Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 27
Encontros.. parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu era pra ter postado na quarta-feira! Mas para quem andava postando a cada mês, acho que nem vacilei tanto assim, não é? rsrsrs
Bom, mais um capítulo passado na vida destes dois.
O capítulo pode parecer uma passagem desnecessária, mas eu achei
ser importante que tivesse esta prévia. No próximo, acho que acontecerá o que tantos estão ansiosos, incluindo yo! rsrs
Boa leitura!
E comentem, mandem ollá, sinal de fogo! Quero saber o que andam achando, o que acharam, ficaria muito feliz!



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Fazia umas duas horas que Rodrigo e o pai estavam conversando enquanto tentavam pescar alguma coisa nas águas doces da região. Era sábado quase à tardinha, Rodrigo havia chegado na casa dos pais logo após o almoço. Pretendia ter ido mais cedo, porém, acordou sentindo-se um pouco fraco e decidiu melhorar um pouco antes de sair. Seguidamente ele tinha que acompanhar sua alimentação, já que tinha propensão a ficar anêmico. Com os acontecimentos e neuras dos últimos dias acabou não conseguindo manter a alimentação regrada e, com certeza, isso o havia deixado com anemia novamente. Como era fim de semana, não tinha como fazer um exame, mas na segunda pela manhã faria isto. Como mantinha uma alimentação saudável, sempre que ficava mais fraco, se recuperava rápido, mas era preciso que não descuidasse da alimentação.

 Marisa observava os dois amores de sua vida enquanto lia uma revista perto de uma árvore. Desde que chegou o filho parecia preocupado, diferente do tom que estava demonstrando nos últimos dias ao telefone. Isto a fez, mais uma vez, quase confirmar suas suspeitas em relação ao novo momento na vida do mais novo. Mas como da outra vez, não sabia ainda como fazê-lo falar. Com estes pensamentos a loira nem perceber quando ambos se aproximaram dela.

— Dona Marisa? Terra chamando! – Rodrigo percebeu que a mãe o olhava de forma seguida, como se desconfiasse de algo... mas desde que chegou ainda estava pensando no que fazer, se diria ou não o que o afligia. E tinha certeza que ela sabia que algo o incomodava.

— Oi, filho! Desculpa, acabei ficando distraída vendo meus dois amores juntos assim. Vamos? – Olhou para o marido, que estranhou a esposa estar assim tão dispersa, mas decidiu não questioná-la naquele momento.

Estava anoitecendo e os três estavam sentados na mesa para jantar. Marisa observava o filho que aparentemente estava sem apetite nenhum. Foi então que percebeu que ele parecia mais magro, quase abatido.

— Filho, está tudo bem? Tens te alimentado direitinho? Pareces tão fraquinho... como vai a tua anemia?

O mais novo acabou sorrindo, ao mesmo tempo em que os olhos marejaram. Como sentia falta deste cuidado da mãe o seu lado. Como queria poder dividir mais seus dias com os pais. 

— Hey, filho! Que isto, aconteceu alguma coisa? Sabes que podes contar conosco, não é Carlos?

O pai de Rodrigo observava o mais novo. Percebia que ele andava calado, mas sempre respeitou o tempo do filho, não queria enchê-lo de perguntas. Mas ficou surpreso com as lágrimas que ameaçavam cair dos olhos do filho. Se ele tinha algo para dizer, e não se sentia a vontade, tinha certeza que era por sua causa, já que Marisa sempre apoiava de forma bem clara suas decisões. Não que ele também não o fizesse, mas mães eram diferentes. Resolveu falar algo pra ver se o filho se abria com eles.

— Claro que sim, Rodrigo. Aconteceu alguma coisa, queres nos contar algo? Pode falar. Eu e tua mãe percebemos que andas calado desde a última vez que tu veio aqui. Algum problema na faculdade, teus colegas...

O mais novo olhava os talheres, mexendo a comida ainda sem comer. Não sentia vontade nenhuma de se alimentar, apesar de saber que era preciso. Ainda mais neste momento, parece que as tensões nos últimos dias haviam aflorado ali na antiga casa, o fazendo não conseguir se segurar por mais tempo. Marisa colocou a mão por cima da sua, como quem diz estar preparada para o que está pra ouvir.

— Mãe, pai... desculpa. Sei que estou sendo um idiota – disse sorrindo, ao mesmo tempo em que uma lágrima que tentava segurar acabou escorrendo pelo seu rosto – Só gostaria que vocês não ficassem chateados comigo... – Rodrigo sabia que deveria ter contado antes. Os pais, principalmente o pai, sempre pediam para que ele falasse com eles abertamente sobre sua vida.

— Filho, a gente fica apenas mais preocupado ainda contigo assim, desse jeito. Pode falar, estamos te ouvindo – Marisa encorajou.

Em um embate interno, lembrando do pedido de Lucas para que não falasse ainda, mas sentindo que não conseguiria mais esconder, Rodrigo olhou no fundo dos olhos de ambos e resolveu falar.

— Eu estou namorando...

O coração de Marisa começou a bater forte, mas ela manteve a mão firme junto a de seu filho. Ele precisava de apoio, e a mais velha já imaginava o que viria a seguir.

— Mas filho, isto é maravilhoso! – ela tentava, mais uma vez, encorajá-lo.

— Sim... Faz mais ou menos uns dois meses que eu estou namorando uma pessoa... – Rodrigo respirou fundo, mas seguiu antes que perdesse a coragem, mesmo hesitante. – Eu conheci ele na faculdade...

Um silêncio reinou no ambiente. Enquanto Marisa mantinha as mãos junto as do filho, Carlos olhava Rodrigo nos olhos, tentando assimilar o que o filho havia dito. “Ele...”. As lembranças e conversas que teve com a esposa anos anteriores, a respeito das escolhas do filho neste sentido, voltaram em sua cabeça. Por conta do relacionamento de anos de Rodrigo com Mariana, e um tempo atrás com a tal da Maiara, estas preocupações acabaram sendo esquecidas. Mas então o filho estava ali, fazendo o que Carlos pensou que não aconteceria de fato. Não é que tivesse algum preconceito, na verdade não entendia muito bem, ali onde morava isto ainda era um tabu. Na verdade, desconhecia totalmente este... tipo de relação. Mas era de seu filho que estavam falando, e nunca o deixaria sozinho por qualquer que fosse o motivo. Mas confessava, estava surpreso e, muito pior, um pouco decepcionado, já que ao que parecia, o filho estava neste relacionamento faz tempo e só agora resolveu falar com os pais. E este fato o fez mudar o tom de voz ameno de anteriormente.

— Fico aqui pensando o que te levou a nos contar apenas agora, quando resolvemos te questionar, sobre sua vida. A gente sempre te deixou livre pra nos contar tudo que estavas vivendo, sentindo... por quê apenas agora?

Carlos, após falar, acabou se arrependendo. Não tinha a intenção de parecer estar bravo, mas a decepção era algo incontrolável. Se sentia um pouco traído na verdade. Era como se não soubesse mais quem era seu filho. Talvez fosse um exagero, já que à tarde enquanto pescavam parecia que tudo estava normal. Mas a vida era assim, apenas um minuto, uma palavra pode mudar tudo. Não se sentia no momento capaz de agir com total naturalidade.

— Me desculpem... eu fiquei com medo do que vocês pensariam, ao mesmo tempo que eu... que nós não estávamos preparados pra encontrar vocês ainda. Desculpa...

Marisa percebendo que o marido parecia travar uma batalha interna resolveu intervir. Não queria tirar a razão de Carlos, o filho não precisava ter ficado todo aquele tempo mentindo para ambos. Mas também entendia o lado dele, e preocupa-se no que poderia acontecer caso ele não se sentisse apoiado.

— Filho, a gente entende... o que seu pai está querendo dizer é que não precisava ter ficado assim, calado em relação a isto. Eu já tinha percebido que tu estavas querendo nos contar alguma coisa e não se sentiu preparado. Esse sofrimento foi desnecessário, porque a gente sempre vai te apoiar, não é Carlos?

O pai do jovem estava agora olhando pela janela o sol se pôr. Estava pensando em sair pra respirar um pouco de ar, precisava pensar um pouco, mais tarde voltaria a conversar com o filho, mas antes queria saber uma coisa.

— Quando tu pretendes nos apresentar ao teu... namorado? Ou irás esperar até a gente ir pra cidade e encontrar vocês por acaso na rua?

— Carlos...

— Marisa, deixa que o Rodrigo responde. Tu sabes que eu nunca te abandonaria, nem deixaria de falar contigo por conta de nada... mas agora, esconder uma coisa tão importante da gente... realmente, eu não esperava, não de ti. Espero que logo tu tragas ele aqui pra gente conhecer e saber quem ele é.  Ou ele não quer? – Carlos não conhecia muitos casos, mas não queria que o filho sofresse por alguém que não respeitassem a relação que os três tinham em todos estes anos. “Eu faria isto mesmo se fosse uma menina”, ele pensava, mas também não tinha certeza se seria mesmo assim.

— Pai, eu peço apenas um tempo pra vocês... ainda está tudo muito recente, o... Lucas não se sente preparado pra conhecer vocês. Ele...

— Não, isso não, Rodrigo. Eu espero realmente que ele venha aqui em casa falar com a gente. Poxa, não é como se eu estivesse querendo dar um aval pra relação do vocês, mas eu te conheço, dois meses é muito tempo. Se estás com ele durante este período é porque estas realmente interessado nele, ou estou enganado?

Neste momento Carlos já estava novamente olhando o filho nos olhos, esperando uma resposta.

— Sim, pais... ele é muito importante pra mim.

— Então eu espero realmente que você represente o mesmo na vida dele e vocês estejam aqui, no sábado, no aniversário da tua mãe. – E andando em direção à porta Carlos falou as últimas palavras e saiu – No mais, sabes que podes contar comigo. Mas eu não vou aceitar que tu estejas com alguém que não entenda aquilo que é e quem é importante pra ti, ou que não te apoie nas tuas decisões. Vou ir até o escritório, até mais tarde.

Após ouvir o barulho da porta fechando Rodrigo sentiu o coração ir se fechando, ao mesmo tempo em que se encolhia na cadeira. Antes que ele caísse em lágrimas Marisa, que resolveu não interromper durante a fala do marido, o abraçou de um jeito que apenas as mães sabiam fazer. Rodrigo agarrou a mais velha como se ela fosse seu bálsamo, e na verdade ela e o pai sempre foram. Marisa sabia o quanto brigar com um dos dois fazia o filho ficar assim, triste, perdido, e imaginava o que ele estava passando no momento.

— Rodrigo, calma. Vem aqui, vamos sentar um pouquinho no sofá.

O mais novo continuava chorando, e nem se quisesse conseguiria parar. Apenas ficava martelando em sua cabeça as palavras do pai, ao mesmo tempo em que pensava na reação de Lucas ao saber que ele havia contado. Mas não tinha como continuar escondendo, eram seus pais, seus melhores amigos, as pessoas que se preocupavam com ele. O pai ter colocado em dúvida a sua importância na vida do professor deixou tudo pior, porque por mais que não conseguisse admitir para si mesmo, o mais novo pensava e não entendia bem os motivos do mais velho não tentar fazer isto por ele, por mais que soubesse de seus traumas. Lucas sabia o papel que os pais representavam em sua vida, por que ele parecia tão relutante em não querer conhecê-los?

— Mãe, eu acho que eu prefiro ir pro meu quarto... – Marisa estava calada, mas Rodrigo sabia que ela devia compartilhar do mesmo pensamento do pai. Devia estar decepcionada com ele.

— Rodrigo, me escuta. Por favor, não se afasta mais da gente. Eu entendo tudo isto que tu estás passando, mas também entendo o lado do seu pai. Ele apenas está confuso com tudo, e tu ter mentido pra nós durante este tempo não ajuda muito... – por mais que seu coração doesse de ver o filho assim, precisava demonstrar que ele poderia ter feito diferente.

— Mas mãe, eu juro que eu queria contar, mas sei lá, achei que ainda não era a hora... ai, eu estou me sentindo tão mal com tudo isso... será que ele não vai me perdoar? Será que vai ficar de mal comigo? E se ele não me aceitar do jeito que eu sou... Por favor mãe, conversa com o pai, diz pra ele que eu não fiz por mal... – Parece que o peso de ter se descoberto gay nos últimos meses resolveu aparecer ali naquele momento. Desde que resolveu tentar com Lucas, as coisas foram acontecendo e ele não teve chance de pensar em outra coisa que não fosse amá-lo. Mas agora percebia o quanto esta decisão afetava não só a ele, mas sua família também.

— Filho, calma. O teu pai te ama, assim como eu te amo, muito. Apenas entenda que é difícil... – Marisa falava ainda tentando passar todo seu amor ao seu pequeno, mas confessava que ouvir do filho o que já desconfiava foi um pouco alarmante, não é fácil, apesar dela ter pensado nisto já. Tinha tanto medo das coisas ruins que poderiam acontecer com ele... Apenas não saia pra pensar um pouco como Carlos porque entendia que o filho precisava dela ali neste momento.

Após alguns minutos abraçado com a mãe Rodrigo decidiu ir pro quarto. Estava cansado, o que o lembrou que precisava fazer os exames assim que chegasse novamente na cidade. Não seria mais displicente consigo, por mais que tivesse vacilado em não ter se alimentado bem nos últimos tempos. Estava deitado em sua cama quando o celular tocou, e nem precisaria olhar pra saber que era.

— Alô Luke, tudo bem? – O mais novo tentou disfarçar o tom de voz melancólico, mas Lucas é sempre atento, ainda mais quando o assunto era ele.

— Rodrigo, o que aconteceu? Tu estás com uma voz estranha... aconteceu alguma coisa com teus pais?

Se não fosse o momento o loiro sorriria, seu coração sempre disparava quando Lucas era assim, tão preocupado com ele. Como queria que os pais o conhecessem.

— Oi, não houve nada... É que eu não estou me sentindo muito bem, estou descansando um pouco aqui – ao menos não era mentira, ele realmente estava um pouco tonto.

— Mas será alguma coisa grave? Rodrigo, quem sabe você volta mais cedo e a gente consulta amanhã.

— Lucas, fica tranquilo. Eu vou ficar bem, acredite – tentou sorrir ao lembrar que o namorado com certeza ficaria em pânico já que odiava hospitais e doenças – quando eu voltar a gente conversa pode ser?

Luke continuava estranhando o tom do namorado, mas sabia que não adiantaria muito tentar arrancar dele alguma coisa.

— Tenho outra opção? – o tom era um pouco contrariado, ao mesmo tempo que saudoso, queria estar com o namorado naquele momento – Amanhã à tarde já estarás voltando, né? Eu estou quase chegando em casa já.

— Sim, amanhã estarei aí... Agora tenho que desligar, ok? – ouvindo o namorado suspirar do outro lado da linha o mais novo acabou por esquecer, por um momento, os acontecimentos da última hora, assim como, todos os medos que estava sentindo. Lucas o fazia ter força, pelos dois, e isso que precisava demonstrar pra sua família.

— Amor?

Ao ouvir o mais novo chamá-lo assim, canceriano que era, Lucas acabou sentindo o coração pular do peito. Ainda não conseguia ser tão aberto assim as emoções, mas ter Rodrigo sendo forte pelos dois era o que precisava pra mudar isto em si. E já havia decidido, mudaria por ele, seria alguém melhor por ele. Por isso o medo de perdê-lo o assolava todo o tempo, porque o loiro se tornou sua base mais sólida. Sem ele morreria, tinha certeza.

— Fala, Rodrigo...

— Eu te amo, muito. Não esquece disto, tá? – Lágrimas já escorriam novamente dos olhos de Rodrigo. Ele tinha que desligar logo, antes que o moreno percebesse seu choro.

— Obrigada por não me deixar esquecer. Você é tudo pra mim, não esquece nem duvida disto também, tá? – Lucas estava começando a ficar preocupado com o mais novo, ele não estava bem. Mas lembrando da situação que ele se encontrava, e que permeava as brigas dos dois nos últimos dias, pensou que talvez fosse isto.

— Ok, eu não duvido. Eu sinto o teu amor, sempre. – E um silêncio reinou por uns segundos na linha – Boa noite. Amanhã eu te ligo. Me busca na rodoviária?

— Sabe que eu te buscaria na Lua, não é?

— Eu sei disso, eu sei... boa noite e se cuida, tá?

— Estou com saudades... – Lucas não queria cobrar a presença do outro, mas não resistiu em falar. A viagem tinha sido bastante proveitosa, mas nada fazia mais sentido se não pudesse compartilhar com o namorado.

— Até amanhã, Lucas. – O loiro disse isto e desligou, caindo mais uma vez no choro. Estava com medo do que o namorado diria, e ao lembrar da conversa com os pais, todo o medo começava a surgir novamente.

Marisa ouvia os sons do filho, mas resolveu não entrar no quarto. O marido já havia voltado e estava no quarto dos dois também. Ela sabia que na próxima manhã as coisas estariam melhores. O dois se amavam muito e não conseguiriam ficar durante muito tempo tristes um com o outro. Ao menos era o que esperava.

***

— Filho... tu não estás comendo nada desde ontem. Sabes que não te faz bem, não é?

Rodrigo levantou os olhos pra olhar o pai. O loiro havia levantado tarde, já quase na hora do almoço, portanto, não havia sobrado tempo para conversas. Até então o silêncio reinava mais uma vez na mesa, até o pai se pronunciar.

— Eu sei, pai... na verdade eu ando sem apetite... e acho que estou com anemia novamente, pretendo fazer exame amanhã.  

— Mas filho, faz tempo que isso não acontecia, tu sabes que é perigoso deixar chegar neste ponto. Eu vou ir contigo hoje e amanhã tu vais consultar.

— Mãe, não precisa. Eu vou no médico e ele me receita umas vitaminas e eu melhoro logo, como sempre.

— Tua mãe tem razão, filho. Não queres que a gente vá contigo?

O loiro deixou escapar um sorriso. Apesar da conversa da noite passada era bom ter certeza, assim como sempre disse ao Lucas, que os pais não o abandonariam, jamais.

— Não precisa, qualquer coisa eu ligo e vocês vão correndo, pode ser? – Disse e não resistindo tocou a mão de ambos sobre a mesa. – E além do mais...

O loiro hesitou em falar o que tinha a dizer, mas sua mãe, como sempre, resolveu dar aquela ajudinha. Precisava demonstrar o quanto Luke era especial e o quanto a presença dele era real em sua vida, mas ainda hesitava um pouco...

— O Lucas, é este o nome dele que tu falou ontem à noite, não é? – disse a loira, esperando a confirmação do filho – pode ir contigo, né?

Com medo que o pai se sentisse incomodado, ou pior, deixado de lado, o mais novo resolveu não falar nada. Mas mais uma vez se surpreendeu ao ouvir, após um tempo o pai falar.

— É verdade, filho? O seu... ele pode ir contigo?

Rodrigo apertou a mão dos dois, que ainda segurava com carinho.

— Sim... – Rodrigo não cabia em si de amor – eu até já combinei com ele. Do contrário eu pediria pra um de vocês ir comigo mesmo, sabem que eu não gosto de consultar sozinho. Qualquer coisa eu ligo, prometo. – e terminou de falar apertando mais ainda a mão do pai.

Mais tarde, quando estava se despedindo do filho na estrada que o ônibus passava, os pais o encheram de recomendações, que ligasse quando chegasse e que fosse de fato consultar.

— Tá, mãe. Eu já entendi. Telefonar.

Carlos olhava o filho pensando em tudo que haviam conversado na noite passada e pensou que talvez precisasse fazer algo.

— Filho?

— Oi, pai.

— Me desculpa por ontem à noite. Sabes que eu nunca iria querer o teu mal, e se tu estás feliz, nós também estamos, tudo bem?

Ao ouvi-lo, o loiro abraçou o pai com carinho. Sabia que não era preciso outra longa conversa para que se acertassem. Este abraço já dizia tudo que gostaria de falar.

— Tudo bem, pai. Eu também fiz errado, era pra ter falado pra vocês o que eu estava passando.

— Ok... mas conversa com ele, quem sabe vocês não voltam aqui semana  que vem? A gente não morde... – gracejou – E também sabes como nos preocupamos contigo. Apenas queremos saber com quem tu estás te envolvendo, é importante já que és nosso único filho. – Marisa concordava com o que o marido falava ao seu lado, admirando o filho que parecia mais risonho naquele momento.

— Obrigado, muito obrigado por vocês serem o que são pra mim! O Lucas não teve a mesma sorte que eu, ele tem uma história de vida um pouco complicada, os pais morreram cedo, ele foi criado pelos avós, que já se foram há um tempo.... e nunca souberam de fato que ele era homossexual – Rô falava abertamente com os pais, sem receios, aprendeu, mais do que nunca, que era o melhor caminho – Portanto, ele acredita que vocês não aceitarão a ele, nem a mim. Ele tem medo.

— Mas filho, nós nunca faríamos isto contigo! – Marisa ouvia atenta o que o filho falava – e diga pra ele que nós o aceitaremos de braços abertos, não é Carlos?

Carlos, às vezes, se assustava com Marisa e seu dom de compreender e entender a todos, principalmente ao filho, e agora, ao genro... mas não iria descordar, apesar de saber que apenas quando o conhecesse teria uma opinião formada quanto a isto.

— Claro que sim, filho. Quer dizer, se ele te faz bem, é claro.

— Sim, pai. Muito bem! Eu o amo, muito!

Os pais não cabiam em si ao ouvir aquilo. Torciam para que esta hora chegasse, e parece que finalmente o mais novo havia conhecido o amor, como eles. E não importava muito quem fosse, apenas que cuidasse do filho e o fizesse feliz. Na noite passada os dois passaram acordados conversando, Marisa reprendendo o marido, ao mesmo tempo que tentava mostrar que entendia seu ponto de vista. Ao ouvir que o filho tinha ido dormir chorando o mais velho teve certeza que tinha agido errado. Precisavam dar todo o apoio a Rodrigo, assim como tinha combinado que o fariam caso isto acontecesse, anos atrás. Fora eles, o filho já sofreria preconceitos da sociedade, portanto, eles eram sua base, e o apoiariam.

Quando o ônibus chegou, se despedindo com mais um abraço e prometendo voltar no próximo fim de semana, o loiro entrou, enquanto Marisa e Carlos viam o transporte desaparecer de vista.

— Muito obrigada. – Marisa olhava nos olhos do marido, fazendo carinho em seu rosto.

— Eu que agradeço por tu ter me mostrado que estava errado. Ele parece estar tão feliz, apesar de tudo. Espero que não haja problemas pra ele, tenho medo do que pode acontecer, este mundo é tão injusto... – Carlos disse, colocando pra fora aquilo que Marisa também pensava.

— Mas estaremos aqui para ele não é mesmo? E isto, tenho certeza, sempre fará com que ele enfrente todos os obstáculos.

Andando em direção ao carro os dois continuaram a conversar, não tocando no assunto, mas com esperança de que, na semana que vem, aquele que estava mudando a vida do filho estivesse com ele ali, naquele mesmo lugar, e que passasse a fazer parte da família que ambos criaram.  


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Notas finais do capítulo

Então é isto, aguardo os coments, se assim o merecer. E até o próximo, que pretendo que saia até a próxima semana! *.*
beijoo
Agridoce



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