Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 38
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— DRAGON! QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ?

Jon se protegia com o auxílio de um campo de energia. Uma gigantesca esfera de chamas avançava para cima do shikõ, um barulho estrondoso denunciava a imensa explosão. Uma parte do castelo havia sido completamente destruída, no fim só havia restado um pequeno círculo negro no meio do caos. Com os olhos arregalados Jon respirava ofegante.

Após recuperar o fôlego, o shikõ voltou sua atenção para a área do castelo devastada. Pensou em Raque, Butcher e Allk. Temia pela vida de seus companheiros, principalmente pela vida da jovem garota, afinal era a mais fraca dos três. Voltou então seus olhos para o oponente:

— você não me dá outra escolha Dragon... se não está disposto a me ouvir, serei obrigado a dar início a batalha!

Jon suspirou — e eu vou bater pra valer.

**

— VAMOS RAQUE! BATA NISSO COM MAIS FORÇA!

Erii gritava enquanto batia na parede de vidro que o separava do restante da sala.

— você disse que isso não era uma atitude inteligente.

A menina se mostrava confusa.

— e não é! Mas se é pra fazer merda, ao menos faça direito!

Erii cruzava os braços, demonstrando sabedoria em suas palavras.

A batalha entre Allk e Eize prosseguia. A desvantagem do shikõ era notável, enquanto Allk se mostrava cansado e com bastante ferimentos pelo corpo, Eize sorria despreocupado, como se aquilo não passasse de uma grande brincadeira, ou mesmo um treinamento para iniciantes.

No lado oposto da sala, Lily se mantinha de joelhos, seus olhos estavam fixos nos dois guerreiros em combate, a batalha parecia não demorar para ter o seu fim.

O som persistente das batidas de Erii no vidro, juntamente com o barulho dos móveis do laboratório se chocando contra os botões dos computadores, faziam a mente da jovem maga dar voltas. Todos estavam desesperados, todos estavam dando o melhor de si, da forma que conseguiam. Voltando seus olhos para o chão, Lily sentiu um frio na barriga. Ela sabia exatamente o que precisava fazer, mas também sabia das consequências.

A alguns metros de si, Lily notou a presença de Mizuno. A antes poderosa guardiã, agora estava encolhida no canto da sala, tremendo de medo, indefesa, sem os seus grandiosos poderes... poderes. A pequena garota então socou o chão em um ataque de fúria.

— eu desperdicei uma chance tão preciosa...

Lily sussurrava — mas eu não tinha escolha, não tínhamos chance contra ela, nem contra nenhum deles, malditos guardiões!

A maga argumentava contra suas próprias acusações.

Um grito seguido de um estrondo fez Lily se despertar de seus pensamentos. Diante de seus olhos estava Allk caído, atrás dele uma parede rachada, a pancada parecia ter sido grande.

— ALLK!

Raque levava a mão aos lábios. Seus olhos estavam preocupados, afinal era mais um de seus valiosos amigos sendo cruelmente massacrado pelos terríveis invasores.

Lily sentiu seu peito doer. Após a morte do shikõ, que estava prestes a acontecer diante de todos, eles seriam os próximos.

— então esse era o resgate?

Eize gargalhava — imagino que daqui a poucos segundos um outro amiguinho tão insignificante quanto esse surgirá heroicamente pela porta... ou virá do teto?

Eize olhava para cima, abusando de um sarcasmo cruel — vocês não cansam de ser patéticos?

Eize se virava para Erii e Raque.

— acabou. Não há esperança! Vocês foram derrotados, e quanto antes aceitarem a morte, mas cedo acabamos com essa brincadeira tediosa.

O rosto de Raque carregava uma expressão de desespero. Lágrimas escorriam de seus olhos arregalados.

— agora assista Raque... Assista a morte de mais um de seus amigos. E não se esqueça a culpa é inteiramente sua!

O guardião sorria enquanto erguia sua mão na direção do shikõ ferido, em sua palma um pequeno redemoinho se formava.

— Eize não...

Raque caminhava na direção do inimigo — eu imploro.

A garota chorava desesperadamente.

— se você soubesse o quanto o seu desespero torna isso divertido, seguraria um pouco as suas lágrimas.

— por favor...

A fala de Raque foi interrompido por sussurros em um idioma desconhecido. Aos poucos o sorriso de Eize foi substituído por uma expressão de medo.

— que droga é essa?

O guardião se referia a uma fumaça de cor escura que havia cercado o seu corpo. Eize deu um grito de agonia e caiu de joelhos.

De pé do lado oposto da sala, Lily prosseguia com o feitiço.

— você...

O inimigo finalmente havia descoberto a origem do ataque. Levantou-se então com dificuldades, o suor escorria pelo seu rosto, a dor estava cada vez mais intensa, mas isso não o impedia de avançar na direção da maga.

Um círculo de uma coloração azul clara se formava ao redor de Lily e se intensificava a cada palavra dita.

— PARE JÁ COM ISSO SUA DESGRAÇADA...

Antes que Eize pudesse alcançar a garota, uma lâmina perfurou seu abdômen.

De pé atrás do inimigo Allk estava em posição de ataque. Sangue escorria pelo corpo do guardião.

— seu merda...

Eize tentava recuperar o fôlego enquanto pressionava o local da ferida com força.

— você não parece mais tão confiante não é?

Allk encarava o guardião.

— isso vai ter troco shikõ.

Eize sorria. Uma ventania muito forte surgiu no local e Eize desapareceu.

— como? Maldito! Vou atrás daquele...

— ALLK!

Raque interrompia a fala do shikõ — você não está em condições agora! Me ajuda a soltar o Erii...

Allk ficou em silêncio por alguns segundos e então foi em direção a mesa de computadores.

Após deixar o amigo encarregado de libertar o prisioneiro, Raque se dirigiu até Lily.

Encostada na parede, Lily parecia quase inconsciente.

— Lily... o seu nariz.

A jovem maga se aproximava da amiga.

— ah!

Lily forçava um sorriso — isso não é nada Raque, eu só...

Violentamente Lily caía de joelhos, seu corpo parecia se contorcer, teve um ataque de tosse e logo em seguida uma rajada de sangue saiu de sua boca.

— então em fim aconteceu né Lily.

Raque se mantinha intacta.

— LILY!

Erii se aproximava da pequena garota. Erii se agachou para ajudá-la a se levantar, Lily rejeitou o auxílio do companheiro e sem amparos se pois de pé novamente.

— o que está acontecendo?

Erii estava confuso.

— bom é que...

— a Lily está morrendo.

Raque interrompeu a fala da garota.

Lily abaixou a cabeça, permitindo que seus curtos cabelos castanhos cobrissem-lhe o rosto.

— Lily...

Erii tocava os ombros da pequena garota.

— humanos não foram feitos para usar magia.

Raque permanecia de costas para o restante da sala — shikõs e miranianos nascem com a capacidade de utilizar a energia que os cercam, isso é magia. Humanos não podem fazer isso... mas a Lily encontrou uma maneira de fazer magia, existem coisas que não podem ser mudadas, uma delas são as nossas limitações naturais.

Um gemido ecoou por toda a sala, Lily tentava conter o choro, em vão.

— eu não gosto de limitações...

Erii se mantinha em silêncio

— vendo que não poderia usar a energia vinda de fora... ela usou o que tinha dentro dela, sua própria energia... sua energia vital. Uma descoberta excepcional, digna de um gênio do sul.

Raque concluía.

— é... digna de um gênio do sul.

Erii sussurrava.

— a energia vital não é renovável...

Raque acrescentava.

— então ela está condenada?

Erii parecia não compreender bem aquelas palavras.

— eu estou bem.

Lily se defendia.

— eu usei magia para me recuperar de uma batalha, anulei a magia da Mizuno e fiz duas absorções no mesmo dia... é natural que tenha esses efeitos, mas logo passam!

A maga tentava amenizar a situação. Em silêncio Erii caminhou até a porta da sala.

— Erii!

Lily chamava pelo amigo.

— ERII!

A pequena maga correu em direção ao shikõ e o puxou pela manga de seu sobretudo, o impedindo de continuar — não vai gritar comigo? Ou ficar bravo? Ou pelo menos me chamar de irresponsável?

Lily finalmente deixou que suas lágrimas saíssem sem impedimento — você não pode simplesmente me deixar aqui...

— e de que adianta Lily? Fiz isso por tanto tempo e de nada adiantou. Você pode fazer suas próprias escolhas daqui em diante, eu não me intrometerei, não mais.

Dito isso, Erii se retirou da sala.

— precisamos encontrar a Lucy e a Sayo e depois a espada.

Raque se aproximava de Lily.

— sem o Erii vai ficar mais difícil.

Lily enxugava o rosto.

— ele está chateado, mas ainda ta com a gente. Vamos segui-lo, tenho certeza de que tem algo em mente. E nós ainda temos o Allk!

Allk se aproximou das duas garotas. Lily acenou positivamente com a cabeça e juntamente com Raque e Allk, seguiu Erii.

**

— O senpai não deu notícias...

Jack fazia círculos com os dedos na imensa mesa de vidro da sala de reuniões. Andy encarava a paisagem pela janela em silêncio.

— no que está pensando quatro olhos?

Jack se virava para o shikõ.

— a movimentação das nuvens está estranha...

Andy dizia em voz baixa.

— ótimo, agora virou meteorologista.

Jack revirava os olhos.

— tem algo errado Jack... algo muito errado.

O mago levava a mão ao peito — eu não sei descrever o medo que eu estou sentindo.

Jack assumiu uma expressão séria.

— o que acha que pode ser?

— não tenho certeza... mas uma energia forte está se aproximando daqui.

Algumas gotas de chuva tocavam a janela de vidro.

— ficamos responsáveis por cuidar da sociedade...

Jack o encarava.

— vamos tirar o pessoal do castelo e leva-los para os esconderijos subterrâneos.

— sem um motivo específico, é pouco provável que acatem as ordens sem resistência.

A shikõ debatia.

— a sociedade já está suficientemente assustada para acatar ordens sem justificativas.

Jack acenou positivamente com a cabeça e ambos seguiram em direção ao pátio do castelo.

**

A noite havia chegado e a chuva forte tornava a visão de Vallery quase nula. Tudo o que conseguia ver, eram os poucos metros que o farol de sua moto revelavam.

Um imenso clarão seguido de uma explosão, fez com que a guerreira parasse. Uma coluna de chamas iluminou todo o local e revelou a imagem do imenso castelo a sua frente.

— Dragon...

A guerreira reconheceu seu velho amigo. Acelerou a moto mas parou assim que notou a presença de um segundo indivíduo.

— Jon...

Vallery cerrava os punhos enquanto carregava desprezo em seu tom de voz.

Rapidamente a guerreira sacou sua arma e mirou em seu inimigo, estava pronta pra atirar quando percebeu que Dragon e Jon estavam no meio de uma batalha. Cautelosamente abandonou sua moto e se arrastou até o mais próximo possível da batalha, usando a escuridão da noite como cobertura.

Não era possível distinguir quem estava na vantagem, mesmo com técnicas distintas, os dois shikõs estavam no mesmo nível.

Vallery não podia conter o seu medo, o campo de batalha estava completamente destroçado. Aquela luta estava além de tudo que ela jamais imaginava. Usando uma pedra como proteção, escondida, a guerreira acompanhava o duelo.

**

Em silêncio os 4 guerreiros caminhavam pelos imensos corredores do castelo inimigo, assim que o sol se pôs as luzes se acenderam e o ambiente se mostrou muito mais suntuoso.

Foi então que se ouviu sons de passos apressados, todos os guerreiros formaram posição de batalha.

— eu não aguento mais ficar correndo!

Uma voz familiar fez Lily sorrir.

Logo eles avistaram os recém-chegados.

— Lucy! Sayo!

Lily correu ao encontro de suas amigas e as abraçou — que bom que estão bem...

A pequena garota se mostrava emocionada.

— BUTCHER!

Raque também abraçava seu velho companheiro.

— então você a encontrou Allk.

Butcher sorria enquanto acariciava a cabeça da garota. Allk também sorriu, confirmando seu feito.

Sem pronunciar nenhuma palavra, ou demonstrar emoção, Erii apenas prosseguiu.

— não vá por aí! A Mizusha está nessa direção e...

Sem dar atenção as palavras de Sayo, Erii continuou seu percurso.

— EI! TA ME OUVINDO FILHO DE UMA...

Lily tocou o ombro da garota, fazendo com que a mesma se acalmasse. A maga sorriu e seguiu seu companheiro.

— bom... agora vamos embora!

Butcher se alongava.

— não.

Raque se afastava do shikõ — eu vim até aqui, e só volto com a espada.

— minha missão é te levar pra casa... a salvo.

Butcher a encarava.

— e a minha é salvar o universo!

Com essas palavras a garota saiu de perto de seu amigo e se juntou a Lily e Erii. Allk deu alguns tapinhas nos ombros de Butcher e seguiu a maga.

— Allk! Não pode compactuar com isso!

Butcher parecia não acreditar no que via.

— minha missão e salvar a Raque... ela parece salva pra mim. Agora só precisamos mantê-la segura não é mesmo?

Butcher suspirou e ainda irritado seguiu o grupo.

— o que a gente faz?

Lucy se mostrava confusa.

— eu é que não vou ficar aqui sozinha!

Sayo se dirigiu até os seus companheiros.

Dando uma última passada de olho no local, Lucy revirou os olhos.

— me espera Sayo!


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