(Música)

- Pai, está tudo bem? - Thalia perguntou adentrando a sala e vendo seu pai chorando sentado no sofá, depois viu sua mãe, com uma grande mala vermelha perto de si. - Mãe, você vai viajar?

- Filha, estou indo embora. - Hera disse direta. A garota olhou confusa para sua mãe.

- Como assim, mamãe? - Apesar da pergunta, Thalia já tinha entendido, e sua voz saiu tremida.

- Filha, sei como ama seu pai, e não vou fazê-la escolher entre nós dois. - Sua mãe se abaixou até ficar da altura dela, sua voz era doce e algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto. - Eu não amo mais seu pai, mas nunca se esqueça que eu te amo, Thalia. Eu prometo que virei visitá-la.

- Eu não quero que você vá, mãe! - A filha disse sem esconder as lágrimas que caiam de seu rosto. - Por favor, não vá!

- Ah, filha, eu preciso ir. Será melhor para você, não quero que cresça com pais brigando toda hora. - Hera disse com um aperto no coração por ver os grandes olhos azuis de sua filha tão cheios de lágrimas. - Não se preocupe, sempre que quiser poderá ir na minha casa, e eu venho aqui para te visitar sempre que puder, está bem?

Thalia assentiu, sem saber mais o que fazer. Hera se levantou e pegou sua mala.

- Zeus, é melhor cuidar de minha filha. - Ela disse, agora com a voz dura. - Mais tarde peço á Afrodite que pegue o resto de minhas coisas.

E ela saiu, olhando uma última vez para sua filha, como despedida.

Apesar da dor que Thalia sentia, ela foi até seu pai e se sentou do lado dele, abraçando-o.

- Desculpa filha, eu não pude fazer nada. - Zeus disse, as lagrimas descendo por sua bochecha.

- Está tudo bem, pai. - Thalia disse. - Venha, vamos fazer algo. Ficar parado, olhando para o nada não vai adiantar.

Zeus olhou para sua filha e sorriu ao ver o quão madura ela estava sendo, mais até do que ele, que parecia um adolescente. Thalia se levantou e ficou de frente para seu pai.

- E então, o que você quer fazer? - A garota perguntou perguntou. - Hoje eu prometo que faço o que você quiser, sem reclamar muito.

O homem riu e se levantou. Sua filha estava certa, não adiantaria de nada ficar sentado ali.

- Vamos ao cinema, então. - Ele disse. Thalia abriu um grande sorriso, ele sabia como ela amava ir ao cinema.

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- Mãe, cadê meu pai? - Nico perguntou. Bianca o fuzilou com o olhar.

- Nem os deuses do Olimpo sabem. - Maria disse fingindo estar indiferente, apesar de os dois filhos já saberem ela estava preocupada.

- Ele me disse que me ajudaria com meu dever de matemática. - O garoto disse num longo suspiro. Bianca olhou para cima, sem poder acreditar que seu irmão estava piorando tudo, e Maria olhou simpática para o filho.

- Não se preocupe, ele vai te ajudar amanhã. - Maria disse doce. - Agora vá dormir, você também, Bianca.

Nico e Bianca foram em silêncio para seus quartos. O garoto não conseguiu dormir de imediato e ficava brincando de fazer sombras com a mão na luz do abajur que tinha em seu criado mudo. Depois de algum tempo ele ouviu o carro do pai chegando, e depois Bianca entrando no quarto dele. Era sempre assim.

- Nico você tem que parar com essas perguntas. - Ela disse. Nico não se deu ao trabalho de responder, apenas sentou-se na cama e Bianca ao seu lado, cobrindo-se também. Minutos depois os gritos começaram.

Os dois irmãos cobriram suas cabeças, tentando fugir daquilo, e deram-se as mãos. Ouviam Maria gritando e logo depois Hades, e então o barulho de algo se quebrando, provavelmente jogado pela mãe, já que, apesar de tudo, o homem nunca tinha levantado um dedo contra ela, ou contra seus filhos.

Ouviram passos e o barulho da porta da frente, então mais gritos, soluços.

Toda vez que o pai chegava em casa muito tarde era assim. Nenhum deles sabia que os filhos escutavam tudos debaixo das cobertas no quarto de Nico com as mãos dadas. Bianca deixou uma lágrima escapar e Nico a secou com as costas de sua mão. Bianca sorriu para o irmão e suspirou.

- Pelo menos ainda temos um ao outro, certo? - Bianca perguntou.

- Sempre. - Nico respondeu sorrindo. Bianca retribuiu o sorriso e abraçou o irmão mais novo.

Acabaram adormecendo sem escutarem quando seus pais voltaram, ainda gritando, e depois quando conversaram, decidindo que Hades iria embora no dia seguinte, só iria se despedir de seus filhos.

Quando acordou, Nico percebeu que Bianca não estava mais lá. Saiu de seu quarto, passando as mãos pelos olhos por causa do sono e se surpreendeu ao ver todos na sala. Nico correu diretamente para seu pai, que o abraçou, como sempre fazia, mas ele não estava com seu sorriso.

- O que foi, pai? - O garoto perguntou estranhando a reação do homem.

- Nico, precisamos conversar. - Ele disse. Nico olhou para Bianca que estava sentada no sofá e concluiu que ela sabia tanto quanto ele.

- O pai de vocês está saindo dessa casa. - Maria disse. - Ele não vai morar mais conosco.

Bianca, que era mais velha, olhou para a mãe e soltou um grande suspiro. Ela sabia que era só questão de tempo até que os pais se separassem, e ela estava bem se ia ficar com a mãe. Mas Nico... bem ele era pequeno, e ele adorava o pai, sempre fora muito ligado á ele. Por isso foi um choque.

- Porque está indo embora pai? - Nico perguntou com uma tristeza de dar dó em qualquer pessoa, uma tristeza que fez o coração de Hades se apertar. - Foi alguma coisa que eu fiz?

Ao ouvir aquela frase o homem não aguentou. Ele abraçou Nico com força e deixou que as lágrimas caíssem.

- Nunca mais diga isso, está bem? - Ele disse para o filho. - Você não fez nada Nico, a culpa disso é toda minha, okay?

- Por favor, fique! - O garoto suplicou para o pai. - Ou me deixe ir com você!

- Não filho, é melhor que fique com sua mãe e sua irmã. - O pai disse soltando-o.

- Mas... você disse que ia me ajudar com a lição de matemática, e disse que teríamos um passeio só nós dois no parque, se lembra? - Nico perguntou. A cada palavra uma lágrima caia dele e do homem.

- Vai ter que pedir ajuda á sua mãe, e quanto ao passeio... - Hades suspirou. - Fica para uma próxima vez.

Nico ficou quieto por um tempo. Bianca estava sofrendo, não por que o pai estava indo embora, mas por casa de seu irmão, ela não queria vê-lo assim. Maria também nunca tinha visto o filho tão arrasado, e quase pediu para que o marido ficasse. Mesmo assim, nenhuma das duas se mexeu.

- Nós vamos nos ver de novo? - Nico perguntou rompendo o silêncio e fazendo com que Hades e Maria se sentissem ainda piores. O combinado seria que o homem iria voltar para a Itália e não voltaria por um bom tempo.

- Talvez, algum dia. - Hades disse. Então tirou um pequeno embrulho de dentro de sua mala e entregou ao garoto. - É para que se lembre de mim.

Nico abriu o presente. Ali estava a estatueta do deus Hades, ele e o pai sempre gostaram muito de mitologia, e os dois sempre jogavam um jogo chamado MitoMagia juntos, essa era a única estatueta que faltava para Nico.

- Não tem mais importância, se eu não vou ter ninguém para jogar. - Nico disse. Hades colocou uma mão no ombro do filho.

- Então guarde-a, para quando nos encontrarmos de novo, jogarmos. - O homem disse. Nico abriu um pequeno sorriso.

- Promete que vai jogar comigo? - Ele perguntou. O pai sorriu.

- Prometo. - Ele disse e se levantou. - Preciso ir, meu avião sai em uma hora.

Nico olhou para o pai.

- Adeus, Bianca, Maria. - Hades disse. - Até logo, meu filho.

E se virou, deixando Nico parado de pé, com uma estatueta em suas mãos.