Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 18
O único lugar para ir é até o fim


Notas iniciais do capítulo

Gentee, minhas férias estão acabando!
O TCC vem aí, e meu tempo vai ficar mais apertado!
Mas enquanto isto, mais um capítulo para vocês!
Obrigada, desde já, a todos que estão acompanhando, favoritando e comentando. ♥
Boa Leitura!



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Era por volta das 2h da manhã. Rodrigo estava acordado, olhando Lucas dormir, enquanto tentava achar uma posição confortável para voltar ao próprio sono. O moreno estava abraçado a si, como se tivesse medo que alguma coisa o tirasse dele. Por vezes, até mesmo, o apertava de forma possessiva, o que dificultava o conforto. Mas sorrindo, e se achegando mais ao outro, pensou no quanto estava feliz em estar ali. Havia acordado após ter dormindo por um tempo, pois, como estava podendo perceber, o sono de Lucas não era um dos mais calmos. Seu corpo parecia não relaxar. Em busca de confortá-lo daquilo que o atormentava, lembrou dos momentos ocorridos naquela noite. Lucas não estava bem, apesar de ter “baixado a guarda” um pouco, permitindo sua entrada. Ele, e seu corpo, pareciam buscar por ajuda, mesmo que inconsciente. Era preciso que ele percebesse isto, e o loiro estava pensando em formas de ajuda-lo. O primeiro passo já havia dado, mostrando que estaria ali, apesar de suas inconstâncias, e por que não dizer, birrinhas?

Sendo agarrado mais ainda neste momento, tentou imaginar como teriam sido os outros dias que crises como aquela haviam ocorrido, mas ele não estava por ali. Imaginou um Lucas perdido, remoendo o passado, sem se alimentar, e até mesmo bebendo. Passando as mãos por seus cabelos, buscou acalmá-lo, transmitindo todo o sentimento que agora sabia, estava tendo pelo outro. Ele parecia ter encontrado uma posição melhor, ao menos havia parado de se mexer. Com isto, Rodrigo se aconchegou mais a ele e decidiu voltar a dormir, enquanto fazia planos para o dia seguinte. Decidiu que deixaria que o tempo ditasse as palavras. Lucas falaria quando se sentisse bem para fazer isto. Por enquanto, descobriria formas de demostrar a ele que sim, estaria ali para aquilo que precisasse. E o mais importante, que não iria embora à primeira discussão ou situação de inconstância. O ajudaria a passar por tudo isto, bastava ele querer. E permitir.

***

Lucas acordou, mas não abriu os olhos de imediato. Aos poucos sua consciência foi voltando, e ele percebeu que uma noite havia passado, sem que ele tivesse acordado durante o tempo todo, apesar de alguns flashes de sonhos ruins. Ao tentar lembrar os motivos de não ter acordado, abriu os olhos, percebendo que, pela claridade, o dia já havia amanhecido há muito tempo. Foi quando os pensamentos da noite anterior voltaram com tudo, e ele olhou em volta, procurando Rodrigo. Ele deveria estar ali com ele, não? Será que havia ido embora?

Dando um pulo da cama foi em direção a sala, com o coração aos pulos, imaginando se ele o havia deixado ali. Mas foi então que percebeu o cheiro de café passado, que há tempos não sentia pela manhã, junto com torradas que cheiravam a queijo derretido. E junto de tudo isto, algo melhor ainda, um Rodrigo concentrado, organizando uma bandeja. Quando ele percebeu que havia acordado, e estava lhe olhando, abriu o sorriso mais lindo do mundo, que fez Lucas duvidar se existiria outro igual na face da terra.

– Pelo tanto que tu dormiu, estou começando a pensar que minha presença é tipo um sonífero. Bom dia! – disse Rodrigo. Agora que sabia estar apaixonado, olhava Lucas com outros olhos. E tinha certeza que eles estavam brilhando. Quase ficou vermelho ao imaginar isto.

Lucas continuava olhando aquele que tinha feito seu dia anterior, mesmo com suas birras, um dos mais importantes e felizes de todos estes anos.

– Eu dormi tanto assim? Eras pra ter me acordado... – estava um pouco encabulado. Que horas seria?

– Bom, levando em conta que tu parece madrugar todos os dias, acordar às 9h30 da manhã parece muita coisa. – disse o loiro, se dirigindo ao outro. Sentia uma necessidade de estar mais perto. – E eu disse: bom dia!

Não conseguia deixar de provocar o outro. Ele parecia perdido com sua presença, como se não acreditasse que estava ali. Como era bobo, pensou mais uma vez.

– Ah, desculpas. Bom dia. – Lucas olhava bem dentro dos olhos do loiro. – Dormiu bem? Duvido, eu tenho um sono agitado, né? Desculpa... – se desculpou mais uma vez.

– Bom, tirando uns chutes e pontapés, dormi como um anjo! – Rodrigo dizia estas coisas apenas para testar o humor dele. Queria o Lucas altivo de volta. Por mais que, na maioria das vezes, ele fosse sagaz e irônico, nas últimas horas estava pura fragilidade.

Lucas já ia se desculpar pela terceira vez em menos de 3min., mas Rodrigo o interrompeu. Chegando mais perto, olhando em seus olhos, ele era um pouco mais alto que o loiro, colocou as mãos em seu pescoço, o abraçando.

– Tive uma ótima noite, Lucas. Não precisa se preocupar. Mas e você, como está?

Lucas se manteve abraço, sentindo o cheiro delicioso e reconfortante que o pescoço do mais novo parecia ter. Percebendo seu silêncio, Rodrigo interrompeu o gesto para olhar Lucas nos olhos, de forma especulante. O moreno chegava a ficar encabulado. Esse guri seria um ótimo jornalista desse jeito, pensou, enquanto tentava desviar de seu olhar.

O loiro, percebendo o incomodo, e lembrando daquilo que havia decidido, resolveu não esperar pela resposta. Se aproximando, o beijou de forma calma, unindo as mãos de ambos.

– Acho que mais um pouco, estas torradas ficarão intragáveis. Vamos comer?

Esta mudança repentina fez Lucas vacilar. Será que Rodrigo não estava se importando mais com ele? Parecia, apesar do olhar, menos questionador naquela manhã, parecia ter desistido de obter respostas. O loiro, percebendo a confusão no olhar de Lucas, decidiu se explicar. Bastava de maus entendido entre eles. Ainda estavam de mãos dadas quando ele começou a falar.

– Olha, não pense que eu desisti de saber algumas respostas. Sério, ainda estou muito curioso, e disposto a saber algumas coisas... – disse, enquanto alisava suas mãos – Mas eu entendi que tu precisas de tempo pra digerir esta minha presença na tua vida. Fica calmo, vou tentar ao máximo não me intrometer de forma muito incomoda na tua vida. – o loiro dizia, enquanto olhava dentro de seus olhos. – Mas posso te pedir uma coisa?

Mesmo com medo do que pudesse ser, Lucas assentiu. Sentia uma energia diferente vindo do outro, como se aquela madrugada houvesse sido mais do que especial pra ele também. Sim, porque o mais velho não havia conseguido se expressar ainda, mas ter ele ao seu lado havia sido maravilhoso.

– Promete que vai tentar, ao máximo, ir me falando daquilo que estas sentindo? Eu fiquei muito preocupado ontem... – o loiro acabou baixando o olhar, com um pouco de vergonha. – Pode prometer que vai tentar evitar que se repita?

Lucas ficou olhando o outro. Não poderia prometer, até porque sabia, assim que voltasse a dormir sem ele ao seu lado, o pesadelo retornaria. E como estaria depois disto, era algo que não conseguia controlar. Percebendo sua hesitação, o loiro já ia voltar a falar, mas Lucas o interrompeu. Como sempre, mudando de assunto. Mas ao menos, falando de algo que o deixou surpreso e contente ao mesmo tempo. Já era um passo adiante ao menos.

– Essa foi uma das melhores noites da minha vida, Rodrigo... eu nem sei o que seria de mim se tu não tivesse insistido como ontem. Dormi tão bem, como faz tempo que não acontecia! Sei que parece bobagem, mas fico envergonhado quando penso em tudo que eu falei. Ainda mais depois dessa noite...

– Você voltou a ter aqueles sonhos? – Rodrigo perguntou, não conseguiu se conter.

Lucas, ainda com as mãos entre as suas, voltou a fazer-lhe um carinho sem dizer palavra alguma. O loiro percebeu que era hora de voltar ao assunto café.

– Tu gostas de tomar o que esta hora? Desculpa, não aqueci o leite porque o cheiro me enjoa pela manhã, mas olha...

Eles estavam perto da mesa, e Rodrigo, apesar de estar junto ao moreno, já havia desviado sua atenção para a mesa. Precisava de um tempo pra se recompor, senão acabaria o entupindo de perguntas novamente, e não era o que tinha pensado em fazer.

– Rodrigo... – assim que o loiro parou o que parecia estar fazendo, ele continuou. – Não pense que eu não quero falar. Apenas não me sinto preparado.

– Hei, ok! Desculpa ficar insistindo, mas já disse, sou curioso! Mas não precisa responder, tá? Quando quiser, estarei aqui, disposto a te ouvir.

Lucas não resistiu e voltou a capturar os lábios do loiro. Deus, como queria ele sempre assim, perto de si. Enquanto o beijava, percebia o quanto ele parecia estar mais confiante ao beijá-lo. Parecia de fato disposto em se entregar e estar ali, como estava prometendo. E isto o fez ficar um pouco triste, ao pensar que não estava sendo tão justo, mas ainda não se sentia preparado pra falar.

Terminando o beijo, Rodrigo voltou ao presente. Lucas tinha o poder de lhe calar com aqueles abraços sinceros, que pareciam dizer tudo o que queria, mas não tinha coragem de falar. Estava perdido!

– Mas não pense que vai fugir do café que eu preparei. Tu precisas te alimentar direito, já conversamos sobre isto, não é? – disse o loiro, enquanto mexia no cabelo do moreno. Havia uma franja que sempre insistia em sair do lugar.

– Sim, eu sei. Prometo que vou fazer isto a partir de agora. É que, às vezes, a fome não aparece... – disse Lucas, enquanto fazia sinal de juramento e sorria. Rodrigo tinha o poder de exaltar seu humor de uma hora pra outra.

Sentaram à mesa, enquanto conversavam sobre coisas bobas, como o clima. Lucas decidiu aquecer o leite, já que não era muito de café, ao contrário de Rodrigo, que parecia viver consumindo uma xícara.

– Então, o que faremos hoje? – perguntou Rodrigo. Achava que seria bom se eles mudassem os ares, mas não sabia como Lucas estava se sentindo.

– Alguma sugestão? – o moreno perguntou, enquanto saboreava mais uma das torradas que Rodrigo havia feito. Seu apetite, pelo jeito, havia voltado rápido.

– Então... eu pensei que a gente poderia visitar alguma destas cidades que ficam em menos de 40 min. aqui perto. O tempo está frio, mas este sol merece ser usado. O que achas?

Lucas não sabia o que dizer. Por ele, ficaria ali, curtindo o tempo que tinham juntos, já que à noite, com certeza, o loiro voltaria pra própria casa. Mas ao mesmo tempo, sabia que o outro, por ser mais jovem, gostava de sair ao fim de semana.

Percebendo mais este momento “pensante” do moreno, Rodrigo resolveu ser mais decidido. Às vezes estranhava um pouco isto, ele sendo mais novo ter que tomar decisões. Mas não se importava.

– Olha, vou entender se tu quiseres ficar aqui em casa. Apenas pensei que seria legal darmos uma saída...

O loiro não conseguiu completar a fala, pois, foi interrompido por uma batida na porta. Em dúvida se continuava por ali ou saia, foi indo em direção ao quarto, mas Lucas, após olhar no olho mágico, disse que ele poderia ficar.

– Mas então, decidiu abrir a porta hoje!

Era a voz de uma mulher. E ao vê-la, Rodrigo imaginou quem fosse.

– Bom dia, Solange! – cumprimentou o moreno. Havia esquecido que ela apareceria por ali neste sábado. Como em todos os outros.

– Bom dia! Ontem bati aqui nesta porta e nada de tu me atender. Já estava pensando que, mais uma vez, estavas fugindo de mim! – a senhora disse. Já havia percebido o quanto o jovem rapaz era reservado. E respeitava isto, apesar de, às vezes, bater ali sem ser chamada. Havia simpatizado com ele.

Lucas sorria, enquanto dava passagem pra ela entrar.

– Pois é, ontem eu não estava em casa. – disse o moreno, mesmo sabendo que Solange sabia que ele estava. Nada lhe escapava, mas ela parecia respeitar seu espaço. E suas mentiras.

Neste momento, ao entrar, a senhora percebeu a presença de certo loiro. Na verdade, havia escutado a movimentação da noite passada. Abrindo um sorriso de entendimento, resolveu ser o mais discreta possível, apesar de estar feliz pelo moreno parecer ter arranjado alguém com quem tivesse alguma relação ali na cidade. Ele lhe parecia sempre tão sozinho...

– Holla! Bom dia, meu nome é Solange. Eu ajudo este preguiçoso a manter esta arrumação aqui. – disse a senhora, estendendo a mão para Rodrigo, que não sabia como agir.

– Oi... Rodrigo. – disse o loiro, evitando se apresentar como quem era. Na verdade não sabia o que dizer.

Lucas abriu um sorriso ao perceber o incomodo do outro. Rodrigo nem parecia o guri seguro de minutos atrás. Estava envergonhado com a presença de Solange. Quem deveria estar assim era ele, que seria atarantado de perguntas na primeira oportunidade que ela tivesse.

– Então, vocês irão ficar por aqui? Preciso fazer aquela limpeza, lembra Lucas?

– Solange, tu sempre me expulsando de casa... – o moreno disse, enquanto lembrava-se de como ela sempre aparecia em dias de “sábados ensolarados”, dizendo que tinha faxina pra fazer, dando dicas de passeio pra ele.

– Claro que não! Mas é necessário, nestes dias úmidos de inverno, é bom sempre manter a faxina, pro mofo não aparecer... – ela tentava disfarçar, mas queria mesmo é que ele saísse pra passear. Ainda mais com aquele rapaz tão bonito.

Rodrigo, aproveitando a deixa, pensou que era hora de falar alguma coisa. E claro, Lucas percebeu sua intenção, já que o olhou com o canto do olho.

– Então Solange, eu estava aqui justamente tentando convencer este preguiçoso a sair pra aproveitar o dia. Mas acho que tu já percebeste, ele é um pouco teimoso quanto a isto.

– Não acredito, Lucas! Mas agora sim que eu insisto, pode se arrumar, em 30min. eu voltarei aqui, e quero esse apartamento vazio!

Lucas não conseguiu falar nada, a não ser concordar, enquanto a senhora saia falando sobre o quanto aquelas paredes estavam úmidas e precisavam ser limpas.

– Quer dizer que agora encontrastes uma aliada pra me fazer sair do meu ócio? – disse o moreno, enquanto fechava a porta.

Rodrigo sorriu, enquanto começava a retirar as coisas da mesa.

– Mas então, podemos sair? A gente pode voltar ao fim da tarde, já que tu parece não curtir ficar longe dos teus livros... – disse o loiro, enquanto apontava para as estantes de Lucas, que ocupavam mais espaços que os móveis.

– Eu não curto é ficar longe de você, loiro insistente. – Lucas resolveu desistir de relutar. – Ok, vamos curtir esse dia, que vocês estão dizendo que está lindo lá fora.

Rodrigo sorriu, enquanto Lucas começou a ajudá-lo a guardar as coisas. Esta última frase do moreno, apesar de aparentemente simples, era mais um passo que estavam dando. De fato enxergava ali o moreno que o fez viajar em pensamentos as férias inteiras. Esperava apenas que conseguisse fazer com que aquele dia fosse especial para ambos. De um jeito que nunca havia sido, mas de uma forma que, a partir de então, desejariam que fosse para sempre.


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Notas finais do capítulo

Adoraria que mais leitores escrevessem sobre o que estão achando.
Mas respeito o silêncio de vocês, apesar de torcer pelo barulho! rsrsrs
Espero que continuem acompanhando,
aguardo comentários fofos com os que venho recebendo
principalmente de NigthmareNigth e da Lídia Pinheiro que estão comentando sempre! ♥ ♥
Até o próximo,
Agridoce!