gente conversa amanhã...

O loiro ficou surpreso com isto. Lucas nunca dava como opção ficarem separados.

— Luke, por favor. Conversa comigo... – tentou se aproximar, mas o mais velho se afastou. – Por que tudo isto, é por causa de Roberto?

— Rodrigo, é perigoso a gente conversar aqui, na rua. Por favor, sobe pra eu poder ir embora. Amanhã a gente se fala, pode ser?

Era muito fácil lidar com Lucas irritado, nervoso... mas o medo que enxergava nos olhos do moreno desarmava Rodrigo. Era difícil porque sabia que havia algo que Luke não estava lhe contando.

— Ok, eu vou. Boa noite – e saiu, fechando a porta do carro. Sem insistir, sem um abraço, sem um beijo, sem tentar mais uma vez. Isto fez o moreno ficar pior ainda, ao ponto de pensar em voltar atrás. Mas sabia que não estava bem, e não era justo fazer o loiro passar por isto com ele. Seria uma longa noite, já que os pesadelos haviam voltado.

***

Assim que entrou em casa Rodrigo respirou fundo e resolveu fazer algo que já deveria ter feito faz tempo. Percebia que tentar resolver sozinho não estava dando certo, por mais que conversasse com Clarissa no trabalho, e ela o ajudava com conselhos, parecia que alguém que conhecesse o Lucas poderia o ajudar mais.

— Alô, Marcus?

O amigo de Lucas estava em casa e ficou surpreso por receber uma ligação naquela hora da noite, ainda mais de um número que reconheceu ser do prefixo da região que o amigo estava morando.

— Sim, sou eu. Quem está falando?

— Oi, não sei se tu me conheces – Rodrigo ligou de súbito, mas agora se sentia um pouco envergonhado, ainda mais por saber que o outro era mais velho que ele – Eu sou o Rodrigo, tudo bem?

— Oi, sim. Estou bem. – Claro que Marcus sabia quem ele era, o namorado de Lucas. – Eu sei quem é você sim... está tudo bem com Luke? Aconteceu alguma coisa?

Pelo tom de preocupação o loiro sorriu ao perceber que de fato, assim como o moreno deixava transparecer, os dois eram super amigos, e Marcus era a única pessoa, tirando Rodrigo, que conseguia de fato alcançar o mais velho. Talvez pudesse lhe ajudar.

— Oi, ele está bem sim. Quem dizer, fisicamente está...

Ao ouvir o loiro falar, Marcus percebeu que o amigo, mais uma vez, devia ter tido uma recaída. Mas ele parecia tão bem...

— Sim, entendo... ele sabe que você está me ligando?

— Na verdade não... – Rodrigo ficou com medo que o outro pensasse que ele estava fazendo algo escondido do amigo – Eu que resolvi te ligar, pra perguntar algumas coisas...

— Olha, Rodrigo, antes que isto aconteça. Você sabe, o Luke é muito reservado e por mais que ele aparenta estar muito feliz contigo, não sei se seria certo você vir perguntar a mim alguma coisa.

O loiro ao ouvi-lo respirou fundo. Ele tinha razão, talvez o moreno não gostasse do que ele estava fazendo. Mas é que não sabia mais o que fazer. Marcus era o único elo com o passado que Luke tinha. Precisava tentar.

— Eu sei, desculpa. Eu não quero que o Lucas fique de alguma forma magoado contigo por me falar algo que ele não quer me contar. Na verdade, seria a última coisa que eu quero. Tu és muito importante pra ele, eu sei disso. – E respirando fundo resolveu que era melhor desligar. Quem sabe amanhã o moreno estivesse melhor. – Tudo bem, desculpa. Eu vou desligar. E se tu quiser, pode contar pro Luke que eu te liguei. Eu só queria entender algumas coisas. Boa noite.

Rodrigo já estava deligando, apenas esperava o outro dizer que desligaria, mas foi surpreendido.

— Hei, calma! Desculpe se pareceu que eu estava desconfiando de você, ou algo assim. Mas é que... – Lembrando que Rodrigo era mais novo, e inexperiente, resolveu falar com menos severidade. Até porque o melhor amigo não gostaria disto – Eu apenas respeito muito os silêncios do Luke. Quem sabe seja apenas mais uma fase. Não sei o que ele fez pra você chegar a me ligar, mas...

— Ele não fez nada de muito diferente... quer dizer, ele parece estar se afastando de mim, mais uma vez. Mas não é pelos motivos que seriam os usuais, por não querer ficar mais comigo, ou... não me amar mais. Ao menos eu acho... – Rodrigo acabava ficado inseguro também, afinal, era jovem ainda – Ele parece não acreditar na relação que a gente tem, por mais que eu faça de tudo para que dê certo. Eu resolvi pedir um conselho pra ti, não sei mais o que fazer na verdade. Tu achas que ele pode não estar mais querendo alguém como eu do lado dele, ou sentindo falta da vida dele de solteiro, de ter seu próprio espaço?

Marcus abriu um sorriso. Mais uma vez pensava o quanto o amigo era sortudo por ter encontrado alguém que o amava. Pelas coisas que Lucas lhe dizia havia percebido que o moreno estava em boas mãos. Ele idolatrava aquele garoto, e pelo jeito, com razão. Através da fala de Rodrigo, Marcus pode perceber que por mais que fosse muito maduro, como o amigo falava, ele ainda era muito novo, e devia ser difícil lidar com alguém como Lucas.

— Rodrigo, eu não posso te falar muita coisa porque o Lucas que precisa te contar. Até mesmo eu desconfio que há algumas coisas que ele não me contou, e espero que ele consiga um dia se abrir com você, porque lhe fará muito bem colocar pra fora. O que eu posso dizer apenas é que continue o amando. Que não desista dele. Sempre que nós conversamos ele fala muito de você. Até demais. – Sorriu pensando em como o amigo parecia um menino ao falar do namorado. – Não deixe que um momento, uma insegurança dele acabe com o que vocês estão tendo.

— Sim, eu sei... eu sinto que ele me ama. Mas porque ele não me conta o que tanto o aflige?

— Na vida, há coisas que são tão irreais pra nós, que não conseguimos falar para os outros. Lucas passou por algumas coisas na vida, por muito tempo ele se sentiu culpado até mesmo por ter nascido...

Rodrigo ao ouvir isto não entendeu. Como assim, o moreno sempre falava muito bem da infância com os avôs, do quanto os três se amavam...

— Não entendo, ele sempre fala tão bem dos avós...

Marcus percebeu que tinha falado demais.

— Sim, eles eram muito bons com o Luke. O problema não foram eles na vida dele... mas Rodrigo, por favor... Eu não posso falar mais nada. Tudo bem?

O loiro suspirou, mas entendia. Pelo jeito teria que descobrir sozinho o que faltava para que Lucas se sentisse confortável com ele.

— Tudo bem, Marcus. Tu já me ajudou muito. E obrigada por ser tão leal ao Luke. Espero que em breve a gente possa se conhecer pessoalmente.

— Claro que sim. E quando precisar... pode ligar. Eu não posso falar muita coisa, mas te ouvir e tentar aconselhar eu acho que não tem problemas não. Eu sei o quanto o Lucas pode ser difícil. E também torço muito para que vocês fiquem bem.

Rodrigo desligou o telefone ainda pensativo. Mais uma vez teria que mostrar para Lucas que não iria embora. Nunca. Começaria retornando a casa dele. Deixá-lo sozinho não seria uma opção. Não até ele falar o que de fato lhe incomodava. Por volta de 40 minutos depois, utilizando a chave que tinha do apartamento de Luke, Rodrigo entrou na sala, percebendo que todas as luzes estavam acesas, sinal que realmente o moreno não estava bem. O encontrou no quarto, surpreendentemente dormindo. Ele devia ter tomado algum remédio pra dormir. Constatando que ele não estava com febre, ou algo assim, apagou as luzes da casa, deixando apenas os dois abajures que havia no quarto ligados. Deitando na cama, deitou abraçando o moreno por trás, enquanto lhe fazia carinho no cabelo, pensando em uma forma de fazê-lo falar sobre que o estava incomodando. Sabia que Roberto tinha sido apenas um estopim, a presença do novo colega apenas desencadeou um medo que havia em sua vida, e que ainda não tinha lhe contado. E sentia que esta seria a chave para sua libertação. Descobriria o que era. Em nome do amor que sentia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham curtindo. E que não fiquem envergonhados, mandem um alôzinho! :)
beijos,
Agridoce