Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 29
A arte do encontro


Notas iniciais do capítulo

Gente do céu!
Jura que se passou um mês desde o último capítulo: Os dias passam rápido e a gente nem vê. Mas então, aí está mais um capítulo e, desta vez, com vários encontros de presença, olhares, almas, amores. Espero que vocês curtam e me digam o que acharam! ♥



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Marisa acompanhava os passos de Lucas com o olhar, enquanto Rodrigo cumprimentava o pai. O loiro não havia dito muito sobre o namorado, o que a fez perceber agora que ele era mais velho que o filho, no mínimo uns 10 anos. Isto não a incomodava de fato, mas sabia que era uma informação importante de se contar. Puxaria a orelha de Rodrigo mais tarde, aliás. Mas agora precisava se apresentar para que o outro se sentisse a vontade, ainda mais depois daquilo que o filho lhe disse, sobre as inseguranças que o namorado tinha em relação a eles.

— E tu, deve ser o Lucas. Prazer sou Marisa, mãe do Rodrigo. – A mais velha assim que falou percebeu que, apesar de ser mais velho, o moreno parecia de fato ser mais inseguro que o filho. Automaticamente o instinto materno tomou conta de si, a fazendo abraçá-lo de forma bastante inesperada.

Lucas, ao se sentir acarinhado pelos braços da mãe de Rodrigo forçou-se a parecer uma pessoa normal, coisa que não se considerava. Não estava acostumado a receber carinho, não após a morte dos avós. Rodrigo era a primeira pessoa depois de seus anos de solidão que tivera a paciência e capacidade de ultrapassar suas barreiras. E agora, perceber que a mãe do loiro fez isto em menos de 3 min. que haviam se visto o deixou assustado, mas não queria magoá-la, parecendo que não estava gostando.

— Sim, eu sou o Lucas. Muito prazer em conhecer a senhora... Feliz aniversário. – o moreno disse, já entregando seu presente. Estava nervoso, ainda mais com o olhar do pai do namorado, que permanecia quieto olhando sua movimentação. Procurando os olhos do loiro, como um pedido de ajuda, Lucas resolveu se apresentar ao mais velho, percebendo que ele não parecia ser tão receptivo como a esposa. O que era normal.

— Oi, prazer senhor Carlos. É um prazer te conhecer também. – falou, quase sem coragem, mas estendendo a mão para cumprimentá-lo. O mais velho não desdenhou o cumprimento, mas não o prolongou muito, dirigindo-se ao filho assim que terminou o contato.

— Achei que vocês se conhecessem da faculdade... que fossem colegas de aula – ele havia achado o tal Lucas um pouco velho para ser universitário. E também para namorar o filho, confessava.

— Mas nos conhecemos lá sim, pai... – Rodrigo respondeu um pouco hesitante, não precisava entrar em detalhes de como eles se conheceram de verdade, numa boate em uma noite aleatória.

Assim que os apresentou o loiro percebeu a surpresa dos pais ao ver o moreno. De fato, havia deixado pra depois a idade. E também a profissão de Lucas. Mas contaria tudo agora, para não haver mais surpresas... – O Lucas é professor lá na faculdade.

— Ah, é mesmo? Que bom! Para qual curso tu dá aulas, Lucas? – perguntou Marisa.

Eles conversavam ainda na porta de casa. O tempo estava bastante agradável, apesar de ainda ser inverno.

— Bom, ele é meu professor mãe...

Marisa ficou sem saber o que dizer no momento, Carlos apenas continuou olhando Lucas nos olhos, como quem deseja saber o que há na alma do outro. O moreno já estava ficando ansioso, suas mãos suavam. Pelo visto Rodrigo não havia contado certos... detalhes. Era agora a hora que eles se arrependeriam de tê-lo convidado, sabia que não daria certo...

— E não é proibido isto lá na faculdade, filho? – indagou Carlos.

Rodrigo sorria, percebendo o olhar insistente que o pai lançava para o moreno. Lucas devia estar muito nervoso com aquilo. O pai fazia isto apenas pra manter sua posição de pai, e ciumento, sabia. Porque de forma alguma o mais velho faria algo que destratasse Lucas de fato, ainda mais sabendo que o filho o amava.

— Provavelmente, quem anda pelos corredores trocando apenas beijos sem compromisso com os professores deve levar alguma advertência sim, pai. Mas não é este o caso – e de forma confiante mirou os olhos de Lucas – além de não estarmos sempre juntos no campus, respeitando o lugar de trabalho de Lucas, somos muito mais que uma aventura na vida um do outro. Como eu já disse a vocês, estamos namorando. O Lucas é muito importante pra mim. – terminou sua fala, após não resistir, chegando mais perto do moreno, pegando sua mão que, como já suspeitava, estavam suadas por sua ansiedade.

— Nós sabemos sim, filho. Tanto que pedimos muito para que tu o trouxesses aqui em casa. Seja bem-vindo, Lucas. Espero que nosso filho seja para ti tão importante quanto tu és para ele – frisou Marisa. 

O moreno admirava, mas ao mesmo tempo, sentia um pouco de medo deste jeito direto com que o pessoal do interior se expressava. Marisa era muito simpática, sentia que não teria problemas com ela. Mas já o pai do loiro continuava quieto, o observando. Lucas o olhou e depois baixou os olhos, não queria parecer desafiá-lo. Mas na verdade, queria desesperadamente ser aceito ali naquela família. Tinha medo do que poderia acontecer caso eles se mostrassem contra a sua presença ali em sua casa.

— Vamos entrando, o clima está bom, mas ainda é inverno – disse Carlos, quebrando a troca de olhares. – Tu és aqui do sul, Lucas?

Pelo jeito Carlos pensaria duas vezes antes de falar alguma coisa que o magoasse.

O almoço transcorreu de forma tranquila. Marisa, por não saber o que Lucas gostava, ao mesmo tempo querendo agradar, preparou diferentes pratos. Enquanto estavam sentados na mesa, era perceptível o carinho que o filho tinha com o namorado, que ainda, por vezes, os olhava com olhos questionadores, como se não acreditasse na aceitação dos mais velhos. Conversaram sobre os exames do loiro, que já estava em tratamento, e foi “incentivado” a todo o momento, pelos pais e o namorado para que se alimentasse com mais um pouco.

— Eu adorei a fotografia, Lucas. Amanhã tu podes me ajudar a encontrar um lugar bonito aqui em casa pra pendurar? Tu deves entender destas coisas, aqui somos tão simples...

— Claro... ficarei feliz em ajudá-la. Rodrigo que me disse que a senhora iria gostar, espero que tenha sido um bom presente.

— Claro que foi! Rodrigo, tu estás lindo na fotografia. Não achou, Carlos?

O pai do loiro ainda estava um pouco reservado, não tinha imaginado que se sentiria um pouco incomodado e até inseguro em relação ao namorado do filho. Era como se seu posto estivesse ameaçado na vida do mais novo. Bobagem, sabia, porque eram relações diferentes. Mas ainda assim, um pai sempre acha que será a referência na vida do filho, mas percebendo que Lucas era mais velho, sabia bastante coisa, tinha feito muitas viagens... como concorreria com sua simplicidade?

— Sim, parabéns Lucas. A fotografia está ótima. Tu sempre gostou de fotografar? O Rodrigo adora fotografia também, não é filho?

— É, pai! O Lucas tem me ajudado bastante quanto a isto. Lá na agência eu aprendo bastante, mas ter o Lucas pra me auxiliar sempre faz eu me sair muito bem!

— Que bom, filho... Que bom.

Lucas, perceptível, mirou seus olhos para o pai do Rodrigo, percebendo que não era zanga o que ele sentia, parecia estar ansioso, quase inseguro em relação alguma coisa. Seria possível? Rodrigo também parece ter percebido, pois, ergueu as mãos e tocou os dedos do pai, num gesto de carinho.

***

— Você acha mesmo que eles gostaram de mim? Não sei, parece que teu pai está um pouco...

— Lucas, eles gostaram sim. Acho que talvez seja um pouco estranho apenas, a primeira vez que se apresenta alguém é assim. Mas tu vais ver, eles são uns amores. – Os dois estavam no quarto de hospedes. Tinham concordado que seria um pouco demais para os pais se ficassem no mesmo quarto. – Meu pai é assim, mais reservado mesmo. Mas mais tarde verás que eles estarão mais confortáveis.

O loiro fazia carinho nos cabelos do mais velho, tentando acalmá-lo. Como de costume, o moreno havia tomado seus remédios de ansiedade, portanto, era visível sua sonolência, ainda mais que tinha dirigido durante o caminho até ali. A mãe faria um jantar mais tarde para seu aniversário, alguns parentes, de forma surpreendente, ligaram no dia anterior para avisar que iriam visita-los. Marisa ficou um pouco ansiosa por conta da presença do namorado do filho, sem saber o que fazer, mas o loiro havia dito que não tinha problema, apenas eles dois importavam a ele.

— Não queres tirar um cochilo? Mais tarde eu venho aqui e te acordo, hum?

— Não sei, não vai ficar muito chato? Malditos remédios, mas sabes, eu tenho que tomar, senão...

— Shiiuuu, eu sei. Faz assim, eu fico aqui contigo até tu dormir e mais tarde volto pra te acordar, antes que os convidados de minha mãe cheguem.

— Queria dar uma volta por aqui, fotografar este lugar tão lindo que tu cresceu... já consigo te imaginar correndo aqui por esta casa.

— Ai, nem fale isto porque minha mãe vai querer te mostrar meus álbuns de criança.

— Mas isto eu faço questão de ver! – Lucas disse enquanto dava um abraço apertado no loiro.

— Não, não. Já não basta meus parentes que quando se juntam é apenas pra fofocar da vida alheia. Aposto que falarão pérolas de quando eu era pequeno.

— Tu vais me apresentar a eles como seu... namorado? – inesperadamente o moreno ficou sério.

— Hum, depende... talvez seja necessário porque minhas primas, com certeza, irão dar em cima de ti.

— Fala sério, Rodrigo. Você não se importa? Olha, eu não ficarei bravo, ok. Podes falar que somos amigos...

— Lucas – começou a falar aconchegando o moreno em seus braços – eu não me importo nenhum pouco com aquilo que eles irão pensar. Mas também não acho que seja preciso dar explicação da minha vida a ninguém. Deixa acontecer, quando eles chegarem a gente vê, tá? – disse o loiro, terminando com um beijo doce, como aqueles que apenas ele tinha para acalmar o moreno.

Em menos de 10min.Lucas acabou dormindo, o que fez o mais novo encostar a porta e voltar pra sala.

— Oi, mãe! Queres alguma ajuda para mais tarde?

— Não precisa, filho. Está tudo adiantado já. Eu chamei umas gurias pra me ajudarem, está tudo certo. E o Lucas, onde está?

— Ele estava um pouco cansado, resolveu descansar um pouco... – após pensar um pouco o loiro acabou deixando escapar – Mãe?

Marisa parou o que estava fazendo e olhou nos olhos do filho.

— O que tu achou do Lucas? Digo, desculpa, eu não comentei que ele era meu professor, nem que era mais velho, mas é que...

— Filho... está tudo bem! Ele é exatamente aquilo que tu me contou que era. Vocês formam um lindo casal, sabia?

O loiro sorriu e abraçou a mãe.

— É mesmo? – desfazendo o abraço o mais novo sorria para a mãe – e o pai? Achas que ele ficou um pouco desconfortável?

Marisa passou a mão nos cabelos do filho, percebendo o quanto ele estava diferente da semana passada. Estava mais corado, parecia mais forte. Tinha como não amar este relacionamento que fazia Rodrigo tão bem?

— Bobagem, filho. Talvez ele tenha ficado é com ciúmes, sabe como ele é. Mas tenho certeza, ele adorou o Lucas também. – e voltando a atenção para uma panela concluiu – mas se quiseres ir conversar com ele, está naquela salinha particular que ele não deixa nunca.

Rodrigo pareceu hesitar um pouco, o que faz Marisa, mais uma vez, acalmá-lo ao entender que ele não queria deixar o moreno “sozinho”.

— Não se preocupe, se o Lucas acordar eu dou atenção a ele enquanto vocês não retornam.

— Obrigada, mãe! Eu vou ir sim. Estou com o celular, qualquer coisa, só me ligar. Eu volto já!

Rodrigo saiu em direção aos fundos da casa, onde após um caminho de 20 min. chegava onde ficava o escritório do pai.

— A mãe já estava reclamando de tu teres sumido aqui pro teu recinto particular. Olha que um dia ela transforma em salinha de costura.

Carlos sorriu ao perceber que o filho chegava.

— Isso que tu estás aqui pra ela te mimar. Imagina quando estamos apenas nós dois. Mas no fundo ela gosta daqui, é um jeito de se livrar de mim por um tempo.

Rodrigo sorria, enquanto se aproximava do mais velho e lhe dava um abraço. Carlos sabia que o filho sempre foi amoroso, mas ficou sem entender o gesto, surpreso.

— Obrigado, pai.

Carlos não precisou mais se questionar, sabia do que ele estava falando.

— Não tem motivo para me agradecer, filho. Nós te prometemos que trataríamos ele bem, não é? Além do mais, é visível que vocês dois se dão muito bem. Não há motivo pra pensar o contrário.

Rodrigo aliviou o abraço, mas sem deixar de ficar nos braços de Carlos. Achou o tom dele um pouco nostálgico.

— Pai, está tudo bem, mesmo? Pode falar, eu não vou ficar chateado, tu sabes disso, não sabes? – Carlos apenas continuou sorrindo pro filho, enquanto andava até o sofá que tinha ali e fez um gesto para que o loiro sentasse.

— Talvez eu não ficaria tão surpreso se tivesses me contado que ele é mais velho que tu, e que é teu professor também. – Rodrigo fez menção de falar alguma coisa, mas parou assim que o pai fez um sinal – Eu apenas não quero que estas diferenças, de alguma forma, atrapalhe a tua vida filho. O Lucas parece ser um rapaz viajado, que já conhece e experimentou muitas coisas. Além do mais, já tem sua estabilidade, e me corrija se eu estiver errado, vem de uma família rica, que proporcionou a ele uma vida confortável... eu apenas não quero que tu se magoe.

Rodrigo ficou um momento apenas olhando o pai, a pessoa que sempre lhe aconselhou. O escutando falar estas coisas sentiu certo medo, talvez apenas um receio, de que talvez ele tivesse razão. Afinal, não é como se nunca tivesse se questionado sobre estas coisas também. Tinha ideia destas diferenças entre ele e o namorado. Tanto que, no início, relutou neste relacionamento, muito mais por causa destas diferenças do que por ele ser um homem.

Mas ao mesmo tempo sabia, agora era diferente, tinha certeza que o moreno o amava, e queria de fato estar em sua vida.

— Pai... – o loiro se aproximou e pegou as mãos de Carlos – primeiro desculpas por não ter contado. Mas é que pra mim não é importante nossa diferença de idade, nem qualquer uma destas que tu citou. Entendo que poderiam ser um problema, mas nós já passamos por tanta coisa que hoje, são apenas detalhes.

— Pois é, filho. Mas eu não sei sobre estes momentos que tu falas que vocês passaram. Se tu tivesses conversado conosco antes, mostrado como tu te sentes...

— Eu sei pai – e o mais novo abaixou a cabeça – desculpa, mais uma vez. Agora eu percebo o quanto eu errei em esconder de vocês. Sei que não é fácil, de uma hora pra outra, eu aparecer aqui em casa com um namorado. Mas eu só peço que vocês confiem e estejam comigo nesta. O Lucas é muito inseguro quanto aceitação, ele está ainda com medo que vocês possam ser contra nosso relacionamento... Caso ele acredite nisto, ou sinta que vocês não estão confortáveis conosco, tenho certeza, ele terminará nosso relacionamento na hora. Antes mesmo de todos, ele se sabota muito e sempre. Acredita no pior de si mesmo.

— Como assim, filho? Por que ele é tão inseguro assim?

E Rodrigo, percebendo o pai mais aberto, resolveu contar mais profundamente os problemas que Lucas teve em sua vida, as perdas e sua solidão constante. Ao fim, quando Carlos pode entender de fato os problemas que assolavam a vida do moreno ficou mais aliviado, prometendo ao filho que faria de tudo para que ele se sentisse o mais confortável possível. Mas reafirmando que, qualquer novo problema, viesse falar com ele, pois, estaria sempre ali para ouvi-lo.

***

 Lucas acordou um pouco desorientado, percebendo depois de um tempo que estava na casa de Rodrigo, lembrando de tudo que havia acontecido até então neste dia. Levantando, resolveu ir a procura do namorado, lembrando que ele falou que estaria por perto. Chegando na sala percebeu que a casa ainda estava em silêncio, pelo jeito, ainda não havia chegado nenhum dos convidados.

— Isto tu podes colocar ali na sala... – era a voz da mãe de Rodrigo falando com uma menina, que parecia estar ajudando ela nos preparativos. Chegando na sala, ao perceber a presença de Lucas, se dirigiu a ele – Oi, dormiu bem?

Após a surpresa inicial Lucas tentou parecer menos nervoso do que aparentava. Onde será que estava Rodrigo.

— Sim, muito bem, obrigada... o Rodrigo está por aqui?

— Ah, claro. Tu deves estar procurando o Rô. Ele saiu pra conversar com o Carlos, mas já faz um tempinho, eles devem estar de volta já. Aceita tomar um suco comigo enquanto esperamos?

Ao ouvir Marisa dizer que os dois tinham saído pra conversar o moreno ficou ainda mais ansioso. Será que Carlos falaria alguma coisa contra ele? E se o loiro voltasse diferente? Será que brigariam?

Enquanto isto Marisa percebeu que o mais novo parecia travar uma batalha interna consigo mesmo. E mais uma vez tentou deixa-lo à vontade.

— Lucas? Se você quiser esperar o Rodrigo no quarto, sem problemas. Quando ele chegar eu peço pra ele...

Parecendo perceber que tinha estado em órbita o moreno respondeu na hora.

— Não, tudo bem. Eu acho que um suco seria ótimo... Desculpa...

— Tudo bem, tu deve estar sonolento ainda. Sabia que aqui o ar é tão limpo, tão silencioso que normalmente quem vem se sente mesmo mais sonolento?

Marisa disse isto indo em direção à cozinha, esperando que ele a seguisse. Durante o almoço percebeu que o moreno é mais calado que o filho, portanto, tentaria não ser muito invasiva, apesar de querer saber um pouco mais sobre ele.

— Tu estás gostando da cidade, do estado? Ainda mais neste tempo de inverno, tu deves achar estranho. – Marisa conversava com Lucas, não muito perto, mas o necessário pra ele se sentir confortável e sentir que ela estava querendo se aproximar.

— Sim... eu ainda não acostumei muito com o frio, confesso. Mas estou me acostumando com a cidade, com a Universidade. Mas mudanças são sempre mudanças.

— Sim, eu imagino. Eu nunca me mudei aqui da cidade... mas Rodrigo sentiu diferença quando se mudou. Às vezes ele voltava no meio da semana pra casa, dizia que achava que não conseguiria se acostumar. Foi bem difícil pra ele, e pra nós também. Mas agora ele parece mais acostumado.

— É... ele me contou que gosta muito daqui. E que sente saudades de vocês. Mas ele é bastante novo, é normal.

Lucas sentia que estava mais a vontade com Marisa. Ela parecia realmente ser quem o loiro havia dito.

— Lucas, seria muita indelicadeza se eu perguntasse tua idade? – No mesmo momento Lucas se mexeu na cadeira. Será que ela também estava preocupada com a diferença? – Desculpa se parecer um pouco inconveniente... mas sou um pouco curiosa, apenas isto. Mas se não quiser falar...

— Eu fiz 33 algumas semanas atrás. Sou 10 anos mais velho que o Rodrigo.

Lucas falou isto olhando para dentro de seu copo. Não tinha coragem de olhar para Marisa e correr o risco de perceber algum resquício de censura.

— Ah sim, linda idade. Saiba que para mim isto não é problema algum – e neste momento Lucas olhou Marisa nos olhos, que abriu um sorriso ao perceber que ele ainda parecia receoso – Eu estou muito feliz, de verdade, por Rodrigo ter te encontrado. Como eu te falei, ele se sentia tão sozinho, e deslocado lá na faculdade. Teve vezes que eu achei que ele iria voltar de vez, ou ficaria triste e sozinho por lá. Estávamos bastante preocupados, até que percebi que ele passou a não reclamar tanto da vida urbana... e pareceu ter compromissos nos fins de semana também. Ter você na vida dele faz uma grande diferença, pra melhor. Muito obrigada, Lucas, por cuidar do meu bem mais precioso.

Lucas ficou sem reação. Não sabia se estava mesmo ouvindo o que ela dizia. E como sempre, quando estava sobre tensão, não conseguiu segurar a emoção e seus olhos ficaram úmidos, mesmo ele tentando fazer com que isto não acontecesse. O que Marisa pensaria sobre ele?

Enquanto isto, Marisa percebia que o moreno estava emocionado, e se arriscando mais um pouco pegou sua mão por cima da mesa, porém, com cautela. Tinha medo que ele se assustasse, o que na verdade não ocorreu. Mesmo parecendo inseguro o moreno segurou também sua mão.

— Eu sei que parece estranho estar aqui, conversando comigo. Rodrigo me falou que tu estavas com medo da nossa reação. Mas saibas que nós, em nenhum momento, pensamos em maltratar você ou nosso filho. Ainda mais depois que ele nos contou sobre o quanto... te ama.

Pensando que estava mais do que na hora de falar alguma coisa Lucas resolveu ser o mais sincero que conseguia no momento, mesmo em poucas palavras.

— Eu... agradeço muito. Estava com medo sim, mas o Rodrigo me convenceu a vir mesmo assim. Ele adora vocês e não conseguia mais esconder. Eu não sei se receberia esta mesma aprovação dos meus avós... mas saber que tenho a de vocês me faz ficar mais tranquilo porque se fosse o contrário... – e não conseguiu seguir, sua voz embargou apenas em tentar imaginar ter que se afastar do namorado.

— Nem ouse pensar isto porque não tem a menor chance de acontecer. Tu deves ter percebido que o Carlos é mais calado. Mas a gente conversou, está tudo bem, viu? Ele apenas não gosta que o Rodrigo esconda alguma coisa da gente, e ele acabou fazendo isto...

— Eu sei, e a culpa foi minha...

— Não foi culpa de ninguém, acontece. – E percebendo que ele estava mais calmo, resolveu ousar um pouco mais. – Lucas, eu posso te dar um abraço?

O moreno pensou em relutar, mas não havia mais motivos. Ela estava ali, sendo sincera com ele. O mínimo que poderia fazer era agir igualmente. Levantando-se chegou perto da senhora, que era mais baixa que Rodrigo ainda, e se deixou abraçar. Ao se sentir acalentado um soluço ameaçou sair do peito do moreno, o que fez Marisa perceber e estreitar ainda mais o abraço. Ficaram assim por alguns segundos, quando ouviram passos na sala e o moreno desfez o contato, indo em direção à janela que tinha na cozinha, secando os olhos.

— Mãnhê, tu viu o... Lucas?! – E quando o loiro chegou e percebeu os dois aparentemente tentando disfarçar algo estranhou. Teriam eles brigado? Mas logo isto saiu de sua cabeça, a mãe não faria isto. – Está tudo bem por aqui?

— Oi filho, claro que sim! – Marisa foi até o loiro, que observava o namorado de costas pra eles, e lhe beijou o rosto – Seu pai veio junto, não é? Vou ir encontrar ele e depois me arrumar, antes que o pessoal chegue!

A loira antes de sair sorriu para o filho, como quem diz que está tudo bem e foi em direção ao marido. Estava curiosa pra saber o que pai e filho tinham conversado, ao mesmo tempo em que desejava contar sobre a breve conversa na cozinha para o marido. No momento sentia que Lucas precisava do filho, o que a assustava um pouco, pensar que o mais novo parecia ser o responsável pela a alegria do moreno. Mas após o pensamento sorriu, pois, afinal, não eram assim os apaixonados, tão dependentes?

— Amor... está tudo bem? – Rodrigo ia se aproximando do namorado, enquanto ele permanecia em silêncio. – Desculpa, eu fiquei conversando com o pai e fui ajudar ele com algumas coisas da fazendo, afinal, eu trabalho aqui também, mesmo que esporadicamente, e perdi a hora.

Tocando as costas do moreno o loiro ia abraçá-lo, mas em tempo Record Lucas virou e encaixou, como sempre, perfeitamente, o loiro em seus braços.

— Está tudo bem... senti saudades.

— Aé? Mas tu estavas dormindo, como pode isto? – o loiro sempre recorria ao humor para fazer o moreno falar.

— Simples, meu corpo é teu. – Lucas sussurrava ao ouvido do loiro – Minha existência é tua. Sinto sua falta sempre, já me acostumei a ter você por perto.

E seguido disto um beijo foi inevitável. Rodrigo sentia que o namorado precisava disto assim como do ar que respirava, ele parecia ansioso, mas de um jeito bom. Não mais por medo, ou algo assim, como sempre. Terminando o beijo com um sorriso o loiro ficou olhando nos olhos do moreno, que ainda estavam um pouco úmidos, tentando transmitir tudo que sentia pra ele.

— Eu percebi que vocês conversaram... – e no mesmo instante viu que Lucas iria responder, mas colocou o dedo em seus lábios. – Agora eu não vou te cobrar nada. Mas depois quero saber, porque sou muito curioso. Mas apenas me diz como foi?

O moreno apertou ainda mais Rodrigo em seus braços. Quando pararia esta necessidade? Esperava que nunca, ao mesmo tempo em que se assustava ainda, e tinha medo de assustar Rodrigo, com este zelo todo.

— Foi bom, muito bom. – Disse sorrido, enquanto beijava o pescoço do namorado.

— Posso dizer apenas eu te avisei?

Lucas não resistiu e acabou sorrindo. Sim, merecia ouvir aquilo. A visita ainda estava começando, mas já se sentia seguro para ser o que era ali, naquela casa onde pessoas tão simples sabiam de fato o que era o verdadeiro amor. Seguindo o namorado em direção ao quarto pensava agora, sem conseguir evitar, em como se comportaria perto dos parentes do loiro. Mas confessava, com a conversa de Marisa sentia-se muito mais seguro. Esperava apenas que desse tudo certo.


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Notas finais do capítulo

Aguardo o parecer de vocês.
Não me abandonem, por favor!
A história está se encaminhando para o fim, mas ainda há algumas histórias pra passar por esta ponte. :D
beijinhos,
Agridoce



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